Questões de Concurso Público Prefeitura de Santa Rita - PB 2023 para Agente Municipal de Trânsito
Foram encontradas 65 questões
Ano: 2023
Banca:
EPL
Órgão:
Prefeitura de Santa Rita - PB
Provas:
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Assistente Administrativo
|
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal Ambiental |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Municipal de Trânsito |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico em Edificações |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Topógrafo |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico Municipal de Controle Interno |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Administrativo Previdenciário |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal/Inspetor de Obras |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico de Raio-X para Odontologia |
Q2295267
Português
Texto associado
Texto 1
Vidas Secas
Graciliano Ramos
Capítulo III – Cadeia (fragmento)
Fabiano tinha ido à feira da cidade comprar
mantimentos. Precisava sal, farinha, feijão e rapaduras.
Sinhá Vitória pedira além disso uma garrafa de
querosene e um corte de chita vermelha. Mas o
querosene de seu Inácio estava misturado com água, e
a chita da amostra era cara demais.
Fabiano percorreu as lojas, escolhendo o pano
regateando um tostão em côvado, receoso de ser
enganado. Andava irresoluto, uma longa desconfiança
dava-lhe gestos oblíquos. A tarde puxou o dinheiro,
meio tentado, e logo se arrependeu, certo de que todos
os caixeiros furtavam no preço e na medida: amarrou
as notas na ponta do lenço, meteu-as na algibeira,
dirigiu-se à bodega de seu Inácio, onde guardara os
picuás.
Aí certificou-se novamente de que o querosene estava
batizado e decidiu beber uma pinga, pois sentia calor.
Seu Inácio trouxe a garrafa de aguardente. Fabiano
virou o copo de um trago, cuspiu, limpou os beiços à
manga, contraiu o rosto. Ia jurar que a cachaça tinha
água. Por que seria que seu Inácio botava água em
tudo? perguntou mentalmente. Animou-se e interrogou
o bodegueiro: - Por que é que vossemecê bota água
em tudo?
Seu Inácio fingiu não ouvir. E Fabiano foi sentar-se na
calçada, resolvido a conversar. O vocabulário dele era
pequeno, mas em horas de comunicabilidade
enriquecia-se com algumas expressões de seu Tomás
da bolandeira. Pobre de seu Tomás. Um homem tão
direito sumir-se como cambembe, andar por este
mundo de trouxa nas costas. Seu Tomás era pessoa de
consideração e votava. Quem diria?
Nesse ponto um soldado amarelo aproximou-se e
bateu familiarmente no ombro de Fabiano: - Como é,
camarada? Vamos jogar um trinta-e-um lá dentro?
Fabiano atentou na farda com respeito e gaguejou,
procurando as palavras de seu Tomás da bolandeira: -
Isto é. Vamos e não vamos. Quer dizer Enfim, contanto,
etc. É conforme.
Levantou-se e caminhou atrás do amarelo, que era
autoridade e mandava. Fabiano sempre havia
obedecido. Tinha muque e substância, mas pensava
pouco, desejava pouco e obedecia.
Atravessaram a bodega, a corredor, desembocaram
numa sala onde vários tipos jogavam cartas em cima
de uma esteira.
(...)
Fabiano, as orelhas ardendo, não se virou. Foi pedir a
seu Inácio os troços que ele havia guardado, vestiu o
gibão, passou as correias dos alforjes no ombro,
ganhou a rua.
Debaixo do jatobá do quadro taramelou com Sinhá Rita
louceira, sem se atrever a voltar para casa. Que
desculpa iria apresentar a Sinhá Vitória? Forjava uma
explicação difícil. Perdera o embrulho da fazenda,
pagara na botica uma garrafada para Sinhá Rita
louceira. Atrapalhava-se tinha imaginação fraca e não
sabia mentir. Nas invenções com que pretendia
justificar-se a figura de Sinhá Rita aparecia sempre, e
isto o desgostava. Arruinaria uma história sem ela, diria
que haviam furtado o cobre da chita. Pois não era? Os
parceiros o tinham pelado no trinta-e-um. Mas não
devia mencionar o jogo. Contaria simplesmente que o
lenço das notas ficara no bolso do gibão e levara
sumiço. Falaria assim: - "Comprei os mantimentos.
Botei o gibão e os alforjes na bodega de seu Inácio.
Encontrei um soldado amarelo" Não, não encontrara
ninguém. Atrapalhava-se de novo. Sentia desejo de
referir-se ao soldado, um conhecido velho, amigo de
infância. A mulher se incharia com a notícia. Talvez não
se inchasse. Era atilada, notaria a pabulagem. Pois
estava acabado. O dinheiro fugira do bolso do gibão, na
venda de seu Inácio. Natural.
(...)
Afinal para que serviam os soldados amarelos? Deu um
pontapé na parede, gritou enfurecido. Para que serviam
os soldados amarelos? Os outros presos remexeram-se, o carcereiro chegou à grade, e Fabiano acalmou-se: - Bem, bem. Não há nada não.
(...)
Fabiano gritou, assustando o bêbedo, os tipos que
abanavam o fogo, o carcereiro e a mulher que se
queixava das pulgas. Tinha aqueles cambões
pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastálos? Sinhá Vitória dormia mal na cama de varas. Os
meninos eram uns brutos, como o pai. Quando
crescessem, guardariam as reses de um patrão
invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por
um soldado amarelo.
- Arreda!
Ramos, G. Vidas Secas. Record. 199ª ed. Edição
original de 1938.
Depois de ler atentamente o fragmento do Capítulo
III – Cadeia, e levando em conta as regras gramaticais
presentes neste fragmento, assinale a única alternativa
correta.
Ano: 2023
Banca:
EPL
Órgão:
Prefeitura de Santa Rita - PB
Provas:
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Assistente Administrativo
|
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal Ambiental |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Municipal de Trânsito |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico em Edificações |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Topógrafo |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico Municipal de Controle Interno |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Administrativo Previdenciário |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal/Inspetor de Obras |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico de Raio-X para Odontologia |
Q2295268
Português
Texto associado
Texto 1
Vidas Secas
Graciliano Ramos
Capítulo III – Cadeia (fragmento)
Fabiano tinha ido à feira da cidade comprar
mantimentos. Precisava sal, farinha, feijão e rapaduras.
Sinhá Vitória pedira além disso uma garrafa de
querosene e um corte de chita vermelha. Mas o
querosene de seu Inácio estava misturado com água, e
a chita da amostra era cara demais.
Fabiano percorreu as lojas, escolhendo o pano
regateando um tostão em côvado, receoso de ser
enganado. Andava irresoluto, uma longa desconfiança
dava-lhe gestos oblíquos. A tarde puxou o dinheiro,
meio tentado, e logo se arrependeu, certo de que todos
os caixeiros furtavam no preço e na medida: amarrou
as notas na ponta do lenço, meteu-as na algibeira,
dirigiu-se à bodega de seu Inácio, onde guardara os
picuás.
Aí certificou-se novamente de que o querosene estava
batizado e decidiu beber uma pinga, pois sentia calor.
Seu Inácio trouxe a garrafa de aguardente. Fabiano
virou o copo de um trago, cuspiu, limpou os beiços à
manga, contraiu o rosto. Ia jurar que a cachaça tinha
água. Por que seria que seu Inácio botava água em
tudo? perguntou mentalmente. Animou-se e interrogou
o bodegueiro: - Por que é que vossemecê bota água
em tudo?
