Questões de Concurso Público Prefeitura de Alhandra - PB 2024 para Professor - Ensino Fundamental II - Língua Portuguesa

Foram encontradas 18 questões

Q3010555 Português

O homem do mediterrâneo


(Rubem Braga)



    Uma tarde, em algum lugar da Grécia. Curvada para o chão, a velha recolhe as azeitonas e as joga dentro de um cesto. Talvez não seja muito velha, e a fadiga do trabalho a faça parecer menor e mais lenta. Com uma longa vara, o homem de cabelos grisalhos bate os galhos da oliveira. Um burrisco, ali perto, espera a hora de escurecer, de sentir um peso nas costas e marchar lentamente de volta à casa: o homem lhe dará a ordem numa só palavra resmungada.


     Talvez em português, talvez em italiano, talvez em grego. Muda pouco a paisagem, mudam pouco as rugas do camponês, as oliveiras têm esse mesmo verde prateado, desfalecido, seja o pé de um convento manuelino, de um arco romano, de umas colunas dóricas abandonadas na planura. Novembro começa: e lentamente, como se o fizessem apenas nas horas de lazer, homens e mulheres começam a colher olivas, apenas de uma árvore ou outra, como na abertura de um rito.


     Sento-me no chão, à sombra de uma oliveira: o sol se faz subitamente muito claro, quase quente. Eu podia tirar uma fotografia, mas sou um mau turista: fico ali sentado no chão, analfabeto, animal; no chão, à sombra de uma oliveira: o sol se faz subitamente muito claro, quase quente. Eu podia tirar uma fotografia, mas sou um mau turista: fico ali sentado no chão, analfabeto, animal; pensando que eu poderia ser, com esta mesma cara, aquele homem de cabelos grisalhos; e aquela mulher que se curva para a terra, de pano na cabeça, poderia ser minha mulher; e eu poderia estar repetindo lentamente, na mesma faina de sempre, o mesmo gesto do meu avô, meu bisavô, na mesma terra, junto, quem sabe, à mesma oliveira secular. Sinto que sou um europeu do Mediterrâneo, me reencarno na rude pele de qualquer antepassado. Se eu ficasse louco neste momento, e perdesse a memória, talvez acabasse a vida nesta aldeia; e, como seria um louco manso, talvez me admitissem lentamente a cuidar da terra, a pastorear as ovelhas, a limpar os vinhedos, a colher azeitonas. Dar-me-iam algum monte de feno onde dormir, ao abrigo do tempo; e, ao cabo, talvez mim um dos seus.


     Como o Brasil está longe, além dos mares, das gerações! (Mas, mesmo na minha loucura mansa, perdida toda a memória, talvez eu guardasse um certo nome de mulher – e o repetisse baixinho, comigo mesmo, quando, perante um desses mármores lavados pelas chuvas, dourados violenta vontade de chorar.)

No texto de Rubem Braga, há uma narrativa memorialista em que o narrador conduz o leitor a uma descrição sobre a vida e o viver: pontos de vista, expectativas e conclusões.
Por se tratar de uma crônica, há a presença de:
Assinale a alternativa CORRETA:
Alternativas
Q3010556 Português

O homem do mediterrâneo


(Rubem Braga)



    Uma tarde, em algum lugar da Grécia. Curvada para o chão, a velha recolhe as azeitonas e as joga dentro de um cesto. Talvez não seja muito velha, e a fadiga do trabalho a faça parecer menor e mais lenta. Com uma longa vara, o homem de cabelos grisalhos bate os galhos da oliveira. Um burrisco, ali perto, espera a hora de escurecer, de sentir um peso nas costas e marchar lentamente de volta à casa: o homem lhe dará a ordem numa só palavra resmungada.


     Talvez em português, talvez em italiano, talvez em grego. Muda pouco a paisagem, mudam pouco as rugas do camponês, as oliveiras têm esse mesmo verde prateado, desfalecido, seja o pé de um convento manuelino, de um arco romano, de umas colunas dóricas abandonadas na planura. Novembro começa: e lentamente, como se o fizessem apenas nas horas de lazer, homens e mulheres começam a colher olivas, apenas de uma árvore ou outra, como na abertura de um rito.


