Questões de Concurso Público Prefeitura de Guaiúba - CE 2023 para Professor Peb II - Língua Portuguesa

Foram encontradas 30 questões

Q2223605 Português
O termo sublinhado corresponde sintaticamente a um objeto direto na frase:
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Q2223606 Português
Assinale a alternativa em que se podem ver palavras que apresentam, respectivamente, um ditongo decrescente, um hiato e um ditongo crescente.
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Q2223607 Português
Leia a tirinha a seguir.
Imagem associada para resolução da questão

LEITE, Will. Preguiça não é crime. 14 de março de 2023. Disponível em: http://www.willtirando.com.br/preguica-nao-e-crime/. Acesso em: 24 mar. 2023.
A crítica dessa tirinha está, principalmente, no fato de
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Q2223608 Português
Leia o trecho apresentado a seguir.
        “Uma pessoa deitada em papelão com uma garrafa de vinho ao lado nos alerta, a olho nu, sobre os estragos físicos e sociais do álcool.         Porém, é muito mais difícil descobrir o dano invisível e que, no entanto, faz parte da cadeia causal que leva a esta situação: o estrago que o álcool inflige ao cérebro.         A maioria das pessoas poderia descrever rapidamente os efeitos agudos do álcool: falta de coordenação, desinibição, impulsividade... Mas poucas sabem sobre as consequências crônicas desse consumo, que respondem ao efeito neurotóxico do álcool no cérebro.         Estudos neuropsicológicos e de neuroimagem mostram que três redes neurais são particularmente vulneráveis: a rede frontocerebelar, que controla o equilíbrio; o frontolímbico, envolvido na memória, na motivação e na autoconsciência; e o frontoestriado, responsável pela regulação emocional, inibição, flexibilidade cognitiva e gerenciamento de recompensas.”
VARELA, Montserrat Corral. Como o álcool prejudica o cérebro. BBC Brasil, 23 de março de 2023. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/czvw49z0ly2o. Acesso em: 25 mar. 2023.
Por “efeitos agudos” e “consequências crônicas” do álcool, nesta ordem, entende-se, a partir do texto apresentado, que há 
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Q2223609 Português
Leia o trecho a seguir com atenção.
“Para a cabeça, uma mistura de resina da árvore do pistache, óleo ou alcatrão de cedro e zimbro, além de óleo de rícino e de elemi. Para o estômago, cera de abelha aquecida. Já na pele, após a limpeza e unção com resinas aromáticas, a aplicação de uma mescla de gordura de ruminantes e cera de abelha aquecida. Um grupo internacional liderado pelo arqueólogo Philipp Stockhammer, da Universidade Ludwig Maximilian e do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, ambos na Alemanha, analisou a composição química de resíduos encontrados em 31 urnas descobertas em uma oficina de mumificação que funcionou entre 664 a.C. e 525 a.C. na região de Saqqara, ao sul do Cairo. Como resultado, obteve a receita detalhada de bálsamos e unguentos usados na mumificação de corpos no Egito Antigo. O embalsamamento praticado por quase 3 mil anos pelos egípcios era um ritual complexo, que podia levar semanas. Até agora se conheciam apenas algumas das técnicas e o nome genérico das misturas usadas na mumificação, com base em descrições em textos antigos do Egito e da Grécia.”
UMA receita para preservar o corpo após a morte. Pesquisa Fapesp, 14 de março de 2023. Antropologia. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/umareceita-para-preservar-o-corpo-apos-a-morte/. Acesso em: 25 mar. 2023.

Identifique os respectivos núcleos dos sujeitos dos verbos “analisar” e “ser” nesta ordem, empregados sublinhados no texto. 
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Q2223610 Português
Leia o excerto a seguir.
        “Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos. O ‘amar os outros’ é tão vasto que inclui até perdão para mim mesma, com o que sobra. As três coisas são tão importantes que minha vida é curta para tanto. Tenho que me apressar, o tempo urge. Não posso perder um minuto do tempo que faz minha vida. Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca.         E nasci para escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo. Eu tive desde a infância várias vocações que me chamavam ardentemente. Uma das vocações era escrever. E não sei por quê, foi esta que eu segui. Talvez porque para as outras vocações eu precisaria de um longo aprendizado, enquanto que para escrever o aprendizado é a própria vida se vivendo em nós e ao redor de nós. É que não sei estudar. E, para escrever, o único estudo é mesmo escrever. Adestrei-me desde os sete anos de idade para que um dia eu tivesse a língua em meu poder. E no entanto cada vez que vou escrever, é como se fosse a primeira vez. Cada livro meu é uma estréia penosa e feliz. Essa capacidade de me renovar toda à medida que o tempo passa é o que eu chamo de viver e escrever.”
LISPECTOR, Clarice. As três experiências. In: A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

No excerto, observa-se o predomínio da seguinte função da linguagem
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Q2223611 Português
Analise o trecho a seguir.
“O drama da época moderna nasceu no Renascimento. Como audácia espiritual do homem que dava conta de si com o esfacelamento da imagem medieval do mundo, ele construía a efetividade da obra na qual pretendia se firmar e espelhar partindo unicamente da reprodução da relação entre homens. O homem só entrava no drama como ser que existe com outros.”
SZONDI, Peter. Teoria do drama moderno (1880-1950). São Paulo: Cosac Naify, 2011.
Assinale a alternativa que apresenta uma palavra cuja classe morfológica é adjetivo, tendo em vista seu emprego no trecho
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Q2223612 Português
Leia o texto a seguir.
        “Uma forte venda das ações de bancos atingiu bolsas de valores da Europa nesta sexta-feira (24), com papéis do Deutsche Bank caindo na máxima de 14,5% à medida que o custo do seguro da dívida do banco alemão contra o risco de inadimplência saltou para o maior nível em mais de quatro anos.         Os investidores olharam para o Deutsche Bank avaliando alguma vulnerabilidade ou se algum problema maior está próximo, principalmente depois do que ocorreu com Credit Suisse. [...]”
MENDES, Diego. Deutsche Bank é o próximo Credit Suisse? Entenda o que está acontecendo com o banco alemão. CNN Brasil, 24 de março de 2023. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/deutsche-bank-e-oproximo-credit-suisse-entenda-o-que-esta-acontecendo-com-o-banco-alemao/. Acesso em: 25 mar. 2023.
Identifique os processos de formação de palavras que originaram, respectivamente, na ordem apresentada nas opções, as palavras grifadas.
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Q2223613 Português
Leia o texto a seguir.

Florbela de Alma Conceição Espanca (1894-1930) nasceu em Vila Viçosa e faleceu em Matosinhos. Estudou em Évora, onde concluiu em 1917 o curso liceal, matriculando-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. É por essa altura que publica as suas primeiras poesias. Tendo casado várias vezes e tendo sido em todas elas infeliz, começou a consumir estupefacientes. Só depois da sua morte é que a poetisa viria a ser conhecida do grande público, tendo contribuído para isso a publicação de Charneca em Flor (1930) pelo professor italiano Guido Batelli. Na Enciclopédia Larousse, esta poetisa é definida como «parnasiana, de intenso acento erótico feminino, sem precedentes na Literatura Portuguesa. A sua obra lírica, iniciada em 1919, com o Livro das Mágoas, antecipa em seu meio a emancipação literária da mulher».
FLORBELA Espanca. Portal da Literatura. Disponível em: https://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=235. Acesso em: 23 mar. 2023.
Analisando-se características apresentadas, pode-se afirmar que o texto pertence ao gênero 
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Q2223614 Português
Assinale a opção que apresenta o grupo de vocábulos que recebe acento gráfico pelo fato de ser composto por palavras proparoxítonas 
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Q2223615 Português
Marque a frase em que há um desvio, considerando-se a regência verbal da Língua Portuguesa padrão.
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Q2223616 Português
Leia o fragmento a seguir.
“O sítio de Dona Benta foi se tornando famoso tanto no mundo de verdade como no chamado Mundo de Mentira. O Mundo de Mentira, ou Mundo da Fábula, é como a gente grande costuma chamar a terra e as coisas do País das Maravilhas, lá onde moram os anões e os gigantes, as fadas e os sacis, os piratas como o Capitão Gancho e os anjinhos como Flor das Alturas. Mas o Mundo da Fábula não é realmente nenhum mundo de mentira, pois o que existe na imaginação de milhões e milhões de crianças é tão real como as páginas deste livro. O que se dá é que as crianças logo que se transformam em gente grande fingem não mais acreditar no que acreditavam.”
LOBATO, Monteiro. O pica-pau amarelo. São Paulo: Brasiliense, 1996.
No trecho, em destaque, as vírgulas foram empregadas para
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Q2223617 Português
Assinale a opção que apresenta segundo a norma padrão para a escrita em Língua Portuguesa, a colocação do pronome oblíquo átono que deve ocorrer em ênclise. 
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Q2267468 Português
Amizades em risco

