Questões de Concurso Público IF Farroupilha - RS 2016 para Docente - Sociologia
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Émile Durkheim (1951; 1968; 1974), foi um dos pensadores que mais contribuiu para a consolidação da Sociologia como ciência empírica e disciplina acadêmica. Durkheim definiu a Sociologia como a ciência das instituições, da sua gênese e do seu funcionamento, ou seja, de toda a crença, todo o comportamento instituído pela coletividade. Dos conceitos listados abaixo, aqueles que contemplam conceitos definidos pela teoria Durkeimiana são:
I- Fatos sociais compreendem toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre a coletividade uma coerção interior ao coletivo, ou então ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando sua existência própria, dependente das manifestações coletivas que possa ter.
II- A sociedade é mais do que a soma dos indivíduos vivos que a compõem: é uma síntese que não se encontra em cada um desses elementos, assim como os diferentes aspectos da vida não se acham decompostos nos átomos contidos na célula: a vida está no todo e não nas partes.
III- As representações coletivas são a base de onde se originam os conceitos, traduzidos nas palavras do vocabulário de uma comunidade, de um grupo ou de uma nação.
IV- As maneiras de ser coletivas são de ordem anatômica ou morfológica, enquanto os modos de agir são de ordem fisiológica, mas são igualmente imperativos, coagem a que se adotem determinadas condutas e formas de sentir e, além disso, encontram-se fora dos indivíduos, são uma realidade objetiva e externa a eles, portanto são fatos sociais. Sendo assim, ambos possuem ascendência sobre o indivíduo, arrastando-o, influenciando-o.
V- A consciência comum ou coletiva corresponde ao conjunto de crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade que forma um sistema determinado que tem vida própria.
São corretas as afirmativas
Ao redigir O Capital, Karl Marx (1973) explica sua decisão de analisar a sociedade capitalista por considerá-la a forma de organização mais desenvolvida e mais variada de todas as já existentes. Isso permitiria a compreensão de outras formações socioeconômicas anteriores e desaparecidas como as sociedades primitivas, as escravistas, as asiáticas e feudais. Marx, então, delimita alguns conceitos básicos para análise da sociedade capitalista.
Analise os conceitos a seguir e marque (V) para verdadeiro ou (F) para falso:
( ) Mais valia: é tudo aquilo que o trabalhador produz, caracterizando-se como o resultado da força de trabalho empreendida pelo trabalhador.
( ) Mercadoria: é a forma elementar de riqueza capitalista. Ela tem a propriedade de satisfazer as necessidades humanas, sejam de estômago ou as de fantasia, seja como meio de subsistência ou de produção.
( ) Força de trabalho: é aquilo que o trabalhador livre vende como uma mercadoria. Esta venda é típica da sociedade capitalista.
( ) Capital: é uma relação social de produção, é uma forma historicamente determinada de distribuição das condições de produção resultante de um processo de expropriação e concentração de propriedade.
( ) Alienação: é uma condição em que o trabalho, ao invés de ser instrumento para a realização plena do homem e de sua condição de humano, torna-se, pelo contrário, um instrumento de escravização, acabando por desumanizá-lo, tendo sua vida e seu próprio valor medidos pelo seu poder de acumular e possuir.
A sequência correta é
Com base no texto abaixo, analise as afirmativas a seguir:
“A partir do estudo do processo civilizador, evidenciou-se com bastante clareza a que ponto a modelagem geral e, portanto, a formação individual de cada pessoa, depende da evolução histórica do padrão social, da estrutura das relações humanas. Os avanços da individualização, como na Renascença, por exemplo, não foram consequências de uma súbita mutação em pessoas isoladas, ou de concepção fortuita de um número especialmente elevado de pessoas talentosas; foram eventos sociais, consequência de uma desarticulação de velhos grupos ou de uma mudança na posição social do artista-artesão, por exemplo. Em suma, foram consequências de uma reestruturação específica das relações humanas.”
(ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos, 1994)
I- Relações, por exemplo, entre pai, mãe, filho e irmãos numa família, por variáveis que sejam em seus detalhes, são determinadas, em sua estrutura básica, pela estrutura da sociedade em que a criança nasce e que existia antes dela.