     Sento-me no chão, à sombra de uma oliveira: o sol se faz subitamente muito claro, quase quente. Eu podia tirar uma fotografia, mas sou um mau turista: fico ali sentado no chão, analfabeto, animal; no chão, à sombra de uma oliveira: o sol se faz subitamente muito claro, quase quente. Eu podia tirar uma fotografia, mas sou um mau turista: fico ali sentado no chão, analfabeto, animal; pensando que eu poderia ser, com esta mesma cara, aquele homem de cabelos grisalhos; e aquela mulher que se curva para a terra, de pano na cabeça, poderia ser minha mulher; e eu poderia estar repetindo lentamente, na mesma faina de sempre, o mesmo gesto do meu avô, meu bisavô, na mesma terra, junto, quem sabe, à mesma oliveira secular. Sinto que sou um europeu do Mediterrâneo, me reencarno na rude pele de qualquer antepassado. Se eu ficasse louco neste momento, e perdesse a memória, talvez acabasse a vida nesta aldeia; e, como seria um louco manso, talvez me admitissem lentamente a cuidar da terra, a pastorear as ovelhas, a limpar os vinhedos, a colher azeitonas. Dar-me-iam algum monte de feno onde dormir, ao abrigo do tempo; e, ao cabo, talvez mim um dos seus.


     Como o Brasil está longe, além dos mares, das gerações! (Mas, mesmo na minha loucura mansa, perdida toda a memória, talvez eu guardasse um certo nome de mulher – e o repetisse baixinho, comigo mesmo, quando, perante um desses mármores lavados pelas chuvas, dourados violenta vontade de chorar.)

Em: “Sento-me no chão, à sombra de uma oliveira: o sol se faz subitamente muito claro, quase quente. Eu podia tirar uma fotografia, mas sou um mau turista: fico ali sentado no chão, analfabeto, animal”, os termos em destaque são empregados metaforicamente por meio de:

Assinale a alternativa CORRETA:
Alternativas
Q3010557 Português

O homem do mediterrâneo


(Rubem Braga)



    Uma tarde, em algum lugar da Grécia. Curvada para o chão, a velha recolhe as azeitonas e as joga dentro de um cesto. Talvez não seja muito velha, e a fadiga do trabalho a faça parecer menor e mais lenta. Com uma longa vara, o homem de cabelos grisalhos bate os galhos da oliveira. Um burrisco, ali perto, espera a hora de escurecer, de sentir um peso nas costas e marchar lentamente de volta à casa: o homem lhe dará a ordem numa só palavra resmungada.


     Talvez em português, talvez em italiano, talvez em grego. Muda pouco a paisagem, mudam pouco as rugas do camponês, as oliveiras têm esse mesmo verde prateado, desfalecido, seja o pé de um convento manuelino, de um arco romano, de umas colunas dóricas abandonadas na planura. Novembro começa: e lentamente, como se o fizessem apenas nas horas de lazer, homens e mulheres começam a colher olivas, apenas de uma árvore ou outra, como na abertura de um rito.


     Sento-me no chão, à sombra de uma oliveira: o sol se faz subitamente muito claro, quase quente. Eu podia tirar uma fotografia, mas sou um mau turista: fico ali sentado no chão, analfabeto, animal; no chão, à sombra de uma oliveira: o sol se faz subitamente muito claro, quase quente. Eu podia tirar uma fotografia, mas sou um mau turista: fico ali sentado no chão, analfabeto, animal; pensando que eu poderia ser, com esta mesma cara, aquele homem de cabelos grisalhos; e aquela mulher que se curva para a terra, de pano na cabeça, poderia ser minha mulher; e eu poderia estar repetindo lentamente, na mesma faina de sempre, o mesmo gesto do meu avô, meu bisavô, na mesma terra, junto, quem sabe, à mesma oliveira secular. Sinto que sou um europeu do Mediterrâneo, me reencarno na rude pele de qualquer antepassado. Se eu ficasse louco neste momento, e perdesse a memória, talvez acabasse a vida nesta aldeia; e, como seria um louco manso, talvez me admitissem lentamente a cuidar da terra, a pastorear as ovelhas, a limpar os vinhedos, a colher azeitonas. Dar-me-iam algum monte de feno onde dormir, ao abrigo do tempo; e, ao cabo, talvez mim um dos seus.


