Atenção: Considere a entrevista abaixo, com o americano Seth M. Siegel, autor do livro Faça-se a Água, para responder à questão.
1. Seu livro, Faça-se a Água, trata da proximidade de uma crise global da água. Como descreveria o estágio atual dessa
crise?
Seth M. Siegel: Acredita-se que, até 2025, grande parte da massa terrestre mundial será afetada pela escassez de água.
As mudanças climáticas, o crescimento da população, o aumento dos padrões de vida e a deficiência de infraestrutura da
água serão os principais impulsionadores desse problema. Isso levará a instabilidades em muitos lugares. Muitos países já
estão sendo vítimas de escassez de água. O problema piora a cada ano.
2. Por que seu livro elege Israel como exemplo de combate à crise da água?
Seth M. Siegel: Selecionei Israel porque tem bom gerenciamento de água e a tecnologia mais sofisticada do mundo.
Embora Israel esteja na região mais seca e tenha uma das populações de mais rápido crescimento do mundo, é abundante
em água. Penso que todos têm algo a aprender com o exemplo de Israel.
3. Temos aqui no Brasil reservas do porte da Bacia Amazônica e do Aquífero Guarani. Que papel acredita que essas riquezas
brasileiras poderiam vir a desempenhar?
Seth M. Siegel: Uma das tragédias de fontes de água em massa, como a Amazônia, é que a água às vezes está
disponível onde não é mais necessária, e onde é necessária há escassez. O Canadá tem uma enorme quantidade de água
doce, mas é, principalmente, no Círculo Ártico e na Baía de Hudson. Poucas pessoas vivem nesses lugares. Não é prático
construir um encanamento da Amazônia para São Paulo e outros grandes centros populacionais. É por isso que outras
formas de tecnologia e governança são tão importantes. Os lugares secos precisam usar outras técnicas.
4. O estado de São Paulo, no qual está a maior cidade da América do Sul, enfrentou recentemente uma grave crise hídrica.
Como vê essa situação?
Seth M. Siegel: A população de São Paulo tem sorte de certa forma. Recebeu uma segunda chance. Estes dias de melhor
abastecimento de água quase certamente não durarão muito. Este período deve ser usado como preparo para a próxima
seca, para que, quando vier, haja menos prejuízo para a economia e a vida das pessoas.
(Disponível em: www.cartacapital.com.br. Com adaptações)