Publicado em 20/03/2023 | 15:36
Paulo Pestana
Crônica

    Mário Quintana disse que a amizade é o amor que nunca morre. É uma frase que serve para mostrar que até os poetas erram. Amizades estão sendo rompidas a todo momento por desrespeito a uma das regras basilares do sentimento, o respeito às diferenças.     Há pouco, amigos de décadas deixaram se se falar e de frequentar o mesmo boteco por discordâncias políticas; não é caso isolado, ao contrário.
     Mas a situação fica ainda mais grave quando também falha uma instituição brasileira: a turma do deixa-disso. Aproveitando a ausência dos dois beligerantes, a mesa começou a discutir, inicialmente em tom de lamento, o rompimento dos camaradas, mas logo alguém deu razão para um, enquanto outro justificava a ação do segundo.
    Antes que a discussão ficasse acalorada demais, um sensato falou mais alto:
    – Amigo meu não tem defeito – é o princípio de Blaise Pascal: “o amor é cego, a amizade fecha os olhos”.
    Os presentes entenderam o recado. Eu mesmo disse que não tinha mais idade nem para fazer amigos novos, nem para perder os velhos. É uma meia-verdade, até porque tenho feito bons amigos. Mas o fato é que amigo não é coisa de se perder, até porque nem a fé e os pulinhos para São Longuinho ajudam a reencontrar.
     O filme Os Banshees de Inisherin – que esteve na disputa do Oscar – mostra a dor e a irracionalidade do rompimento de uma amizade, usando a Guerra Civil Irlandesa como pano de fundo para a frustração de Colm, que decide deixar de falar com o velho amigo Pádraic.
    O filme, à parte o monumental trabalho dos atores, é cheio de defeitos, mas isso não vem ao caso. O que interessa é a relação entre os personagens.
    Músico, Pádriac culpa o amigo pela própria insignificância, chega a dizer que as horas de conversa fiada no pub local o impedem de evoluir intelectualmente e de cumprir o desejo de deixar uma marca no mundo por meio de suas canções.
    Por puro interesse pessoal, ele não quer mais perder tempo com uma companhia que não ajuda seu objetivo – e diz isso com todas as letras. Ainda que a custo da amizade.
     A radicalização, como na guerra que dividiu o país entre católicos e protestantes, deixando marcas que duram até hoje, chega às raias do absurdo, terminando com uma automutilação que, ao cabo, impede Colm de completar o desejo de fazer algo relevante na música e, consequentemente, na vida – e desta forma poder culpar definitivamente o ex-amigo pela frustração pessoal.
    Ainda não chegamos ao ponto de decepar os dedos, mas a guerra está entre nós com o fanatismo de religiosos radicais. As conversas continuam corrosivas, desafiadoras, ao ponto de determinados assuntos – política, principalmente – fiquem proibidos pelo bem de uma convivência mais harmônica, mas seguramente mais falsa.
    Aristóteles disse que a amizade pode existir entre as pessoas mais desiguais, porque as torna iguais. O problema é que ninguém mais quer ser igual a ninguém; há uma necessidade de buscar uma marca pessoal em tudo. Ainda que seja uma marca de estupidez e custe um bem tão precioso quanto a amizade.

PESTANA, Paulo. Amizades em risco. Correio Braziliense, 20 de março de 2023.
Disponível em: https://blogs.correiobraziliense.com.br/ paulopestana/amizades-em-risco/. Acesso em: 25 mar. 2023. 
A crônica apresentada possui um viés argumentativo. Assim sendo, a tese defendida pelo cronista é a de que 
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Q2267469 Português
Amizades em risco

Publicado em 20/03/2023 | 15:36
Paulo Pestana
Crônica

    Mário Quintana disse que a amizade é o amor que nunca morre. É uma frase que serve para mostrar que até os poetas erram. Amizades estão sendo rompidas a todo momento por desrespeito a uma das regras basilares do sentimento, o respeito às diferenças.     Há pouco, amigos de décadas deixaram se se falar e de frequentar o mesmo boteco por discordâncias políticas; não é caso isolado, ao contrário.
     Mas a situação fica ainda mais grave quando também falha uma instituição brasileira: a turma do deixa-disso. Aproveitando a ausência dos dois beligerantes, a mesa começou a discutir, inicialmente em tom de lamento, o rompimento dos camaradas, mas logo alguém deu razão para um, enquanto outro justificava a ação do segundo.
    Antes que a discussão ficasse acalorada demais, um sensato falou mais alto:
    – Amigo meu não tem defeito – é o princípio de Blaise Pascal: “o amor é cego, a amizade fecha os olhos”.
    Os presentes entenderam o recado. Eu mesmo disse que não tinha mais idade nem para fazer amigos novos, nem para perder os velhos. É uma meia-verdade, até porque tenho feito bons amigos. Mas o fato é que amigo não é coisa de se perder, até porque nem a fé e os pulinhos para São Longuinho ajudam a reencontrar.
     O filme Os Banshees de Inisherin – que esteve na disputa do Oscar – mostra a dor e a irracionalidade do rompimento de uma amizade, usando a Guerra Civil Irlandesa como pano de fundo para a frustração de Colm, que decide deixar de falar com o velho amigo Pádraic.
    O filme, à parte o monumental trabalho dos atores, é cheio de defeitos, mas isso não vem ao caso. O que interessa é a relação entre os personagens.
    Músico, Pádriac culpa o amigo pela própria insignificância, chega a dizer que as horas de conversa fiada no pub local o impedem de evoluir intelectualmente e de cumprir o desejo de deixar uma marca no mundo por meio de suas canções.
    Por puro interesse pessoal, ele não quer mais perder tempo com uma companhia que não ajuda seu objetivo – e diz isso com todas as letras. Ainda que a custo da amizade.
     A radicalização, como na guerra que dividiu o país entre católicos e protestantes, deixando marcas que duram até hoje, chega às raias do absurdo, terminando com uma automutilação que, ao cabo, impede Colm de completar o desejo de fazer algo relevante na música e, consequentemente, na vida – e desta forma poder culpar definitivamente o ex-amigo pela frustração pessoal.
    Ainda não chegamos ao ponto de decepar os dedos, mas a guerra está entre nós com o fanatismo de religiosos radicais. As conversas continuam corrosivas, desafiadoras, ao ponto de determinados assuntos – política, principalmente – fiquem proibidos pelo bem de uma convivência mais harmônica, mas seguramente mais falsa.
    Aristóteles disse que a amizade pode existir entre as pessoas mais desiguais, porque as torna iguais. O problema é que ninguém mais quer ser igual a ninguém; há uma necessidade de buscar uma marca pessoal em tudo. Ainda que seja uma marca de estupidez e custe um bem tão precioso quanto a amizade.