     Como o Brasil está longe, além dos mares, das gerações! (Mas, mesmo na minha loucura mansa, perdida toda a memória, talvez eu guardasse um certo nome de mulher – e o repetisse baixinho, comigo mesmo, quando, perante um desses mármores lavados pelas chuvas, dourados violenta vontade de chorar.)

Há nos exemplos: “Sento-me” e “Dar-me-iam”, RESPECTIVAMENTE, a colocação pronominal do tipo:

Assinale a alternativa CORRETA: 
Alternativas
Q3010558 Português




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No texto acima, identificamos a presença da linguagem verbal e não verbal na construção humorística da mensagem. Esse tipo de texto faz uso de frases de efeito e personagens de conhecimento coletivo. Muito utilizado nas redes sociais da internet, trata-se do gênero textual conhecido como:

Assinale a alternativa CORRETA: 
Alternativas
Q3010559 Português




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Leia as sentenças abaixo e, em seguida, escolha a alternativa CORRETA em relação às adequações oficiais da Língua Portuguesa:

I. Há a ausência da inicial maiúscula no período.
II. Há a ausência do acento grave na locução adverbial “as vezes”.
III. Há presença indevida de uma vírgula separando o sujeito do predicado.
IV. Observa-se a ausência do ponto finalizando o período.
V. A expressão “mais” está inadequada, a ocorrência exige o “mas”.

Estão CORRETOS:
Alternativas
Q3010560 Português




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O humor no texto, característica do gênero em questão, é estabelecido nesse exemplo pela proposta:


Assinale a alternativa CORRETA:  

Alternativas
Q3010561 Português
Leia o texto, atentando para a ordem de seus parágrafos e escolha a sequência correta, de acordo com a os critérios da coerência textual. 

Imprensa internacional repercute morte de Silvio Santos

1. “executivo e apresentador de televisão brasileiro era conhecido por seu sorriso radiante e pelo bordão ‘Quem quer dinheiro?’

2. enquanto também investiu em vários negócios, incluindo um banco e uma empresa de cosméticos”.

3. Ele estava internado no hospital Albert Einstein desde o início de agosto. O site de notícias ABC News noticiou a morte de Silvio Santos e relembrou as marcas registradas do apresentador:

4. ”A morte de Silvio Santos também foi noticiada pela Bloomberg, que destacou que o apresentador criou “um dos canais de televisão mais assistidos do país,

5. A imprensa internacional repercutiu a morte do apresentador Silvio Santos, neste sábado (17), aos 93 anos.

Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/imprensainternacional-repercute-morte-de-silvio-santos/


A SEQUÊNCIA CORRETA do texto, de acordo com a organização dos parágrafos, respeitando a coerência está em:  
Alternativas
Q3010562 Português
Escolha a alternativa CORRETA, respeitando a norma culta de escrita da Língua Portuguesa: 
Alternativas
Q3010563 Português

Considerando a tipologia de cada texto, o exemplo abaixo classifica-se como sendo do tipo:  



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Alternativas
Q3010564 Português

Quanto a presença e classificação dos sujeitos nas orações que compõem o texto abaixo, temos: 




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Alternativas
Q3010815 Português

O SUMIÇO DO PEN DRIVE 


Houve época em que a força bruta era poder. Houve uma época em que a riqueza era poder. Hoje, informação é poder. Quanto mais informados (mas notem, isto não tem a ver necessariamente com conhecimento ou com sabedoria), mais poderosos somos, ao menos teoricamente. Daí esta avalanche, este tsunami de informações. A cotação do dólar, a taxa de inflação, o número de casos de determinada doença, candidatos dos vários partidos, a escalação de times de futebol – nomes e números em profusão, que nos chegam por jornais, revistas, livros, filmes, noticiários de rádio, internet, e que tratamos de armazenar em nossa mente.

