Questões de Concurso Público TRT - 11ª Região (AM e RR) 2012 para Analista Judiciário - Tecnologia da Informação
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I. Ao dizer, no primeiro parágrafo, que a fotografia congela o tempo, o autor defende a ideia de que a realidade apreendida numa foto já não pertence a tempo algum.
II. No segundo parágrafo, a menção ao ditado sobre o albergue espanhol tem por finalidade sugerir que o olhar do observador não interfere no sentido próprio e particular de uma foto.
III. Um fotógrafo profissional, conforme sugere o terceiro parágrafo, vê não apenas uma foto, mas os recursos de uma linguagem específica nela fixados.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma SOMENTE em
Da afirmação acima é coerente deduzir esta outra:
Mantém-se adequada correlação entre tempos e modos verbais com a substituição das formas sublinhadas no trecho acima, na ordem dada, por:
Toda fotografia é um portal aberto para outra dimensão:
o passado. A câmara fotográfica é uma verdadeira máquina do
tempo, transformando o que é naquilo que já não é mais, porque
o que temos diante dos olhos é transmudado imediatamente
em passado no momento do clique. Costumamos dizer
que a fotografia congela o tempo, preservando um momento
passageiro para toda a eternidade, e isso não deixa de ser
verdade. Todavia, existe algo que descongela essa imagem:
nosso olhar. Em francês, imagem e magia contêm as mesmas
cinco letras: image e magie. Toda imagem é magia, e nosso
olhar é a varinha de condão que descongela o instante aprisionado
nas geleiras eternas do tempo fotográfico.
Toda fotografia é uma espécie de espelho da Alice do
País das Maravilhas, e cada pessoa que mergulha nesse
espelho de papel sai numa dimensão diferente e vivencia experiências
diversas, pois o lado de lá é como o albergue espanhol
do ditado: cada um só encontra nele o que trouxe consigo. Além
disso, o significado de uma imagem muda com o passar do
tempo, até para o mesmo observador.
Variam, também, os níveis de percepção de uma fotografia.
Isso ocorre, na verdade, com todas as artes: um músico,
por exemplo, é capaz de perceber dimensões sonoras inteiramente
insuspeitas para os leigos. Da mesma forma, um fotógrafo
profissional lê as imagens fotográficas de modo diferente
daqueles que desconhecem a sintaxe da fotografia, a “escrita
da luz”. Mas é difícil imaginar alguém que seja insensível à
magia de uma foto.
(Adaptado de Pedro Vasquez, em Por trás daquela foto. São
Paulo: Companhia das Letras, 2010)
Os dicionários não são úteis apenas para esclarecer o
sentido de um vocábulo; ajudam, com frequência, a iluminar te-
ses controvertidas e mesmo a incendiar debates. Vamos ao Di-
cionário Houaiss, ao verbete discriminar, e lá encontramos, en-
tre outras, estas duas acepções: a) perceber diferenças; distin-
guir, discernir; b) tratar mal ou de modo injusto, desigual, um in-
divíduo ou grupo de indivíduos, em razão de alguma caracte-
rística pessoal, cor da pele, classe social, convicções etc.
Na primeira acepção, discriminar é dar atenção às dife-
renças, supõe um preciso discernimento; o termo transpira o
sentido positivo de quem reconhece e considera o estatuto do
que é diferente. Discriminar o certo do errado é o primeiro passo
no caminho da ética. Já na segunda acepção, discriminar é dei-
xar agir o preconceito, é disseminar o juízo preconcebido. Dis-
criminar alguém: fazê-lo objeto de nossa intolerância.
Diz-se que tratar igualmente os desiguais é perpetuar a
desigualdade. Nesse caso, deixar de discriminar (no sentido de
discernir) é permitir que uma discriminação continue (no sentido
de preconceito). Estamos vivendo uma época em que a ban-
deira da discriminação se apresenta em seu sentido mais posi-
tivo: trata-se de aplicar políticas afirmativas para promover
aqueles que vêm sofrendo discriminações históricas. Mas há,
por outro lado, quem veja nessas propostas afirmativas a forma
mais censurável de discriminação... É o caso das cotas espe-
ciais para vagas numa universidade ou numa empresa: é uma
discriminação, cujo sentido positivo ou negativo depende da
convicção de quem a avalia. As acepções são inconciliáveis,
mas estão no mesmo verbete do dicionário e se mostram vivas
na mesma sociedade.
(Aníbal Lucchesi, inédito)
Toda fotografia é um portal aberto para outra dimensão:
o passado. A câmara fotográfica é uma verdadeira máquina do
tempo, transformando o que é naquilo que já não é mais, por-
que o que temos diante dos olhos é transmudado imediata-
mente em passado no momento do clique. Costumamos dizer
que a fotografia congela o tempo, preservando um momento
passageiro para toda a eternidade, e isso não deixa de ser
verdade. Todavia, existe algo que descongela essa imagem:
nosso olhar. Em francês, imagem e magia contêm as mesmas
cinco letras: image e magie. Toda imagem é magia, e nosso
olhar é a varinha de condão que descongela o instante apri-
sionado nas geleiras eternas do tempo fotográfico.
Toda fotografia é uma espécie de espelho da Alice do
País das Maravilhas, e cada pessoa que mergulha nesse
espelho de papel sai numa dimensão diferente e vivencia expe-
riências diversas, pois o lado de lá é como o albergue espanhol
do ditado: cada um só encontra nele o que trouxe consigo. Além
disso, o significado de uma imagem muda com o passar do
tempo, até para o mesmo observador.
Variam, também, os níveis de percepção de uma foto-
grafia. Isso ocorre, na verdade, com todas as artes: um músico,
por exemplo, é capaz de perceber dimensões sonoras inteira-
mente insuspeitas para os leigos. Da mesma forma, um fotógra-
fo profissional lê as imagens fotográficas de modo diferente
daqueles que desconhecem a sintaxe da fotografia, a “escrita
da luz”. Mas é difícil imaginar alguém que seja insensível à
magia de uma foto.
(Adaptado de Pedro Vasquez, em Por trás daquela foto. São
Paulo: Companhia das Letras, 2010)