Questões de Concurso Público Prefeitura de Santana do Acaraú - CE 2023 para Professor PEB II - Ciências Humanas

Foram encontradas 13 questões

Q2174275 Português
Por que devemos tratar a solidão como uma questão de saúde pública?

Estudos mostram aumento de mortalidade ou de riscos à saúde entre pessoas afetadas por este sentimento

Claudio Lottenberg
2 de março de 2023

    Você, leitor, talvez já tenha passado por um dia “daqueles”: reuniões em série, demandas urgentes e inconciliáveis, telefone tocando sem parar, múltiplas mensagens em diversos aplicativos, e-mails a responder, aulas, compromissos familiares e sabe-se lá mais quanta coisa a requerer sua atenção. Num dia assim, é bem fácil que já tenha recorrido àquela fantasia, à primeira vista tranquilizadora, de estar numa praia deserta. Desconectado do mundo, sem ninguém por perto. Curtindo um estado do que pareceria a mais plena solidão.
    Essa fantasia romântica da solidão só parece positiva porque a imaginamos como um estado que nos ajudará a ter sossego, que poderá estimular nossa criatividade, ou coisas assim. E isso até tem validade – mas é só uma face da moeda. A outra, nem sempre presente naqueles momentos em que ela parece ser tudo que queremos, é o seu sentido mais real: um sentimento de mal-estar ou angústia atribuído à falta de relacionamento com outras pessoas com quem trocar impressões e fazer coisas, na definição sugerida pelo psicólogo holandês René Diekstra, em artigo no site da Organização Mundial de Saúde.
    Pesquisas mostram inclusive que, mesmo sendo um estado subjetivo, a solidão ganhou proporções de crise de saúde pública – muito na esteira do que a pandemia, com o isolamento social necessário para conter a transmissão da Covid-19, provocou. Um relatório da OMS de 2021 mostrou que a solidão afeta entre 20% e 34% dos idosos de China, Europa, América Latina e Estados Unidos. O documento ainda registrou uma associação entre a solidão sentida por pacientes recém-operados e um risco mais de óbito nos 30 dias subsequentes (o estudo foi feito com mais de 4 mil idosos, e foi publicado no Jama Surgery (Diário da Associação Médica Americana)).
    A associação Americana do Coração, por sua vez, ainda verificou num estudo uma associação entre solidão, isolamento social e aumento (de 30%) nos riscos de AVC (acidente vascular cerebral) e ataques cardíacos. Jovens são igualmente vítimas da solidão – outro estudo mostrou uma associação desse estado com índices mais altos de tabagismo (e nem é preciso descer a detalhes sobre os efeitos do tabaco na saúde).
    Impressiona que, em uma sociedade em que a conexão de todos com todos seja cada vez mais abrangente, a sensação de isolamento se faça sentir cada vez mais. O sociólogo Zygmunt Bauman (1925-2017) disse em entrevista ao “El País” em 2016 que “a solidão é a grande ameaça nesses tempos individualistas”. Segundo ele, muita gente usa as redes sociais para se fechar em zonas de conforto, nas quais ouvem apenas as próprias vozes – e não para dialogar, criar conexões de qualidade com as pessoas. Podem oferecer uma sensação de pertencimento a alguma comunidade, mas, diz ele, “são uma armadilha”.     A romantização da ideia de solidão está presente no pensamento de inúmeros pensadores, escritores, poetas. O escritor francês Paul Valéry teria dito que solidão e silêncio podem ser meios de liberdade; Jean-Jacques Rousseau a via como uma vantagem, de estar sempre na companhia de alguém que sabe pensar; Arthur Schopenhauer a encarava como uma sorte de espíritos excepcionais. Tais noções dificultam a compreensão do fenômeno da solidão e a busca por formas de conviver com ela – e de ajudar aqueles que a vivem como uma patologia.
    Na “Política”, uma de suas muitas obras, o filósofo grego Aristóteles define o ser humano como um “animal político” – ou seja, como aquele que vive na pólis, na cidade. É, portanto, um ser gregário, social, não existe para viver sozinho. Numa caracterização mais contemporânea – mas basicamente sinônima –, o neurocientista argentino Facundo Manes disse que o sentimento da solidão é como um alarme que nos recorda de que somos seres sociais (como o sábio grego já havia entendido há cerca de 2.500 anos), da mesma forma que a fome nos lembra de que temos que nos alimentar. O ditado popular diz que o remédio se diferencia do veneno pela dose; com a solidão talvez seja a mesma coisa.

Claudio Lottenberg é mestre e doutor em oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp). É presidente do conselho do Hospital Albert Einstein e do Instituto Coalizão Saúde.

LOTTENBERG, Claudio. Por que devemos tratar a solidão como uma questão de saúde pública? Forbes Brasil, 02 de março de 2023. Saúde. Disponível em: https://forbes.com.br/forbessaude/2023/03/claudio-lottenberg-por-que-devemostratar-a-solidao-como-uma-questao-de-saude-publica/. Acesso em: 10 mar. 2023
Com base em suas características, pode-se afirmar que o texto apresentado pertence ao gênero 
Alternativas
Q2174276 Português
Por que devemos tratar a solidão como uma questão de saúde pública?

Estudos mostram aumento de mortalidade ou de riscos à saúde entre pessoas afetadas por este sentimento

Claudio Lottenberg
2 de março de 2023

    Você, leitor, talvez já tenha passado por um dia “daqueles”: reuniões em série, demandas urgentes e inconciliáveis, telefone tocando sem parar, múltiplas mensagens em diversos aplicativos, e-mails a responder, aulas, compromissos familiares e sabe-se lá mais quanta coisa a requerer sua atenção. Num dia assim, é bem fácil que já tenha recorrido àquela fantasia, à primeira vista tranquilizadora, de estar numa praia deserta. Desconectado do mundo, sem ninguém por perto. Curtindo um estado do que pareceria a mais plena solidão.
    Essa fantasia romântica da solidão só parece positiva porque a imaginamos como um estado que nos ajudará a ter sossego, que poderá estimular nossa criatividade, ou coisas assim. E isso até tem validade – mas é só uma face da moeda. A outra, nem sempre presente naqueles momentos em que ela parece ser tudo que queremos, é o seu sentido mais real: um sentimento de mal-estar ou angústia atribuído à falta de relacionamento com outras pessoas com quem trocar impressões e fazer coisas, na definição sugerida pelo psicólogo holandês René Diekstra, em artigo no site da Organização Mundial de Saúde.
    Pesquisas mostram inclusive que, mesmo sendo um estado subjetivo, a solidão ganhou proporções de crise de saúde pública – muito na esteira do que a pandemia, com o isolamento social necessário para conter a transmissão da Covid-19, provocou. Um relatório da OMS de 2021 mostrou que a solidão afeta entre 20% e 34% dos idosos de China, Europa, América Latina e Estados Unidos. O documento ainda registrou uma associação entre a solidão sentida por pacientes recém-operados e um risco mais de óbito nos 30 dias subsequentes (o estudo foi feito com mais de 4 mil idosos, e foi publicado no Jama Surgery (Diário da Associação Médica Americana)).
    A associação Americana do Coração, por sua vez, ainda verificou num estudo uma associação entre solidão, isolamento social e aumento (de 30%) nos riscos de AVC (acidente vascular cerebral) e ataques cardíacos. Jovens são igualmente vítimas da solidão – outro estudo mostrou uma associação desse estado com índices mais altos de tabagismo (e nem é preciso descer a detalhes sobre os efeitos do tabaco na saúde).
    Impressiona que, em uma sociedade em que a conexão de todos com todos seja cada vez mais abrangente, a sensação de isolamento se faça sentir cada vez mais. O sociólogo Zygmunt Bauman (1925-2017) disse em entrevista ao “El País” em 2016 que “a solidão é a grande ameaça nesses tempos individualistas”. Segundo ele, muita gente usa as redes sociais para se fechar em zonas de conforto, nas quais ouvem apenas as próprias vozes – e não para dialogar, criar conexões de qualidade com as pessoas. Podem oferecer uma sensação de pertencimento a alguma comunidade, mas, diz ele, “são uma armadilha”.     A romantização da ideia de solidão está presente no pensamento de inúmeros pensadores, escritores, poetas. O escritor francês Paul Valéry teria dito que solidão e silêncio podem ser meios de liberdade; Jean-Jacques Rousseau a via como uma vantagem, de estar sempre na companhia de alguém que sabe pensar; Arthur Schopenhauer a encarava como uma sorte de espíritos excepcionais. Tais noções dificultam a compreensão do fenômeno da solidão e a busca por formas de conviver com ela – e de ajudar aqueles que a vivem como uma patologia.
    Na “Política”, uma de suas muitas obras, o filósofo grego Aristóteles define o ser humano como um “animal político” – ou seja, como aquele que vive na pólis, na cidade. É, portanto, um ser gregário, social, não existe para viver sozinho. Numa caracterização mais contemporânea – mas basicamente sinônima –, o neurocientista argentino Facundo Manes disse que o sentimento da solidão é como um alarme que nos recorda de que somos seres sociais (como o sábio grego já havia entendido há cerca de 2.500 anos), da mesma forma que a fome nos lembra de que temos que nos alimentar. O ditado popular diz que o remédio se diferencia do veneno pela dose; com a solidão talvez seja a mesma coisa.