Aí surge o problema: para armazenar a informação, a natureza nos deu um cérebro, que é a sede da memória. E nesta memória queremos enfiar o máximo possível de informações. Diferente da memória do computador, porém, a nossa é governada por fatores que nada têm a ver com a informática. O estado de nossas células cerebrais, as nossas emoções; tudo isso pode representar uma limitação para nossa capacidade de lembrar. Coisa que sistematicamente negamos. Como alguém que está se preparando para uma longa viagem (e o que é a vida, senão uma viagem que esperamos longa?), tratamos de socar na mala da memória a maior quantidade possível de coisas. As malas até podem se submeter, mas a memória simplesmente não aceita a nossa irracionalidade.


Felizmente a tecnologia tem vindo em nosso auxílio. Primeiro foi o computador propriamente dito, com sua memória cada vez maior; depois, vieram os dispositivos de armazenamento, os CDs, os pen drives. Coisa incrível, o pen drive: um pequeno objeto no qual cabe uma existência, ou pelo menos uma importante parte dela. Para quem, como eu, viaja bastante e tem de trabalhar em aviões ou em hotéis, é um recurso precioso. No meu pen drive eu tinha artigos, material de consulta, endereços, telefones. A primeira coisa que eu fazia, ao sair de casa para ir ao aeroporto era colocar o pen drive num lugar que eu imaginava seguro: o bolso da camisa. Seguro – e simbólico, já que o pen drive ficava próximo ao coração.


Vocês já notaram que estou usando os verbos no passado – passado imperfeito, aliás. E isso por boas razões. Esses tempos, ao chegar ao aeroporto, meti a mão no bolso para dali retirar o pen drive. Mas não encontrei pen drive algum. Encontrei um buraco, verdade que pequeno, mas de tamanho suficiente para dar passagem (ou para dar a liberdade?) ao pen drive. Que tinha caído por ali.


Um transtorno, portanto. Perguntei no aeroporto, entrei em contato com o táxi que me trouxera, liguei para casa: nada. O pen drive tinha mesmo sumido. O buraco da camisa era, portanto, um buraco negro, aqueles orifícios do universo em que toda a energia é sugada e some. Antes que vocês me repreendam, devo dizer que tinha tomado minhas precauções: havia cópia de todo o material, nada se perdeu. Mas o episódio me inspirou várias reflexões. De repente eu me dava conta de como nossa existência é frágil, de como somos governados pelo acaso e pelo imprevisto. Nenhuma queixa contra o pen drive, que veio para ficar; aliás, meu palpite é que,  no dia do Juízo Final, cada um de nós vai inserir o pen drive de sua vida no Grande Computador Celestial. Virtudes e pecados serão instantaneamente cotejados e o destino final, Céu ou Inferno, decidido de imediato. Pergunta: o que acontecerá com aqueles que, por causa de um buraco na camisa, perderam o pen drive?



Fonte: Moacyr Scliar. Zero Hora (RS), 11/5/2010. Disponível em:http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?inf oid=10352&sid=695.

No texto fica evidente a discussão em torno do armazenamento de informações e memória, bem como a relação entre essa relação material e imaterial. Tomando como ponto central a figura de um pen drive.
De acordo com a caracterização apresentada, trata-se do gênero: 
Alternativas
Q3010816 Português

O SUMIÇO DO PEN DRIVE 


Houve época em que a força bruta era poder. Houve uma época em que a riqueza era poder. Hoje, informação é poder. Quanto mais informados (mas notem, isto não tem a ver necessariamente com conhecimento ou com sabedoria), mais poderosos somos, ao menos teoricamente. Daí esta avalanche, este tsunami de informações. A cotação do dólar, a taxa de inflação, o número de casos de determinada doença, candidatos dos vários partidos, a escalação de times de futebol – nomes e números em profusão, que nos chegam por jornais, revistas, livros, filmes, noticiários de rádio, internet, e que tratamos de armazenar em nossa mente.

Aí surge o problema: para armazenar a informação, a natureza nos deu um cérebro, que é a sede da memória. E nesta memória queremos enfiar o máximo possível de informações. Diferente da memória do computador, porém, a nossa é governada por fatores que nada têm a ver com a informática. O estado de nossas células cerebrais, as nossas emoções; tudo isso pode representar uma limitação para nossa capacidade de lembrar. Coisa que sistematicamente negamos. Como alguém que está se preparando para uma longa viagem (e o que é a vida, senão uma viagem que esperamos longa?), tratamos de socar na mala da memória a maior quantidade possível de coisas. As malas até podem se submeter, mas a memória simplesmente não aceita a nossa irracionalidade.


