TEXTO I
O professor instrutor e o professor educador
Miguel Almir L. de Araújo
Na cotidianidade das práticas educativas, duas posturas
modulares podem ser encontradas naqueles que as conduzem:
os que assumem o predomínio das características do papel de
professores instrutores e os que se comprometem
primordialmente com os propósitos de professores educadores.
São bastante relevantes e demarcadoras as diferenças entre as
duas posturas. Os que “vestem a camisa” de professores
instrutores assumem os encargos do papel de treinadores que
viabilizam a profissionalização dos indivíduos mediante
conteúdos e técnicas estabelecidas de cunho funcional e
pragmático. Desse modo, o que é prioritário é a instrução para os
papéis sociais, para o domínio dos saberes técnicos e
instrumentais que tendem a conformar e adaptar esses indivíduos
aos padrões socialmente instituídos. [...]
O professor instrutor repete todo dia os mesmos cacoetes e
recursos metodológicos na cadência decadente das rotinas
emboloradas e desencantantes. O professor educador reinventa
permanentemente seus procedimentos, renovando-se e
reencantando-se com o aprendizado vigoroso de cada
experiência vivida. O professor instrutor considera-se detentor do
saber, pretensamente pronto e acabado. O professor educador
concebe-se aprendiz inacabado nos fluxos do cotidiano.
O professor instrutor dita conteúdos para que os alunos copiem e
assimilem de modo reflexo. O professor educador problematiza
conteúdos para que os alunos reflitam e compreendam
criticamente. O professor instrutor encampa modelos uniformes
lastreados em certezas fixas. O professor educador articula
múltiplas referências fundadas em possibilidades abertas, em
incertezas. O professor instrutor privilegia o logos, a cognição, a
mente. O professor educador entrelaça logos e eros, cognição e
intuição, mente e corpo. [...]
O professor instrutor busca as competências técnica e teórica, a
inteligência cognitiva. O professor educador busca as
competências técnica e teórica, mas, principalmente, as
competências éticas e estéticas, as inteligências cognitiva,
intuitiva e emocional. O professor instrutor tende à intolerância e
até ao abuso de poder, fala muito e quase não escuta. O
professor educador prima pelos princípios da tolerância, da ética
da solidariedade e da escuta sensível. [...]
Adaptado https://www.infoescola.com 15/10/13