Claudio Lottenberg é mestre e doutor em oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp). É presidente do conselho do Hospital Albert Einstein e do Instituto Coalizão Saúde.

LOTTENBERG, Claudio. Por que devemos tratar a solidão como uma questão de saúde pública? Forbes Brasil, 02 de março de 2023. Saúde. Disponível em: https://forbes.com.br/forbessaude/2023/03/claudio-lottenberg-por-que-devemostratar-a-solidao-como-uma-questao-de-saude-publica/. Acesso em: 10 mar. 2023
O autor considera as redes sociais “uma armadilha” (5º parágrafo), pois elas 
Alternativas
Q2174277 Português
Por que devemos tratar a solidão como uma questão de saúde pública?

Estudos mostram aumento de mortalidade ou de riscos à saúde entre pessoas afetadas por este sentimento

Claudio Lottenberg
2 de março de 2023

    Você, leitor, talvez já tenha passado por um dia “daqueles”: reuniões em série, demandas urgentes e inconciliáveis, telefone tocando sem parar, múltiplas mensagens em diversos aplicativos, e-mails a responder, aulas, compromissos familiares e sabe-se lá mais quanta coisa a requerer sua atenção. Num dia assim, é bem fácil que já tenha recorrido àquela fantasia, à primeira vista tranquilizadora, de estar numa praia deserta. Desconectado do mundo, sem ninguém por perto. Curtindo um estado do que pareceria a mais plena solidão.
    Essa fantasia romântica da solidão só parece positiva porque a imaginamos como um estado que nos ajudará a ter sossego, que poderá estimular nossa criatividade, ou coisas assim. E isso até tem validade – mas é só uma face da moeda. A outra, nem sempre presente naqueles momentos em que ela parece ser tudo que queremos, é o seu sentido mais real: um sentimento de mal-estar ou angústia atribuído à falta de relacionamento com outras pessoas com quem trocar impressões e fazer coisas, na definição sugerida pelo psicólogo holandês René Diekstra, em artigo no site da Organização Mundial de Saúde.
    Pesquisas mostram inclusive que, mesmo sendo um estado subjetivo, a solidão ganhou proporções de crise de saúde pública – muito na esteira do que a pandemia, com o isolamento social necessário para conter a transmissão da Covid-19, provocou. Um relatório da OMS de 2021 mostrou que a solidão afeta entre 20% e 34% dos idosos de China, Europa, América Latina e Estados Unidos. O documento ainda registrou uma associação entre a solidão sentida por pacientes recém-operados e um risco mais de óbito nos 30 dias subsequentes (o estudo foi feito com mais de 4 mil idosos, e foi publicado no Jama Surgery (Diário da Associação Médica Americana)).
    A associação Americana do Coração, por sua vez, ainda verificou num estudo uma associação entre solidão, isolamento social e aumento (de 30%) nos riscos de AVC (acidente vascular cerebral) e ataques cardíacos. Jovens são igualmente vítimas da solidão – outro estudo mostrou uma associação desse estado com índices mais altos de tabagismo (e nem é preciso descer a detalhes sobre os efeitos do tabaco na saúde).