Felizmente a tecnologia tem vindo em nosso auxílio. Primeiro foi o computador propriamente dito, com sua memória cada vez maior; depois, vieram os dispositivos de armazenamento, os CDs, os pen drives. Coisa incrível, o pen drive: um pequeno objeto no qual cabe uma existência, ou pelo menos uma importante parte dela. Para quem, como eu, viaja bastante e tem de trabalhar em aviões ou em hotéis, é um recurso precioso. No meu pen drive eu tinha artigos, material de consulta, endereços, telefones. A primeira coisa que eu fazia, ao sair de casa para ir ao aeroporto era colocar o pen drive num lugar que eu imaginava seguro: o bolso da camisa. Seguro – e simbólico, já que o pen drive ficava próximo ao coração.


Vocês já notaram que estou usando os verbos no passado – passado imperfeito, aliás. E isso por boas razões. Esses tempos, ao chegar ao aeroporto, meti a mão no bolso para dali retirar o pen drive. Mas não encontrei pen drive algum. Encontrei um buraco, verdade que pequeno, mas de tamanho suficiente para dar passagem (ou para dar a liberdade?) ao pen drive. Que tinha caído por ali.


Um transtorno, portanto. Perguntei no aeroporto, entrei em contato com o táxi que me trouxera, liguei para casa: nada. O pen drive tinha mesmo sumido. O buraco da camisa era, portanto, um buraco negro, aqueles orifícios do universo em que toda a energia é sugada e some. Antes que vocês me repreendam, devo dizer que tinha tomado minhas precauções: havia cópia de todo o material, nada se perdeu. Mas o episódio me inspirou várias reflexões. De repente eu me dava conta de como nossa existência é frágil, de como somos governados pelo acaso e pelo imprevisto. Nenhuma queixa contra o pen drive, que veio para ficar; aliás, meu palpite é que,  no dia do Juízo Final, cada um de nós vai inserir o pen drive de sua vida no Grande Computador Celestial. Virtudes e pecados serão instantaneamente cotejados e o destino final, Céu ou Inferno, decidido de imediato. Pergunta: o que acontecerá com aqueles que, por causa de um buraco na camisa, perderam o pen drive?



Fonte: Moacyr Scliar. Zero Hora (RS), 11/5/2010. Disponível em:http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?inf oid=10352&sid=695.

No trecho “Houve época em que a força bruta era poder. Houve uma época em que a riqueza era poder.


Hoje, informação é poder”, há o uso de repetição para:


Assinale a alternativa CORRETA:

Alternativas
Q3010817 Português

O SUMIÇO DO PEN DRIVE 


Houve época em que a força bruta era poder. Houve uma época em que a riqueza era poder. Hoje, informação é poder. Quanto mais informados (mas notem, isto não tem a ver necessariamente com conhecimento ou com sabedoria), mais poderosos somos, ao menos teoricamente. Daí esta avalanche, este tsunami de informações. A cotação do dólar, a taxa de inflação, o número de casos de determinada doença, candidatos dos vários partidos, a escalação de times de futebol – nomes e números em profusão, que nos chegam por jornais, revistas, livros, filmes, noticiários de rádio, internet, e que tratamos de armazenar em nossa mente.

Aí surge o problema: para armazenar a informação, a natureza nos deu um cérebro, que é a sede da memória. E nesta memória queremos enfiar o máximo possível de informações. Diferente da memória do computador, porém, a nossa é governada por fatores que nada têm a ver com a informática. O estado de nossas células cerebrais, as nossas emoções; tudo isso pode representar uma limitação para nossa capacidade de lembrar. Coisa que sistematicamente negamos. Como alguém que está se preparando para uma longa viagem (e o que é a vida, senão uma viagem que esperamos longa?), tratamos de socar na mala da memória a maior quantidade possível de coisas. As malas até podem se submeter, mas a memória simplesmente não aceita a nossa irracionalidade.