Seu Inácio fingiu não ouvir. E Fabiano foi sentar-se na
calçada, resolvido a conversar. O vocabulário dele era
pequeno, mas em horas de comunicabilidade
enriquecia-se com algumas expressões de seu Tomás
da bolandeira. Pobre de seu Tomás. Um homem tão
direito sumir-se como cambembe, andar por este
mundo de trouxa nas costas. Seu Tomás era pessoa de
consideração e votava. Quem diria?
Nesse ponto um soldado amarelo aproximou-se e
bateu familiarmente no ombro de Fabiano: - Como é,
camarada? Vamos jogar um trinta-e-um lá dentro?
Fabiano atentou na farda com respeito e gaguejou,
procurando as palavras de seu Tomás da bolandeira: -
Isto é. Vamos e não vamos. Quer dizer Enfim, contanto,
etc. É conforme.
Levantou-se e caminhou atrás do amarelo, que era
autoridade e mandava. Fabiano sempre havia
obedecido. Tinha muque e substância, mas pensava
pouco, desejava pouco e obedecia.
Atravessaram a bodega, a corredor, desembocaram
numa sala onde vários tipos jogavam cartas em cima
de uma esteira.
(...)
Fabiano, as orelhas ardendo, não se virou. Foi pedir a
seu Inácio os troços que ele havia guardado, vestiu o
gibão, passou as correias dos alforjes no ombro,
ganhou a rua.
Debaixo do jatobá do quadro taramelou com Sinhá Rita
louceira, sem se atrever a voltar para casa. Que
desculpa iria apresentar a Sinhá Vitória? Forjava uma
explicação difícil. Perdera o embrulho da fazenda,
pagara na botica uma garrafada para Sinhá Rita
louceira. Atrapalhava-se tinha imaginação fraca e não
sabia mentir. Nas invenções com que pretendia
justificar-se a figura de Sinhá Rita aparecia sempre, e
isto o desgostava. Arruinaria uma história sem ela, diria
que haviam furtado o cobre da chita. Pois não era? Os
parceiros o tinham pelado no trinta-e-um. Mas não
devia mencionar o jogo. Contaria simplesmente que o
lenço das notas ficara no bolso do gibão e levara
sumiço. Falaria assim: - "Comprei os mantimentos.
Botei o gibão e os alforjes na bodega de seu Inácio.
Encontrei um soldado amarelo" Não, não encontrara
ninguém. Atrapalhava-se de novo. Sentia desejo de
referir-se ao soldado, um conhecido velho, amigo de
infância. A mulher se incharia com a notícia. Talvez não
se inchasse. Era atilada, notaria a pabulagem. Pois
estava acabado. O dinheiro fugira do bolso do gibão, na
venda de seu Inácio. Natural.
(...)
Afinal para que serviam os soldados amarelos? Deu um
pontapé na parede, gritou enfurecido. Para que serviam
os soldados amarelos? Os outros presos remexeram-se, o carcereiro chegou à grade, e Fabiano acalmou-se: - Bem, bem. Não há nada não.
(...)
Fabiano gritou, assustando o bêbedo, os tipos que
abanavam o fogo, o carcereiro e a mulher que se
queixava das pulgas. Tinha aqueles cambões
pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastálos? Sinhá Vitória dormia mal na cama de varas. Os
meninos eram uns brutos, como o pai. Quando
crescessem, guardariam as reses de um patrão
invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por
um soldado amarelo.
- Arreda!
Ramos, G. Vidas Secas. Record. 199ª ed. Edição
original de 1938.
Assinale a única alternativa em que o processo de
formação de palavras foi classificado corretamente.
Ano: 2023
Banca:
EPL
Órgão:
Prefeitura de Santa Rita - PB
Provas:
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Assistente Administrativo
|
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal Ambiental |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Municipal de Trânsito |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico em Edificações |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Topógrafo |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico Municipal de Controle Interno |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Administrativo Previdenciário |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal/Inspetor de Obras |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico de Raio-X para Odontologia |
Q2295269
Português
Texto associado
Texto 1
Vidas Secas
Graciliano Ramos
Capítulo III – Cadeia (fragmento)
Fabiano tinha ido à feira da cidade comprar
mantimentos. Precisava sal, farinha, feijão e rapaduras.
Sinhá Vitória pedira além disso uma garrafa de
querosene e um corte de chita vermelha. Mas o
querosene de seu Inácio estava misturado com água, e
a chita da amostra era cara demais.
Fabiano percorreu as lojas, escolhendo o pano
regateando um tostão em côvado, receoso de ser
enganado. Andava irresoluto, uma longa desconfiança
dava-lhe gestos oblíquos. A tarde puxou o dinheiro,
meio tentado, e logo se arrependeu, certo de que todos
os caixeiros furtavam no preço e na medida: amarrou
as notas na ponta do lenço, meteu-as na algibeira,
dirigiu-se à bodega de seu Inácio, onde guardara os
picuás.
Aí certificou-se novamente de que o querosene estava
batizado e decidiu beber uma pinga, pois sentia calor.
Seu Inácio trouxe a garrafa de aguardente. Fabiano
virou o copo de um trago, cuspiu, limpou os beiços à
manga, contraiu o rosto. Ia jurar que a cachaça tinha
água. Por que seria que seu Inácio botava água em
tudo? perguntou mentalmente. Animou-se e interrogou
o bodegueiro: - Por que é que vossemecê bota água
em tudo?
Seu Inácio fingiu não ouvir. E Fabiano foi sentar-se na
calçada, resolvido a conversar. O vocabulário dele era
pequeno, mas em horas de comunicabilidade
enriquecia-se com algumas expressões de seu Tomás
da bolandeira. Pobre de seu Tomás. Um homem tão
direito sumir-se como cambembe, andar por este
mundo de trouxa nas costas. Seu Tomás era pessoa de
consideração e votava. Quem diria?
Nesse ponto um soldado amarelo aproximou-se e
bateu familiarmente no ombro de Fabiano: - Como é,
camarada? Vamos jogar um trinta-e-um lá dentro?
Fabiano atentou na farda com respeito e gaguejou,
procurando as palavras de seu Tomás da bolandeira: -
Isto é. Vamos e não vamos. Quer dizer Enfim, contanto,
etc. É conforme.
Levantou-se e caminhou atrás do amarelo, que era
autoridade e mandava. Fabiano sempre havia
obedecido. Tinha muque e substância, mas pensava
pouco, desejava pouco e obedecia.
Atravessaram a bodega, a corredor, desembocaram
numa sala onde vários tipos jogavam cartas em cima
de uma esteira.
(...)
Fabiano, as orelhas ardendo, não se virou. Foi pedir a
seu Inácio os troços que ele havia guardado, vestiu o
gibão, passou as correias dos alforjes no ombro,
ganhou a rua.
Debaixo do jatobá do quadro taramelou com Sinhá Rita
louceira, sem se atrever a voltar para casa. Que
desculpa iria apresentar a Sinhá Vitória? Forjava uma
explicação difícil. Perdera o embrulho da fazenda,
pagara na botica uma garrafada para Sinhá Rita
louceira. Atrapalhava-se tinha imaginação fraca e não
sabia mentir. Nas invenções com que pretendia
justificar-se a figura de Sinhá Rita aparecia sempre, e
isto o desgostava. Arruinaria uma história sem ela, diria
que haviam furtado o cobre da chita. Pois não era? Os
parceiros o tinham pelado no trinta-e-um. Mas não
devia mencionar o jogo. Contaria simplesmente que o
lenço das notas ficara no bolso do gibão e levara
sumiço. Falaria assim: - "Comprei os mantimentos.
Botei o gibão e os alforjes na bodega de seu Inácio.