    Impressiona que, em uma sociedade em que a conexão de todos com todos seja cada vez mais abrangente, a sensação de isolamento se faça sentir cada vez mais. O sociólogo Zygmunt Bauman (1925-2017) disse em entrevista ao “El País” em 2016 que “a solidão é a grande ameaça nesses tempos individualistas”. Segundo ele, muita gente usa as redes sociais para se fechar em zonas de conforto, nas quais ouvem apenas as próprias vozes – e não para dialogar, criar conexões de qualidade com as pessoas. Podem oferecer uma sensação de pertencimento a alguma comunidade, mas, diz ele, “são uma armadilha”.     A romantização da ideia de solidão está presente no pensamento de inúmeros pensadores, escritores, poetas. O escritor francês Paul Valéry teria dito que solidão e silêncio podem ser meios de liberdade; Jean-Jacques Rousseau a via como uma vantagem, de estar sempre na companhia de alguém que sabe pensar; Arthur Schopenhauer a encarava como uma sorte de espíritos excepcionais. Tais noções dificultam a compreensão do fenômeno da solidão e a busca por formas de conviver com ela – e de ajudar aqueles que a vivem como uma patologia.
    Na “Política”, uma de suas muitas obras, o filósofo grego Aristóteles define o ser humano como um “animal político” – ou seja, como aquele que vive na pólis, na cidade. É, portanto, um ser gregário, social, não existe para viver sozinho. Numa caracterização mais contemporânea – mas basicamente sinônima –, o neurocientista argentino Facundo Manes disse que o sentimento da solidão é como um alarme que nos recorda de que somos seres sociais (como o sábio grego já havia entendido há cerca de 2.500 anos), da mesma forma que a fome nos lembra de que temos que nos alimentar. O ditado popular diz que o remédio se diferencia do veneno pela dose; com a solidão talvez seja a mesma coisa.

Claudio Lottenberg é mestre e doutor em oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp). É presidente do conselho do Hospital Albert Einstein e do Instituto Coalizão Saúde.

LOTTENBERG, Claudio. Por que devemos tratar a solidão como uma questão de saúde pública? Forbes Brasil, 02 de março de 2023. Saúde. Disponível em: https://forbes.com.br/forbessaude/2023/03/claudio-lottenberg-por-que-devemostratar-a-solidao-como-uma-questao-de-saude-publica/. Acesso em: 10 mar. 2023
Ao fechar o texto com o período “O ditado popular diz que o remédio se diferencia do veneno pela dose; com a solidão talvez seja a mesma coisa.”, o autor quis salientar que o(a)
Alternativas
Q2174278 Português
Por que devemos tratar a solidão como uma questão de saúde pública?