II- As peculiaridades constitucionais com que um ser humano vem ao mundo têm uma importância muito diferente para as relações do indivíduo nas diferentes sociedades, bem como nas diferentes épocas históricas de uma mesma sociedade.
III- Constituições naturais similares em bebês recém-nascidos levam a um desenvolvimento muito diferenciado da consciência e dos instintos, dependendo da estrutura preexistente de relações em que eles cresçam.
IV- A individualidade que o ser humano acaba por desenvolver não depende apenas de sua constituição natural, mas de todo o processo de individualização. Sem dúvida, a constituição característica da pessoa tem uma influência inerradicável em todo o seu destino.
V- A imagem mais nitidamente delineada do adulto, a individualidade que aos poucos emerge da forma menos diferenciada da criança pequena, em sua interação com seu destino, é também específica de cada sociedade.
Estão corretas as afirmativas
A modernidade é uma ordem pós-tradicional, mas não uma ordem em que as certezas da tradição e do hábito tenham sido substituídas pela certeza do conhecimento racional. A dúvida, característica generalizada da razão crítica moderna, permeia a vida cotidiana assim como a consciência filosófica, e constitui uma dimensão existencial geral do mundo social contemporâneo. A partir das definições de Anthony Giddens (2002), pode-se afirmar que a modernidade
I- é característica de instituições que diferem de todas as formas anteriores de ordem social quanto a seu dinamismo, ao grau em que interferem com hábitos e costumes tradicionais, e a seu impacto global.
II- altera radicalmente a natureza da vida social cotidiana e afeta os aspectos mais pessoais de nossa existência.
III- deve ser entendida num nível institucional, mas a transformações introduzidas pelas instituições modernas se entrelaçam de maneira direta com a vida individual e, portanto, com o eu.
V- tem como característica a crescente interconexão entre os dois “extremos” da extensão e da intencionalidade: influências globalizantes de um lado e disposições pessoais de outro.
V- reduz o risco geral de certas áreas e modos de vida, mas, ao mesmo tempo, introduz novos parâmetros de risco, pouco conhecidos ou inteiramente desconhecidos em épocas anteriores.
Estão corretas as afirmativas
A situação atual é marcada por uma comoção que, recentemente,
afetou a condição salarial: o desemprego em massa e a instabilidade
das situações de trabalho, a inadequação dos sistemas
clássicos de proteção para dar cobertura a essas condições, a
multiplicação de indivíduos que ocupam na sociedade uma posição de supranumerários, “inimpregáveis”, inempregados ou empregados
de um modo precário e interminante, escreveu Robert
Castel em 1998. Castel, ao fazer uma “crônica do salário”, no
livro “As metamorfoses da questão social”, estabelece que
Através dos meios constitutivos da psicologia de George Mead (1973) foi possível dar à teoria hegeliana da “luta pelo reconhecimento” uma inflexão materialista. Baseado nas ideias de Mead e Hegel, Axel Honneth, que foi assistente de Jürgen Habermas, elaborou, no interior da Teoria Crítica, uma distinção conceitual da estrutura das relações sociais de reconhecimento.
Diante do exposto, o item que corresponde à estrutura das relações sociais de reconhecimento é:
De acordo com José de Souza Martins (2002), o sistema econômico atual transfere para o grupo familiar parte de suas irracionalidades, isto é, ele não se sente obrigado a pagar pelos problemas sociais que cria. A categoria exclusão (e excluído) se nutre politicamente dessa contradição mal compreendida e mal resolvida. E se nutre, também, de um aparato ideológico referido à condição operária.
Diante dessas condições, analise as afirmativas abaixo, referentes à definição do que é ser operário, e marque (V) para verdadeiro ou (F) para falso:
( ) O operário é, como trabalhador coletivo, portador de uma possibilidade histórica, isto é, possibilidade de transformação social porque ele personifica a (e é agente da) contradição entre o caráter social da produção e a apropriação privada dos resultados da produção.
( ) O operário é o agente não só da produção da mais-valia, mas é também produto e expressão da realização desigual da riqueza criada e, portanto, da realização da mais-valia, do modo como a mais-valia se realiza.
( ) O operário está incluído, isto é, ele não só produz, e se reproduz no processo de reprodução ampliada do capital, como também se apropria igualmente da riqueza criada, eliminando a contradição com o capital.
