Questões de Concurso Público UFRN 2019 para Técnico de Laboratório - Anatomia e Necrópsia

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Q2053994 Português
Nós, zumbis
João de Fernandes Teixeira

     Recentemente estive lendo sobre um software chamado Apache que é utilizado para gerenciar a disponibilidade de leitos nas UTls dos hospitais. Esse software desliga automaticamente os aparelhos dos pacientes em coma com base em informação estatística sobre a sobrevida média de milhares de pacientes internados com patologias semelhantes. O Apache é alimentado e atualizado constantemente por meio de técnicas de Big Data. Esse tipo de tecnologia parece se confrontar com nossas intuições morais mais primitivas. Será aceitável delegar a uma máquina a decisão de interromper uma vida humana?
     Conversei com várias pessoas sobre esse assunto e obtive diferentes pontos d e vista. Muitas delas consideram o Apache desumano. Outras argumentaram que ele diminui o sofrimento das famílias de pacientes em coma, quase sempre gerado pelas falsas esperanças de sobrevida de seus entes queridos. Apesar das diferenças, todos concordaram que uma das qualidades indiscutíveis do Apache é a imparcialidade das decisões. Não há favorecimentos. Todos são tratados de maneira equânime.
     Penso que o Apache ilustra uma das características mais estranhas da época em que vivemos. Temos mais confiança em máquinas do que em seres humanos. Criaturas humanas têm fraquezas, são influenciáveis e subornáveis. Muitas pessoas acreditam que, se uma máquina desempenhasse as funções de um juiz de direito, teria a vantagem de ser incorruptível. Uma máquina não seria tendenciosa com relação a raça, cor e gênero dos réus. A automatização dos serviços públicos é bem-aceita como uma forma de banir a corrupção. A imparcialidade e a incorruptibilidade das decisões tomadas por máquinas são invocadas como um grande benefício para eliminar privilégios indevidos e tornar as sociedades mais justas e democráticas.
     O caso do Apache mostra claramente para onde caminha nossa relação com a tecnologia. As máquinas, cada vez mais, se tornam autônomas, ou seja, nosso controle sobre elas é parcial. As tecnologias digitais nos convidam a esquecer de nós mesmos e das nossas responsabilidades. Ninguém mais quer ser responsável por nada. Caminhamos para um estado de zumbificação no qual estamos abdicando da consciência e do pouco livre-arbítrio que nos resta. É o paraíso dos zumbis, daqueles que querem viver a vida como sonâmbulos despreocupados.
     As discussões atuais sobre tecnologia se limitam a tentar adivinhar como será o futuro nos próximos 10 ou 20 anos, sobretudo com o desenvolvimento das inteligências artificiais. Mas, ao ler os futurólogos, verifica-se facilmente que nenhum deles faz qualquer referência ao papel que podem ter as escolhas humanas na construção desse futuro. Como zumbis, não nos importamos com os efeitos que essas tecnologias terão sobre nós, e, por isso, oferecemos pouca ou nenhuma resistência ao seu avanço na organização de nossas vidas. Temos uma visão passiva e fatalista do futuro tecnológico que está chegando. A tecnologia nos controla e determinará o futuro da espécie humana. Escolhemos nos tornar dependentes da tecnologia e abdicar de tomar nossas próprias decisões. Optamos por sermos todos zumbis.
     A imparcialidade da tecnologia é o resultado de uma percepção habitual, segundo a qual ela é uma ferramenta, algo neutro que direcionamos de acordo com os nossos objetivos e valores. Mas essa é uma percepção equivocada. Claro que o uso das máquinas tem um papel fundamental. Mas a peculiaridade das tecnologias digitais é o fato de elas incorporarem, intrinsecamente, um histórico de hábitos, preferências e tendências que frequentemente passam despercebidos, gerando a ilusão da imparcialidade. Somos nós que estabelecemos os parâmetros para as pesquisas que usam Big Data. São essas pesquisas, com esses parâmetros, que alimentam softwares como o Apache.
     Esquecemos que a tecnologia é o nosso espelho e que, por isso, ela incorpora, implicitamente, nossos preconceitos, impulsos e valores. Eles estão exteriorizados em máquinas, sobretudo naquelas que são utilizadas para aperfeiçoar as burocracias. A tecnologia é uma expressão do que somos. Temos de aprender a lidar com essa expressão quando a encontramos nas sociedades. A tecnologia segue uma marcha inexorável na história. Mas nossas atitudes em relação a ela não precisam ser tão ingênuas a ponto de não percebermos como seus fabricantes embutem seus valores nas máquinas e inibem as discussões sobre o modo como elas são utilizadas.
     Vivemos em sociedades que valorizam mais as máquinas do que os seres humanos. A organização das sociedades complexas se sobrepôs ao bem-estar de seus habitantes. Passamos a acreditar que o bem-estar depende dessa organização e, por isso, precisamos cuidar da tecnologia muito mais do que de nós mesmos. A tecnologia se tornou mais importante do que os motivos pelos quais ela foi inventada, transformando-se em uma prioridade para si mesma.
     A discussão sobre a tecnologia tem sido relegada a um segundo plano em nosso país. A grande mídia dirige, quase obsessivamente, as preocupações da maioria da população para o debate político, enquanto a revolução tecnológica progride de forma sorrateira e implacável. É uma manobra ideológica sutil, mas que não poderá durar muito tempo. 

TEIXEIRA, João de Fernandes. Filosofia, Ciência e Vida. São Paulo: Editora Escala, Ed. 142, fev. 2019. p. 58-60. [Adaptado].
O texto promove, prioritariamente,
Alternativas
Q2053995 Português
Nós, zumbis
João de Fernandes Teixeira

     Recentemente estive lendo sobre um software chamado Apache que é utilizado para gerenciar a disponibilidade de leitos nas UTls dos hospitais. Esse software desliga automaticamente os aparelhos dos pacientes em coma com base em informação estatística sobre a sobrevida média de milhares de pacientes internados com patologias semelhantes. O Apache é alimentado e atualizado constantemente por meio de técnicas de Big Data. Esse tipo de tecnologia parece se confrontar com nossas intuições morais mais primitivas. Será aceitável delegar a uma máquina a decisão de interromper uma vida humana?
     Conversei com várias pessoas sobre esse assunto e obtive diferentes pontos d e vista. Muitas delas consideram o Apache desumano. Outras argumentaram que ele diminui o sofrimento das famílias de pacientes em coma, quase sempre gerado pelas falsas esperanças de sobrevida de seus entes queridos. Apesar das diferenças, todos concordaram que uma das qualidades indiscutíveis do Apache é a imparcialidade das decisões. Não há favorecimentos. Todos são tratados de maneira equânime.
     Penso que o Apache ilustra uma das características mais estranhas da época em que vivemos. Temos mais confiança em máquinas do que em seres humanos. Criaturas humanas têm fraquezas, são influenciáveis e subornáveis. Muitas pessoas acreditam que, se uma máquina desempenhasse as funções de um juiz de direito, teria a vantagem de ser incorruptível. Uma máquina não seria tendenciosa com relação a raça, cor e gênero dos réus. A automatização dos serviços públicos é bem-aceita como uma forma de banir a corrupção. A imparcialidade e a incorruptibilidade das decisões tomadas por máquinas são invocadas como um grande benefício para eliminar privilégios indevidos e tornar as sociedades mais justas e democráticas.
     O caso do Apache mostra claramente para onde caminha nossa relação com a tecnologia. As máquinas, cada vez mais, se tornam autônomas, ou seja, nosso controle sobre elas é parcial. As tecnologias digitais nos convidam a esquecer de nós mesmos e das nossas responsabilidades. Ninguém mais quer ser responsável por nada. Caminhamos para um estado de zumbificação no qual estamos abdicando da consciência e do pouco livre-arbítrio que nos resta. É o paraíso dos zumbis, daqueles que querem viver a vida como sonâmbulos despreocupados.
     As discussões atuais sobre tecnologia se limitam a tentar adivinhar como será o futuro nos próximos 10 ou 20 anos, sobretudo com o desenvolvimento das inteligências artificiais. Mas, ao ler os futurólogos, verifica-se facilmente que nenhum deles faz qualquer referência ao papel que podem ter as escolhas humanas na construção desse futuro. Como zumbis, não nos importamos com os efeitos que essas tecnologias terão sobre nós, e, por isso, oferecemos pouca ou nenhuma resistência ao seu avanço na organização de nossas vidas. Temos uma visão passiva e fatalista do futuro tecnológico que está chegando. A tecnologia nos controla e determinará o futuro da espécie humana. Escolhemos nos tornar dependentes da tecnologia e abdicar de tomar nossas próprias decisões. Optamos por sermos todos zumbis.
     A imparcialidade da tecnologia é o resultado de uma percepção habitual, segundo a qual ela é uma ferramenta, algo neutro que direcionamos de acordo com os nossos objetivos e valores. Mas essa é uma percepção equivocada. Claro que o uso das máquinas tem um papel fundamental. Mas a peculiaridade das tecnologias digitais é o fato de elas incorporarem, intrinsecamente, um histórico de hábitos, preferências e tendências que frequentemente passam despercebidos, gerando a ilusão da imparcialidade. Somos nós que estabelecemos os parâmetros para as pesquisas que usam Big Data. São essas pesquisas, com esses parâmetros, que alimentam softwares como o Apache.
     Esquecemos que a tecnologia é o nosso espelho e que, por isso, ela incorpora, implicitamente, nossos preconceitos, impulsos e valores. Eles estão exteriorizados em máquinas, sobretudo naquelas que são utilizadas para aperfeiçoar as burocracias. A tecnologia é uma expressão do que somos. Temos de aprender a lidar com essa expressão quando a encontramos nas sociedades. A tecnologia segue uma marcha inexorável na história. Mas nossas atitudes em relação a ela não precisam ser tão ingênuas a ponto de não percebermos como seus fabricantes embutem seus valores nas máquinas e inibem as discussões sobre o modo como elas são utilizadas.
     Vivemos em sociedades que valorizam mais as máquinas do que os seres humanos. A organização das sociedades complexas se sobrepôs ao bem-estar de seus habitantes. Passamos a acreditar que o bem-estar depende dessa organização e, por isso, precisamos cuidar da tecnologia muito mais do que de nós mesmos. A tecnologia se tornou mais importante do que os motivos pelos quais ela foi inventada, transformando-se em uma prioridade para si mesma.
     A discussão sobre a tecnologia tem sido relegada a um segundo plano em nosso país. A grande mídia dirige, quase obsessivamente, as preocupações da maioria da população para o debate político, enquanto a revolução tecnológica progride de forma sorrateira e implacável. É uma manobra ideológica sutil, mas que não poderá durar muito tempo. 

TEIXEIRA, João de Fernandes. Filosofia, Ciência e Vida. São Paulo: Editora Escala, Ed. 142, fev. 2019. p. 58-60. [Adaptado].
O título atribuído ao texto
Alternativas
Q2053996 Português
Nós, zumbis
João de Fernandes Teixeira

     Recentemente estive lendo sobre um software chamado Apache que é utilizado para gerenciar a disponibilidade de leitos nas UTls dos hospitais. Esse software desliga automaticamente os aparelhos dos pacientes em coma com base em informação estatística sobre a sobrevida média de milhares de pacientes internados com patologias semelhantes. O Apache é alimentado e atualizado constantemente por meio de técnicas de Big Data. Esse tipo de tecnologia parece se confrontar com nossas intuições morais mais primitivas. Será aceitável delegar a uma máquina a decisão de interromper uma vida humana?
     Conversei com várias pessoas sobre esse assunto e obtive diferentes pontos d e vista. Muitas delas consideram o Apache desumano. Outras argumentaram que ele diminui o sofrimento das famílias de pacientes em coma, quase sempre gerado pelas falsas esperanças de sobrevida de seus entes queridos. Apesar das diferenças, todos concordaram que uma das qualidades indiscutíveis do Apache é a imparcialidade das decisões. Não há favorecimentos. Todos são tratados de maneira equânime.
     Penso que o Apache ilustra uma das características mais estranhas da época em que vivemos. Temos mais confiança em máquinas do que em seres humanos. Criaturas humanas têm fraquezas, são influenciáveis e subornáveis. Muitas pessoas acreditam que, se uma máquina desempenhasse as funções de um juiz de direito, teria a vantagem de ser incorruptível. Uma máquina não seria tendenciosa com relação a raça, cor e gênero dos réus. A automatização dos serviços públicos é bem-aceita como uma forma de banir a corrupção. A imparcialidade e a incorruptibilidade das decisões tomadas por máquinas são invocadas como um grande benefício para eliminar privilégios indevidos e tornar as sociedades mais justas e democráticas.
     O caso do Apache mostra claramente para onde caminha nossa relação com a tecnologia. As máquinas, cada vez mais, se tornam autônomas, ou seja, nosso controle sobre elas é parcial. As tecnologias digitais nos convidam a esquecer de nós mesmos e das nossas responsabilidades. Ninguém mais quer ser responsável por nada. Caminhamos para um estado de zumbificação no qual estamos abdicando da consciência e do pouco livre-arbítrio que nos resta. É o paraíso dos zumbis, daqueles que querem viver a vida como sonâmbulos despreocupados.
     As discussões atuais sobre tecnologia se limitam a tentar adivinhar como será o futuro nos próximos 10 ou 20 anos, sobretudo com o desenvolvimento das inteligências artificiais. Mas, ao ler os futurólogos, verifica-se facilmente que nenhum deles faz qualquer referência ao papel que podem ter as escolhas humanas na construção desse futuro. Como zumbis, não nos importamos com os efeitos que essas tecnologias terão sobre nós, e, por isso, oferecemos pouca ou nenhuma resistência ao seu avanço na organização de nossas vidas. Temos uma visão passiva e fatalista do futuro tecnológico que está chegando. A tecnologia nos controla e determinará o futuro da espécie humana. Escolhemos nos tornar dependentes da tecnologia e abdicar de tomar nossas próprias decisões. Optamos por sermos todos zumbis.
     A imparcialidade da tecnologia é o resultado de uma percepção habitual, segundo a qual ela é uma ferramenta, algo neutro que direcionamos de acordo com os nossos objetivos e valores. Mas essa é uma percepção equivocada. Claro que o uso das máquinas tem um papel fundamental. Mas a peculiaridade das tecnologias digitais é o fato de elas incorporarem, intrinsecamente, um histórico de hábitos, preferências e tendências que frequentemente passam despercebidos, gerando a ilusão da imparcialidade. Somos nós que estabelecemos os parâmetros para as pesquisas que usam Big Data. São essas pesquisas, com esses parâmetros, que alimentam softwares como o Apache.
     Esquecemos que a tecnologia é o nosso espelho e que, por isso, ela incorpora, implicitamente, nossos preconceitos, impulsos e valores. Eles estão exteriorizados em máquinas, sobretudo naquelas que são utilizadas para aperfeiçoar as burocracias. A tecnologia é uma expressão do que somos. Temos de aprender a lidar com essa expressão quando a encontramos nas sociedades. A tecnologia segue uma marcha inexorável na história. Mas nossas atitudes em relação a ela não precisam ser tão ingênuas a ponto de não percebermos como seus fabricantes embutem seus valores nas máquinas e inibem as discussões sobre o modo como elas são utilizadas.
     Vivemos em sociedades que valorizam mais as máquinas do que os seres humanos. A organização das sociedades complexas se sobrepôs ao bem-estar de seus habitantes. Passamos a acreditar que o bem-estar depende dessa organização e, por isso, precisamos cuidar da tecnologia muito mais do que de nós mesmos. A tecnologia se tornou mais importante do que os motivos pelos quais ela foi inventada, transformando-se em uma prioridade para si mesma.
     A discussão sobre a tecnologia tem sido relegada a um segundo plano em nosso país. A grande mídia dirige, quase obsessivamente, as preocupações da maioria da população para o debate político, enquanto a revolução tecnológica progride de forma sorrateira e implacável. É uma manobra ideológica sutil, mas que não poderá durar muito tempo. 

TEIXEIRA, João de Fernandes. Filosofia, Ciência e Vida. São Paulo: Editora Escala, Ed. 142, fev. 2019. p. 58-60. [Adaptado].
O texto compõe-se dominantemente por
Alternativas
Q2053997 Português
Nós, zumbis
João de Fernandes Teixeira

     Recentemente estive lendo sobre um software chamado Apache que é utilizado para gerenciar a disponibilidade de leitos nas UTls dos hospitais. Esse software desliga automaticamente os aparelhos dos pacientes em coma com base em informação estatística sobre a sobrevida média de milhares de pacientes internados com patologias semelhantes. O Apache é alimentado e atualizado constantemente por meio de técnicas de Big Data. Esse tipo de tecnologia parece se confrontar com nossas intuições morais mais primitivas. Será aceitável delegar a uma máquina a decisão de interromper uma vida humana?
     Conversei com várias pessoas sobre esse assunto e obtive diferentes pontos d e vista. Muitas delas consideram o Apache desumano. Outras argumentaram que ele diminui o sofrimento das famílias de pacientes em coma, quase sempre gerado pelas falsas esperanças de sobrevida de seus entes queridos. Apesar das diferenças, todos concordaram que uma das qualidades indiscutíveis do Apache é a imparcialidade das decisões. Não há favorecimentos. Todos são tratados de maneira equânime.
     Penso que o Apache ilustra uma das características mais estranhas da época em que vivemos. Temos mais confiança em máquinas do que em seres humanos. Criaturas humanas têm fraquezas, são influenciáveis e subornáveis. Muitas pessoas acreditam que, se uma máquina desempenhasse as funções de um juiz de direito, teria a vantagem de ser incorruptível. Uma máquina não seria tendenciosa com relação a raça, cor e gênero dos réus. A automatização dos serviços públicos é bem-aceita como uma forma de banir a corrupção. A imparcialidade e a incorruptibilidade das decisões tomadas por máquinas são invocadas como um grande benefício para eliminar privilégios indevidos e tornar as sociedades mais justas e democráticas.
     O caso do Apache mostra claramente para onde caminha nossa relação com a tecnologia. As máquinas, cada vez mais, se tornam autônomas, ou seja, nosso controle sobre elas é parcial. As tecnologias digitais nos convidam a esquecer de nós mesmos e das nossas responsabilidades. Ninguém mais quer ser responsável por nada. Caminhamos para um estado de zumbificação no qual estamos abdicando da consciência e do pouco livre-arbítrio que nos resta. É o paraíso dos zumbis, daqueles que querem viver a vida como sonâmbulos despreocupados.