Encontrei um soldado amarelo" Não, não encontrara
ninguém. Atrapalhava-se de novo. Sentia desejo de
referir-se ao soldado, um conhecido velho, amigo de
infância. A mulher se incharia com a notícia. Talvez não
se inchasse. Era atilada, notaria a pabulagem. Pois
estava acabado. O dinheiro fugira do bolso do gibão, na
venda de seu Inácio. Natural.
(...)
Afinal para que serviam os soldados amarelos? Deu um
pontapé na parede, gritou enfurecido. Para que serviam
os soldados amarelos? Os outros presos remexeram-se, o carcereiro chegou à grade, e Fabiano acalmou-se: - Bem, bem. Não há nada não.
(...)
Fabiano gritou, assustando o bêbedo, os tipos que
abanavam o fogo, o carcereiro e a mulher que se
queixava das pulgas. Tinha aqueles cambões
pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastálos? Sinhá Vitória dormia mal na cama de varas. Os
meninos eram uns brutos, como o pai. Quando
crescessem, guardariam as reses de um patrão
invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por
um soldado amarelo.
- Arreda!
Ramos, G. Vidas Secas. Record. 199ª ed. Edição
original de 1938.
Sobre a acentuação das palavras presentes no
texto de Graciliano Ramos, assinale a única alternativa
correta.
Ano: 2023
Banca:
EPL
Órgão:
Prefeitura de Santa Rita - PB
Provas:
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Assistente Administrativo
|
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal Ambiental |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Municipal de Trânsito |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico em Edificações |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Topógrafo |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico Municipal de Controle Interno |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Administrativo Previdenciário |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal/Inspetor de Obras |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico de Raio-X para Odontologia |
Q2295270
Português
Texto associado
Texto 1
Vidas Secas
Graciliano Ramos
Capítulo III – Cadeia (fragmento)
Fabiano tinha ido à feira da cidade comprar
mantimentos. Precisava sal, farinha, feijão e rapaduras.
Sinhá Vitória pedira além disso uma garrafa de
querosene e um corte de chita vermelha. Mas o
querosene de seu Inácio estava misturado com água, e
a chita da amostra era cara demais.
Fabiano percorreu as lojas, escolhendo o pano
regateando um tostão em côvado, receoso de ser
enganado. Andava irresoluto, uma longa desconfiança
dava-lhe gestos oblíquos. A tarde puxou o dinheiro,
meio tentado, e logo se arrependeu, certo de que todos
os caixeiros furtavam no preço e na medida: amarrou
as notas na ponta do lenço, meteu-as na algibeira,
dirigiu-se à bodega de seu Inácio, onde guardara os
picuás.
Aí certificou-se novamente de que o querosene estava
batizado e decidiu beber uma pinga, pois sentia calor.
Seu Inácio trouxe a garrafa de aguardente. Fabiano
virou o copo de um trago, cuspiu, limpou os beiços à
manga, contraiu o rosto. Ia jurar que a cachaça tinha
água. Por que seria que seu Inácio botava água em
tudo? perguntou mentalmente. Animou-se e interrogou
o bodegueiro: - Por que é que vossemecê bota água
em tudo?
Seu Inácio fingiu não ouvir. E Fabiano foi sentar-se na
calçada, resolvido a conversar. O vocabulário dele era
pequeno, mas em horas de comunicabilidade
enriquecia-se com algumas expressões de seu Tomás
da bolandeira. Pobre de seu Tomás. Um homem tão
direito sumir-se como cambembe, andar por este
mundo de trouxa nas costas. Seu Tomás era pessoa de
consideração e votava. Quem diria?
Nesse ponto um soldado amarelo aproximou-se e
bateu familiarmente no ombro de Fabiano: - Como é,
camarada? Vamos jogar um trinta-e-um lá dentro?
Fabiano atentou na farda com respeito e gaguejou,
procurando as palavras de seu Tomás da bolandeira: -
Isto é. Vamos e não vamos. Quer dizer Enfim, contanto,
etc. É conforme.
Levantou-se e caminhou atrás do amarelo, que era
autoridade e mandava. Fabiano sempre havia
obedecido. Tinha muque e substância, mas pensava
pouco, desejava pouco e obedecia.
Atravessaram a bodega, a corredor, desembocaram
numa sala onde vários tipos jogavam cartas em cima
de uma esteira.
(...)
Fabiano, as orelhas ardendo, não se virou. Foi pedir a
seu Inácio os troços que ele havia guardado, vestiu o
gibão, passou as correias dos alforjes no ombro,
ganhou a rua.
Debaixo do jatobá do quadro taramelou com Sinhá Rita
louceira, sem se atrever a voltar para casa. Que
desculpa iria apresentar a Sinhá Vitória? Forjava uma
explicação difícil. Perdera o embrulho da fazenda,
pagara na botica uma garrafada para Sinhá Rita
louceira. Atrapalhava-se tinha imaginação fraca e não
sabia mentir. Nas invenções com que pretendia
justificar-se a figura de Sinhá Rita aparecia sempre, e
isto o desgostava. Arruinaria uma história sem ela, diria
que haviam furtado o cobre da chita. Pois não era? Os
parceiros o tinham pelado no trinta-e-um. Mas não
devia mencionar o jogo. Contaria simplesmente que o
lenço das notas ficara no bolso do gibão e levara
sumiço. Falaria assim: - "Comprei os mantimentos.
Botei o gibão e os alforjes na bodega de seu Inácio.
Encontrei um soldado amarelo" Não, não encontrara
ninguém. Atrapalhava-se de novo. Sentia desejo de
referir-se ao soldado, um conhecido velho, amigo de
infância. A mulher se incharia com a notícia. Talvez não
se inchasse. Era atilada, notaria a pabulagem. Pois
estava acabado. O dinheiro fugira do bolso do gibão, na
venda de seu Inácio. Natural.
(...)
Afinal para que serviam os soldados amarelos? Deu um
pontapé na parede, gritou enfurecido. Para que serviam
os soldados amarelos? Os outros presos remexeram-se, o carcereiro chegou à grade, e Fabiano acalmou-se: - Bem, bem. Não há nada não.
(...)
Fabiano gritou, assustando o bêbedo, os tipos que
abanavam o fogo, o carcereiro e a mulher que se
queixava das pulgas. Tinha aqueles cambões
pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastálos? Sinhá Vitória dormia mal na cama de varas. Os
meninos eram uns brutos, como o pai. Quando
crescessem, guardariam as reses de um patrão
invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por
um soldado amarelo.
- Arreda!
Ramos, G. Vidas Secas. Record. 199ª ed. Edição
original de 1938.
Assinale a única alternativa em que o(s) termo(s)
destacado(s) foi(ram) classificado(s) corretamente, em
relação à sintaxe da Língua Portuguesa.
Ano: 2023
Banca:
EPL
Órgão:
Prefeitura de Santa Rita - PB
Provas:
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Assistente Administrativo
|
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal Ambiental |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Municipal de Trânsito |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico em Edificações |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Topógrafo |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico Municipal de Controle Interno |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Administrativo Previdenciário |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal/Inspetor de Obras |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico de Raio-X para Odontologia |
Q2295271
Português
Texto associado
Texto 1
Vidas Secas
Graciliano Ramos
Capítulo III – Cadeia (fragmento)
Fabiano tinha ido à feira da cidade comprar
mantimentos. Precisava sal, farinha, feijão e rapaduras.
Sinhá Vitória pedira além disso uma garrafa de
querosene e um corte de chita vermelha. Mas o
querosene de seu Inácio estava misturado com água, e
a chita da amostra era cara demais.
