Leia o texto a seguir para responder à questão.
Um projeto da Universidade Federal de Goiás (UFG),
em Goiânia, está usando bambus para criar sistemas de tratamento
de esgoto. Entre as vantagens, segundo os pesquisadores,
está o baixo custo de implantação e a diminuição
do risco de contaminação do solo e do lençol freático. Além
disso, há possibilidade de reaproveitamento da água tratada,
do adubo e a utilização das plantas já crescidas para várias
finalidades, que vão do artesanato à construção.
Professor da Escola de Agronomia da UFG, Rogério de
Araújo Almeida explica que o objetivo é fazer com que o esgoto,
após uma primeira fase de tratamento, passe por tanques
onde estão plantados os bambus, que farão uma espécie
de filtragem da água, que pode ser reutilizada posteriormente
na agricultura ou devolvida aos córregos.
De acordo com Almeida, no sistema utilizando os bambus,
o esgoto passa por várias etapas. Para um tratamento
primário, o material é depositado em um tanque no qual a
matéria orgânica vai para o fundo e a água fica na parte superficial.
Em seguida, o líquido passa para os tanques em
que foram plantados os bambus. “O solo já é eficiente sozinho
no tratamento dessa água, porque filtra as impurezas.
Nele também é formada uma colônia de bactérias que vai
consumir a matéria orgânica presente. O bambu também
absorve essa água, liberando ela pela evapotranspiração
para o ar”, explicou Almeida. Ao final, a água sairá tratada,
sem risco de contaminação para o meio ambiente.
O sistema de tratamento pode usar a água de duas maneiras,
segundo o professor. “Podemos perder toda a água
do esgoto, fazendo com que a planta absorva todo o líquido
e, pela evapotranspiração, não sobre nada nos tanques.
Com isso, não teria risco nenhum de contaminação, mas
também não haveria um reaproveitamento direto da água, o
que às vezes não é vantajoso”, explicou.
Na segunda opção, a água que saiu dos barris com os
bambus, já tratada, pode ser devolvida para o lençol freático,
sem risco de contaminação, ou até mesmo pode ser
usada na agricultura. Além disso, seria possível tratar a matéria
orgânica que ficou depositada no fundo dos tanques
para utilizar como fertilizante.
Almeida destaca que, em áreas rurais, por exemplo,
esse sistema é uma boa opção para compensar a falta de
saneamento básico. Na cidade, o tratamento pode ser feito
em algum edifício residencial, onde o esgoto vai para algum
tanque, no qual a matéria orgânica vai para o fundo e a
água pode ser retirada e tratada nos barris com bambus em
alguma praça.
Além de atuar na área ambiental, o projeto também
pode ser uma alternativa para resolver problemas sociais,
como a falta de renda ou moradia. “O bambu é um subproduto
de todo esse sistema de tratamento. Como ele está
sempre sendo irrigado, tem a matéria orgânica, ele cresce
três vezes mais rápido do que o normal. Com tanta produção
assim, ele pode ser reaproveitado de várias maneiras,
do artesanato à construção”, explicou o professor.
Nas zonas rurais, o bambu pode ser usado para construção
de cercas e até na produção de carvão. Existem pessoas
que estão usando o vegetal para construir casas e até bicicletas
para vender. “As possibilidades são imensas. O ser humano
precisa buscar soluções inteligentes para os problemas
e essa é uma boa alternativa”, concluiu o professor.