Questões de Concurso Público SEE-MG 2023 para Professor de Educação Básica (PEB) - Ensino Religioso
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Não apenas os filósofos, mas também os nossos antepassados distinguiram a superstição da religião. Aqueles que todos os dias rezavam aos deuses e faziam sacrifícios, porque os seus filhos sobreviveram a eles mesmos, foram chamados de supersticiosos, palavra que em seguida assumiu um significado mais amplo; invés aqueles que reconsideravam com cuidado e, por dizer, faziam atenção a tudo que referia-se ao culto dos deuses foram chamados de religiosos de relegere, como elegante derivação de eligere (escolha), esmerar de diligere (ter cuidado), inteligente de intelligere (compreender), em todos estes termos o sentido é o mesmo de legere que é o religiosus.
Adaptado de CÍCERO, De natura deorum, II, 28.
Com base no trecho, assinale a afirmativa que caracteriza corretamente o sentido etimológico dos termos “religião” e “religioso” para Cícero.
1. Para fazer o indivíduo submeter-se a ela [coerção] de boa vontade, não é preciso recorrer a nenhum artifício; basta fazê-lo tomar consciência de seu estado de dependência e de inferioridade naturais - quer ele faça disso uma representação sensível e simbólica pela religião, quer chegue a formar uma noção adequada e definida pela ciência.
As Regras do Método Sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 124.
2. Não há, pois, religiões que sejam falsas. Todas são verdadeiras à sua maneira; todas respondem, ainda que de maneiras diferentes, a determinadas condições da vida humana.
As Formas Elementares da Vida Religiosa: o sistema totêmico na Austrália. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p.31.
Com base nos trechos, assinale a afirmativa que descreve corretamente o significado do fato religioso para o sociólogo.
I. Para Comte, a história das sociedades humanas obedece a uma lei unitária de desenvolvimento progressivo, pela qual, no primeiro estágio, a religião oferece aos homens a capacidade de analisar a complexidade do real em termos metafísicos, com base em princípios filosóficos abstratos.
II. Para Freud, a religião é um produto da estrutura psíquica humana, sendo uma forma de ilusão mediante a qual o homem atende, tanto em nível individual como em nível coletivo, os desejos mais antigos e profundos da humanidade.
III. Para Jung, a religião representa uma expressão da mente humana, uma atitude peculiar da consciência impactada pela experiência do numinoso, resultando na capacidade de subjugar, ser objeto de reverência ou de obediência passiva e amor incondicional.
Está correto o que afirma em
( ) Religião Grega, Egípcia, Xintoísmo, Mitologia Nórdica e Religião Asteca são exemplos de politeísmo.
( ) Religiões silvícolas, xamanismo, religiões célticas, druidismo, amazônicas, indígenas norte americanas e africanas são exemplos de panteísmo.
( ) Religiões monoteístas instituem livros sagrados que padronizam as formas de crer, servem como referência obrigatória e indicam códigos de leis, sendo considerados reveladores de verdades absolutas.
( ) Espiritismo Kardecista, Racionalismo Cristão, Neo Gnosticismo, Teosofia, Wicca e “Esotéricas” são exemplos de ateísmo.
As afirmativas são, respectivamente,
Adaptado de MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. BNCC, Ensino Religioso, p. 440.
O trecho descreve a concepção de imortalidade denominada
Nessa visão, o mundo é concebido como energia e não como matéria, de modo que a noção de força toma o lugar e se confunde com a noção de ser. Todo ser é por definição força, e não uma entidade estática, e por isso a pessoa humana tem caráter dinâmico. Mas a energia vital não se limita aos vivos. Sua fonte é um deus supremo e único que distribuiu essa força aos ancestrais e aos antepassados no mundo espiritual e, em seguida, no mundo dos vivos, respectivamente aos reis, chefes de aldeias, de linhagens, anciãos, pais, filhos, ao mundo animal, aos vegetais e aos minerais. A força vital pode aumentar ou diminuir por meio da lei da interação das forças, de modo que um ser pode fortalecer ou enfraquecer outro ser.
Adaptado de DAIBERT, Robert. A religião dos bantos: novas leituras sobre o calundu no Brasil colonial. Estud. hist. (Rio J.) 28 (55) 2015
Com base no trecho, analise as afirmativas a seguir.
I. Nessas sociedades, a crença na energia vital é o que sustenta a união entre o Pré-Existente e os seres humanos - os vivos, seus ancestrais e seus descendentes.
II. Para as culturas bantu e iorubá, o mundo material e o imaterial são interdependentes e o círculo da vida envolve mundo visível e invisível, como dois lados de uma mesma moeda.
III. As religiões africanas originárias, como as doutrinas filosóficas, são constituídas por um conjunto de práticas relacionadas ao comportamento humano e não possuem um corpo de divindades.
Está correto o que se afirma em
Sou Avelin Buniacá Kambiwá, mulher indígena do povo Kambiwá, moradora de Belo Horizonte de família migrante. A migração da minha família do sertão pernambucano para a capital mineira, se deu pela busca de melhores perspectivas de emprego e de renda. Com as condições desfavoráveis encontradas na cidade, foi muito difícil preservar as práticas sagradas originais, sendo que restou, a nós migrantes indígenas, ocupar as áreas pobres e de periferia dos centros urbanos, onde prevalecem, majoritariamente, as igrejas evangélicas pentecostais. Foi onde nos tornamos “Índio favela”. No que tange às nossas práticas do sagrado, esse desaparecimento é ainda mais evidente e violento. Não apenas pelo óbvio aspecto urbano da vida sem contato com a natureza, as roças, as ervas para o feitio dos chás, pomadas e remédios, mas também por uma pressão social para que isso aconteça. Participar dos ritos do colonizador camufla o racismo e nos dá uma falsa sensação de pertencimento.
Adaptado de Avelin Buniacá Kambiwá, “Do índio favela ao toré no asfalto: as cidades, as práticas do sagrado e suas relações” in As Cidades e o Sagrado dos Povos Tradicionais. Belo Horizonte: Fund. Municipal de Cultura de Belo Horizonte, 2019, p. 38-39.
Com base no depoimento, assinale a afirmativa que interpreta corretamente os problemas e as possibilidades das práticas ancestrais do sagrado nas cidades brasileiras para os povos tradicionais.