Fabiano percorreu as lojas, escolhendo o pano
regateando um tostão em côvado, receoso de ser
enganado. Andava irresoluto, uma longa desconfiança
dava-lhe gestos oblíquos. A tarde puxou o dinheiro,
meio tentado, e logo se arrependeu, certo de que todos
os caixeiros furtavam no preço e na medida: amarrou
as notas na ponta do lenço, meteu-as na algibeira,
dirigiu-se à bodega de seu Inácio, onde guardara os
picuás.
Aí certificou-se novamente de que o querosene estava
batizado e decidiu beber uma pinga, pois sentia calor.
Seu Inácio trouxe a garrafa de aguardente. Fabiano
virou o copo de um trago, cuspiu, limpou os beiços à
manga, contraiu o rosto. Ia jurar que a cachaça tinha
água. Por que seria que seu Inácio botava água em
tudo? perguntou mentalmente. Animou-se e interrogou
o bodegueiro: - Por que é que vossemecê bota água
em tudo?
Seu Inácio fingiu não ouvir. E Fabiano foi sentar-se na
calçada, resolvido a conversar. O vocabulário dele era
pequeno, mas em horas de comunicabilidade
enriquecia-se com algumas expressões de seu Tomás
da bolandeira. Pobre de seu Tomás. Um homem tão
direito sumir-se como cambembe, andar por este
mundo de trouxa nas costas. Seu Tomás era pessoa de
consideração e votava. Quem diria?
Nesse ponto um soldado amarelo aproximou-se e
bateu familiarmente no ombro de Fabiano: - Como é,
camarada? Vamos jogar um trinta-e-um lá dentro?
Fabiano atentou na farda com respeito e gaguejou,
procurando as palavras de seu Tomás da bolandeira: -
Isto é. Vamos e não vamos. Quer dizer Enfim, contanto,
etc. É conforme.
Levantou-se e caminhou atrás do amarelo, que era
autoridade e mandava. Fabiano sempre havia
obedecido. Tinha muque e substância, mas pensava
pouco, desejava pouco e obedecia.
Atravessaram a bodega, a corredor, desembocaram
numa sala onde vários tipos jogavam cartas em cima
de uma esteira.
(...)
Fabiano, as orelhas ardendo, não se virou. Foi pedir a
seu Inácio os troços que ele havia guardado, vestiu o
gibão, passou as correias dos alforjes no ombro,
ganhou a rua.
Debaixo do jatobá do quadro taramelou com Sinhá Rita
louceira, sem se atrever a voltar para casa. Que
desculpa iria apresentar a Sinhá Vitória? Forjava uma
explicação difícil. Perdera o embrulho da fazenda,
pagara na botica uma garrafada para Sinhá Rita
louceira. Atrapalhava-se tinha imaginação fraca e não
sabia mentir. Nas invenções com que pretendia
justificar-se a figura de Sinhá Rita aparecia sempre, e
isto o desgostava. Arruinaria uma história sem ela, diria
que haviam furtado o cobre da chita. Pois não era? Os
parceiros o tinham pelado no trinta-e-um. Mas não
devia mencionar o jogo. Contaria simplesmente que o
lenço das notas ficara no bolso do gibão e levara
sumiço. Falaria assim: - "Comprei os mantimentos.
Botei o gibão e os alforjes na bodega de seu Inácio.
Encontrei um soldado amarelo" Não, não encontrara
ninguém. Atrapalhava-se de novo. Sentia desejo de
referir-se ao soldado, um conhecido velho, amigo de
infância. A mulher se incharia com a notícia. Talvez não
se inchasse. Era atilada, notaria a pabulagem. Pois
estava acabado. O dinheiro fugira do bolso do gibão, na
venda de seu Inácio. Natural.
(...)
Afinal para que serviam os soldados amarelos? Deu um
pontapé na parede, gritou enfurecido. Para que serviam
os soldados amarelos? Os outros presos remexeram-se, o carcereiro chegou à grade, e Fabiano acalmou-se: - Bem, bem. Não há nada não.
(...)
Fabiano gritou, assustando o bêbedo, os tipos que
abanavam o fogo, o carcereiro e a mulher que se
queixava das pulgas. Tinha aqueles cambões
pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastálos? Sinhá Vitória dormia mal na cama de varas. Os
meninos eram uns brutos, como o pai. Quando
crescessem, guardariam as reses de um patrão
invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por
um soldado amarelo.
- Arreda!
Ramos, G. Vidas Secas. Record. 199ª ed. Edição
original de 1938.
Assinale a única alternativa em que o(s) termo(s)
destacado(s) é(são) classificado(s) como complemento
nominal.
Ano: 2023
Banca:
EPL
Órgão:
Prefeitura de Santa Rita - PB
Provas:
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Assistente Administrativo
|
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal Ambiental |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Municipal de Trânsito |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico em Edificações |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Topógrafo |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico Municipal de Controle Interno |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Administrativo Previdenciário |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal/Inspetor de Obras |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico de Raio-X para Odontologia |
Q2295272
Português
Texto associado
Texto 1
Vidas Secas
Graciliano Ramos
Capítulo III – Cadeia (fragmento)
Fabiano tinha ido à feira da cidade comprar
mantimentos. Precisava sal, farinha, feijão e rapaduras.
Sinhá Vitória pedira além disso uma garrafa de
querosene e um corte de chita vermelha. Mas o
querosene de seu Inácio estava misturado com água, e
a chita da amostra era cara demais.
Fabiano percorreu as lojas, escolhendo o pano
regateando um tostão em côvado, receoso de ser
enganado. Andava irresoluto, uma longa desconfiança
dava-lhe gestos oblíquos. A tarde puxou o dinheiro,
meio tentado, e logo se arrependeu, certo de que todos
os caixeiros furtavam no preço e na medida: amarrou
as notas na ponta do lenço, meteu-as na algibeira,
dirigiu-se à bodega de seu Inácio, onde guardara os
picuás.
Aí certificou-se novamente de que o querosene estava
batizado e decidiu beber uma pinga, pois sentia calor.
Seu Inácio trouxe a garrafa de aguardente. Fabiano
virou o copo de um trago, cuspiu, limpou os beiços à
manga, contraiu o rosto. Ia jurar que a cachaça tinha
água. Por que seria que seu Inácio botava água em
tudo? perguntou mentalmente. Animou-se e interrogou
o bodegueiro: - Por que é que vossemecê bota água
em tudo?
Seu Inácio fingiu não ouvir. E Fabiano foi sentar-se na
calçada, resolvido a conversar. O vocabulário dele era
pequeno, mas em horas de comunicabilidade
enriquecia-se com algumas expressões de seu Tomás
da bolandeira. Pobre de seu Tomás. Um homem tão
direito sumir-se como cambembe, andar por este
mundo de trouxa nas costas. Seu Tomás era pessoa de
consideração e votava. Quem diria?
Nesse ponto um soldado amarelo aproximou-se e
bateu familiarmente no ombro de Fabiano: - Como é,
camarada? Vamos jogar um trinta-e-um lá dentro?
Fabiano atentou na farda com respeito e gaguejou,
procurando as palavras de seu Tomás da bolandeira: -
Isto é. Vamos e não vamos. Quer dizer Enfim, contanto,
etc. É conforme.
Levantou-se e caminhou atrás do amarelo, que era
autoridade e mandava. Fabiano sempre havia
obedecido. Tinha muque e substância, mas pensava
pouco, desejava pouco e obedecia.
Atravessaram a bodega, a corredor, desembocaram
numa sala onde vários tipos jogavam cartas em cima
de uma esteira.
(...)
