Foi[1] há mais ou menos dezessete anos. Era um dia de sábado. A crônica havia saído
em uma edição do extinto O Poti. Eu estava ali, encerrado em um cubículo, dentro de um
elevador que dava para o portão principal. Trabalhava na portaria de uma faculdade
particular e – mesmo desarmado – tomava conta de todo um prédio, que ainda incluía
computadores, laboratórios de todos os tipos e peças anatômicas orgânicas. Não havia
expediente acadêmico aos sábados à noite; então, aproveitava para ler todos os jornais
de que a faculdade possuía a assinatura e que chegavam à portaria, já que eu estava só,
e os cadáveres – as peças – permaneceriam submersas em seus tanques. Mudas.