Os riscos dos ultraprocessados
Devido às grandes quantidades de ingredientes como sal, açúcar, gorduras e ingredientes de uso industrial
(corantes, aromatizantes, etc.), alimentos ultraprocessados são nutricionalmente desbalanceados.
Segundo o coordenador do Nupens (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da
Universidade de São Paulo), Carlos Augusto Monteiro, na última década, diversos estudos epidemiológicos
mostraram que o consumo desses produtos causa deterioração generalizada na qualidade da dieta e o aumento
sistemático do risco de diabetes, obesidade, doenças cardiovasculares, alguns tipos de câncer, depressão,
doenças gastrointestinais, doenças renais, entre outras doenças crônicas. “Além disso, esses alimentos
enfraquecem padrões e culturas alimentares saudáveis, visto que substituem preparações culinárias, e
comprometem o meio ambiente e a biodiversidade”, afirma o especialista.
Outro problema apontado pelo Guia Alimentar para a População Brasileira é justamente o da substituição:
a grande maioria dos ultraprocessados é consumida, em geral, substituindo alimentos como frutas, leite ou
água, e nas refeições principais, no lugar de comida caseira. Portanto, os alimentos ultraprocessados tendem
a limitar o consumo de alimentos in natura ou minimamente processados que, por sua vez, são a base de uma
alimentação balanceada.
A recomendação do Guia é que os ingredientes culinários (óleos, gorduras, sal e açúcar) sejam usados em
pequenas quantidades para preparações culinárias; já os alimentos processados devem ser consumidos com
moderação, enquanto os ultraprocessados devem ser evitados.
“Não existe um nível seguro para o consumo de ultraprocessados. Em geral, esses alimentos são feitos
para que sejam consumidos em excesso. Na epidemiologia nutricional, desponta uma área de pesquisa que
investiga a relação entre ultraprocessados e vício. Alguns artifícios, como o estabelecimento de quantidades
específicas de sal, gordura e açúcar, são utilizados pela indústria de alimentos para gerar o que chamamos de
“hiperpalatabilidade” – um sabor extremamente agradável, que não é encontrado na natureza. Isso pode,
inclusive, impactar nossos sistemas cerebrais de recompensa. Por isso, a recomendação do Guia Alimentar
para a População Brasileira é evitar o consumo desses alimentos”.
“Não temos uma quantidade exata recomendada, mas a orientação é que os processados não substituam
refeições como almoço e jantar. Já o ultraprocessado deve aparecer de maneira bem pontual na alimentação”,
afirma a nutricionista Joseane Bessa.
(Texto adaptado. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/alimentacao/entenda-o-perigo-de-consumir-alimentosultraprocessados)