PESTANA, Paulo. Amizades em risco. Correio Braziliense, 20 de março de 2023.
Disponível em: https://blogs.correiobraziliense.com.br/ paulopestana/amizades-em-risco/. Acesso em: 25 mar. 2023. 
 A respeito de fazer novas amizades, o autor afirma que ele
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Q2267470 Português
Amizades em risco

Publicado em 20/03/2023 | 15:36
Paulo Pestana
Crônica

    Mário Quintana disse que a amizade é o amor que nunca morre. É uma frase que serve para mostrar que até os poetas erram. Amizades estão sendo rompidas a todo momento por desrespeito a uma das regras basilares do sentimento, o respeito às diferenças.     Há pouco, amigos de décadas deixaram se se falar e de frequentar o mesmo boteco por discordâncias políticas; não é caso isolado, ao contrário.
     Mas a situação fica ainda mais grave quando também falha uma instituição brasileira: a turma do deixa-disso. Aproveitando a ausência dos dois beligerantes, a mesa começou a discutir, inicialmente em tom de lamento, o rompimento dos camaradas, mas logo alguém deu razão para um, enquanto outro justificava a ação do segundo.
    Antes que a discussão ficasse acalorada demais, um sensato falou mais alto:
    – Amigo meu não tem defeito – é o princípio de Blaise Pascal: “o amor é cego, a amizade fecha os olhos”.
    Os presentes entenderam o recado. Eu mesmo disse que não tinha mais idade nem para fazer amigos novos, nem para perder os velhos. É uma meia-verdade, até porque tenho feito bons amigos. Mas o fato é que amigo não é coisa de se perder, até porque nem a fé e os pulinhos para São Longuinho ajudam a reencontrar.
     O filme Os Banshees de Inisherin – que esteve na disputa do Oscar – mostra a dor e a irracionalidade do rompimento de uma amizade, usando a Guerra Civil Irlandesa como pano de fundo para a frustração de Colm, que decide deixar de falar com o velho amigo Pádraic.
    O filme, à parte o monumental trabalho dos atores, é cheio de defeitos, mas isso não vem ao caso. O que interessa é a relação entre os personagens.
    Músico, Pádriac culpa o amigo pela própria insignificância, chega a dizer que as horas de conversa fiada no pub local o impedem de evoluir intelectualmente e de cumprir o desejo de deixar uma marca no mundo por meio de suas canções.
    Por puro interesse pessoal, ele não quer mais perder tempo com uma companhia que não ajuda seu objetivo – e diz isso com todas as letras. Ainda que a custo da amizade.
     A radicalização, como na guerra que dividiu o país entre católicos e protestantes, deixando marcas que duram até hoje, chega às raias do absurdo, terminando com uma automutilação que, ao cabo, impede Colm de completar o desejo de fazer algo relevante na música e, consequentemente, na vida – e desta forma poder culpar definitivamente o ex-amigo pela frustração pessoal.
    Ainda não chegamos ao ponto de decepar os dedos, mas a guerra está entre nós com o fanatismo de religiosos radicais. As conversas continuam corrosivas, desafiadoras, ao ponto de determinados assuntos – política, principalmente – fiquem proibidos pelo bem de uma convivência mais harmônica, mas seguramente mais falsa.
    Aristóteles disse que a amizade pode existir entre as pessoas mais desiguais, porque as torna iguais. O problema é que ninguém mais quer ser igual a ninguém; há uma necessidade de buscar uma marca pessoal em tudo. Ainda que seja uma marca de estupidez e custe um bem tão precioso quanto a amizade.

PESTANA, Paulo. Amizades em risco. Correio Braziliense, 20 de março de 2023.
Disponível em: https://blogs.correiobraziliense.com.br/ paulopestana/amizades-em-risco/. Acesso em: 25 mar. 2023. 
Por “monumental trabalho dos atores” (8º parágrafo), o cronista quis dizer que os atores que compuseram o elenco de Os Banshees de Inisherin fizeram um trabalho 
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Q2267471 Português
Amizades em risco

Publicado em 20/03/2023 | 15:36
Paulo Pestana
Crônica

    Mário Quintana disse que a amizade é o amor que nunca morre. É uma frase que serve para mostrar que até os poetas erram. Amizades estão sendo rompidas a todo momento por desrespeito a uma das regras basilares do sentimento, o respeito às diferenças.     Há pouco, amigos de décadas deixaram se se falar e de frequentar o mesmo boteco por discordâncias políticas; não é caso isolado, ao contrário.
     Mas a situação fica ainda mais grave quando também falha uma instituição brasileira: a turma do deixa-disso. Aproveitando a ausência dos dois beligerantes, a mesa começou a discutir, inicialmente em tom de lamento, o rompimento dos camaradas, mas logo alguém deu razão para um, enquanto outro justificava a ação do segundo.
    Antes que a discussão ficasse acalorada demais, um sensato falou mais alto:
    – Amigo meu não tem defeito – é o princípio de Blaise Pascal: “o amor é cego, a amizade fecha os olhos”.
    Os presentes entenderam o recado. Eu mesmo disse que não tinha mais idade nem para fazer amigos novos, nem para perder os velhos. É uma meia-verdade, até porque tenho feito bons amigos. Mas o fato é que amigo não é coisa de se perder, até porque nem a fé e os pulinhos para São Longuinho ajudam a reencontrar.
     O filme Os Banshees de Inisherin – que esteve na disputa do Oscar – mostra a dor e a irracionalidade do rompimento de uma amizade, usando a Guerra Civil Irlandesa como pano de fundo para a frustração de Colm, que decide deixar de falar com o velho amigo Pádraic.
    O filme, à parte o monumental trabalho dos atores, é cheio de defeitos, mas isso não vem ao caso. O que interessa é a relação entre os personagens.
    Músico, Pádriac culpa o amigo pela própria insignificância, chega a dizer que as horas de conversa fiada no pub local o impedem de evoluir intelectualmente e de cumprir o desejo de deixar uma marca no mundo por meio de suas canções.
    Por puro interesse pessoal, ele não quer mais perder tempo com uma companhia que não ajuda seu objetivo – e diz isso com todas as letras. Ainda que a custo da amizade.
     A radicalização, como na guerra que dividiu o país entre católicos e protestantes, deixando marcas que duram até hoje, chega às raias do absurdo, terminando com uma automutilação que, ao cabo, impede Colm de completar o desejo de fazer algo relevante na música e, consequentemente, na vida – e desta forma poder culpar definitivamente o ex-amigo pela frustração pessoal.
    Ainda não chegamos ao ponto de decepar os dedos, mas a guerra está entre nós com o fanatismo de religiosos radicais. As conversas continuam corrosivas, desafiadoras, ao ponto de determinados assuntos – política, principalmente – fiquem proibidos pelo bem de uma convivência mais harmônica, mas seguramente mais falsa.
    Aristóteles disse que a amizade pode existir entre as pessoas mais desiguais, porque as torna iguais. O problema é que ninguém mais quer ser igual a ninguém; há uma necessidade de buscar uma marca pessoal em tudo. Ainda que seja uma marca de estupidez e custe um bem tão precioso quanto a amizade.

PESTANA, Paulo. Amizades em risco. Correio Braziliense, 20 de março de 2023.
Disponível em: https://blogs.correiobraziliense.com.br/ paulopestana/amizades-em-risco/. Acesso em: 25 mar. 2023. 
Ao evocar personalidades como Mário Quintana e Aristóteles em sua argumentação, o autor se valeu do seguinte tipo de argumento: 
Alternativas
Q2267472 Português
Amizades em risco