Fabiano, as orelhas ardendo, não se virou. Foi pedir a
seu Inácio os troços que ele havia guardado, vestiu o
gibão, passou as correias dos alforjes no ombro,
ganhou a rua.
Debaixo do jatobá do quadro taramelou com Sinhá Rita
louceira, sem se atrever a voltar para casa. Que
desculpa iria apresentar a Sinhá Vitória? Forjava uma
explicação difícil. Perdera o embrulho da fazenda,
pagara na botica uma garrafada para Sinhá Rita
louceira. Atrapalhava-se tinha imaginação fraca e não
sabia mentir. Nas invenções com que pretendia
justificar-se a figura de Sinhá Rita aparecia sempre, e
isto o desgostava. Arruinaria uma história sem ela, diria
que haviam furtado o cobre da chita. Pois não era? Os
parceiros o tinham pelado no trinta-e-um. Mas não
devia mencionar o jogo. Contaria simplesmente que o
lenço das notas ficara no bolso do gibão e levara
sumiço. Falaria assim: - "Comprei os mantimentos.
Botei o gibão e os alforjes na bodega de seu Inácio.
Encontrei um soldado amarelo" Não, não encontrara
ninguém. Atrapalhava-se de novo. Sentia desejo de
referir-se ao soldado, um conhecido velho, amigo de
infância. A mulher se incharia com a notícia. Talvez não
se inchasse. Era atilada, notaria a pabulagem. Pois
estava acabado. O dinheiro fugira do bolso do gibão, na
venda de seu Inácio. Natural.
(...)
Afinal para que serviam os soldados amarelos? Deu um
pontapé na parede, gritou enfurecido. Para que serviam
os soldados amarelos? Os outros presos remexeram-se, o carcereiro chegou à grade, e Fabiano acalmou-se: - Bem, bem. Não há nada não.
(...)
Fabiano gritou, assustando o bêbedo, os tipos que
abanavam o fogo, o carcereiro e a mulher que se
queixava das pulgas. Tinha aqueles cambões
pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastálos? Sinhá Vitória dormia mal na cama de varas. Os
meninos eram uns brutos, como o pai. Quando
crescessem, guardariam as reses de um patrão
invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por
um soldado amarelo.
- Arreda!
Ramos, G. Vidas Secas. Record. 199ª ed. Edição
original de 1938.
Assinale a única alternativa em que ocorre erro no
uso do acento indicativo de crase.
Ano: 2023
Banca:
EPL
Órgão:
Prefeitura de Santa Rita - PB
Provas:
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Assistente Administrativo
|
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal Ambiental |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Municipal de Trânsito |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico em Edificações |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Topógrafo |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico Municipal de Controle Interno |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Administrativo Previdenciário |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal/Inspetor de Obras |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico de Raio-X para Odontologia |
Q2295273
Português
Texto associado
Texto 1
Vidas Secas
Graciliano Ramos
Capítulo III – Cadeia (fragmento)
Fabiano tinha ido à feira da cidade comprar
mantimentos. Precisava sal, farinha, feijão e rapaduras.
Sinhá Vitória pedira além disso uma garrafa de
querosene e um corte de chita vermelha. Mas o
querosene de seu Inácio estava misturado com água, e
a chita da amostra era cara demais.
Fabiano percorreu as lojas, escolhendo o pano
regateando um tostão em côvado, receoso de ser
enganado. Andava irresoluto, uma longa desconfiança
dava-lhe gestos oblíquos. A tarde puxou o dinheiro,
meio tentado, e logo se arrependeu, certo de que todos
os caixeiros furtavam no preço e na medida: amarrou
as notas na ponta do lenço, meteu-as na algibeira,
dirigiu-se à bodega de seu Inácio, onde guardara os
picuás.
Aí certificou-se novamente de que o querosene estava
batizado e decidiu beber uma pinga, pois sentia calor.
Seu Inácio trouxe a garrafa de aguardente. Fabiano
virou o copo de um trago, cuspiu, limpou os beiços à
manga, contraiu o rosto. Ia jurar que a cachaça tinha
água. Por que seria que seu Inácio botava água em
tudo? perguntou mentalmente. Animou-se e interrogou
o bodegueiro: - Por que é que vossemecê bota água
em tudo?
Seu Inácio fingiu não ouvir. E Fabiano foi sentar-se na
calçada, resolvido a conversar. O vocabulário dele era
pequeno, mas em horas de comunicabilidade
enriquecia-se com algumas expressões de seu Tomás
da bolandeira. Pobre de seu Tomás. Um homem tão
direito sumir-se como cambembe, andar por este
mundo de trouxa nas costas. Seu Tomás era pessoa de
consideração e votava. Quem diria?
Nesse ponto um soldado amarelo aproximou-se e
bateu familiarmente no ombro de Fabiano: - Como é,
camarada? Vamos jogar um trinta-e-um lá dentro?
Fabiano atentou na farda com respeito e gaguejou,
procurando as palavras de seu Tomás da bolandeira: -
Isto é. Vamos e não vamos. Quer dizer Enfim, contanto,
etc. É conforme.
Levantou-se e caminhou atrás do amarelo, que era
autoridade e mandava. Fabiano sempre havia
obedecido. Tinha muque e substância, mas pensava
pouco, desejava pouco e obedecia.
Atravessaram a bodega, a corredor, desembocaram
numa sala onde vários tipos jogavam cartas em cima
de uma esteira.
(...)
Fabiano, as orelhas ardendo, não se virou. Foi pedir a
seu Inácio os troços que ele havia guardado, vestiu o
gibão, passou as correias dos alforjes no ombro,
ganhou a rua.
Debaixo do jatobá do quadro taramelou com Sinhá Rita
louceira, sem se atrever a voltar para casa. Que
desculpa iria apresentar a Sinhá Vitória? Forjava uma
explicação difícil. Perdera o embrulho da fazenda,
pagara na botica uma garrafada para Sinhá Rita
louceira. Atrapalhava-se tinha imaginação fraca e não
sabia mentir. Nas invenções com que pretendia
justificar-se a figura de Sinhá Rita aparecia sempre, e
isto o desgostava. Arruinaria uma história sem ela, diria
que haviam furtado o cobre da chita. Pois não era? Os
parceiros o tinham pelado no trinta-e-um. Mas não
devia mencionar o jogo. Contaria simplesmente que o
lenço das notas ficara no bolso do gibão e levara
sumiço. Falaria assim: - "Comprei os mantimentos.
Botei o gibão e os alforjes na bodega de seu Inácio.
Encontrei um soldado amarelo" Não, não encontrara
ninguém. Atrapalhava-se de novo. Sentia desejo de
referir-se ao soldado, um conhecido velho, amigo de
infância. A mulher se incharia com a notícia. Talvez não
se inchasse. Era atilada, notaria a pabulagem. Pois
estava acabado. O dinheiro fugira do bolso do gibão, na
venda de seu Inácio. Natural.
(...)
Afinal para que serviam os soldados amarelos? Deu um
pontapé na parede, gritou enfurecido. Para que serviam
os soldados amarelos? Os outros presos remexeram-se, o carcereiro chegou à grade, e Fabiano acalmou-se: - Bem, bem. Não há nada não.
(...)
Fabiano gritou, assustando o bêbedo, os tipos que
abanavam o fogo, o carcereiro e a mulher que se
queixava das pulgas. Tinha aqueles cambões
pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastálos? Sinhá Vitória dormia mal na cama de varas. Os
meninos eram uns brutos, como o pai. Quando
crescessem, guardariam as reses de um patrão
invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por
um soldado amarelo.