     As discussões atuais sobre tecnologia se limitam a tentar adivinhar como será o futuro nos próximos 10 ou 20 anos, sobretudo com o desenvolvimento das inteligências artificiais. Mas, ao ler os futurólogos, verifica-se facilmente que nenhum deles faz qualquer referência ao papel que podem ter as escolhas humanas na construção desse futuro. Como zumbis, não nos importamos com os efeitos que essas tecnologias terão sobre nós, e, por isso, oferecemos pouca ou nenhuma resistência ao seu avanço na organização de nossas vidas. Temos uma visão passiva e fatalista do futuro tecnológico que está chegando. A tecnologia nos controla e determinará o futuro da espécie humana. Escolhemos nos tornar dependentes da tecnologia e abdicar de tomar nossas próprias decisões. Optamos por sermos todos zumbis.
     A imparcialidade da tecnologia é o resultado de uma percepção habitual, segundo a qual ela é uma ferramenta, algo neutro que direcionamos de acordo com os nossos objetivos e valores. Mas essa é uma percepção equivocada. Claro que o uso das máquinas tem um papel fundamental. Mas a peculiaridade das tecnologias digitais é o fato de elas incorporarem, intrinsecamente, um histórico de hábitos, preferências e tendências que frequentemente passam despercebidos, gerando a ilusão da imparcialidade. Somos nós que estabelecemos os parâmetros para as pesquisas que usam Big Data. São essas pesquisas, com esses parâmetros, que alimentam softwares como o Apache.
     Esquecemos que a tecnologia é o nosso espelho e que, por isso, ela incorpora, implicitamente, nossos preconceitos, impulsos e valores. Eles estão exteriorizados em máquinas, sobretudo naquelas que são utilizadas para aperfeiçoar as burocracias. A tecnologia é uma expressão do que somos. Temos de aprender a lidar com essa expressão quando a encontramos nas sociedades. A tecnologia segue uma marcha inexorável na história. Mas nossas atitudes em relação a ela não precisam ser tão ingênuas a ponto de não percebermos como seus fabricantes embutem seus valores nas máquinas e inibem as discussões sobre o modo como elas são utilizadas.
     Vivemos em sociedades que valorizam mais as máquinas do que os seres humanos. A organização das sociedades complexas se sobrepôs ao bem-estar de seus habitantes. Passamos a acreditar que o bem-estar depende dessa organização e, por isso, precisamos cuidar da tecnologia muito mais do que de nós mesmos. A tecnologia se tornou mais importante do que os motivos pelos quais ela foi inventada, transformando-se em uma prioridade para si mesma.
     A discussão sobre a tecnologia tem sido relegada a um segundo plano em nosso país. A grande mídia dirige, quase obsessivamente, as preocupações da maioria da população para o debate político, enquanto a revolução tecnológica progride de forma sorrateira e implacável. É uma manobra ideológica sutil, mas que não poderá durar muito tempo. 

