Uso excessivo de redes sociais pode levar a
uma realidade ficcional
Kayña de Oliveira
O Instagram é uma das maiores plataformas de
mídias sociais do mundo. Os jovens são os que mais
utilizam. Segundo dados da Pew Research Center,
64% das pessoas entre 18 e 29 anos possuem um
perfil na rede. São mais de 1 bilhão de usuários
ativos por mês. Apesar da popularidade, o Instagram
foi eleito a rede social mais tóxica para a saúde
mental de seus usuários. É o que diz o estudo
realizado em 2017 pela entidade de saúde pública
do Reino Unido. Entre os principais problemas
relatados no estudo pelos usuários estão ansiedade,
depressão, solidão, baixa qualidade de sono,
autoestima e dificuldade de relacionamento fora das
redes.
A professora Henriette Tognetti Penha Morato, do
Departamento de Psicologia da Aprendizagem da
USP, informa que o uso intenso das redes sociais
suga os usuários e leva a uma elaboração ficcional
da realidade. Nas redes, as pessoas buscam alterar
virtualmente o que não consideram satisfatório na
vida real: “Cada um tenta dizer as coisas da maneira
como vê e às vezes provoca para ver como é que
vão reagir. É uma distorção criada para modificar a
própria realidade com a qual não se está satisfeito
ou criada para provocar alguma coisa”. Conforme
Henriette, para manter a saúde mental, é importante
não se restringir ao mundo on-line e observar as
possibilidades que existem na vida real.
O psiquiatra Cristiano Nabuco, coordenador do
grupo de Dependências Tecnológicas do Instituto de
Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, informa
que, quanto mais se busca a perfeição nas redes
sociais e se negligencia a vida real, mais infeliz o
usuário pode se sentir. “85% de todas as fotografias
que são postadas são editadas. Isso é um problema,
porque se desenvolve uma autoestima virtual e não
pessoal, e quanto mais o indivíduo busca se
equiparar a essa vida paralela, mais infeliz ele vai se
sentir na vida real.”
Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/uso-excessivo-das-redes- sociais-pode-levar-a-uma-elaboracao-ficcional-da-realidade/. Acesso 10 set.
2023. Com alterações.