A contradição nas nossas sociedades não resulta apenas do fosso entre a cultura e a economia, resulta do próprio processo de
personalização, de um processo sistemático de atomização e de individualização narcísica: quanto mais a sociedade se humaniza, mais
o sentimento do anonimato se estende; quanto mais há indulgência e tolerância, mais aumenta a falta de segurança do indivíduo em
relação a si próprio; quanto mais se prolonga o tempo de vida, mais medo se tem de envelhecer; quanto menos se trabalha, menos se
quer trabalhar; quanto mais os costumes se liberalizam, mais avança a impressão de vazio; quanto mais a comunicação e o diálogo se
institucionalizam, mais sós se sentem os indivíduos, e com maiores dificuldades de contacto; quanto mais cresce o bem-estar, mais a
depressão triunfa. Aera do consumo engendra uma dessocialização geral e polimorfa, invisível e miniaturizada; a anomia perde os seus
pontos de referência, e a exclusão, também ela agora por medida, desligou-se igualmente da ordem disciplinar. (LIPOVETSKY, Gilles. A Era
do Vazio. 2005, p. 120).
A partir da citação acima, é CORRETO afirmar: