Era lugar relativamente ermo, o que não impedia sonhos e esperança sempre vivos. Os que iam e vinham, principalmente da
cidade a um espichar de olhos, eram mensageiros do que alimentava a alma. Deles chegou a notícia: um empresário, com ganância
por ali, vinha contratar quem quisesse fazer parte do futuro negócio. Fazer parte é um modo de dizer. Ninguém tinha nada a barganhar
além da força de trabalho. E ele sabia, porque procurava gente nova. O anúncio colado na farmácia, no posto de saúde, no poste:
Você, jovem, que quer fazer o progresso de sua região e também ter um trabalho rendoso, venha participar do encontro em
que essa oportunidade será oferecida a você.
Dia 10 de junho, às treze horas, no coreto da praça.
O dia chegou. O agrupamento não era grande, tudo ali era pequeno. Mas eles se apresentaram, com rosto ansioso. Mesmo
jovens, enfrentaram aquela gente de fora com a bravura que o desconhecido exige. E atentos acompanhavam o desfiar de promessas
tão tentadoras, que não dava nem pra acreditar. A fala do empresário ecoava: “Reconheço em vocês os mesmos anseios que já tive
um dia. Prometo pessoalmente me empenhar para que cada um de seus desejos se torne realidade”.
(CATANZARO, Maria Betina, inédito)