Estudos mostram aumento de mortalidade ou de riscos à saúde entre pessoas afetadas por este sentimento

Claudio Lottenberg
2 de março de 2023

    Você, leitor, talvez já tenha passado por um dia “daqueles”: reuniões em série, demandas urgentes e inconciliáveis, telefone tocando sem parar, múltiplas mensagens em diversos aplicativos, e-mails a responder, aulas, compromissos familiares e sabe-se lá mais quanta coisa a requerer sua atenção. Num dia assim, é bem fácil que já tenha recorrido àquela fantasia, à primeira vista tranquilizadora, de estar numa praia deserta. Desconectado do mundo, sem ninguém por perto. Curtindo um estado do que pareceria a mais plena solidão.
    Essa fantasia romântica da solidão só parece positiva porque a imaginamos como um estado que nos ajudará a ter sossego, que poderá estimular nossa criatividade, ou coisas assim. E isso até tem validade – mas é só uma face da moeda. A outra, nem sempre presente naqueles momentos em que ela parece ser tudo que queremos, é o seu sentido mais real: um sentimento de mal-estar ou angústia atribuído à falta de relacionamento com outras pessoas com quem trocar impressões e fazer coisas, na definição sugerida pelo psicólogo holandês René Diekstra, em artigo no site da Organização Mundial de Saúde.
    Pesquisas mostram inclusive que, mesmo sendo um estado subjetivo, a solidão ganhou proporções de crise de saúde pública – muito na esteira do que a pandemia, com o isolamento social necessário para conter a transmissão da Covid-19, provocou. Um relatório da OMS de 2021 mostrou que a solidão afeta entre 20% e 34% dos idosos de China, Europa, América Latina e Estados Unidos. O documento ainda registrou uma associação entre a solidão sentida por pacientes recém-operados e um risco mais de óbito nos 30 dias subsequentes (o estudo foi feito com mais de 4 mil idosos, e foi publicado no Jama Surgery (Diário da Associação Médica Americana)).
    A associação Americana do Coração, por sua vez, ainda verificou num estudo uma associação entre solidão, isolamento social e aumento (de 30%) nos riscos de AVC (acidente vascular cerebral) e ataques cardíacos. Jovens são igualmente vítimas da solidão – outro estudo mostrou uma associação desse estado com índices mais altos de tabagismo (e nem é preciso descer a detalhes sobre os efeitos do tabaco na saúde).
    Impressiona que, em uma sociedade em que a conexão de todos com todos seja cada vez mais abrangente, a sensação de isolamento se faça sentir cada vez mais. O sociólogo Zygmunt Bauman (1925-2017) disse em entrevista ao “El País” em 2016 que “a solidão é a grande ameaça nesses tempos individualistas”. Segundo ele, muita gente usa as redes sociais para se fechar em zonas de conforto, nas quais ouvem apenas as próprias vozes – e não para dialogar, criar conexões de qualidade com as pessoas. Podem oferecer uma sensação de pertencimento a alguma comunidade, mas, diz ele, “são uma armadilha”.     A romantização da ideia de solidão está presente no pensamento de inúmeros pensadores, escritores, poetas. O escritor francês Paul Valéry teria dito que solidão e silêncio podem ser meios de liberdade; Jean-Jacques Rousseau a via como uma vantagem, de estar sempre na companhia de alguém que sabe pensar; Arthur Schopenhauer a encarava como uma sorte de espíritos excepcionais. Tais noções dificultam a compreensão do fenômeno da solidão e a busca por formas de conviver com ela – e de ajudar aqueles que a vivem como uma patologia.
    Na “Política”, uma de suas muitas obras, o filósofo grego Aristóteles define o ser humano como um “animal político” – ou seja, como aquele que vive na pólis, na cidade. É, portanto, um ser gregário, social, não existe para viver sozinho. Numa caracterização mais contemporânea – mas basicamente sinônima –, o neurocientista argentino Facundo Manes disse que o sentimento da solidão é como um alarme que nos recorda de que somos seres sociais (como o sábio grego já havia entendido há cerca de 2.500 anos), da mesma forma que a fome nos lembra de que temos que nos alimentar. O ditado popular diz que o remédio se diferencia do veneno pela dose; com a solidão talvez seja a mesma coisa.

Claudio Lottenberg é mestre e doutor em oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp). É presidente do conselho do Hospital Albert Einstein e do Instituto Coalizão Saúde.