Felizmente a tecnologia tem vindo em nosso auxílio. Primeiro foi o computador propriamente dito, com sua memória cada vez maior; depois, vieram os dispositivos de armazenamento, os CDs, os pen drives. Coisa incrível, o pen drive: um pequeno objeto no qual cabe uma existência, ou pelo menos uma importante parte dela. Para quem, como eu, viaja bastante e tem de trabalhar em aviões ou em hotéis, é um recurso precioso. No meu pen drive eu tinha artigos, material de consulta, endereços, telefones. A primeira coisa que eu fazia, ao sair de casa para ir ao aeroporto era colocar o pen drive num lugar que eu imaginava seguro: o bolso da camisa. Seguro – e simbólico, já que o pen drive ficava próximo ao coração.


Vocês já notaram que estou usando os verbos no passado – passado imperfeito, aliás. E isso por boas razões. Esses tempos, ao chegar ao aeroporto, meti a mão no bolso para dali retirar o pen drive. Mas não encontrei pen drive algum. Encontrei um buraco, verdade que pequeno, mas de tamanho suficiente para dar passagem (ou para dar a liberdade?) ao pen drive. Que tinha caído por ali.


Um transtorno, portanto. Perguntei no aeroporto, entrei em contato com o táxi que me trouxera, liguei para casa: nada. O pen drive tinha mesmo sumido. O buraco da camisa era, portanto, um buraco negro, aqueles orifícios do universo em que toda a energia é sugada e some. Antes que vocês me repreendam, devo dizer que tinha tomado minhas precauções: havia cópia de todo o material, nada se perdeu. Mas o episódio me inspirou várias reflexões. De repente eu me dava conta de como nossa existência é frágil, de como somos governados pelo acaso e pelo imprevisto. Nenhuma queixa contra o pen drive, que veio para ficar; aliás, meu palpite é que,  no dia do Juízo Final, cada um de nós vai inserir o pen drive de sua vida no Grande Computador Celestial. Virtudes e pecados serão instantaneamente cotejados e o destino final, Céu ou Inferno, decidido de imediato. Pergunta: o que acontecerá com aqueles que, por causa de um buraco na camisa, perderam o pen drive?



Fonte: Moacyr Scliar. Zero Hora (RS), 11/5/2010. Disponível em:http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?inf oid=10352&sid=695.

No período: “De repente eu me dava conta de como nossa existência é frágil, “retirado do texto, há a ocorrência de colocação pronominal:

Assinale a alternativa CORRETA:
Alternativas
Q3010818 Português
Poema tirado de uma notícia de jornal


João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão [sem número Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro Bebeu  
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

BANDEIRA, Manuel: Libertinagem & Estrela da manhã, 1993.)
O título e o corpo do poema fazem menção a uma notícia de jornal, tal processo criativo reproduz uma prática produtiva que promove a interdiscursividade de textos e gêneros chamada de:
Assinale a alternativa CORRETA: 
Alternativas
Q3010819 Português
Poema tirado de uma notícia de jornal


João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão [sem número Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro Bebeu  
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

BANDEIRA, Manuel: Libertinagem & Estrela da manhã, 1993.)
Na sequência dos versos:
 “Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro Bebeu Cantou Dançou (...)”
Há uma sequenciação de: 
Alternativas
Q3010820 Português
Poema tirado de uma notícia de jornal


João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão [sem número Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro Bebeu  
Cantou
Dançou
Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

BANDEIRA, Manuel: Libertinagem & Estrela da manhã, 1993.)
Se os verbos utilizados na construção do poema passassem para o prétérito-mais-que perfeito do indicativo, seriam assim dispostos, RESPECTIVAMENTE:

Assinale a alternativa CORRETA: 
Alternativas
Q3010823 Português
Assinale a alternativa que apresenta o uso CORRETO de regência, de acordo com a norma culta da escrita. 
Alternativas
Q3010824 Português
Em todas as frases a concordância se fez corretamente, EXCETO em: 
Alternativas
Respostas
1: B
2: A
3: E
4: C
5: D
6: D
7: A
8: B
9: C
10: A
11: B
12: B
13: E
14: A
15: A
16: B
17: E
18: B