Mulher de 65 anos, natural do RJ, matriculada em
janeiro de 2004, na seção de Mastologia do Hospital
do Câncer III, por câncer na mama direita. Relatava
ter percebido ao auto-exame, dois meses antes,
nódulo no quadrante súpero-externo cuja core biopsy
revelou carcinoma ductal infiltrante (túbulo-lobular).
Nessa mesma ocasião, apresentou dispnéia
decorrente de derrame pleural esquerdo, tendo sido
submetida à drenagem torácica seguida de
pleurodese. Era hipertensa de longa data com
passado de tuberculose pulmonar tratada em 1960 e
1992. Exames complementares revelaram nódulo
hepático direito e persistência do derrame pleural
com linfangite carcinomatosa à esquerda. À época
foi considerado estadiamento clínico T2NxM1.
Apresentou boa tolerabilidade inicial ao esquema
quimioterápico prescrito - Fluorouracil mais
Adriamicina mais Ciclofosfamida (FAC) - tendo
completado três ciclos no período de 15/01 a 13/03.
Entretanto, não houve melhora da dispnéia,
permanecendo dependente de oxigenioterapia e
recorrendo à emergência, por diversas vezes, para
alívio de cansaço aos médios e mínimos esforços.
Em 07 de junho, um dia após a internação,
apresenta-se com performance status de 04,
acordada, ansiosa, recebendo oxigênio contínuo e
dispnéia em repouso, extremidades frias com
cianose leve. Pede para não ser sedada, pois
gostaria de falar com os filhos que viriam vê-la no
horário da visita. Falece no dia seguinte na
companhia de um dos filhos. A paciente esteve sob
os cuidados do INCA durante exatos quatro meses,
já matriculada com diagnóstico de doença avançada.
Metade deste tempo foi despendido com diversas internações, quer pela terapia instituída ou para
correções de efeitos adversos pré-existentes, quer
pela manifestação de sintomas conseqüentes à
evolução da doença.