Será que a internet está a matar a democracia? Vyacheslav W. Polonski, um acadêmico da Universidade de Oxford, faz essa
pergunta na revista Newsweek. E oferece argumentos a respeito que desaguam em águas tenebrosas.
A internet oferece palco político para os mais motivados (e despreparados). Antigamente, o cidadão revoltado podia ter as
suas opiniões sobre os assuntos do mundo. Mas, tirando o boteco, ou o bairro, ou até o jornal do bairro, essas opiniões nasciam e
morriam no anonimato.
Hoje, é possível arregimentar dezenas, ou centenas, ou milhares de "seguidores" que rapidamente espalham a mensagem por
dezenas, ou centenas, ou milhares de novos "seguidores". Quanto mais radical a mensagem, maior será o sucesso cibernauta.
Mas a internet não é apenas um paraíso para os politicamente motivados (e despreparados). Ela tende a radicalizar qualquer
opinião sobre qualquer assunto.
A ideia de que as redes sociais são uma espécie de "ágora moderna", onde existem discussões mais flexíveis e pluralistas,
não passa de uma fantasia. A internet não cria debate. Ela cria trincheiras entre exércitos inimigos.
(Adaptado de: COUTINHO, João Pereira. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/joaopereiracoutinho/2016/08/1801611)