Questões de Concurso Público SEC-BA 2018 para Professor Padrão P - Língua Portuguesa

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Q1026271 Português

Não penso que exista realmente uma introdução para a análise de discurso [...] Haverá sempre [...] muitas maneiras de apresentá-la e sempre a partir de perspectivas que mostram menos a variedade da ciência que a presença da ideologia.

(ORLANDI, Eni P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. 12. ed. Campinas: Pontes Editores, 2015, p. 7)


No fragmento acima, os termos destacados têm respectivamente valor de conjunção integrante e pronome relativo; fato similar ocorre em:

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Q1026272 Português

De acordo com o linguista Roman Jakobson, praticamos a metalinguagem sem nos dar conta do caráter metalinguístico de nossas operações. Sempre que o remetente e/ou o destinatário têm necessidade de verificar se estão usando o mesmo código, o discurso focaliza o CÓDIGO; desempenha uma função metalinguística (isto é, de glosa).

         (JAKOBSON, Roman. Linguística e comunicação. São Paulo: Cultrix, s/d, p. 127)


Levando em consideração o que propõe Jakobson, identifique o excerto que exemplifica o predomínio da metalinguagem.  

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Q1026273 Português

Considere o texto abaixo.


                                      A decisão de ler


      Os jovens passam o dia lendo. A frase deveria animar todos, só que não. São mensagens monossilábicas em celulares, acrescidas de pequenas imagens, um jejum de ideias e abundância de onomatopeias. [...] A maneira de registrar a escrita é gêmea xifópaga do pensamento rápido. É um espoucar de emojis [...] Desaparece a acentuação, somem vogais, omitem-se sinais de pausas como vírgulas e chovem exclamações. Subordinadas faleceram há anos, subjuntivo está em fossilização avançada [...] Língua é viva e sempre foi transformada pelos usuários. É necessário refletir sobre o dinamismo dela e seus novos suportes.

       [...] Convivo com jovens há mais de três décadas. A inteligência não diminuiu [...] Aumentou o apreço pelo discurso direto, pela imagem e pela velocidade.

      [...] Jovens estarão sempre “antenados” em seus aparelhos, especialmente se o entorno contiver adultos, professores ou gente que fala outra língua geracional. Talvez seja uma boa defesa mesmo. Quero dar outras.

      Uma obra clássica contraria tudo o que eles leem no smartphone. Ela resiste ao primeiro contato, apresenta uma experiência prolongada que demanda foco por muito mais tempo do que uma “tuitada”. Orações longas, palavras desconhecidas, narrativas detalhistas, erudição e referências em cascata: muitas pedras na estrada do leitor superficial. [...] os clássicos representam uma jornada que muda o leitor peregrino. Ler detidamente o Hamlet [...] de Shakespeare ou o D. Quixote de Cervantes produz uma mudança permanente [...] A frase de celular, o desenho animado e o meme divertido constituem jujubas vermelhas, doces e agradáveis. Um segundo e pluft! Foi-se o sabor e a experiência. Cervantes pede que você se sente, coloque o guardanapo sobre o colo, respire fundo, abra em silêncio as páginas e comece um banquete demorado, semanas [...], meses [...] releia, até ter aprendido a degustar todas as sutilezas apresentadas.

      Se o leitor-comensal se permitiu, terminará satisfeito, melhor, alimentado, transformado por dentro. Ele poderá continuar com jujubas vermelhas, [...] mas terá um outro olhar [...] vislumbrará de forma original para o mundo onde todos repetem as mesmas ideias no banho-maria eterno do cotidiano.

     [...] O mundo do futuro é o da inteligência.

(KARNAL, Leandro. A decisão de ler. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 19 nov. 2017. Caderno 2. p. 9) 


O fragmento que sintetiza a ideia principal do texto é 

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Q1026274 Português

[...] todos os nossos enunciados se baseiam em formas-padrão e relativamente estáveis de construção de um todo. Tais formas constituem [...] ‘tipos relativamente estáveis de enunciados’, marcados sócio-historicamente, visto que estão diretamente relacionados às diferentes situações sociais.

(KOCH, Ingedore G. V. Desvendando os segredos do texto. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2002, p. 54)


A leitura do fragmento acima permite inferir que a autora alude aos gêneros textuais

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Q1026275 Português

De acordo com a professora e pesquisadora Leonor Lopes Fávero,


A coesão referencial pode ser obtida por substituição e por reiteração. A substituição se dá quando um componente é retomado ou precedido por [...] proformas [...] pronominais, verbais, adverbiais, numerais [...] A reiteração [...] é a repetição de expressões no texto (os elementos repetidos têm a mesma referência). Dá-se por repetição do mesmo item lexical, sinônimos, hiperônimos e hipônimos, expressões nominais definidas.

(FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática, 2009. p. 18-25)


Os fragmentos destacados em 1 e 2, que estabelecem a coesão dos enunciados respectivamente por meio de proforma adverbial e de expressão nominal definida, são

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Q1026276 Português
No que diz respeito à construção sintática do enunciado “Me empreste o seu livro”, verifica-se que a formulação é característica da linguagem coloquial do Brasil e que o pronome clítico desempenha a função de
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Q1026277 Português

Ao lado daquilo que os críticos da obra de Gregório de Matos qualificam, irrevogavelmente, de plágios, registramos também, em nossas leituras, temas, frases e procedimentos variados que o poeta foi buscar em outros autores. Em grande parte, trata-se de paródias camonianas ou de outros poetas, sendo visível a intenção do autor de estabelecer um canto paralelo ou um contraponto poético, imitando mais por espírito de emulação e sem ocultar seus desígnios, o que seria impossível, até pela projeção dos modelos. Há, contudo, exemplos expressivos de apropriação, mas como era habitual no poeta: partindo de um núcleo tomado de outro autor, reelaborar o restante, criando um novo poema. Outra maneira de que se valeu para criar em cima do texto alheio foi a paródia.

(Adaptado de: GOMES, João Carlos Teixeira. Gregório de Matos, o Boca de Brasa (um estudo de plágio e criação). Petrópolis: Editora Vozes, 1985, p. 90-91)


A primeira estrofe de soneto de Gregório de Matos em que se pode identificar “a desconstrução de soneto camoniano com a atitude parodística e intuito humorístico” é:

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Q1026278 Português

A Cachoeira de Paulo Afonso, de Castro Alves, compreende uma série de 33 poemas que encenam o drama trágico de Maria e Lucas em meio à sublime natureza sertaneja. O poema “Lucas”, cuja primeira estrofe foi transcrita abaixo, encontra-se no proêmio do poema, que se incumbe da apresentação do protagonista e do ambiente no qual a narrativa se desenvolve.


LUCAS

QUEM FOSSE naquela hora,

Sobre algum tronco lascado

Sentar-se no descampado

Da solitária ladeira,

Veria descer da serra,

Onde o incêndio vai sangrento,

A passo tardio e lento,

Um belo escravo da terra

Cheio de viço e valor...

Era o filho das florestas!

Era o escravo lenhador!

Que bela testa espaçosa,

Que olhar franco e triunfante!

E sob o chapéu de couro

Que cabeleira abundante!

De marchetada jiboia

Pende-lhe a rasto o facão...

E assim... erguendo o machado

Na larga e robusta mão...

Aquele vulto soberbo,

— Vivamente alumiado, —

Atravessa o descampado

Como uma estátua de bronze

Do incêndio ao fulvo clarão.

(ALVES, Castro. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997, p. 321)


Sobre os recursos estilísticos mobilizados no texto em análise, são feitas as seguintes afirmações:


I. Da “testa espaçosa” e mirada “triunfante”, passando pelo chapéu de couro, a vasta cabeleira até o adereço de pele de jiboia que lhe prende o facão, o olhar do leitor é guiado ao longo de detalhes descritivos do personagem, selecionados pelo eu lírico.

II. A presença de Lucas, em andar calmo e demorado, diante de cenário luminoso, evoca as noções de destemidez e resiliência. Como uma fortaleza tanto moral quanto física, Lucas é descrito pelo eu lírico, num dístico que condensa as qualidades do personagem: “Um belo escravo da terra/Cheio de viço e valor...”.

III. A aura ígnea constituída ao entorno da figura de Lucas lhe confere altivez e nobreza, corroboradas pelo símile da “estátua de bronze”, que eleva o escravo à condição de figura ilustre, objeto das artes plásticas.

IV. O tempo verbal do presente predomina, assim como a colocação dos advérbios de lugar e tempo. O discurso é marcado por locuções vocativas e apóstrofes que convertem a exposição de Lucas em sublime emoção.


Para compor uma adequada análise crítica do texto, é correto o que se afirma em

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Q1026279 Literatura

Considere os textos abaixo.


Texto I

      A importância de Jorge Amado veio do caráter seco, participante e todavia lírico dos seus primeiros livros, que descrevem a miséria e a opressão do trabalhador rural e das classes populares. A partir de Jubiabá (1935), o seu estilo se alia cada vez mais à poesia. A intenção central de Jubiabá, além da visão romanesca da vida popular, é sugerir o lento amadurecimento do protagonista, rumo à consciência política.

      Em 1942 aparece o livro que para muitos é sua obra-prima: Terras do Sem-Fim. Nele o caráter polêmico se amaina, graças à compreensão mais ampla dos motivos humanos, enquanto os veios poéticos banham uma descrição convincente da realidade.

      Em Seara Vermelha (1946) abandona as regiões prediletas da sua imaginação (cidade do Salvador, zona cacaueira de Ilhéus) e aborda o problema dos retirantes do sertão, dando ao livro propagandístico algo trivial, que se acentua em Os Subterrâneos da Liberdade (1954), cujo assunto são as agitações políticas do decênio de 1930.

