Questões de Concurso Público BDMG 2011 para Analista de Sistemas
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João Montanaro já tinha decidido qual seria o tema da charge de sábado quando acordou na sexta-feira. Então, viu na televisão imagens de prédios se desfazendo em meio ao mar que avançava.
“Não dava para fazer um desenho sobre política!”, diz.
Ao decidir retratar o tsunami, Montanaro lembrou-se da xilogravura de Katsushika Hokusai. Foi uma das opções que ele enviou à Folha para aprovação e publicação. “Fiquei surpreso com as críticas”, diz. “Acho que não entenderam a charge.”
Apesar da má recepção, inclusive na escola, o garoto diz estar seguro da escolha. “Fiz o certo, minha intenção não era fazer uma piada.”
O ilustrador Adão Iturrusgarai, que publica na Ilustrada, defende Montanaro. “É um desenho superimparcial. É inocente como o ilustrador, que é um jovenzinho”, diz. “De mau gosto foi a tragédia em si.” E completa: “O humor funciona por conta dessa contraonda, desse mau humor e da burrice dos críticos”.
Para o artista Allan Sieber, que também publica na Ilustrada, Montanaro “fez o trabalho dele e a escolha da ilustração valeu a pena”.
O pesquisador Gonçalo Junior, autor do livro “A Guerra dos Gibis” (Companhia das Letras), afirma que quem perdeu o bom senso, no caso da charge, foram os leitores que se manifestaram contra.
“Vivemos na era da chatice e do politicamente correto. É uma reação paranoica, o desenho retrata as mesmas coisas que todos esses vídeos que estão no YouTube.”
Exagerada ou não, a recepção da charge de Montanaro foi semelhante à vista na Malásia nesta semana.
O desenho de Mohamad Zohri Sukimi, publicado no jornal “Berita Harian”, mostrava o herói japonês Ultraman fugindo de uma onda . Uma petição on-line rodou o mundo. O jornal se retratou.
“Apesar de o desenho de Montanaro não ter me incomodado, consigo entender por que alguns leitores se sentiram desconfortáveis”, diz Sidney Gusman, editor- chefe do site Universo HQ. “Fico imaginando como eu reagiria se tivesse perdido alguém nesse desastre.”
Outra razão apontada para a má recepção é o desconhecimento do desenho original. “Quando vi o rascunho, perguntei a ele se as pessoas não iriam se chocar”, diz Mario Sergio Barbosa, pai de Montanaro. “Mas eu não conhecia a referência dele.”
Há também a possibilidade de o leitor não estar acostumado ao gênero da charge. “As pessoas ligam a palavra “charge” a coisas alegres, mas a ideia é ser um convite ao pensamento”, diz o quadrinista Mauricio de Sousa.
O jornalista e professor de letras da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Paulo Ramos concorda. “Quem está acostumado entende melhor desenhos como o de Montanaro. Outros veem as charges como necessariamente uma piada e, por isso, se incomodam.”
Spacca, 46, que fez parte do rodízio de ilustradores da página A2 entre 1986 e 1995, diz: “Os cartunistas constroem uma imagem de irreverentes, de livres criadores, que podem fazer qualquer coisa.... Mas todo comunicador tem de antecipar a reação do público e medir o que vai causar. Nem tudo é permitido”.
Para Jal, presidente da Associação dos Cartunistas do Brasil, “é nesses momentos de tragédia que temos de fazer críticas”.
DIOGO BERCITO, de São Paulo (texto adaptado), 17/03/2011.
Observando os quatro textos em análise, SÓ se pode afirmar que: