“Seria uma grande ilusão imaginar que a cada
problema histórico corresponde um tipo único de
documentos, específico para tal emprego. Quanto
mais a pesquisa, ao contrário, se esforça por atingir
os fatos profundos, menos lhe é permitido esperar a
luz a não ser dos raios convergentes de testemunhos
muito diversos em sua natureza. Que historiador das
religiões se contentaria em compilar tratados de
teologia ou coletâneas de hinos? Ele sabe muito bem
que as imagens pintadas ou esculpidas nas paredes
dos santuários, a disposição e o mobiliário dos
túmulos têm tanto a lhe dizer sobre as crenças e as
sensibilidades mortas quanto muitos escritos. (...) O
historiador de uma época em que a máquina é rainha
aceitará que se ignore como são constituídas e
modificadas as máquinas?”
(BLOCH, Marc. Apologia da História ou o ofício do
historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2002. P.81)