Questões de Concurso Público AL-MG 2023 para Analista Legislativo - Consultor do Processo Legislativo

Foram encontradas 60 questões

Q2075811 Português
TEXTO 01

Questão de horário

Walcyr Carrasco

     Eu sou um chato, do tipo que faz questão de chegar na hora certa. Há países em que o horário é um rito religioso. Ninguém se atrasa. Uma vez, na Holanda, demorei cinco minutos extras para descer de elevador e fui recebido de cara feia. Mas aqui, entre nós, brasileiros, é muito diferente. Certa vez, pertencia a uma associação. Marcou-se uma reunião às 19 horas no Rio de Janeiro. Meia hora depois, ninguém. O primeiro membro só apareceu às 20h30. O diretor, às 21. A reunião começou às 22, quando eu, exausto, só queria ir embora. Todos os outros ostentavam sorrisos, bom humor. Óbvio, nunca mais fui a encontro algum dessa associação.
     Hoje, trabalho com pessoas muito pontuais, e as reuniões on-line nos tornaram mais pontuais ainda. Horário é horário, ninguém suportaria permanecer 45 minutos olhando a tela em branco, aguardando o ingresso na reunião. Somos exceção. Tenho um amigo, por exemplo, capaz de marcar algo às 10 da manhã, um novo compromisso às 10h15, outro às 10h30. Dá errado, sempre. Ou certo, porque as pessoas com quem ele marca também se atrasam, e ele teria de ficar esperando. É uma pessoa agradável e simpática. Não é nem por má vontade. Parece que há uma inabilidade de calcular o tempo. Sempre na última hora surge algo para fazer e ele corre.
     Quinze minutos é o máximo que se deve esperar, segundo aprendi. Mas se a gente quer muito o encontro, seja por motivo pessoal ou profissional, por que não dar mais um tempinho na esperança de, enfim, resolver? O pior é ter de continuar simpático, sorridente, após um chá de cadeira. Mas se é para ficar de cara feia, melhor nem esperar. Tenho um amigo que conta cada instante. E diz: “Você chegou quinze segundos atrasado”. Também é um exagero. Gasta-se meia hora apenas para acalmá-lo. Aí, a alegria do encontro já foi embora.
     Perder o timing pode mudar uma vida inteira. O horário do Enem ou da prova de vestibular, por exemplo, é rígido. Quem chega depois, chora. Há restaurantes que seguram a reserva só quinze minutos. Em compensação, nada mais injusto que os horários de voos. Aviões atrasam, são cancelados, a gente passa horas no aeroporto e fica por isso mesmo. Eu nunca posso me atrasar, mas eles sim.
     Formigas e abelhas têm estruturas organizacionais sólidas. E nenhuma usa relógio. Assim como os pássaros que sabem a hora de migrar. Nós, humanos, é que nos atrapalhamos. Confesso: já fui a festa no dia seguinte ao marcado. Um desastre. Há noivos que esperam horas no altar, e noivas que aguardam anos para o pedido de casamento. Em Minas há uma cidade, no interior, chamada Espera Feliz. Mas é possível existir felicidade em uma espera? Só fico feliz quando aguardo o vaivém dos pratos de um bom jantar. A gula estimula a paciência. Já quando se está com fome e o menu demora é o fim do mundo.
     Horário também é questão de empatia. O que se tem de mais precioso é o tempo. Por que alguém se acha no direito de deixar o outro esperando?

Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/walcyr-carrasco/questao-de-horario/ (Adaptado) Acesso em: 07 jan. 2023.
Sobre a constituição do texto, é correto afirmar, EXCETO:
Alternativas
Q2075812 Português
TEXTO 01

Questão de horário

Walcyr Carrasco

     Eu sou um chato, do tipo que faz questão de chegar na hora certa. Há países em que o horário é um rito religioso. Ninguém se atrasa. Uma vez, na Holanda, demorei cinco minutos extras para descer de elevador e fui recebido de cara feia. Mas aqui, entre nós, brasileiros, é muito diferente. Certa vez, pertencia a uma associação. Marcou-se uma reunião às 19 horas no Rio de Janeiro. Meia hora depois, ninguém. O primeiro membro só apareceu às 20h30. O diretor, às 21. A reunião começou às 22, quando eu, exausto, só queria ir embora. Todos os outros ostentavam sorrisos, bom humor. Óbvio, nunca mais fui a encontro algum dessa associação.
     Hoje, trabalho com pessoas muito pontuais, e as reuniões on-line nos tornaram mais pontuais ainda. Horário é horário, ninguém suportaria permanecer 45 minutos olhando a tela em branco, aguardando o ingresso na reunião. Somos exceção. Tenho um amigo, por exemplo, capaz de marcar algo às 10 da manhã, um novo compromisso às 10h15, outro às 10h30. Dá errado, sempre. Ou certo, porque as pessoas com quem ele marca também se atrasam, e ele teria de ficar esperando. É uma pessoa agradável e simpática. Não é nem por má vontade. Parece que há uma inabilidade de calcular o tempo. Sempre na última hora surge algo para fazer e ele corre.
     Quinze minutos é o máximo que se deve esperar, segundo aprendi. Mas se a gente quer muito o encontro, seja por motivo pessoal ou profissional, por que não dar mais um tempinho na esperança de, enfim, resolver? O pior é ter de continuar simpático, sorridente, após um chá de cadeira. Mas se é para ficar de cara feia, melhor nem esperar. Tenho um amigo que conta cada instante. E diz: “Você chegou quinze segundos atrasado”. Também é um exagero. Gasta-se meia hora apenas para acalmá-lo. Aí, a alegria do encontro já foi embora.
     Perder o timing pode mudar uma vida inteira. O horário do Enem ou da prova de vestibular, por exemplo, é rígido. Quem chega depois, chora. Há restaurantes que seguram a reserva só quinze minutos. Em compensação, nada mais injusto que os horários de voos. Aviões atrasam, são cancelados, a gente passa horas no aeroporto e fica por isso mesmo. Eu nunca posso me atrasar, mas eles sim.
     Formigas e abelhas têm estruturas organizacionais sólidas. E nenhuma usa relógio. Assim como os pássaros que sabem a hora de migrar. Nós, humanos, é que nos atrapalhamos. Confesso: já fui a festa no dia seguinte ao marcado. Um desastre. Há noivos que esperam horas no altar, e noivas que aguardam anos para o pedido de casamento. Em Minas há uma cidade, no interior, chamada Espera Feliz. Mas é possível existir felicidade em uma espera? Só fico feliz quando aguardo o vaivém dos pratos de um bom jantar. A gula estimula a paciência. Já quando se está com fome e o menu demora é o fim do mundo.
     Horário também é questão de empatia. O que se tem de mais precioso é o tempo. Por que alguém se acha no direito de deixar o outro esperando?

Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/walcyr-carrasco/questao-de-horario/ (Adaptado) Acesso em: 07 jan. 2023.
Ao comparar as estruturas organizacionais sólidas das formigas e a sabedoria dos pássaros ao migrar com os humanos, revela-se que, EXCETO 
Alternativas
Q2075813 Português
TEXTO 01

Questão de horário

Walcyr Carrasco

     Eu sou um chato, do tipo que faz questão de chegar na hora certa. Há países em que o horário é um rito religioso. Ninguém se atrasa. Uma vez, na Holanda, demorei cinco minutos extras para descer de elevador e fui recebido de cara feia. Mas aqui, entre nós, brasileiros, é muito diferente. Certa vez, pertencia a uma associação. Marcou-se uma reunião às 19 horas no Rio de Janeiro. Meia hora depois, ninguém. O primeiro membro só apareceu às 20h30. O diretor, às 21. A reunião começou às 22, quando eu, exausto, só queria ir embora. Todos os outros ostentavam sorrisos, bom humor. Óbvio, nunca mais fui a encontro algum dessa associação.
     Hoje, trabalho com pessoas muito pontuais, e as reuniões on-line nos tornaram mais pontuais ainda. Horário é horário, ninguém suportaria permanecer 45 minutos olhando a tela em branco, aguardando o ingresso na reunião. Somos exceção. Tenho um amigo, por exemplo, capaz de marcar algo às 10 da manhã, um novo compromisso às 10h15, outro às 10h30. Dá errado, sempre. Ou certo, porque as pessoas com quem ele marca também se atrasam, e ele teria de ficar esperando. É uma pessoa agradável e simpática. Não é nem por má vontade. Parece que há uma inabilidade de calcular o tempo. Sempre na última hora surge algo para fazer e ele corre.
     Quinze minutos é o máximo que se deve esperar, segundo aprendi. Mas se a gente quer muito o encontro, seja por motivo pessoal ou profissional, por que não dar mais um tempinho na esperança de, enfim, resolver? O pior é ter de continuar simpático, sorridente, após um chá de cadeira. Mas se é para ficar de cara feia, melhor nem esperar. Tenho um amigo que conta cada instante. E diz: “Você chegou quinze segundos atrasado”. Também é um exagero. Gasta-se meia hora apenas para acalmá-lo. Aí, a alegria do encontro já foi embora.
     Perder o timing pode mudar uma vida inteira. O horário do Enem ou da prova de vestibular, por exemplo, é rígido. Quem chega depois, chora. Há restaurantes que seguram a reserva só quinze minutos. Em compensação, nada mais injusto que os horários de voos. Aviões atrasam, são cancelados, a gente passa horas no aeroporto e fica por isso mesmo. Eu nunca posso me atrasar, mas eles sim.
     Formigas e abelhas têm estruturas organizacionais sólidas. E nenhuma usa relógio. Assim como os pássaros que sabem a hora de migrar. Nós, humanos, é que nos atrapalhamos. Confesso: já fui a festa no dia seguinte ao marcado. Um desastre. Há noivos que esperam horas no altar, e noivas que aguardam anos para o pedido de casamento. Em Minas há uma cidade, no interior, chamada Espera Feliz. Mas é possível existir felicidade em uma espera? Só fico feliz quando aguardo o vaivém dos pratos de um bom jantar. A gula estimula a paciência. Já quando se está com fome e o menu demora é o fim do mundo.
     Horário também é questão de empatia. O que se tem de mais precioso é o tempo. Por que alguém se acha no direito de deixar o outro esperando?

Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/walcyr-carrasco/questao-de-horario/ (Adaptado) Acesso em: 07 jan. 2023.
“Horário é questão de empatia.” O ditado popular que MELHOR resume a ideia expressa na frase acima é: 
Alternativas
Q2075814 Português
TEXTO 01

