Verificam-se resquícios de um passado não muito distante na história da
sociedade brasileira, rondando a forma de fazer políticas públicas: autoritarismo e
conservadorismo. Não há uma prática de consulta ampliada à sociedade através
dos seus setores organizados, não se efetivando desta forma um nexo entre a
sociedade civil e a sociedade política, ainda que seja positiva a crescente
preocupação com controles sociais e a multiplicação de conselhos na área social,
com participação de diversas representações – por outro lado, é tema complexo o
da representação.
Na sua grande maioria, as políticas públicas são desconhecidas e ignoradas
pela sociedade. Há uma tendência de inaugurações ou lançamentos de programas.
Constroem-se quadras de esporte mas não se analisa com a comunidade
prioridades ou formas de efetivá-las; lançam-se programas mas ao mesmo tempo
não haveria preocupação com o processo de implantação e implementação de
programas; não se faz um acompanhamento crítico e nem uma prestação de contas
à população sobre gastos públicos.
(Mary Garcia Castro e Miriam Abramovay - trecho do livro "Por um novo paradigma do fazer políticas".
Fonte: dominiopublico.gov.br)