Questões de Concurso Público TRT - 4ª REGIÃO (RS) 2011 para Técnico Judiciário - Segurança
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Quando dizemos que alguém está muito seguro de si,
estamos nos referindo à sua invejável estabilidade psicológica,
ou ao seu equilíbrio emocional, ou à convicção que tem acerca
de suas ideias. Ao comprar um carro, somos aconselhados
(quando não compelidos) a fazer um seguro. E nunca faltará
quem nos lembre que é preciso dirigir com segurança. Travar as
portas e manter os vidros fechados também ajuda a nos sentir
mais seguros.
Todas essas acepções de segurança estão na ordem do
dia, numa época em que os cidadãos se sentem mais e mais
ameaçados. Em outros tempos, a questão da segurança pouco
surgia em discursos de candidatos políticos, e não era tomada
como uma das prioridades na pauta dos desafios nacionais, ao
lado da educação e da saúde. Mas desde que as mais variadas
formas de violência urbana passaram a se multiplicar, adqui-
rindo proporções jamais vistas, o direito à segurança foi para o
centro das preocupações dos governantes.
O grande dilema que costuma acompanhar as medidas
que visam a garantir um patamar mínimo de segurança para os
indivíduos está em que essa busca de garantia implica algumas
restrições à liberdade individual: portas eletrônicas e câmeras
diuturnamente vigilantes, por exemplo, representam um tipo de
controle que muitos julgam abusivo, por ferir a privacidade do
cidadão. O contra-argumento não tarda: “há pior invasão de
privacidade que um assalto ou sequestro?" O fato é que as
normas de segurança estão cada vez mais rigorosas, e há cada
vez menos pessoas que se insurgem contra elas. Somos obri-
gados a reconhecer que os indiscutíveis avanços da ciência e
da tecnologia não estão sendo acompanhados de correspon-
dente aperfeiçoamento do convívio social. Sentir-se seguro con-
tinua sendo um direito de todos, mas é sintomático que hoje
esse sentimento já esteja identificado como uma das metas da
administração pública em todos os seus níveis.
(Tarcísio do Amaral, inédito)
É famosa – ou não tão famosa, pois não me lembro do
autor – a história da mulher que se queixava de um dia particu-
larmente agitado nas redondezas da sua casa e do que o movi-
mento constante de cavaleiros e carroças fizera à sua roupa es-
tendida para secar, sem saber que estava falando da batalha de
Waterloo*, que mudaria a história da Europa. Contam que fa-
mílias inteiras da sociedade de Washington pegaram suas ces-
tas para piquenique e foram, de carruagem, assistir à primeira
batalha da Guerra Civil americana, em Richmond, e não tiveram
baixas. A Primeira Grande Guerra, ou a primeira guerra moder-
na, mutilou uma geração inteira, mas uma geração de homens
em uniforme de combate. Mulheres e crianças foram poupadas.
Só 5 por cento das mortes na Primeira Guerra foram de civis.
Na Segunda Guerra Mundial, a proporção foi de 65 por cento.
Os estragos colaterais da Segunda Guerra se deveram
ao crescimento simultâneo de duas técnicas mortais, a do bom-
bardeio aéreo e a da guerra psicológica. Bombardear popula-
ções civis foi adotado como uma “legítima” tática militar, para
atingir o moral do inimigo. Os alemães é que começaram, com
seus ataques aéreos sobre Londres, que tinha importância
simbólica como coração da Inglaterra, mas nenhuma importân-
cia estratégica. Mas ingleses e americanos também se dedi-
caram com entusiasmo ao bombardeio indiscriminado, como o
que provocou a tempestade de fogo que arrasou a cidade de
Dresden**, por nenhuma razão defensável salvo a do terror. E
os “estragos colaterais” chegaram à sua apoteose tétrica, claro,
em Hiroshima e Nagasaki***.
* Batalha de Waterloo = Histórica batalha em 1815, entre as forças
britânicas e as de Napoleão Bonaparte, da qual os franceses saíram
derrotados.
** Dresden = Cidade da Alemanha, capital do estado da Saxônia.
*** Hiroshima e Nagasaki = Cidades japonesas dizimadas por bombas
atômicas em1945.
(Luis Fernando Veríssimo. O mundo é bárbaro. Rio de Ja-
neiro: Objetiva, 2008, p. 123-124)