A Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, voltou
para as capas de jornais, devido ao desmatamento na região,
que chegou a diminuir nos últimos anos, mas voltou a crescer.
Segundo o índice do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), 25.500 quilômetros quadrados de floresta sumiram em
2002, valor 40% maior do que em 2001. É mais do que a área
de Sergipe. O índice é preliminar, mas poucos duvidam de que
seja próximo do verdadeiro. O temor é que o quadro piore ainda
mais em 2004.
Toda vez que o índice de desmatamento cresce, o
governo e as Organizações não governamentais procuram um
bode expiatório. São grileiros, que tentam apropriar-se de terras
sobre as quais não têm direito. São madeireiros, que vão cada
vez mais longe para buscar madeira, muitas vezes em terras
griladas. Quando estes saem, chegam os pecuaristas, que
usam grandes extensões para criar gado. Atualmente, começa
a preocupar a expansão da soja, que já mudou a paisagem do
cerrado matogrossense e ameaça a Amazônia. Ao lado desses
poderosos, pequenos agricultores e assentados também
aumentam o problema queimando a roça, muitas vezes sem
controle. Junta-se a isso a falta de uma estrutura para
fiscalização. Há um consenso de que não existe uma solução
única para evitar o fim da floresta. Há, sim, como se antecipar a
alguns problemas e incentivar iniciativas menos destrutivas,
como o manejo da floresta para retirar madeira ou a exploração
sustentável de produtos por ribeirinhos e índios. Enquanto isso,
o governo tenta apagar a fogueira do momento. Foram
anunciados 20 milhões de reais para fiscalização e, a partir de
agora, qualquer decisão na região precisará do aval de
ambientalistas do governo.
(Superinteressante, Agosto 2003, p. 24)