Leia o texto
Pesquisa revela que maioria dos brasileiros se
automedica
A automedicação é um hábito comum a 77% dos brasileiros, segundo uma pesquisa realizada pelo Conselho
Federal de Farmácia (CFF). Quase metade da população, ou seja, 47% faz uso de medicamentos sem prescrição médica ao menos uma vez por mês e 25% o faz
todos os dias ou pelo menos uma vez por semana.
O estudo aponta que as mulheres são a parcela da
população que mais usa medicamento por conta própria, com registro de 53%. Familiares e amigos são os
principais influenciadores na escolha dos medicamentos usados sem prescrição e representam cerca de 25%.
O uso de medicamentos sem a avaliação de um profissional de saúde pode trazer consequências, como
sensibilização do organismo, surgimento de alergias
e irritações, desordens fisiológicas metabólicas e hormonais e redução do efeito de fármacos importantes
como antibióticos, criando a resistência bacteriana.
De acordo com o farmacêutico Rafael Ferreira, a automedicação pode ainda retardar ou mascarar a detecção de patologias mais severas. “Ao aliviar sintomas
como a dor, o usuário pode camuflar uma doença
mais séria. As dores no corpo ou na cabeça, irritações
na pele, acidez estomacal, constipação ou até mesmo
intestino solto podem ser alguns dos sintomas iniciais
de muitas doenças graves. Ao camuflar os primeiros
sinais, a pessoa faz com que a patologia seja diagnosticada tardiamente e em estados mais severos”, alerta.
O hábito de usar diversos medicamentos ao mesmo
tempo e sem prescrição também pode fazer com que
o tratamento não tenha o resultado esperado. “Misturar medicamentos faz com que eles interajam entre
si, podendo causar alteração no seu efeito protetor,
ou seja, um antibiótico pode ser neutralizado e não
conseguir combater as bactérias e com isso levar a um
agravo da doença”, explica o farmacêutico. “O uso de
fármacos de forma inapropriada também pode comprometer algumas intervenções clínicas, por exemplo,
o uso errôneo de ácido acetilsalicílico, um analgésico
muito comum, pode favorecer processos de sangramentos e atrapalhar intervenções invasivas”, acrescenta.
Segundo Ferreira, o hábito que os brasileiros têm de
se automedicar é antigo e também pode ser explicado
pelas propagandas, que elevam o consumo. “Antigamente, existia uma problemática com o atendimento
médico, que era muito demorado e a medicação era
escassa, então esse costume vem de outras gerações,
que procuravam por soluções imediatas para os problemas”, afirma. “A evolução populacional e o conhecimento medicamentoso fizeram desnecessário esse
tipo de hábito, que deve cair no abandono para o bem
da população. Por isso é importante conscientizar as
pessoas que medicamentos são somente indicados
para tratamento de doenças e não para banalidades,
pois o tratamento errado de hoje e sem orientação
pode se transformar na doença de amanhã”, pondera.
http://www.leiaja.com/noticias