Crises financeiras são recorrentes no sistema capitalista, que pode ser considerado, como intrinsecamente instável.
Na história recente do capitalismo ocorreram várias crises internacionais, sendo as mais severas aquelas observadas após
1975, num ambiente global sob a desregulamentação dos mercados e a ascensão do Neoliberalismo, segundo UNCTAD
(2010). No final da década de 1990, diversas crises varreram os países em desenvolvimento ao redor do mundo. Países
do sudeste asiático, além de Rússia, Brasil, Argentina, México e Turquia foram epicentros de crises nesse período. O que
difere a crise bancária iniciada em 2007 no setor financeiro dos Estados Unidos e que culminou em uma crise de
proporções globais em 2008 é que ela pode ser considerada a maior crise financeira da história desde a Grande Depressão
em 1929. O International Monetary Fund – IMF (2009) argumenta que as causas da crise financeira internacional de 2008 foram
de origem econômica, com a quebra dos bancos dos Estados Unidos, decorrente do calote em massa de hipotecas imobiliárias
ocasionado pelo segmento subprime. Além da origem econômica, essa crise teve desdobramentos morais e políticos, pois em
sua essência, se tornou uma crise de confiança, o que justifica a força e rapidez com que se alastrou para a economia real. A
onda de otimismo dos anos anteriores à crise, em conjunto com a grande expansão do sistema financeiro, a criação de
instrumentos que aparentemente mitigavam riscos e prometiam altos retornos e a visão neoliberalista, onde há a crença
de que o mercado é eficiente, reduzindo ao mínimo a atuação do Estado, também contribuíram para o agravamento da
intensidade e difusão da crise.
Apesar da amplitude global, os impactos da crise financeira internacional de 2008 não foram sentidos de maneira
homogênea entre os países. As economias industriais começaram a sentir os primeiros sinais de retração já no primeiro
semestre de 2008, retração esta que atingiu de maneira mais contundente as economias orientadas à exportação, segundo
BIS (2009). Além da retração econômica, redução no PIB, dos programas de recuperação financeira e da política fiscal
expansionista, no período pós-Crise, as economias industriais sofreram com aquele que foi considerado, segundo BIS (2010),
o maior aumento de suas dívidas soberanas desde o período das grandes guerras, na primeira metade do século 20.
(O impacto da crise financeira internacional de 2008 sobre a estrutura de capital das empresas de países desenvolvidos e emergentes. WC Borges, TP
Júnior, MA Ambrozini, LB Sanches – Revista Contemporânea de Contabilidade, 2018. Disponível em:
https://scholar.google.com.br/citations?user=IZAkE80AAAAJ&hl=pt-BR#d=gs_md_cita-d&u=%2Fcitations%3Fview_op%3Dview_citation%26hl%3DptBR%26user%3DIZAkE80AAAAJ%26cstart%3D200%26pagesize%3D100%26citation_for_view%3DIZAkE80AAAAJ%3AsJsF-0ZLhtgC%26tzom%3D180.
Adaptado.)