Publicado em 20/03/2023 | 15:36
Paulo Pestana
Crônica

    Mário Quintana disse que a amizade é o amor que nunca morre. É uma frase que serve para mostrar que até os poetas erram. Amizades estão sendo rompidas a todo momento por desrespeito a uma das regras basilares do sentimento, o respeito às diferenças.     Há pouco, amigos de décadas deixaram se se falar e de frequentar o mesmo boteco por discordâncias políticas; não é caso isolado, ao contrário.
     Mas a situação fica ainda mais grave quando também falha uma instituição brasileira: a turma do deixa-disso. Aproveitando a ausência dos dois beligerantes, a mesa começou a discutir, inicialmente em tom de lamento, o rompimento dos camaradas, mas logo alguém deu razão para um, enquanto outro justificava a ação do segundo.
    Antes que a discussão ficasse acalorada demais, um sensato falou mais alto:
    – Amigo meu não tem defeito – é o princípio de Blaise Pascal: “o amor é cego, a amizade fecha os olhos”.
    Os presentes entenderam o recado. Eu mesmo disse que não tinha mais idade nem para fazer amigos novos, nem para perder os velhos. É uma meia-verdade, até porque tenho feito bons amigos. Mas o fato é que amigo não é coisa de se perder, até porque nem a fé e os pulinhos para São Longuinho ajudam a reencontrar.
     O filme Os Banshees de Inisherin – que esteve na disputa do Oscar – mostra a dor e a irracionalidade do rompimento de uma amizade, usando a Guerra Civil Irlandesa como pano de fundo para a frustração de Colm, que decide deixar de falar com o velho amigo Pádraic.
    O filme, à parte o monumental trabalho dos atores, é cheio de defeitos, mas isso não vem ao caso. O que interessa é a relação entre os personagens.
    Músico, Pádriac culpa o amigo pela própria insignificância, chega a dizer que as horas de conversa fiada no pub local o impedem de evoluir intelectualmente e de cumprir o desejo de deixar uma marca no mundo por meio de suas canções.
    Por puro interesse pessoal, ele não quer mais perder tempo com uma companhia que não ajuda seu objetivo – e diz isso com todas as letras. Ainda que a custo da amizade.
     A radicalização, como na guerra que dividiu o país entre católicos e protestantes, deixando marcas que duram até hoje, chega às raias do absurdo, terminando com uma automutilação que, ao cabo, impede Colm de completar o desejo de fazer algo relevante na música e, consequentemente, na vida – e desta forma poder culpar definitivamente o ex-amigo pela frustração pessoal.
    Ainda não chegamos ao ponto de decepar os dedos, mas a guerra está entre nós com o fanatismo de religiosos radicais. As conversas continuam corrosivas, desafiadoras, ao ponto de determinados assuntos – política, principalmente – fiquem proibidos pelo bem de uma convivência mais harmônica, mas seguramente mais falsa.
    Aristóteles disse que a amizade pode existir entre as pessoas mais desiguais, porque as torna iguais. O problema é que ninguém mais quer ser igual a ninguém; há uma necessidade de buscar uma marca pessoal em tudo. Ainda que seja uma marca de estupidez e custe um bem tão precioso quanto a amizade.

PESTANA, Paulo. Amizades em risco. Correio Braziliense, 20 de março de 2023.
Disponível em: https://blogs.correiobraziliense.com.br/ paulopestana/amizades-em-risco/. Acesso em: 25 mar. 2023. 
Para formar a palavra “deixa-disso” (3º parágrafo), o autor aplicou o processo de formação de palavras denominado 
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Q2267473 Português
Qual dos verbos destacados a seguir apresenta, no contexto em que foi empregado, um sujeito indeterminado? 
Alternativas
Q2267474 Português
Leia o trecho aseguir.
“Eu tinha um alicate que só vendo, encabado de plástico amarelo, na escuridão fosforescia; de aço alemão legítimo; usei oito anos quase todo dia, foi meu companheiro em Ibitinga, Acaraí, Salto Osório, Ilha Solteira e Salto Capivara. Se juntasse um metro de cada fio que cortei naquele alicate, tinha cobre pro resto da vida. Daí, quando você perde uma ferramenta que já usou muito, é o mesmo que perder um dedo.”
PELLEGRINI, Domingos. A maior ponte do mundo. In: MORICONI, Italo. Os cem melhores contos brasileiros do século. São Paulo: Objetiva, 2009.

Qual é a figura de linguagem utilizada no trecho grifado?
Alternativas
Respostas
1: C
2: E
3: A
4: A
5: C
6: D
7: B
8: B
9: E
10: C
11: D
12: D
13: C
14: B
15: E
16: D
17: C
18: D
19: C
20: B