TEIXEIRA, João de Fernandes. Filosofia, Ciência e Vida. São Paulo: Editora Escala, Ed. 142, fev. 2019. p. 58-60. [Adaptado].
A linguagem empregada no texto 
Alternativas
Q2053998 Português
Para responder a questão, considere o excerto transcrito abaixo.

Penso que o Apache ilustra uma das características mais estranhas da época em que vivemos. Temos mais confiança em máquinas do que em seres humanos . Criaturas humanas têm fraquezas, são influenciáveis e subornáveis. Muitas pessoas acreditam que, se uma máquina desempenhasse as funções de um juiz de direito, teria a vantagem de ser incorruptível.
Sobre a pontuação empregada, afirma-se corretamente:
Alternativas
Q2053999 Português
Para responder a questão, considere o excerto transcrito abaixo.

Penso que o Apache ilustra uma das características mais estranhas da época em que vivemos. Temos mais confiança em máquinas do que em seres humanos . Criaturas humanas têm fraquezas, são influenciáveis e subornáveis. Muitas pessoas acreditam que, se uma máquina desempenhasse as funções de um juiz de direito, teria a vantagem de ser incorruptível.
A oração destacada 
Alternativas
Q2054000 Português
Para responder a questão, considere o excerto transcrito abaixo.

Penso que o Apache ilustra uma das características mais estranhas da época em que vivemos. Temos mais confiança em máquinas do que em seres humanos . Criaturas humanas têm fraquezas, são influenciáveis e subornáveis. Muitas pessoas acreditam que, se uma máquina desempenhasse as funções de um juiz de direito, teria a vantagem de ser incorruptível.
A linguagem empregada revela um enunciador, predominantemente,
Alternativas
Q2054001 Português
Para responder a questão, considere o excerto transcrito abaixo.

Esquecemos que a tecnologia é o nosso espelho e que, por isso, ela incorpora, implicitamente, nossos preconceitos, impulsos e valores. Eles estão exteriorizados em máquinas, sobretudo naquelas que são utilizadas para aperfeiçoar as burocracias. A tecnologia é uma expressão do que somos. Temos de aprender a lidar com essa expressão quando a encontramos nas sociedades. A tecnologia segue uma marcha inexorável na história. Mas nossas atitudes em relação a ela não precisam ser tão ingênuas a ponto de não percebermos como seus fabricantes embutem seus valores nas máquinas e inibem as discussões sobre o modo como elas são utilizadas.
Em relação aos mecanismos de coesão empregados, afirma-se corretamente:
Alternativas
Q2054002 Português
Para responder a questão, considere o excerto transcrito abaixo.

Esquecemos que a tecnologia é o nosso espelho e que, por isso, ela incorpora, implicitamente, nossos preconceitos, impulsos e valores. Eles estão exteriorizados em máquinas, sobretudo naquelas que são utilizadas para aperfeiçoar as burocracias. A tecnologia é uma expressão do que somos. Temos de aprender a lidar com essa expressão quando a encontramos nas sociedades. A tecnologia segue uma marcha inexorável na história. Mas nossas atitudes em relação a ela não precisam ser tão ingênuas a ponto de não percebermos como seus fabricantes embutem seus valores nas máquinas e inibem as discussões sobre o modo como elas são utilizadas.
O primeiro período é composto por
Alternativas
Q2054003 Português
Para responder a questão, considere o excerto transcrito abaixo.

Esquecemos que a tecnologia é o nosso espelho e que, por isso, ela incorpora, implicitamente, nossos preconceitos, impulsos e valores. Eles estão exteriorizados em máquinas, sobretudo naquelas que são utilizadas para aperfeiçoar as burocracias. A tecnologia é uma expressão do que somos. Temos de aprender a lidar com essa expressão quando a encontramos nas sociedades. A tecnologia segue uma marcha inexorável na história. Mas nossas atitudes em relação a ela não precisam ser tão ingênuas a ponto de não percebermos como seus fabricantes embutem seus valores nas máquinas e inibem as discussões sobre o modo como elas são utilizadas.
Sem prejuízo do sentido, o elemento linguístico destacado pode ser substituído por 
Alternativas
Q2054004 Direito Administrativo
A Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, dispõe sobre o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União, das Autarquias e das Fundações Públicas Federais. Nos expressos termos da referida lei, cargo público é definido como o conjunto de
Alternativas
Q2054005 Direito Administrativo
Um servidor estável lotado na Universidade Federal do Rio Grande do Norte teve sua reinvestidura no cargo anteriormente ocupado, em decorrência de decisão administrativa que invalidou sua demissão, com ressarcimento de todas as vantagens. De acordo com as disposições previstas na Lei nº 8.112/90, esse servidor foi 
Alternativas
Q2054006 Direito Administrativo
O Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União (Lei nº 8.112/90) elenca o rol de situações que causam vacância do cargo público. Entre essas situações, estão: 
Alternativas
Q2054007 Direito Administrativo
Considerando o que expressamente dispõe o Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União (Lei nº 8.112/90), analise as afirmativas abaixo. 
I      Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do cargo público ou da função de confiança. II      A posse poderá dar-se mediante procuração específica. III   O servidor empossado em cargo público deverá entrar em exercício no prazo de trinta dias, contados da data da posse. IV     A posse em cargo público independerá de prévia inspeção médica oficial.
Das afirmativas, estão corretas 
Alternativas
Q2054008 Direito Administrativo
De acordo com as normas previstas na Lei nº 8.112/90, o “processo disciplinar é o instrumento destinado a apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribuições do cargo em que se encontre investido”. À luz do que estabelece a sobredita lei, o processo administrativo disciplinar de procedimento sumário, instaurado para fins de apuração de acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, desenvolve-se nas seguintes fases:
Alternativas
Q2054009 Direito Administrativo
Segundo as disposições insertas no Regime Jurídico dos Servidores Públicos Civis da União (Lei nº 8.112/90), a prescrição da ação disciplinar quanto à infração punível com destituição de cargo em comissão é de
Alternativas
Q2054010 Direito Administrativo
O cônjuge de um servidor que veio a óbito requereu administrativamente o benefício da pensão por morte. A requerente estava com a idade de 32 (trinta e dois) anos na data do óbito do servidor. Considerando as disposições expressas na Lei nº 8.112/90, o benefício requerido poderá ser concedido, caso preenchidos todos os requisitos legais, por um período máximo de 
Alternativas
Q2054011 Direito Administrativo
Considerando as normas da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, a qual regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, analise as afirmativas abaixo.
I    Legalidade, razoabilidade, contraditório e motivação são alguns dos princípios a serem obedecidos pela Administração Pública nos processos administrativos. II      Prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos é um direito do administrado perante a Administração. III    Formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente, é um dever do administrado. IV     Órgão é a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração indireta.
Das afirmativas, estão corretas
Alternativas
Q2054012 Direito Administrativo
A lei que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal (Lei nº 9.784/99) estabelece as regras concernentes à delegação de competência. À luz da inteligência da sobredita lei,
Alternativas
Q2054013 Direito Administrativo
Tendo como base as disposições expressas na Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, a qual regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, analise as afirmativas abaixo.
I      A autoridade ou o servidor que incorrer em impedimento deve comunicar o fato à autoridade competente, podendo continuar a atuar no processo. II    O servidor ou a autoridade que tenha interesse direto ou indireto na matéria é impedido de atuar no processo administrativo. III     O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser objeto de recurso, sem efeito suspensivo. IV   Pode atuar no processo administrativo o servidor ou a autoridade que tenha participado ou venha a participar como perito.
Das afirmativas, estão corretas  
Alternativas
Respostas
1: D
2: C
3: A
4: A
5: B
6: C
7: A
8: B
9: D
10: B
11: D
12: B
13: A
14: D
15: C
16: B
17: C
18: A
19: C
20: D