Questões de Concurso Público FMSFI - PR 2015 para Psicólogo
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O LUTADOR
Carlos Drummond de Andrade
Lutar com palavras
é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
Algumas, tão fortes
como o javali.
Não me julgo louco.
Se o fosse, teria
poder de encantá-las.
Mas lúcido e frio,
apareço e tento
apanhar algumas
para meu sustento
num dia de vida.
Deixam-se enlaçar,
tontas à carícia
e súbito fogem
e não há ameaça
e nem 3 há sevícia
que as traga de novo
ao centro da praça.
Insisto, solerte.
Busco persuadi-las.
Ser-lhes-ei escravo
de rara humildade.
(...)
(Carlos Drummond de Andrade. O Lutador. In: Reunião. Rio de Janeiro: José Olympio, 1969, p. 67)
GUARDADOR DE REBANHOS IX
Fernando Pessoa
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.
(Fernando Pessoa. Obra Poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1984)
Julgue as assertivas:
I. O poema valoriza o subjetivismo, a busca pela compreensão do mundo através da introspecção, da
meditação, por isso afirma: “E os meus pensamentos são todos sensações”.
II. O “eu poético” exalta a experiência, valoriza a objetividade, por isso diz: “Pensar uma flor é vê-la e cheirá-
la”.
III. O poema demonstra o que poderia ser uma vida simples, sem anseios e preocupações complexas, para
a qual, o prazer de deitar no campo e sentir a natureza à sua volta retrata a felicidade.
IV. O “eu lírico”, na verdade, é infeliz, pois, mesmo usufruindo um belo dia de calor, declara: “me sinto triste
de gozá-lo tanto”
Estão corretas:
EU SOU “NORMAL”
Se você perguntasse a um jovem dos anos 80 a que tribo ele pertencia, as respostas seriam múltiplas. Ele poderia ser punk, metaleiro, dark, New wave, careta, rockabilly. Um punk tratava um rockabilly comoum Montecchio a um Capulleto em Romeu e Julieta: com desdém raiva e sopapos. Não é à toa que ospsicólogos passaram anos teorizando sobre a turma como a “segunda família”. Era em relação a ela quehavia códigos de honra. Era por ela que se combatia e brigava.
A instituição da “turma” substituta da “família” mereceu os primeiros estudos nos anos 50. Naquela época,ficou popular o musical West Side Story uma versão de Romeu e Julieta que, em vez de Montecchios e Capulettos, opunha as tribos dos “Jets” e dois “Sharks”.
Esse quadro mudou na virada para o século 21.
Pergunte a um adolescente dos dias de hoje a que tribo ele pertence. Há 99% de chance de que eleresponda: “Eu sou normal”. E o que significa ser normal? Não ter tribo? Nada disso. “Normal” é aquele quetransita livremente por diferentes turmas. O que é surfista de dia e pagodeiro de noite, por exemplo. Ou amenina que é nerd no colégio, patricinha no Shopping, mas namora um metaleiro – e frequenta festas deRock pesado com ele. Nos anos 80, uma patricinha (na época elas eram chamadas “burguesinhas”) sofreriagozações num reduto hardcore. Atualmente, a resistência é bem menor.
Vive-se hoje a “era do camaleão”. Há várias explicações para o fenômeno. A primeira é que o significadodas tribos se diluiu. No começo dos anos 80, ser punk era admirar um movimento de jovens inglesesdesempregados com plataforma definida. Hoje, dessa tendência, restaram os cabelos com corte moicano eas braçadeiras de couro. Em vez de ideologia, há acessórios. E diversão. A maior parte das tribos, nos diasde hoje se agrupa em torno de atividades de lazer. Que pode ser esportivo (surfistas e skatistas), cultural(pagodeiros, roqueiros, alternativos que gostam de MPB) ou relativo à vida noturna (clubbers e darks).
Por isso não faz sentido brigar. Por que combater alguém que apenas se diverte de forma diferente? Melhoré ficar amigo, para aproveitar diferentes tipos de programas. “Os adolescentes perceberam que não fazsentido se estapear por uma identidade transitória”, defende o psicanalista e escritor italiano ContardoCalligaris. Entre os mais velhos, que viveram tempos mais radicais, há quem veja nessa mudança constanteum lado negativo, um reflexo da superficialidade dos dias atuais. Na verdade, o exercício da tolerância éuma conquista da geração de hoje. (...)
QUADRILHA
Carlos Drummond de Andrade
João amava Tereza que amava Raimundo
Que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
Que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Tereza para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou-se com J. Pinto Fernandes
Que não tinha entrado na história.
(Carlos Drummond de Andrade. Reunião. 10ª Ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1980. p. 19)
(Campanha de prevenção de doenças venosas e arteriais – SBACVSP)
Analisando o texto acima, se pode afirmar que:
I. No texto predominam elementos instrucionais.
II. No texto predominam elementos descritivos.
III. Deve ser classificado como texto do tipo dissertativo.
IV. Se trata de um gênero textual com características semelhantes a um manual de instruções.
Assinale a alternativa correta:
A HORA DA GERAÇÃO DIGITAL
“O impacto das redes sociais nos hábitos de consumo da Geração Internet é imenso e já perceptível. O poder da internet para descentralizar o conhecimento acarretou um profundo deslocamento de poder dos produtores para os consumidores. Os jovens da Geração Internet têm mais acesso a informações sobre produtos e serviços e podem discernir o valor real com mais facilidade do que as gerações anteriores. Mais do que nunca, as empresas precisam, para competir no mercado, de produtos realmente diferenciados, de um serviço melhor ou de um custo mais baixo, pois as deficiências de valor não podem ser escondidas com tanta facilidade. O valor real é evidenciado como nunca. A influência também está sendo descentralizada à medida que a Geração Internet se manifesta a partir das trincheiras modernas, também conhecidas como blogs. Blogs e outras mídias geradas por consumidores estão alterando as fontes de poder e de autoridade em nossa sociedade. Algumas dessas fontes têm uma capacidade surpreendente de influência, afastando a balança de poder de fontes mais tradicionais e reconhecidas. As empresas inteligentes entendem esse deslocamento de poder e o adotam”.
(Don Tapscott. A hora da geração digital: como os jovens que cresceram usando a internet estão mudando tudo, das empresas aos governos. p. 235. Editora Agir: São Paulo, 2010)
Cássia, Paula e Ana, são casadas com Tiago, Pedro e João, mas não sabemos quem é casado com quem. Elas trabalham com estética, aviação e estilismo e moda, e também não sabemos o que fazem cada uma delas. Descubra o nome do marido e a profissão de Cássia.
I.A estilista é casada com João
II. Ana é aviadora
III. Pedro não é casado com Ana
IV. Paula não é estilista
Hobsbawm refere no texto ao contexto da
(BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 17ª edição. São Paulo: Malheiros Editores, 2010, p. 286)
Sobre a democracia, é correto afirmar:
Em relação à história da psicologia, podemos dizer, por enquanto, que ela cresce enquanto ciência quando reconhece seu objeto de estudo, ou seja, o homem inserido na sociedade em todos os seus vieses. Isto é, a psicologia só ganha espaço no rol das ciências quando se tem o reconhecimento da experiência privatizada, bem como o reconhecimento da experiência da crise da subjetividade (Figueiredo, 1991). Ainda, é quando a doutrina liberal afirma a individualidade, liberdade e igualdade dos homens que se dá o reconhecimento daquela subjetividade. Entretanto, o próprio indivíduo percebe que estes princípios são mera ilusão, ocasionando assim a crise da subjetividade, que requer solução.
Embora a psicologia científica tenha nascido na Alemanha, foi nos Estados Unidos que ela encontrou campo para um rápido crescimento, surgindo as primeiras abordagens ou escolas em psicologia, dando origem as inúmeras teorias que existem atualmente. Assinale a (s) alternativa (s) correta (s):
I- O Behaviorismo, a Gestalt e Psicanálise são considerados as principais tendências teóricas deste século.
II- O Estruturalismo e o Funcionalismo estão preocupados com a compreensão do mesmo fenômeno: “a
consciência”, embora o fundador do Estruturalismo Edward Titchener se preocupará especificamente com
os aspectos estruturais da consciência.
III- O Associalismo criado por William James em seu postulado teórico preocupa-se em responder “o que
fazem os homens” e “por que o fazem” elegendo a consciência como centro de suas preocupações.
IV- A Gestalt tem seu berço na Europa e surge como uma negação da fragmentação das ações e processos
humanos, realizada pelas tendências da Psicologia do século 19.
A ausência de continuidade das representações no mundo interno cria uma contradição observada por Kant (1773):
Ter representações, e, contudo, não ser consciente delas, nisso parece haver uma contradição, pois, como podemos saber que as temos se delas não somos conscientes? Essa objeção já a fez Locke, que também por isso rejeitou a existência de semelhante espécie de representações. No entanto, podemos ser mediatamente conscientes de ter uma representação, mesmo que não sejamos imediatamente conscientes dela. Tais representações se chamam então obscuras, as restantes são claras, e se a sua claridade se estende às representações parciais de um todo delas e à sua ligação, são representações distintas do pensar ou da intuição. (p. 35). Berlinck, Tosta Manoel.
Acerca do tema Psicopatologia e seu método clínico é incorreto dizer que:
Em se tratando das principais Escolas e teorias ligadas à Psicologia, podemos afirmar:
I- A fenomenologia proposta por Jacques Rousseau exclui a consciência como característica da natureza
humana. A negação da consciência tem uma intencionalidade, ela está orientada para as coisas, está toda
nesta orientação, pois nem sempre existe “consciência de algo” (Scherer, 1981).
II- Behaviorismo: Entende por comportamento as relações do organismo com o ambiente. O ambiente em
que se encontra o homem determina e constroem as características que serão particulares de cada um (
Kahhale et al; 2002:97- 98).
III- A Psicanálise, com Sigmund Freud, propôs o inconsciente como objeto de estudo da psicologia. A obra
de Freud opõe-se ao empirismo pela impossibilidade de retirar o inconsciente de seu lócus ou mesmo limitá-
lo em suas relações, a fim de efetuar uma observação segundo os critérios mais rígidos e seguros de uma
metodologia científica empirista (Rosa et al; 2002).
IV - A Gestalt Defende que a percepção é o primeiro dado da consciência, a qual vai além dos elementos
sensoriais. Nesse sentido, o todo é distinto da soma das partes. O todo apresenta uma qualidade nova e
própria.
II - A assistência psicológica às pessoas vivendo com HIV, parceiros (as) e familiares tem como base os referenciais teórico-técnicos da Psicologia e são de âmbito individual, de casal, familiar e grupal.
III – Os (as) psicólogos (as) desenvolvem diversas ações em grupos, voltadas para questões específicas relacionadas às DST e ao HIV e AIDS; estes têm objetivos específicos, tal como prevenção e adesão. De tal forma, um (a) mesmo (a) psicólogo (a) realiza mais de um tipo de grupo/oficina no dia a dia.
IV – Positivamente são poucos os desafios que estão relacionados à preparação do profissional psicólogo para atuação neste campo, entendida como formação e atualização na área, pois existem amplas capacitações no campo das DST/AIDS e estas são oferecidas pelos serviços e contempladas dentro das diretrizes das políticas públicas.
II – Na aprendizagem Significativa processa-se um novo conteúdo, através de ideias e informações e relacionam-se conceitos relevantes, claros e disponíveis na estrutura cognitiva.
III – Os psicólogos dentro da área educacional desenvolvem seus trabalhos de modo individualizado e autônomo, focado na área clínica e nas dificuldades pessoais do educando.
IV- O desenvolvimento e aprendizagem são dois processos que se inter-relacionam, pois o desenvolvimento é visto como um processo mediado, ou seja, as mudanças que ocorrem ao longo da vida estão marcadas pela interação que as pessoas estabelecem com seu meio social e cultural.