LOTTENBERG, Claudio. Por que devemos tratar a solidão como uma questão de saúde pública? Forbes Brasil, 02 de março de 2023. Saúde. Disponível em: https://forbes.com.br/forbessaude/2023/03/claudio-lottenberg-por-que-devemostratar-a-solidao-como-uma-questao-de-saude-publica/. Acesso em: 10 mar. 2023
Quanto à linguagem empregada no texto, pode-se afirmar que ela se caracteriza por ser predominantemente
Alternativas
Q2174279 Português
Por que devemos tratar a solidão como uma questão de saúde pública?

Estudos mostram aumento de mortalidade ou de riscos à saúde entre pessoas afetadas por este sentimento

Claudio Lottenberg
2 de março de 2023

    Você, leitor, talvez já tenha passado por um dia “daqueles”: reuniões em série, demandas urgentes e inconciliáveis, telefone tocando sem parar, múltiplas mensagens em diversos aplicativos, e-mails a responder, aulas, compromissos familiares e sabe-se lá mais quanta coisa a requerer sua atenção. Num dia assim, é bem fácil que já tenha recorrido àquela fantasia, à primeira vista tranquilizadora, de estar numa praia deserta. Desconectado do mundo, sem ninguém por perto. Curtindo um estado do que pareceria a mais plena solidão.
    Essa fantasia romântica da solidão só parece positiva porque a imaginamos como um estado que nos ajudará a ter sossego, que poderá estimular nossa criatividade, ou coisas assim. E isso até tem validade – mas é só uma face da moeda. A outra, nem sempre presente naqueles momentos em que ela parece ser tudo que queremos, é o seu sentido mais real: um sentimento de mal-estar ou angústia atribuído à falta de relacionamento com outras pessoas com quem trocar impressões e fazer coisas, na definição sugerida pelo psicólogo holandês René Diekstra, em artigo no site da Organização Mundial de Saúde.
    Pesquisas mostram inclusive que, mesmo sendo um estado subjetivo, a solidão ganhou proporções de crise de saúde pública – muito na esteira do que a pandemia, com o isolamento social necessário para conter a transmissão da Covid-19, provocou. Um relatório da OMS de 2021 mostrou que a solidão afeta entre 20% e 34% dos idosos de China, Europa, América Latina e Estados Unidos. O documento ainda registrou uma associação entre a solidão sentida por pacientes recém-operados e um risco mais de óbito nos 30 dias subsequentes (o estudo foi feito com mais de 4 mil idosos, e foi publicado no Jama Surgery (Diário da Associação Médica Americana)).
    A associação Americana do Coração, por sua vez, ainda verificou num estudo uma associação entre solidão, isolamento social e aumento (de 30%) nos riscos de AVC (acidente vascular cerebral) e ataques cardíacos. Jovens são igualmente vítimas da solidão – outro estudo mostrou uma associação desse estado com índices mais altos de tabagismo (e nem é preciso descer a detalhes sobre os efeitos do tabaco na saúde).
    Impressiona que, em uma sociedade em que a conexão de todos com todos seja cada vez mais abrangente, a sensação de isolamento se faça sentir cada vez mais. O sociólogo Zygmunt Bauman (1925-2017) disse em entrevista ao “El País” em 2016 que “a solidão é a grande ameaça nesses tempos individualistas”. Segundo ele, muita gente usa as redes sociais para se fechar em zonas de conforto, nas quais ouvem apenas as próprias vozes – e não para dialogar, criar conexões de qualidade com as pessoas. Podem oferecer uma sensação de pertencimento a alguma comunidade, mas, diz ele, “são uma armadilha”.     A romantização da ideia de solidão está presente no pensamento de inúmeros pensadores, escritores, poetas. O escritor francês Paul Valéry teria dito que solidão e silêncio podem ser meios de liberdade; Jean-Jacques Rousseau a via como uma vantagem, de estar sempre na companhia de alguém que sabe pensar; Arthur Schopenhauer a encarava como uma sorte de espíritos excepcionais. Tais noções dificultam a compreensão do fenômeno da solidão e a busca por formas de conviver com ela – e de ajudar aqueles que a vivem como uma patologia.
    Na “Política”, uma de suas muitas obras, o filósofo grego Aristóteles define o ser humano como um “animal político” – ou seja, como aquele que vive na pólis, na cidade. É, portanto, um ser gregário, social, não existe para viver sozinho. Numa caracterização mais contemporânea – mas basicamente sinônima –, o neurocientista argentino Facundo Manes disse que o sentimento da solidão é como um alarme que nos recorda de que somos seres sociais (como o sábio grego já havia entendido há cerca de 2.500 anos), da mesma forma que a fome nos lembra de que temos que nos alimentar. O ditado popular diz que o remédio se diferencia do veneno pela dose; com a solidão talvez seja a mesma coisa.