( ) O operário é uma categoria sociológica substantiva, relativa ao efetivo e objetivo sujeito social e histórico, sujeito de contradições que personifica possibilidades históricas e que é o trabalhador assalariado.
( ) Independente de sua vontade subjetiva, o operário tem uma realidade objetiva, ele é um produto histórico e, teoricamente, agente privilegiado da História no momento histórico que lhe corresponde.
A sequência correta é
Hoje no Brasil, vêm se articulando ações e debates para estruturar políticas públicas de juventudes, reconhecendo-se, assim, os jovens como sujeitos de direitos. Desde 2004, registram-se diversas iniciativas de fôlego em instâncias dos governos federal, estaduais e municipais. No entanto, muitos problemas ainda permeiam a situação das e dos jovens no país:
I- Os jovens negros apresentam as mais baixas taxas de atividade e mais altas taxas de desemprego.
II- Os programas existentes no país funcionam como políticas isoladas, políticas setoriais de ação local no âmbito dos Estados e Municípios, mas que não contemplam a diversidade dos beneficiários em termos de geração e não possuem orientação universalista.
III- Mais da metade dos jovens entre 15 e 17 anos, segundo dados do IBGE de 2014, não completaram o ensino fundamental.
IV- As políticas existentes, na maioria das vezes, são políticas elaboradas para os jovens, porém os jovens não são consultados e nem participam da formulação das mesmas.
V- Menos de ¼ dos jovens entre 15 e 29 anos só estudam, enquanto a porcentagem dos jovens na mesma faixa etária que só trabalham é de quase 50%.
Estão corretas as afirmativas
Gaudêncio Frigotto (2001), sustenta em “Teoria e educação no labirinto do capital”, que, em contextos de crise e hegemonia do capital, as categorias fundamentais do materialismo histórico dialético, tornam-se instrumentos fundamentais para revelar as contradições do sistema capitalista. Ainda, na mesma obra, Francisco de Oliveira analisa a nova hegemonia da burguesia no Brasil a partir dos anos 1990, assim como os desafios de uma alternativa democrática.
Analise as afirmativas abaixo, sob o prisma de Francisco de Oliveira, e marque (V) para verdadeiro ou (F) para falso:
( ) Durante o período de 1930 a 1990, 30 anos foram de Ditadura e nos outros trinta anos tivemos, em média, um golpe institucional a cada 3 anos, o que demonstra a falta de hegemonia da burguesia brasileira.
( ) As eleições de 1989, que elegeram Fernando Collor, foram articuladas em torno de um projeto neoliberal.
( ) As forças de que compunham o governo de Collor não conseguiram fazer as mudanças necessárias aos interesses da burguesia nacional e criaram tensões entre a burguesia brasileira que acabaram culminando no impeachment de Collor.
( ) Cabe à direita brasileira penetrar nas fissuras e nas contradições do projeto neoliberal e propor a construção de uma alternativa realmente democrática.
( ) Faz-se necessária a formulação de um programa político que altere a estrutura do Estado a exemplo de movimentos como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que pedem a desapropriação da propriedade privada das terras improdutivas.
A sequência correta é
Chantal Mouffe (2015), cientista política belga, uma das representantes do pós-marxismo, critica a definição antagonista entre esquerda e direita. Para ela,
I- a abordagem racionalista e individualista do liberalismo contribui para o reconhecimento da natureza das identidades coletivas e é capaz de compreender a natureza pluralista e os conflitos acarretados pela pluralidade do mundo social.
II- a negação do antagonismo revela absoluta falta de compreensão da dinâmica de constituição de identidades políticas e do que está em jogo na política democrática, contribuindo para exacerbar o potencial de antagonismos na sociedade.
III- é necessária uma abordagem alternativa da política democrática, na qual a questão crucial é demonstrar como transformar o antagonismo numa forma de oposição que seja compatível com a democracia pluralista.
IV- existe distinção entre “político” e “política”, sendo que o “político” pode ser definido como a dimensão de antagonismo que constitui as sociedades humanas e “política” como o conjunto de práticas e instituições por meio das quais uma ordem é criada, organizando a coexistência humana no contexto conflituoso produzido pelo político.
V- a política democrática deve ter ascendência real sobre os desejos e fantasias das pessoas e oferecer formas de identificação que contribuam para as práticas democráticas.
Estão corretas apenas as afirmativas