Julho é o mês mais quente registrado nos
últimos 120 mil anos do planeta Terra, diz
relatório
Enquanto vastas áreas de três continentes
assam sob temperaturas escaldantes e
os oceanos esquentam a níveis sem
precedentes, cientistas de duas autoridades
climáticas globais estão relatando antes mesmo
do final de julho que este mês será o mais quente
já registrado no planeta.
O calor em julho já foi tão extremo que é
“praticamente certo” que este mês baterá
recordes “por uma margem significativa”,
disseram o Serviço de Mudanças Climáticas
Copernicus da União Europeia (UE) e
a Organização Meteorológica Mundial (OMM) em
um relatório publicado nesta quinta-feira (27).
Acabamos de passar pelo período de três
semanas mais quente já registrado – e quase
certamente em mais de cem mil anos.
Normalmente, esses recordes, que rastreiam a
temperatura média do ar em todo o mundo, são
quebrados por centésimos de grau. Mas a
temperatura média nos primeiros 23 dias de julho
foi de 16,95 °C, bem acima do recorde anterior de
16,63 °C estabelecido em julho de 2019, segundo
o relatório.
Os dados usados para rastrear esses
registros remontam a 1940, mas muitos cientistas
– incluindo os da Copernicus – dizem que é
quase certo que essas temperaturas são as mais
quentes que o planeta já viu em 120.000
anos, dado o que sabemos de milênios de dados
climáticos extraídos de anéis de árvores, recifes
de coral e núcleos de sedimentos do fundo do
mar. “Estas são as temperaturas mais altas da
história da humanidade”, disse Samantha
Burgess, vice-diretora da Copernicus. Tudo isso
resulta em um verão intenso no Hemisfério Norte
– potencialmente sem precedentes. “As
probabilidades estão certamente a favor de um
verão recorde”, disse Carlo Buontempo, diretor
da Copernicus, embora tenha alertado que é
muito cedo para afirmar isso com confiança.
O custo humano do calor é gritante. Como
as temperaturas subiram acima de 50 °C em
partes dos EUA, as mortes relacionadas ao
calor aumentaram e as pessoas estão
sofrendo queimaduras com risco de vida por cair
em solo escaldante. No Mediterrâneo, mais de 40
pessoas morreram devido aos incêndios florestais
que se espalham pela região, alimentados por
altas temperaturas. Na Ásia, ondas de calor
intensas e prolongadas estão ceifando vidas e ameaçando a segurança alimentar.
A mudança climática causada pelo
homem é o principal fator desse calor
extraordinário, disse Burgess. “A temperatura
global do ar é diretamente proporcional à
concentração de gases de efeito estufa na
atmosfera.” Um estudo recente descobriu que a
mudança climática desempenhou um papel
“absolutamente esmagador” nas ondas de calor
nos EUA, China e sul da Europa neste verão.
A chegada do El Niño, uma flutuação
natural do clima com impacto no aquecimento,
não teve grande impacto nas temperaturas, pois
ainda está em fase de desenvolvimento, disse
Burgess, mas terá um papel muito mais
importante no próximo ano, acrescentou, e
provavelmente elevará as temperaturas ainda
mais.
A notícia de que julho será o mês mais
quente chega em meio a uma série de recordes
alarmantes que já foram quebrados – e depois
quebrados novamente – neste verão. O mês
passado foi o junho mais quente já registrado por
uma “margem substancial”, de acordo com a
Copérnico. Então, em julho, o mundo
experimentou seu dia mais quente já
registrado. Em 6 de julho, a temperatura média
global subiu para 17,08 °C, de acordo com dados
do Copernicus, superando o recorde anterior de
temperatura de 16,8 °C, estabelecido em agosto
de 2016. Todos os dias desde 3 de julho foram
mais quentes do que o recorde de 2016.
Fonte: Julho é o mês mais quente registrado nos últimos 120 mil
anos do planeta Terra, diz relatório (cnnbrasil.com.br)