Claudio Lottenberg é mestre e doutor em oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp). É presidente do conselho do Hospital Albert Einstein e do Instituto Coalizão Saúde.

LOTTENBERG, Claudio. Por que devemos tratar a solidão como uma questão de saúde pública? Forbes Brasil, 02 de março de 2023. Saúde. Disponível em: https://forbes.com.br/forbessaude/2023/03/claudio-lottenberg-por-que-devemostratar-a-solidao-como-uma-questao-de-saude-publica/. Acesso em: 10 mar. 2023
As aspas duplas foram empregadas no texto para indicar uma palavra utilizada fora de seu contexto usual em
Alternativas
Q2174280 Português
Leia o excerto a seguir.
“A empresa norte-americana Turnitin informou que irá lançar até abril um novo software capaz de detectar textos produzidos por ferramentas de inteligência artificial (IA) generativa como o ChatGPT. A ideia é que a solução seja incorporada ao seu software homônimo de detecção de plágio, que é utilizado por mais de 15 mil instituições de ensino superior no mundo.”
SOFTWARE antiplágio popular promete identificar textos do ChatGPT. Pesquisa Fapesp, 10 de março de 2023. Boas práticas. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/software-antiplagio-popular-promete-identificartextos-do-chatgpt/. Acesso em: 10 mar. 2023.
Qual é a função da linguagem predominante no excerto? 
Alternativas
Q2174281 Português
Assinale a alternativa em que a expressão sublinhada recebe corretamente a classificação sintática apresentada entre os parênteses. 
Alternativas
Q2174282 Português
Leia o texto a seguir.
“A semelhança entre o padrão de interação dos neurônios do cérebro humano e a colônia de formigas torna esta última objeto da hipótese de ser uma estrutura apta a ter uma consciência. [...] A colônia de formigas, se considerada um organismo, poderia ser um sujeito apto a ter experiências internas.”
FONSECA, Anderson Luiz do Vale. É a colônia de formigas um organismo consciente? Griot: Revista de Filosofia, Amargosa-BA, v. 23, n. 1, p. 70-86, fevereiro de 2023. Disponível em: http://www3.ufrb.edu.br/seer/index.php/griot/article/view/3220/1838. Acesso em: 13 mar. 2023.
Quantos ditongos decrescentes existem no texto? 
Alternativas
Q2174283 Português
Leia o excerto a seguir.
    “Duas das perguntas mais difíceis que todos temos de responder foram feitas por Jesus, numa de suas falas públicas às multidões que o seguiam: ‘Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?’ e ‘Que daria um homem em troca da sua alma?’. Os questionamentos do mais popular líder que a humanidade conheceu são, não apenas pertinentes, mas necessários para nos fazer pensar no tipo de jornada que construímos em nossa vida.     Existem duas questões nevrálgicas nesta fala do mestre de Nazaré: uma diz respeito à ideia da ambição; a outra, ao conceito de alma. E estão ambas presentes no texto. A primeira ideia aparece de modo implícito quando Jesus fala sobre ‘ganhar o mundo’. A segunda, explicitamente, quando ele menciona o risco de se ‘perder a alma’. [...]”
GUANAES, Daniel. Viver sem perder a alma. Jornal do Brasil, 23 de fevereiro de 2023. Opinião. Disponível em: https://www.jb.com.br/pais/opiniao/artigos/ 2023/02/1042420-viver-sem-perder-a-alma.html. Acesso em: 12 mar. 2023.

