J.A., 24 anos, solteira, estudante universitária de engenharia, apresenta quadro importante de agitação, acompanhada de aceleração do pensamento, fala rápida, com dificuldade de permanecer no mesmo assunto. Quando questionada, paciente fala sentir-se
triste e desanimada e pede um remédio para essa tristeza, chegando a rir e chorar na entrevista. A família nega antecedentes de
quadros depressivos no passado. Informa que nas últimas 2 semanas tem dormido pouco, passando a noite acordada querendo jogar
videogame de dança em casa. No último final de semana foi ao shopping e gastou quase 10 mil reais em compras para os amigos da
faculdade. Conta que adora sair “para a balada” e que tem bebido bastante (“não me lembro bem do que ocorreu nas noites
passadas”). Paciente apresenta-se, ao exame psíquico, consciente, orientada, atenção preservada, porém, com distratibilidade frente
a estímulos; por vezes, chora na entrevista, apresentando grande labilidade emocional, pensamento com perda da direção e presença
de arborizações; crítica prejudicada quanto ao estado mórbido. Paciente vem saindo muito à noite e postando fotos provocativas nas
redes sociais. Diz querer “namorar muito”. Familiar nega conhecimento de uso de drogas ilícitas. Informa que paciente iniciou uso de
lisdexanfetamina (50 mg) há cerca de 2 meses devido à dificuldade de estudar para provas e que o “curso de engenharia era muito
puxado e ela sentia ter déficit de atenção e não conseguir se concentrar o suficiente para acompanhar o curso”. Nos últimos
semestres, familiar refere que J.A. vinha sobrecarregada e se dizia “exausta” e que o uso da medicação ajudou “a dar conta da
faculdade”. Familiar informa que tem tido dificuldade de manter a paciente em casa e que, por vezes, ela se mostra agressiva quando
alguém tenta impedir que saia.