- Arreda!
Ramos, G. Vidas Secas. Record. 199ª ed. Edição
original de 1938.
Assinale a única alternativa em que houve erro em
relação às regras de concordância da Língua
Portuguesa.
Ano: 2023
Banca:
EPL
Órgão:
Prefeitura de Santa Rita - PB
Provas:
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Assistente Administrativo
|
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal Ambiental |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Municipal de Trânsito |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico em Edificações |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Topógrafo |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico Municipal de Controle Interno |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Administrativo Previdenciário |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal/Inspetor de Obras |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico de Raio-X para Odontologia |
Q2295274
Português
Texto associado
Texto 1
Vidas Secas
Graciliano Ramos
Capítulo III – Cadeia (fragmento)
Fabiano tinha ido à feira da cidade comprar
mantimentos. Precisava sal, farinha, feijão e rapaduras.
Sinhá Vitória pedira além disso uma garrafa de
querosene e um corte de chita vermelha. Mas o
querosene de seu Inácio estava misturado com água, e
a chita da amostra era cara demais.
Fabiano percorreu as lojas, escolhendo o pano
regateando um tostão em côvado, receoso de ser
enganado. Andava irresoluto, uma longa desconfiança
dava-lhe gestos oblíquos. A tarde puxou o dinheiro,
meio tentado, e logo se arrependeu, certo de que todos
os caixeiros furtavam no preço e na medida: amarrou
as notas na ponta do lenço, meteu-as na algibeira,
dirigiu-se à bodega de seu Inácio, onde guardara os
picuás.
Aí certificou-se novamente de que o querosene estava
batizado e decidiu beber uma pinga, pois sentia calor.
Seu Inácio trouxe a garrafa de aguardente. Fabiano
virou o copo de um trago, cuspiu, limpou os beiços à
manga, contraiu o rosto. Ia jurar que a cachaça tinha
água. Por que seria que seu Inácio botava água em
tudo? perguntou mentalmente. Animou-se e interrogou
o bodegueiro: - Por que é que vossemecê bota água
em tudo?
Seu Inácio fingiu não ouvir. E Fabiano foi sentar-se na
calçada, resolvido a conversar. O vocabulário dele era
pequeno, mas em horas de comunicabilidade
enriquecia-se com algumas expressões de seu Tomás
da bolandeira. Pobre de seu Tomás. Um homem tão
direito sumir-se como cambembe, andar por este
mundo de trouxa nas costas. Seu Tomás era pessoa de
consideração e votava. Quem diria?
Nesse ponto um soldado amarelo aproximou-se e
bateu familiarmente no ombro de Fabiano: - Como é,
camarada? Vamos jogar um trinta-e-um lá dentro?
Fabiano atentou na farda com respeito e gaguejou,
procurando as palavras de seu Tomás da bolandeira: -
Isto é. Vamos e não vamos. Quer dizer Enfim, contanto,
etc. É conforme.
Levantou-se e caminhou atrás do amarelo, que era
autoridade e mandava. Fabiano sempre havia
obedecido. Tinha muque e substância, mas pensava
pouco, desejava pouco e obedecia.
Atravessaram a bodega, a corredor, desembocaram
numa sala onde vários tipos jogavam cartas em cima
de uma esteira.
(...)
Fabiano, as orelhas ardendo, não se virou. Foi pedir a
seu Inácio os troços que ele havia guardado, vestiu o
gibão, passou as correias dos alforjes no ombro,
ganhou a rua.
Debaixo do jatobá do quadro taramelou com Sinhá Rita
louceira, sem se atrever a voltar para casa. Que
desculpa iria apresentar a Sinhá Vitória? Forjava uma
explicação difícil. Perdera o embrulho da fazenda,
pagara na botica uma garrafada para Sinhá Rita
louceira. Atrapalhava-se tinha imaginação fraca e não
sabia mentir. Nas invenções com que pretendia
justificar-se a figura de Sinhá Rita aparecia sempre, e
isto o desgostava. Arruinaria uma história sem ela, diria
que haviam furtado o cobre da chita. Pois não era? Os
parceiros o tinham pelado no trinta-e-um. Mas não
devia mencionar o jogo. Contaria simplesmente que o
lenço das notas ficara no bolso do gibão e levara
sumiço. Falaria assim: - "Comprei os mantimentos.
Botei o gibão e os alforjes na bodega de seu Inácio.
Encontrei um soldado amarelo" Não, não encontrara
ninguém. Atrapalhava-se de novo. Sentia desejo de
referir-se ao soldado, um conhecido velho, amigo de
infância. A mulher se incharia com a notícia. Talvez não
se inchasse. Era atilada, notaria a pabulagem. Pois
estava acabado. O dinheiro fugira do bolso do gibão, na
venda de seu Inácio. Natural.
(...)
Afinal para que serviam os soldados amarelos? Deu um
pontapé na parede, gritou enfurecido. Para que serviam
os soldados amarelos? Os outros presos remexeram-se, o carcereiro chegou à grade, e Fabiano acalmou-se: - Bem, bem. Não há nada não.
(...)
Fabiano gritou, assustando o bêbedo, os tipos que
abanavam o fogo, o carcereiro e a mulher que se
queixava das pulgas. Tinha aqueles cambões
pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastálos? Sinhá Vitória dormia mal na cama de varas. Os
meninos eram uns brutos, como o pai. Quando
crescessem, guardariam as reses de um patrão
invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por
um soldado amarelo.
- Arreda!
Ramos, G. Vidas Secas. Record. 199ª ed. Edição
original de 1938.
Assinale a única alternativa em que a pontuação
obedeça às normas previstas pelos manuais de
gramática da Língua Portuguesa.
Ano: 2023
Banca:
EPL
Órgão:
Prefeitura de Santa Rita - PB
Provas:
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Assistente Administrativo
|
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal Ambiental |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Municipal de Trânsito |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico em Edificações |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Topógrafo |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico Municipal de Controle Interno |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Administrativo Previdenciário |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal/Inspetor de Obras |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico de Raio-X para Odontologia |
Q2295275
Português
Texto associado
Texto 1
Vidas Secas
Graciliano Ramos
Capítulo III – Cadeia (fragmento)
Fabiano tinha ido à feira da cidade comprar
mantimentos. Precisava sal, farinha, feijão e rapaduras.
Sinhá Vitória pedira além disso uma garrafa de
querosene e um corte de chita vermelha. Mas o
querosene de seu Inácio estava misturado com água, e
a chita da amostra era cara demais.
Fabiano percorreu as lojas, escolhendo o pano
regateando um tostão em côvado, receoso de ser
enganado. Andava irresoluto, uma longa desconfiança
dava-lhe gestos oblíquos. A tarde puxou o dinheiro,
meio tentado, e logo se arrependeu, certo de que todos
os caixeiros furtavam no preço e na medida: amarrou
as notas na ponta do lenço, meteu-as na algibeira,
dirigiu-se à bodega de seu Inácio, onde guardara os
picuás.
Aí certificou-se novamente de que o querosene estava
batizado e decidiu beber uma pinga, pois sentia calor.
Seu Inácio trouxe a garrafa de aguardente. Fabiano
virou o copo de um trago, cuspiu, limpou os beiços à
manga, contraiu o rosto. Ia jurar que a cachaça tinha
água. Por que seria que seu Inácio botava água em
tudo? perguntou mentalmente. Animou-se e interrogou
o bodegueiro: - Por que é que vossemecê bota água
em tudo?