Observando-se a construção do texto apresentado, percebese que a estratégia de progressão temática empregada pelo autor no segundo parágrafo é o(a) 
Alternativas
Q2174284 Português
Leia o fragmento a seguir.
“Pressinto a catástrofe esperada. Salto da cama e aguço o ouvido: barulho de luta. Corro à escada, galgo-a aos três degraus e no topo esbarro com a porta fechada. Tento abri-la: não cede. Escuto: era de fato luta. Rolavam corpos pelo chão, fazendo retinir os vidros da lanterna, e ouvia-se um resfolego surdo, entremeado de embates contra os móveis. Trevas absolutas. Nenhuma réstia de luz coava para a escada.”
MONTEIRO LOBATO, José Bento Renato. Os faroleiros. In: Urupês. São Paulo: Brasiliense, 1969. 

Os sujeitos gramaticais dos verbos “escutar” e “ouvir” empregados nesse excerto são classificados, respectivamente, como 
Alternativas
Q2174285 Português

Leia os textos a seguir.


Imagem associada para resolução da questão



TEXTO II

“O romance ‘Grande Sertão: Veredas’ é considerado uma das mais significativas obras da literatura brasileira. Publicada em 1956, inicialmente chama atenção por sua dimensão – mais de 600 páginas – e pela ausência de capítulos. Guimarães Rosa fundiu nesse romance elementos do experimentalismo linguístico da primeira fase do modernismo e a temática regionalista da segunda fase do movimento, para criar uma obra única e inovadora.”


“GRANDE Sertão: Veredas” – Resumo da obra de Guimarães Rosa. Guia do Estudante, 03 de setembro de 2012. Disponível em: https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/grande-sertaoveredas-resumo-da-obra-de-guimaraes-rosa/. Acesso em: 10 mar. 2023.


A referência feita pelo texto I a uma famosa obra da literatura brasileira configura-se como um exemplo de 

Alternativas
Q2174286 Português
Assinale a alternativa em que todas as palavras se encontram corretamente grafadas segundo a ortografia oficial da língua portuguesa. 
Alternativas
Q2174287 Português
Leia o trecho a seguir, observando as lacunas propositadamente inseridas.
     “Asas desproporcionais, aumento de tamanho, reprodução de mais fêmeas do que machos e dificuldade para reconhecer alimentos devido ___ modificações cognitivas estão na lista de alterações sofridas ___ animais devido ___ mudanças do clima.     Pesquisas mostram que para conseguir sobreviver ao aumento da temperatura, à poluição de rios e aos eventos climáticos extremos, como longos períodos de seca e de chuvas intensas, espécies estão alterando o seu modo de vida, sua maneira de se reproduzir e até o seu tamanho.     Na lista de animais mais atingidos ___ alterações do clima, as abelhas aparecem como um dos mais impactados. Não é à toa que cada vez mais é difícil encontrá-las em diversos pontos do mundo ___ eram frequentes. [...]”
CARVALHO, Rone. Como mudanças climáticas estão alterando comportamento, reprodução e tamanho de animais. BBC Brasil, 09 de março de 2023. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c0jlkj2ydn0o. Acesso em: 12 mar. 2023.

Considerando-se a sintaxe de regência da língua portuguesa padrão, bem como o contexto do fragmento apresentado, assinale a alternativa que preenche adequadamente as lacunas desse trecho.
Alternativas
Respostas
1: E
2: D
3: C
4: A
5: A
6: B
7: C
8: C
9: B
10: D
11: E
12: A
13: D