No ano de 1958 surge um Jorge Amado literariamente refeito, em Gabriela, Cravo e Canela, panorama humorístico de uma cidade, com tom ameno e uma segurança de composição que, aliados à humanidade das personagens, lhe asseguram maior êxito editorial da literatura brasileira.

(Adaptado de: CANDIDO, Antonio; CASTELLO, José Aderaldo. Presença da literatura brasileira. Modernismo. História e antologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997, p. 320-323)


Texto II

     Antônio Balduíno passara a noite descarregando um navio sueco que trazia material para a estrada de ferro e que nas noites seguintes seria abarrotado de cacau. Carregava um molho pesado de ferros, quando ao passar junto de Severino, um mulato magricela, este lhe disse:

      − A greve do pessoal dos bondes rebenta hoje...

      − Aquela greve era esperada há muito. Por diversas vezes o pessoal da companhia que dominava a luz, o telefone e os bondes da cidade, tentara se levantar em parede pedindo aumento de salário. (...)

      Antônio Balduíno já estava cansado de ouvir tanto discurso. Mas gostava. Aquilo era uma coisa nova para ele, uma das coisas que amaria fazer. Mas era bom. Ele tinha impressão que naquele momento eram donos da cidade. Donos da verdade.

(CANDIDO, Antonio; CASTELLO, José Aderaldo. Jorge Amado. In: Presença da literatura brasileira. Modernismo. História e antologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997, p. 329. Fragmento)


Considerando o texto crítico de Candido e Castelo (Texto I), infere-se que o fragmento do texto de Jorge Amado (Texto II) faz parte da seguinte obra: 

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Q1026280 Português

Segue um fragmento do primeiro texto do livro Sobre pessoas, de Antônio Torres.


Para começar

      Quereria um começo com a delicadeza de Fernando Sabino, em A última crônica, que cada vez que releio mais me encanta. E agora a ela retorno, em busca de ensinamentos. (...)

      Foi em tais circunstâncias, a confabular consigo mesmo pelas ruas do Rio, que Fernando Sabino acabou por nos legar uma pequena obra-prima. (...)

      Este aqui de vez em quando batia perna ao lado do mestre, nos calçadões à beira-mar, Copacabana-Ipanema-Leblon.

Numa dessas vezes, ele perguntou:

      – Você já leu o meu livro sobre a Zélia?

      Por essa eu não esperava. Uma pedra no meio do caminho. Sinuca de bico. Cul-de-sac.

      Persignando-me mentalmente diante da imagem de Nossa Senhora do Amparo, a padroeira do Junco, onde nasci, e dizendo-me “Nas horas de Deus e da Virgem Maria, amém”, criei coragem e respondi que Zélia, uma paixão era o único livro dele que eu jamais leria. (...)

     Como bom mineiro, ficou em silêncio, remoendo a sua falha trágica ao declarar: “Zélia sou eu”. No calor da hora, a sua brincadeira não teve graça.

    Levaram-na a sério demais. Como se ele acreditasse, verdadeiramente, que a personagem que causara um terremoto na economia dos cidadãos, na era Collor, tivesse o mesmo status literário da heroína de Gustave Flaubert, Madame Bovary. (...)

     Mas por que, e para que o chatear ainda mais, quando privava de sua camaradagem, durante uma caminhada para desenferrujar as pernas, desanuviar a mente, e suar todas as tristezas? – eu me perguntava. Ora, ora, quem mandou Fernando Sabino tocar no assunto? Pensei que ele ia ficar zangado, a ponto de cortar a nossa relação, para sempre.

      Numa manhã de domingo o telefone tocou e era o próprio, de viva voz.

      Disse:

      – Acordei hoje com vontade de ligar para o Mário de Andrade, o Rubem Braga, o Paulo Mendes Campos, o Otto Lara Resende e o Hélio Pellegrino. Como nenhum deles pode atender...

      Foi um começo de conversa e tanto. Ao final, convidou-me para um drinque em sua casa.

      – Que tal amanhã? – perguntei-lhe.

      – Ih! Amanhã não dá. Ao descobrirem que fiz oitenta anos, me empurraram para os exames médicos. Assim que me livrar dessas chateações, telefono para combinar.

      Não telefonou mais. Só iria voltar a vê-lo já embalado para a última viagem, no cemitério São João Batista.

      Ah, Fernando. Para começar, que falta que você faz.

(TORRES, Antônio. Para começar. In: Sobre pessoas. Disponível em: www.antoniotorres.com.br.  Acesso: 20 dez. 2017. Fragmento)


Em relação à construção e à linguagem do texto, aplica-se a seguinte análise: 

Alternativas
Respostas
21: C
22: A
23: D
24: B
25: B
26: E
27: C
28: D
29: A
30: E