Seu Inácio fingiu não ouvir. E Fabiano foi sentar-se na
calçada, resolvido a conversar. O vocabulário dele era
pequeno, mas em horas de comunicabilidade
enriquecia-se com algumas expressões de seu Tomás
da bolandeira. Pobre de seu Tomás. Um homem tão
direito sumir-se como cambembe, andar por este
mundo de trouxa nas costas. Seu Tomás era pessoa de
consideração e votava. Quem diria?
Nesse ponto um soldado amarelo aproximou-se e
bateu familiarmente no ombro de Fabiano: - Como é,
camarada? Vamos jogar um trinta-e-um lá dentro?
Fabiano atentou na farda com respeito e gaguejou,
procurando as palavras de seu Tomás da bolandeira: -
Isto é. Vamos e não vamos. Quer dizer Enfim, contanto,
etc. É conforme.
Levantou-se e caminhou atrás do amarelo, que era
autoridade e mandava. Fabiano sempre havia
obedecido. Tinha muque e substância, mas pensava
pouco, desejava pouco e obedecia.
Atravessaram a bodega, a corredor, desembocaram
numa sala onde vários tipos jogavam cartas em cima
de uma esteira.
(...)
Fabiano, as orelhas ardendo, não se virou. Foi pedir a
seu Inácio os troços que ele havia guardado, vestiu o
gibão, passou as correias dos alforjes no ombro,
ganhou a rua.
Debaixo do jatobá do quadro taramelou com Sinhá Rita
louceira, sem se atrever a voltar para casa. Que
desculpa iria apresentar a Sinhá Vitória? Forjava uma
explicação difícil. Perdera o embrulho da fazenda,
pagara na botica uma garrafada para Sinhá Rita
louceira. Atrapalhava-se tinha imaginação fraca e não
sabia mentir. Nas invenções com que pretendia
justificar-se a figura de Sinhá Rita aparecia sempre, e
isto o desgostava. Arruinaria uma história sem ela, diria
que haviam furtado o cobre da chita. Pois não era? Os
parceiros o tinham pelado no trinta-e-um. Mas não
devia mencionar o jogo. Contaria simplesmente que o
lenço das notas ficara no bolso do gibão e levara
sumiço. Falaria assim: - "Comprei os mantimentos.
Botei o gibão e os alforjes na bodega de seu Inácio.
Encontrei um soldado amarelo" Não, não encontrara
ninguém. Atrapalhava-se de novo. Sentia desejo de
referir-se ao soldado, um conhecido velho, amigo de
infância. A mulher se incharia com a notícia. Talvez não
se inchasse. Era atilada, notaria a pabulagem. Pois
estava acabado. O dinheiro fugira do bolso do gibão, na
venda de seu Inácio. Natural.
(...)
Afinal para que serviam os soldados amarelos? Deu um
pontapé na parede, gritou enfurecido. Para que serviam
os soldados amarelos? Os outros presos remexeram-se, o carcereiro chegou à grade, e Fabiano acalmou-se: - Bem, bem. Não há nada não.
(...)
Fabiano gritou, assustando o bêbedo, os tipos que
abanavam o fogo, o carcereiro e a mulher que se
queixava das pulgas. Tinha aqueles cambões
pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastálos? Sinhá Vitória dormia mal na cama de varas. Os
meninos eram uns brutos, como o pai. Quando
crescessem, guardariam as reses de um patrão
invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por
um soldado amarelo.
- Arreda!
Ramos, G. Vidas Secas. Record. 199ª ed. Edição
original de 1938.
Assinale a única alternativa em que houve erro de
regência, nominal ou verbal.
Ano: 2023
Banca:
EPL
Órgão:
Prefeitura de Santa Rita - PB
Provas:
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Assistente Administrativo
|
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal Ambiental |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Municipal de Trânsito |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico em Edificações |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Topógrafo |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico Municipal de Controle Interno |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Administrativo Previdenciário |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal/Inspetor de Obras |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico de Raio-X para Odontologia |
Q2295276
Português
Texto associado
Texto 1
Vidas Secas
Graciliano Ramos
Capítulo III – Cadeia (fragmento)
Fabiano tinha ido à feira da cidade comprar
mantimentos. Precisava sal, farinha, feijão e rapaduras.
Sinhá Vitória pedira além disso uma garrafa de
querosene e um corte de chita vermelha. Mas o
querosene de seu Inácio estava misturado com água, e
a chita da amostra era cara demais.
Fabiano percorreu as lojas, escolhendo o pano
regateando um tostão em côvado, receoso de ser
enganado. Andava irresoluto, uma longa desconfiança
dava-lhe gestos oblíquos. A tarde puxou o dinheiro,
meio tentado, e logo se arrependeu, certo de que todos
os caixeiros furtavam no preço e na medida: amarrou
as notas na ponta do lenço, meteu-as na algibeira,
dirigiu-se à bodega de seu Inácio, onde guardara os
picuás.
Aí certificou-se novamente de que o querosene estava
batizado e decidiu beber uma pinga, pois sentia calor.
Seu Inácio trouxe a garrafa de aguardente. Fabiano
virou o copo de um trago, cuspiu, limpou os beiços à
manga, contraiu o rosto. Ia jurar que a cachaça tinha
água. Por que seria que seu Inácio botava água em
tudo? perguntou mentalmente. Animou-se e interrogou
o bodegueiro: - Por que é que vossemecê bota água
em tudo?
Seu Inácio fingiu não ouvir. E Fabiano foi sentar-se na
calçada, resolvido a conversar. O vocabulário dele era
pequeno, mas em horas de comunicabilidade
enriquecia-se com algumas expressões de seu Tomás
da bolandeira. Pobre de seu Tomás. Um homem tão
direito sumir-se como cambembe, andar por este
mundo de trouxa nas costas. Seu Tomás era pessoa de
consideração e votava. Quem diria?
Nesse ponto um soldado amarelo aproximou-se e
bateu familiarmente no ombro de Fabiano: - Como é,
camarada? Vamos jogar um trinta-e-um lá dentro?
Fabiano atentou na farda com respeito e gaguejou,
procurando as palavras de seu Tomás da bolandeira: -
Isto é. Vamos e não vamos. Quer dizer Enfim, contanto,
etc. É conforme.
Levantou-se e caminhou atrás do amarelo, que era
autoridade e mandava. Fabiano sempre havia
obedecido. Tinha muque e substância, mas pensava
pouco, desejava pouco e obedecia.
Atravessaram a bodega, a corredor, desembocaram
numa sala onde vários tipos jogavam cartas em cima
de uma esteira.
(...)
Fabiano, as orelhas ardendo, não se virou. Foi pedir a
seu Inácio os troços que ele havia guardado, vestiu o
gibão, passou as correias dos alforjes no ombro,
ganhou a rua.
Debaixo do jatobá do quadro taramelou com Sinhá Rita
louceira, sem se atrever a voltar para casa. Que
desculpa iria apresentar a Sinhá Vitória? Forjava uma
explicação difícil. Perdera o embrulho da fazenda,
pagara na botica uma garrafada para Sinhá Rita
louceira. Atrapalhava-se tinha imaginação fraca e não
sabia mentir. Nas invenções com que pretendia
justificar-se a figura de Sinhá Rita aparecia sempre, e
isto o desgostava. Arruinaria uma história sem ela, diria
que haviam furtado o cobre da chita. Pois não era? Os
parceiros o tinham pelado no trinta-e-um. Mas não
devia mencionar o jogo. Contaria simplesmente que o
lenço das notas ficara no bolso do gibão e levara
sumiço. Falaria assim: - "Comprei os mantimentos.
Botei o gibão e os alforjes na bodega de seu Inácio.
Encontrei um soldado amarelo" Não, não encontrara
ninguém. Atrapalhava-se de novo. Sentia desejo de
referir-se ao soldado, um conhecido velho, amigo de
infância. A mulher se incharia com a notícia. Talvez não
se inchasse. Era atilada, notaria a pabulagem. Pois
estava acabado. O dinheiro fugira do bolso do gibão, na
venda de seu Inácio. Natural.
(...)
Afinal para que serviam os soldados amarelos? Deu um
pontapé na parede, gritou enfurecido. Para que serviam
os soldados amarelos? Os outros presos remexeram-se, o carcereiro chegou à grade, e Fabiano acalmou-se: - Bem, bem. Não há nada não.
(...)
Fabiano gritou, assustando o bêbedo, os tipos que
abanavam o fogo, o carcereiro e a mulher que se
queixava das pulgas. Tinha aqueles cambões
pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastálos? Sinhá Vitória dormia mal na cama de varas. Os
meninos eram uns brutos, como o pai. Quando
crescessem, guardariam as reses de um patrão
invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por
um soldado amarelo.
- Arreda!
Ramos, G. Vidas Secas. Record. 199ª ed. Edição
original de 1938.
Assinale a única alternativa em que todas as
palavras foram grafadas de acordo com as normas
gramaticais da Língua Portuguesa.
Ano: 2023
Banca:
EPL
Órgão:
Prefeitura de Santa Rita - PB
Provas:
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Assistente Administrativo
|
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal Ambiental |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Municipal de Trânsito |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico em Edificações |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Topógrafo |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico Municipal de Controle Interno |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Administrativo Previdenciário |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal/Inspetor de Obras |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico de Raio-X para Odontologia |
Q2295277
Matemática
Seja
a matriz de ordem 2. Para
quais valores de x, M não admite inversa?
![Imagem associada para resolução da questão](https://qcon-assets-production.s3.amazonaws.com/images/provas/98970/q11.jpg)
Ano: 2023
Banca:
EPL
Órgão:
Prefeitura de Santa Rita - PB
Provas:
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Assistente Administrativo
|
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal Ambiental |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Municipal de Trânsito |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico em Edificações |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Topógrafo |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico Municipal de Controle Interno |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Administrativo Previdenciário |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal/Inspetor de Obras |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico de Raio-X para Odontologia |
Q2295278
Matemática
Uma editora empacotou um total de 108 livros,
sendo 84 livros de Clarice Lispector e os demais de
Maria Firmina dos Reis. Os pacotes obtidos eram de tal
modo que o número de livros, de cada autora, em cada
pacote era igual em todos os pacotes. Considerando a
situação descrita, assinale a alternativa correta.
Ano: 2023
Banca:
EPL
Órgão:
Prefeitura de Santa Rita - PB
Provas:
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Assistente Administrativo
|
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal Ambiental |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Municipal de Trânsito |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico em Edificações |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Topógrafo |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico Municipal de Controle Interno |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Administrativo Previdenciário |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal/Inspetor de Obras |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico de Raio-X para Odontologia |
Q2295279
Matemática
O conjunto solução do sistema de equações
é formado por dois números naturais tal
que o maior desses números supera o menor desses
número em
![Imagem associada para resolução da questão](https://qcon-assets-production.s3.amazonaws.com/images/provas/98970/q13.jpg)
Ano: 2023
Banca:
EPL
Órgão:
Prefeitura de Santa Rita - PB
Provas:
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Assistente Administrativo
|
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal Ambiental |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Municipal de Trânsito |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico em Edificações |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Topógrafo |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico Municipal de Controle Interno |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Administrativo Previdenciário |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal/Inspetor de Obras |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico de Raio-X para Odontologia |
Q2295280
Matemática
Qual a forma trigonométrica do número complexo
z = √3 + i?
Ano: 2023
Banca:
EPL
Órgão:
Prefeitura de Santa Rita - PB
Provas:
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Assistente Administrativo
|
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal Ambiental |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Municipal de Trânsito |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico em Edificações |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Topógrafo |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico Municipal de Controle Interno |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Administrativo Previdenciário |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal/Inspetor de Obras |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico de Raio-X para Odontologia |
Q2295281
Matemática
Qual o valor da expressão 7×9−32+22÷2 /log2 4
?
Ano: 2023
Banca:
EPL
Órgão:
Prefeitura de Santa Rita - PB
Provas:
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Assistente Administrativo
|
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal Ambiental |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Municipal de Trânsito |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico em Edificações |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Topógrafo |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico Municipal de Controle Interno |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Administrativo Previdenciário |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal/Inspetor de Obras |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico de Raio-X para Odontologia |
Q2295282
Matemática
Seja f: ℝ → ℝ a função definida por f(x) = ax+ b.
Sabe-se que os pontos P(3,1) e Q(8,2) pertencem ao
gráfico de f. Nessas condições, qual o valor de x para
que f(x) = 0?
Ano: 2023
Banca:
EPL
Órgão:
Prefeitura de Santa Rita - PB
Provas:
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Assistente Administrativo
|
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal Ambiental |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Municipal de Trânsito |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico em Edificações |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Topógrafo |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico Municipal de Controle Interno |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Administrativo Previdenciário |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal/Inspetor de Obras |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico de Raio-X para Odontologia |
Q2295283
Matemática
Qual a equação da reta s que passa pelo P(0,-2) e
forma um ângulo de 45° com o eixo das abcissas?
Ano: 2023
Banca:
EPL
Órgão:
Prefeitura de Santa Rita - PB
Provas:
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Assistente Administrativo
|
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal Ambiental |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Municipal de Trânsito |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico em Edificações |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Topógrafo |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico Municipal de Controle Interno |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Administrativo Previdenciário |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal/Inspetor de Obras |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico de Raio-X para Odontologia |
Q2295284
Matemática
A senha de wifi para os clientes do Café
Matemático é CUBOXY, em que X e Y são dois
números naturais tal que:
X: é a terça parte do número de anagramas da palavra RITA. Y: é a metade do número de anagramas da palavra COPO.
Nessas condições, assinale a alternativa que corresponda a essa senha de wifi.
X: é a terça parte do número de anagramas da palavra RITA. Y: é a metade do número de anagramas da palavra COPO.
Nessas condições, assinale a alternativa que corresponda a essa senha de wifi.
Ano: 2023
Banca:
EPL
Órgão:
Prefeitura de Santa Rita - PB
Provas:
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Assistente Administrativo
|
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal Ambiental |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Municipal de Trânsito |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico em Edificações |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Topógrafo |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico Municipal de Controle Interno |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Administrativo Previdenciário |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal/Inspetor de Obras |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico de Raio-X para Odontologia |
Q2295285
Matemática
Em uma progressão geométrica, o quinto e o oitavo
termos são 24 e 3, respectivamente. Qual o valor do
terceiro termo?
Ano: 2023
Banca:
EPL
Órgão:
Prefeitura de Santa Rita - PB
Provas:
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Assistente Administrativo
|
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal Ambiental |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Municipal de Trânsito |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico em Edificações |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Topógrafo |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico Municipal de Controle Interno |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Agente Administrativo Previdenciário |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Fiscal/Inspetor de Obras |
EPL - 2023 - Prefeitura de Santa Rita - PB - Técnico de Raio-X para Odontologia |
Q2295286
Matemática
A média aritmética formada por uma lista de 13
números é igual a 19. Acrescentando outros dois
números à essa lista, a média aritmética é aumentada
em duas unidades. Nessas condições, qual o valor da
soma dos números acrescentados a lista?