Questão de horário

Walcyr Carrasco

     Eu sou um chato, do tipo que faz questão de chegar na hora certa. Há países em que o horário é um rito religioso. Ninguém se atrasa. Uma vez, na Holanda, demorei cinco minutos extras para descer de elevador e fui recebido de cara feia. Mas aqui, entre nós, brasileiros, é muito diferente. Certa vez, pertencia a uma associação. Marcou-se uma reunião às 19 horas no Rio de Janeiro. Meia hora depois, ninguém. O primeiro membro só apareceu às 20h30. O diretor, às 21. A reunião começou às 22, quando eu, exausto, só queria ir embora. Todos os outros ostentavam sorrisos, bom humor. Óbvio, nunca mais fui a encontro algum dessa associação.
     Hoje, trabalho com pessoas muito pontuais, e as reuniões on-line nos tornaram mais pontuais ainda. Horário é horário, ninguém suportaria permanecer 45 minutos olhando a tela em branco, aguardando o ingresso na reunião. Somos exceção. Tenho um amigo, por exemplo, capaz de marcar algo às 10 da manhã, um novo compromisso às 10h15, outro às 10h30. Dá errado, sempre. Ou certo, porque as pessoas com quem ele marca também se atrasam, e ele teria de ficar esperando. É uma pessoa agradável e simpática. Não é nem por má vontade. Parece que há uma inabilidade de calcular o tempo. Sempre na última hora surge algo para fazer e ele corre.
     Quinze minutos é o máximo que se deve esperar, segundo aprendi. Mas se a gente quer muito o encontro, seja por motivo pessoal ou profissional, por que não dar mais um tempinho na esperança de, enfim, resolver? O pior é ter de continuar simpático, sorridente, após um chá de cadeira. Mas se é para ficar de cara feia, melhor nem esperar. Tenho um amigo que conta cada instante. E diz: “Você chegou quinze segundos atrasado”. Também é um exagero. Gasta-se meia hora apenas para acalmá-lo. Aí, a alegria do encontro já foi embora.
     Perder o timing pode mudar uma vida inteira. O horário do Enem ou da prova de vestibular, por exemplo, é rígido. Quem chega depois, chora. Há restaurantes que seguram a reserva só quinze minutos. Em compensação, nada mais injusto que os horários de voos. Aviões atrasam, são cancelados, a gente passa horas no aeroporto e fica por isso mesmo. Eu nunca posso me atrasar, mas eles sim.
     Formigas e abelhas têm estruturas organizacionais sólidas. E nenhuma usa relógio. Assim como os pássaros que sabem a hora de migrar. Nós, humanos, é que nos atrapalhamos. Confesso: já fui a festa no dia seguinte ao marcado. Um desastre. Há noivos que esperam horas no altar, e noivas que aguardam anos para o pedido de casamento. Em Minas há uma cidade, no interior, chamada Espera Feliz. Mas é possível existir felicidade em uma espera? Só fico feliz quando aguardo o vaivém dos pratos de um bom jantar. A gula estimula a paciência. Já quando se está com fome e o menu demora é o fim do mundo.
     Horário também é questão de empatia. O que se tem de mais precioso é o tempo. Por que alguém se acha no direito de deixar o outro esperando?

Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/walcyr-carrasco/questao-de-horario/ (Adaptado) Acesso em: 07 jan. 2023.
Ao longo do texto, percebe-se o descontentamento do autor em relação aos atrasos. No entanto, há uma contradição no seguinte trecho: 
Alternativas
Q2075815 Português
TEXTO 01

Questão de horário

Walcyr Carrasco

     Eu sou um chato, do tipo que faz questão de chegar na hora certa. Há países em que o horário é um rito religioso. Ninguém se atrasa. Uma vez, na Holanda, demorei cinco minutos extras para descer de elevador e fui recebido de cara feia. Mas aqui, entre nós, brasileiros, é muito diferente. Certa vez, pertencia a uma associação. Marcou-se uma reunião às 19 horas no Rio de Janeiro. Meia hora depois, ninguém. O primeiro membro só apareceu às 20h30. O diretor, às 21. A reunião começou às 22, quando eu, exausto, só queria ir embora. Todos os outros ostentavam sorrisos, bom humor. Óbvio, nunca mais fui a encontro algum dessa associação.
     Hoje, trabalho com pessoas muito pontuais, e as reuniões on-line nos tornaram mais pontuais ainda. Horário é horário, ninguém suportaria permanecer 45 minutos olhando a tela em branco, aguardando o ingresso na reunião. Somos exceção. Tenho um amigo, por exemplo, capaz de marcar algo às 10 da manhã, um novo compromisso às 10h15, outro às 10h30. Dá errado, sempre. Ou certo, porque as pessoas com quem ele marca também se atrasam, e ele teria de ficar esperando. É uma pessoa agradável e simpática. Não é nem por má vontade. Parece que há uma inabilidade de calcular o tempo. Sempre na última hora surge algo para fazer e ele corre.
     Quinze minutos é o máximo que se deve esperar, segundo aprendi. Mas se a gente quer muito o encontro, seja por motivo pessoal ou profissional, por que não dar mais um tempinho na esperança de, enfim, resolver? O pior é ter de continuar simpático, sorridente, após um chá de cadeira. Mas se é para ficar de cara feia, melhor nem esperar. Tenho um amigo que conta cada instante. E diz: “Você chegou quinze segundos atrasado”. Também é um exagero. Gasta-se meia hora apenas para acalmá-lo. Aí, a alegria do encontro já foi embora.
     Perder o timing pode mudar uma vida inteira. O horário do Enem ou da prova de vestibular, por exemplo, é rígido. Quem chega depois, chora. Há restaurantes que seguram a reserva só quinze minutos. Em compensação, nada mais injusto que os horários de voos. Aviões atrasam, são cancelados, a gente passa horas no aeroporto e fica por isso mesmo. Eu nunca posso me atrasar, mas eles sim.
     Formigas e abelhas têm estruturas organizacionais sólidas. E nenhuma usa relógio. Assim como os pássaros que sabem a hora de migrar. Nós, humanos, é que nos atrapalhamos. Confesso: já fui a festa no dia seguinte ao marcado. Um desastre. Há noivos que esperam horas no altar, e noivas que aguardam anos para o pedido de casamento. Em Minas há uma cidade, no interior, chamada Espera Feliz. Mas é possível existir felicidade em uma espera? Só fico feliz quando aguardo o vaivém dos pratos de um bom jantar. A gula estimula a paciência. Já quando se está com fome e o menu demora é o fim do mundo.
     Horário também é questão de empatia. O que se tem de mais precioso é o tempo. Por que alguém se acha no direito de deixar o outro esperando?

Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/walcyr-carrasco/questao-de-horario/ (Adaptado) Acesso em: 07 jan. 2023.
São sentimentos presentes no texto, EXCETO
Alternativas
Q2075816 Português
TEXTO 01

Questão de horário

Walcyr Carrasco

     Eu sou um chato, do tipo que faz questão de chegar na hora certa. Há países em que o horário é um rito religioso. Ninguém se atrasa. Uma vez, na Holanda, demorei cinco minutos extras para descer de elevador e fui recebido de cara feia. Mas aqui, entre nós, brasileiros, é muito diferente. Certa vez, pertencia a uma associação. Marcou-se uma reunião às 19 horas no Rio de Janeiro. Meia hora depois, ninguém. O primeiro membro só apareceu às 20h30. O diretor, às 21. A reunião começou às 22, quando eu, exausto, só queria ir embora. Todos os outros ostentavam sorrisos, bom humor. Óbvio, nunca mais fui a encontro algum dessa associação.
     Hoje, trabalho com pessoas muito pontuais, e as reuniões on-line nos tornaram mais pontuais ainda. Horário é horário, ninguém suportaria permanecer 45 minutos olhando a tela em branco, aguardando o ingresso na reunião. Somos exceção. Tenho um amigo, por exemplo, capaz de marcar algo às 10 da manhã, um novo compromisso às 10h15, outro às 10h30. Dá errado, sempre. Ou certo, porque as pessoas com quem ele marca também se atrasam, e ele teria de ficar esperando. É uma pessoa agradável e simpática. Não é nem por má vontade. Parece que há uma inabilidade de calcular o tempo. Sempre na última hora surge algo para fazer e ele corre.
     Quinze minutos é o máximo que se deve esperar, segundo aprendi. Mas se a gente quer muito o encontro, seja por motivo pessoal ou profissional, por que não dar mais um tempinho na esperança de, enfim, resolver? O pior é ter de continuar simpático, sorridente, após um chá de cadeira. Mas se é para ficar de cara feia, melhor nem esperar. Tenho um amigo que conta cada instante. E diz: “Você chegou quinze segundos atrasado”. Também é um exagero. Gasta-se meia hora apenas para acalmá-lo. Aí, a alegria do encontro já foi embora.
     Perder o timing pode mudar uma vida inteira. O horário do Enem ou da prova de vestibular, por exemplo, é rígido. Quem chega depois, chora. Há restaurantes que seguram a reserva só quinze minutos. Em compensação, nada mais injusto que os horários de voos. Aviões atrasam, são cancelados, a gente passa horas no aeroporto e fica por isso mesmo. Eu nunca posso me atrasar, mas eles sim.
     Formigas e abelhas têm estruturas organizacionais sólidas. E nenhuma usa relógio. Assim como os pássaros que sabem a hora de migrar. Nós, humanos, é que nos atrapalhamos. Confesso: já fui a festa no dia seguinte ao marcado. Um desastre. Há noivos que esperam horas no altar, e noivas que aguardam anos para o pedido de casamento. Em Minas há uma cidade, no interior, chamada Espera Feliz. Mas é possível existir felicidade em uma espera? Só fico feliz quando aguardo o vaivém dos pratos de um bom jantar. A gula estimula a paciência. Já quando se está com fome e o menu demora é o fim do mundo.
     Horário também é questão de empatia. O que se tem de mais precioso é o tempo. Por que alguém se acha no direito de deixar o outro esperando?

Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/walcyr-carrasco/questao-de-horario/ (Adaptado) Acesso em: 07 jan. 2023.
São expressões da opinião do locutor do texto, EXCETO
Alternativas
Q2075817 Português
TEXTO 01

Questão de horário

Walcyr Carrasco

     Eu sou um chato, do tipo que faz questão de chegar na hora certa. Há países em que o horário é um rito religioso. Ninguém se atrasa. Uma vez, na Holanda, demorei cinco minutos extras para descer de elevador e fui recebido de cara feia. Mas aqui, entre nós, brasileiros, é muito diferente. Certa vez, pertencia a uma associação. Marcou-se uma reunião às 19 horas no Rio de Janeiro. Meia hora depois, ninguém. O primeiro membro só apareceu às 20h30. O diretor, às 21. A reunião começou às 22, quando eu, exausto, só queria ir embora. Todos os outros ostentavam sorrisos, bom humor. Óbvio, nunca mais fui a encontro algum dessa associação.
     Hoje, trabalho com pessoas muito pontuais, e as reuniões on-line nos tornaram mais pontuais ainda. Horário é horário, ninguém suportaria permanecer 45 minutos olhando a tela em branco, aguardando o ingresso na reunião. Somos exceção. Tenho um amigo, por exemplo, capaz de marcar algo às 10 da manhã, um novo compromisso às 10h15, outro às 10h30. Dá errado, sempre. Ou certo, porque as pessoas com quem ele marca também se atrasam, e ele teria de ficar esperando. É uma pessoa agradável e simpática. Não é nem por má vontade. Parece que há uma inabilidade de calcular o tempo. Sempre na última hora surge algo para fazer e ele corre.
     Quinze minutos é o máximo que se deve esperar, segundo aprendi. Mas se a gente quer muito o encontro, seja por motivo pessoal ou profissional, por que não dar mais um tempinho na esperança de, enfim, resolver? O pior é ter de continuar simpático, sorridente, após um chá de cadeira. Mas se é para ficar de cara feia, melhor nem esperar. Tenho um amigo que conta cada instante. E diz: “Você chegou quinze segundos atrasado”. Também é um exagero. Gasta-se meia hora apenas para acalmá-lo. Aí, a alegria do encontro já foi embora.
     Perder o timing pode mudar uma vida inteira. O horário do Enem ou da prova de vestibular, por exemplo, é rígido. Quem chega depois, chora. Há restaurantes que seguram a reserva só quinze minutos. Em compensação, nada mais injusto que os horários de voos. Aviões atrasam, são cancelados, a gente passa horas no aeroporto e fica por isso mesmo. Eu nunca posso me atrasar, mas eles sim.
     Formigas e abelhas têm estruturas organizacionais sólidas. E nenhuma usa relógio. Assim como os pássaros que sabem a hora de migrar. Nós, humanos, é que nos atrapalhamos. Confesso: já fui a festa no dia seguinte ao marcado. Um desastre. Há noivos que esperam horas no altar, e noivas que aguardam anos para o pedido de casamento. Em Minas há uma cidade, no interior, chamada Espera Feliz. Mas é possível existir felicidade em uma espera? Só fico feliz quando aguardo o vaivém dos pratos de um bom jantar. A gula estimula a paciência. Já quando se está com fome e o menu demora é o fim do mundo.
     Horário também é questão de empatia. O que se tem de mais precioso é o tempo. Por que alguém se acha no direito de deixar o outro esperando?

Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/walcyr-carrasco/questao-de-horario/ (Adaptado) Acesso em: 07 jan. 2023.
O locutor do texto inclui o interlocutor em suas reflexões em: 
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Q2075818 Português
TEXTO 01

Questão de horário

Walcyr Carrasco

     Eu sou um chato, do tipo que faz questão de chegar na hora certa. Há países em que o horário é um rito religioso. Ninguém se atrasa. Uma vez, na Holanda, demorei cinco minutos extras para descer de elevador e fui recebido de cara feia. Mas aqui, entre nós, brasileiros, é muito diferente. Certa vez, pertencia a uma associação. Marcou-se uma reunião às 19 horas no Rio de Janeiro. Meia hora depois, ninguém. O primeiro membro só apareceu às 20h30. O diretor, às 21. A reunião começou às 22, quando eu, exausto, só queria ir embora. Todos os outros ostentavam sorrisos, bom humor. Óbvio, nunca mais fui a encontro algum dessa associação.
     Hoje, trabalho com pessoas muito pontuais, e as reuniões on-line nos tornaram mais pontuais ainda. Horário é horário, ninguém suportaria permanecer 45 minutos olhando a tela em branco, aguardando o ingresso na reunião. Somos exceção. Tenho um amigo, por exemplo, capaz de marcar algo às 10 da manhã, um novo compromisso às 10h15, outro às 10h30. Dá errado, sempre. Ou certo, porque as pessoas com quem ele marca também se atrasam, e ele teria de ficar esperando. É uma pessoa agradável e simpática. Não é nem por má vontade. Parece que há uma inabilidade de calcular o tempo. Sempre na última hora surge algo para fazer e ele corre.
     Quinze minutos é o máximo que se deve esperar, segundo aprendi. Mas se a gente quer muito o encontro, seja por motivo pessoal ou profissional, por que não dar mais um tempinho na esperança de, enfim, resolver? O pior é ter de continuar simpático, sorridente, após um chá de cadeira. Mas se é para ficar de cara feia, melhor nem esperar. Tenho um amigo que conta cada instante. E diz: “Você chegou quinze segundos atrasado”. Também é um exagero. Gasta-se meia hora apenas para acalmá-lo. Aí, a alegria do encontro já foi embora.
     Perder o timing pode mudar uma vida inteira. O horário do Enem ou da prova de vestibular, por exemplo, é rígido. Quem chega depois, chora. Há restaurantes que seguram a reserva só quinze minutos. Em compensação, nada mais injusto que os horários de voos. Aviões atrasam, são cancelados, a gente passa horas no aeroporto e fica por isso mesmo. Eu nunca posso me atrasar, mas eles sim.
     Formigas e abelhas têm estruturas organizacionais sólidas. E nenhuma usa relógio. Assim como os pássaros que sabem a hora de migrar. Nós, humanos, é que nos atrapalhamos. Confesso: já fui a festa no dia seguinte ao marcado. Um desastre. Há noivos que esperam horas no altar, e noivas que aguardam anos para o pedido de casamento. Em Minas há uma cidade, no interior, chamada Espera Feliz. Mas é possível existir felicidade em uma espera? Só fico feliz quando aguardo o vaivém dos pratos de um bom jantar. A gula estimula a paciência. Já quando se está com fome e o menu demora é o fim do mundo.
     Horário também é questão de empatia. O que se tem de mais precioso é o tempo. Por que alguém se acha no direito de deixar o outro esperando?

Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/walcyr-carrasco/questao-de-horario/ (Adaptado) Acesso em: 07 jan. 2023.
O termo destacado representa uma síntese das ideias apresentadas no trecho mencionado anteriormente, na mesma frase, EXCETO em:
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Q2075819 Português
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Questão de horário

Walcyr Carrasco

     Eu sou um chato, do tipo que faz questão de chegar na hora certa. Há países em que o horário é um rito religioso. Ninguém se atrasa. Uma vez, na Holanda, demorei cinco minutos extras para descer de elevador e fui recebido de cara feia. Mas aqui, entre nós, brasileiros, é muito diferente. Certa vez, pertencia a uma associação. Marcou-se uma reunião às 19 horas no Rio de Janeiro. Meia hora depois, ninguém. O primeiro membro só apareceu às 20h30. O diretor, às 21. A reunião começou às 22, quando eu, exausto, só queria ir embora. Todos os outros ostentavam sorrisos, bom humor. Óbvio, nunca mais fui a encontro algum dessa associação.
     Hoje, trabalho com pessoas muito pontuais, e as reuniões on-line nos tornaram mais pontuais ainda. Horário é horário, ninguém suportaria permanecer 45 minutos olhando a tela em branco, aguardando o ingresso na reunião. Somos exceção. Tenho um amigo, por exemplo, capaz de marcar algo às 10 da manhã, um novo compromisso às 10h15, outro às 10h30. Dá errado, sempre. Ou certo, porque as pessoas com quem ele marca também se atrasam, e ele teria de ficar esperando. É uma pessoa agradável e simpática. Não é nem por má vontade. Parece que há uma inabilidade de calcular o tempo. Sempre na última hora surge algo para fazer e ele corre.
     Quinze minutos é o máximo que se deve esperar, segundo aprendi. Mas se a gente quer muito o encontro, seja por motivo pessoal ou profissional, por que não dar mais um tempinho na esperança de, enfim, resolver? O pior é ter de continuar simpático, sorridente, após um chá de cadeira. Mas se é para ficar de cara feia, melhor nem esperar. Tenho um amigo que conta cada instante. E diz: “Você chegou quinze segundos atrasado”. Também é um exagero. Gasta-se meia hora apenas para acalmá-lo. Aí, a alegria do encontro já foi embora.
     Perder o timing pode mudar uma vida inteira. O horário do Enem ou da prova de vestibular, por exemplo, é rígido. Quem chega depois, chora. Há restaurantes que seguram a reserva só quinze minutos. Em compensação, nada mais injusto que os horários de voos. Aviões atrasam, são cancelados, a gente passa horas no aeroporto e fica por isso mesmo. Eu nunca posso me atrasar, mas eles sim.
     Formigas e abelhas têm estruturas organizacionais sólidas. E nenhuma usa relógio. Assim como os pássaros que sabem a hora de migrar. Nós, humanos, é que nos atrapalhamos. Confesso: já fui a festa no dia seguinte ao marcado. Um desastre. Há noivos que esperam horas no altar, e noivas que aguardam anos para o pedido de casamento. Em Minas há uma cidade, no interior, chamada Espera Feliz. Mas é possível existir felicidade em uma espera? Só fico feliz quando aguardo o vaivém dos pratos de um bom jantar. A gula estimula a paciência. Já quando se está com fome e o menu demora é o fim do mundo.
     Horário também é questão de empatia. O que se tem de mais precioso é o tempo. Por que alguém se acha no direito de deixar o outro esperando?

Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/walcyr-carrasco/questao-de-horario/ (Adaptado) Acesso em: 07 jan. 2023.
O referente dos pronomes destacados está corretamente identificado entre parênteses, EXCETO em: 
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Q2075820 Português
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Questão de horário

Walcyr Carrasco

     Eu sou um chato, do tipo que faz questão de chegar na hora certa. Há países em que o horário é um rito religioso. Ninguém se atrasa. Uma vez, na Holanda, demorei cinco minutos extras para descer de elevador e fui recebido de cara feia. Mas aqui, entre nós, brasileiros, é muito diferente. Certa vez, pertencia a uma associação. Marcou-se uma reunião às 19 horas no Rio de Janeiro. Meia hora depois, ninguém. O primeiro membro só apareceu às 20h30. O diretor, às 21. A reunião começou às 22, quando eu, exausto, só queria ir embora. Todos os outros ostentavam sorrisos, bom humor. Óbvio, nunca mais fui a encontro algum dessa associação.
     Hoje, trabalho com pessoas muito pontuais, e as reuniões on-line nos tornaram mais pontuais ainda. Horário é horário, ninguém suportaria permanecer 45 minutos olhando a tela em branco, aguardando o ingresso na reunião. Somos exceção. Tenho um amigo, por exemplo, capaz de marcar algo às 10 da manhã, um novo compromisso às 10h15, outro às 10h30. Dá errado, sempre. Ou certo, porque as pessoas com quem ele marca também se atrasam, e ele teria de ficar esperando. É uma pessoa agradável e simpática. Não é nem por má vontade. Parece que há uma inabilidade de calcular o tempo. Sempre na última hora surge algo para fazer e ele corre.
     Quinze minutos é o máximo que se deve esperar, segundo aprendi. Mas se a gente quer muito o encontro, seja por motivo pessoal ou profissional, por que não dar mais um tempinho na esperança de, enfim, resolver? O pior é ter de continuar simpático, sorridente, após um chá de cadeira. Mas se é para ficar de cara feia, melhor nem esperar. Tenho um amigo que conta cada instante. E diz: “Você chegou quinze segundos atrasado”. Também é um exagero. Gasta-se meia hora apenas para acalmá-lo. Aí, a alegria do encontro já foi embora.
     Perder o timing pode mudar uma vida inteira. O horário do Enem ou da prova de vestibular, por exemplo, é rígido. Quem chega depois, chora. Há restaurantes que seguram a reserva só quinze minutos. Em compensação, nada mais injusto que os horários de voos. Aviões atrasam, são cancelados, a gente passa horas no aeroporto e fica por isso mesmo. Eu nunca posso me atrasar, mas eles sim.
     Formigas e abelhas têm estruturas organizacionais sólidas. E nenhuma usa relógio. Assim como os pássaros que sabem a hora de migrar. Nós, humanos, é que nos atrapalhamos. Confesso: já fui a festa no dia seguinte ao marcado. Um desastre. Há noivos que esperam horas no altar, e noivas que aguardam anos para o pedido de casamento. Em Minas há uma cidade, no interior, chamada Espera Feliz. Mas é possível existir felicidade em uma espera? Só fico feliz quando aguardo o vaivém dos pratos de um bom jantar. A gula estimula a paciência. Já quando se está com fome e o menu demora é o fim do mundo.
     Horário também é questão de empatia. O que se tem de mais precioso é o tempo. Por que alguém se acha no direito de deixar o outro esperando?

Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/walcyr-carrasco/questao-de-horario/ (Adaptado) Acesso em: 07 jan. 2023.
A inversão das palavras destacadas mantém a frase com o mesmo sentido, EXCETO em:
Alternativas
Q2075821 Português
TEXTO 01

Questão de horário

Walcyr Carrasco

     Eu sou um chato, do tipo que faz questão de chegar na hora certa. Há países em que o horário é um rito religioso. Ninguém se atrasa. Uma vez, na Holanda, demorei cinco minutos extras para descer de elevador e fui recebido de cara feia. Mas aqui, entre nós, brasileiros, é muito diferente. Certa vez, pertencia a uma associação. Marcou-se uma reunião às 19 horas no Rio de Janeiro. Meia hora depois, ninguém. O primeiro membro só apareceu às 20h30. O diretor, às 21. A reunião começou às 22, quando eu, exausto, só queria ir embora. Todos os outros ostentavam sorrisos, bom humor. Óbvio, nunca mais fui a encontro algum dessa associação.
     Hoje, trabalho com pessoas muito pontuais, e as reuniões on-line nos tornaram mais pontuais ainda. Horário é horário, ninguém suportaria permanecer 45 minutos olhando a tela em branco, aguardando o ingresso na reunião. Somos exceção. Tenho um amigo, por exemplo, capaz de marcar algo às 10 da manhã, um novo compromisso às 10h15, outro às 10h30. Dá errado, sempre. Ou certo, porque as pessoas com quem ele marca também se atrasam, e ele teria de ficar esperando. É uma pessoa agradável e simpática. Não é nem por má vontade. Parece que há uma inabilidade de calcular o tempo. Sempre na última hora surge algo para fazer e ele corre.
     Quinze minutos é o máximo que se deve esperar, segundo aprendi. Mas se a gente quer muito o encontro, seja por motivo pessoal ou profissional, por que não dar mais um tempinho na esperança de, enfim, resolver? O pior é ter de continuar simpático, sorridente, após um chá de cadeira. Mas se é para ficar de cara feia, melhor nem esperar. Tenho um amigo que conta cada instante. E diz: “Você chegou quinze segundos atrasado”. Também é um exagero. Gasta-se meia hora apenas para acalmá-lo. Aí, a alegria do encontro já foi embora.
     Perder o timing pode mudar uma vida inteira. O horário do Enem ou da prova de vestibular, por exemplo, é rígido. Quem chega depois, chora. Há restaurantes que seguram a reserva só quinze minutos. Em compensação, nada mais injusto que os horários de voos. Aviões atrasam, são cancelados, a gente passa horas no aeroporto e fica por isso mesmo. Eu nunca posso me atrasar, mas eles sim.
     Formigas e abelhas têm estruturas organizacionais sólidas. E nenhuma usa relógio. Assim como os pássaros que sabem a hora de migrar. Nós, humanos, é que nos atrapalhamos. Confesso: já fui a festa no dia seguinte ao marcado. Um desastre. Há noivos que esperam horas no altar, e noivas que aguardam anos para o pedido de casamento. Em Minas há uma cidade, no interior, chamada Espera Feliz. Mas é possível existir felicidade em uma espera? Só fico feliz quando aguardo o vaivém dos pratos de um bom jantar. A gula estimula a paciência. Já quando se está com fome e o menu demora é o fim do mundo.
     Horário também é questão de empatia. O que se tem de mais precioso é o tempo. Por que alguém se acha no direito de deixar o outro esperando?

Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/walcyr-carrasco/questao-de-horario/ (Adaptado) Acesso em: 07 jan. 2023.
Em: “Formigas e abelhas têm estruturas organizacionais sólidas. E nenhuma usa relógio.”, “nenhuma” se refere 
Alternativas
Q2075822 Português
TEXTO 01

Questão de horário

Walcyr Carrasco

     Eu sou um chato, do tipo que faz questão de chegar na hora certa. Há países em que o horário é um rito religioso. Ninguém se atrasa. Uma vez, na Holanda, demorei cinco minutos extras para descer de elevador e fui recebido de cara feia. Mas aqui, entre nós, brasileiros, é muito diferente. Certa vez, pertencia a uma associação. Marcou-se uma reunião às 19 horas no Rio de Janeiro. Meia hora depois, ninguém. O primeiro membro só apareceu às 20h30. O diretor, às 21. A reunião começou às 22, quando eu, exausto, só queria ir embora. Todos os outros ostentavam sorrisos, bom humor. Óbvio, nunca mais fui a encontro algum dessa associação.
     Hoje, trabalho com pessoas muito pontuais, e as reuniões on-line nos tornaram mais pontuais ainda. Horário é horário, ninguém suportaria permanecer 45 minutos olhando a tela em branco, aguardando o ingresso na reunião. Somos exceção. Tenho um amigo, por exemplo, capaz de marcar algo às 10 da manhã, um novo compromisso às 10h15, outro às 10h30. Dá errado, sempre. Ou certo, porque as pessoas com quem ele marca também se atrasam, e ele teria de ficar esperando. É uma pessoa agradável e simpática. Não é nem por má vontade. Parece que há uma inabilidade de calcular o tempo. Sempre na última hora surge algo para fazer e ele corre.
     Quinze minutos é o máximo que se deve esperar, segundo aprendi. Mas se a gente quer muito o encontro, seja por motivo pessoal ou profissional, por que não dar mais um tempinho na esperança de, enfim, resolver? O pior é ter de continuar simpático, sorridente, após um chá de cadeira. Mas se é para ficar de cara feia, melhor nem esperar. Tenho um amigo que conta cada instante. E diz: “Você chegou quinze segundos atrasado”. Também é um exagero. Gasta-se meia hora apenas para acalmá-lo. Aí, a alegria do encontro já foi embora.
     Perder o timing pode mudar uma vida inteira. O horário do Enem ou da prova de vestibular, por exemplo, é rígido. Quem chega depois, chora. Há restaurantes que seguram a reserva só quinze minutos. Em compensação, nada mais injusto que os horários de voos. Aviões atrasam, são cancelados, a gente passa horas no aeroporto e fica por isso mesmo. Eu nunca posso me atrasar, mas eles sim.
     Formigas e abelhas têm estruturas organizacionais sólidas. E nenhuma usa relógio. Assim como os pássaros que sabem a hora de migrar. Nós, humanos, é que nos atrapalhamos. Confesso: já fui a festa no dia seguinte ao marcado. Um desastre. Há noivos que esperam horas no altar, e noivas que aguardam anos para o pedido de casamento. Em Minas há uma cidade, no interior, chamada Espera Feliz. Mas é possível existir felicidade em uma espera? Só fico feliz quando aguardo o vaivém dos pratos de um bom jantar. A gula estimula a paciência. Já quando se está com fome e o menu demora é o fim do mundo.
     Horário também é questão de empatia. O que se tem de mais precioso é o tempo. Por que alguém se acha no direito de deixar o outro esperando?

Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/walcyr-carrasco/questao-de-horario/ (Adaptado) Acesso em: 07 jan. 2023.
Em: “Confesso: já fui a festa no dia seguinte ao marcado.”, sobre o verbo destacado neste trecho, é correto afirmar que é o
Alternativas
Q2075823 Português
TEXTO 01

Questão de horário

Walcyr Carrasco

     Eu sou um chato, do tipo que faz questão de chegar na hora certa. Há países em que o horário é um rito religioso. Ninguém se atrasa. Uma vez, na Holanda, demorei cinco minutos extras para descer de elevador e fui recebido de cara feia. Mas aqui, entre nós, brasileiros, é muito diferente. Certa vez, pertencia a uma associação. Marcou-se uma reunião às 19 horas no Rio de Janeiro. Meia hora depois, ninguém. O primeiro membro só apareceu às 20h30. O diretor, às 21. A reunião começou às 22, quando eu, exausto, só queria ir embora. Todos os outros ostentavam sorrisos, bom humor. Óbvio, nunca mais fui a encontro algum dessa associação.
     Hoje, trabalho com pessoas muito pontuais, e as reuniões on-line nos tornaram mais pontuais ainda. Horário é horário, ninguém suportaria permanecer 45 minutos olhando a tela em branco, aguardando o ingresso na reunião. Somos exceção. Tenho um amigo, por exemplo, capaz de marcar algo às 10 da manhã, um novo compromisso às 10h15, outro às 10h30. Dá errado, sempre. Ou certo, porque as pessoas com quem ele marca também se atrasam, e ele teria de ficar esperando. É uma pessoa agradável e simpática. Não é nem por má vontade. Parece que há uma inabilidade de calcular o tempo. Sempre na última hora surge algo para fazer e ele corre.
     Quinze minutos é o máximo que se deve esperar, segundo aprendi. Mas se a gente quer muito o encontro, seja por motivo pessoal ou profissional, por que não dar mais um tempinho na esperança de, enfim, resolver? O pior é ter de continuar simpático, sorridente, após um chá de cadeira. Mas se é para ficar de cara feia, melhor nem esperar. Tenho um amigo que conta cada instante. E diz: “Você chegou quinze segundos atrasado”. Também é um exagero. Gasta-se meia hora apenas para acalmá-lo. Aí, a alegria do encontro já foi embora.
     Perder o timing pode mudar uma vida inteira. O horário do Enem ou da prova de vestibular, por exemplo, é rígido. Quem chega depois, chora. Há restaurantes que seguram a reserva só quinze minutos. Em compensação, nada mais injusto que os horários de voos. Aviões atrasam, são cancelados, a gente passa horas no aeroporto e fica por isso mesmo. Eu nunca posso me atrasar, mas eles sim.
     Formigas e abelhas têm estruturas organizacionais sólidas. E nenhuma usa relógio. Assim como os pássaros que sabem a hora de migrar. Nós, humanos, é que nos atrapalhamos. Confesso: já fui a festa no dia seguinte ao marcado. Um desastre. Há noivos que esperam horas no altar, e noivas que aguardam anos para o pedido de casamento. Em Minas há uma cidade, no interior, chamada Espera Feliz. Mas é possível existir felicidade em uma espera? Só fico feliz quando aguardo o vaivém dos pratos de um bom jantar. A gula estimula a paciência. Já quando se está com fome e o menu demora é o fim do mundo.
     Horário também é questão de empatia. O que se tem de mais precioso é o tempo. Por que alguém se acha no direito de deixar o outro esperando?

Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/walcyr-carrasco/questao-de-horario/ (Adaptado) Acesso em: 07 jan. 2023.
Os pronomes destacados são indefinidos, EXCETO:
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Q2075824 Português
TEXTO 01

Questão de horário

Walcyr Carrasco

     Eu sou um chato, do tipo que faz questão de chegar na hora certa. Há países em que o horário é um rito religioso. Ninguém se atrasa. Uma vez, na Holanda, demorei cinco minutos extras para descer de elevador e fui recebido de cara feia. Mas aqui, entre nós, brasileiros, é muito diferente. Certa vez, pertencia a uma associação. Marcou-se uma reunião às 19 horas no Rio de Janeiro. Meia hora depois, ninguém. O primeiro membro só apareceu às 20h30. O diretor, às 21. A reunião começou às 22, quando eu, exausto, só queria ir embora. Todos os outros ostentavam sorrisos, bom humor. Óbvio, nunca mais fui a encontro algum dessa associação.
     Hoje, trabalho com pessoas muito pontuais, e as reuniões on-line nos tornaram mais pontuais ainda. Horário é horário, ninguém suportaria permanecer 45 minutos olhando a tela em branco, aguardando o ingresso na reunião. Somos exceção. Tenho um amigo, por exemplo, capaz de marcar algo às 10 da manhã, um novo compromisso às 10h15, outro às 10h30. Dá errado, sempre. Ou certo, porque as pessoas com quem ele marca também se atrasam, e ele teria de ficar esperando. É uma pessoa agradável e simpática. Não é nem por má vontade. Parece que há uma inabilidade de calcular o tempo. Sempre na última hora surge algo para fazer e ele corre.
     Quinze minutos é o máximo que se deve esperar, segundo aprendi. Mas se a gente quer muito o encontro, seja por motivo pessoal ou profissional, por que não dar mais um tempinho na esperança de, enfim, resolver? O pior é ter de continuar simpático, sorridente, após um chá de cadeira. Mas se é para ficar de cara feia, melhor nem esperar. Tenho um amigo que conta cada instante. E diz: “Você chegou quinze segundos atrasado”. Também é um exagero. Gasta-se meia hora apenas para acalmá-lo. Aí, a alegria do encontro já foi embora.
     Perder o timing pode mudar uma vida inteira. O horário do Enem ou da prova de vestibular, por exemplo, é rígido. Quem chega depois, chora. Há restaurantes que seguram a reserva só quinze minutos. Em compensação, nada mais injusto que os horários de voos. Aviões atrasam, são cancelados, a gente passa horas no aeroporto e fica por isso mesmo. Eu nunca posso me atrasar, mas eles sim.
     Formigas e abelhas têm estruturas organizacionais sólidas. E nenhuma usa relógio. Assim como os pássaros que sabem a hora de migrar. Nós, humanos, é que nos atrapalhamos. Confesso: já fui a festa no dia seguinte ao marcado. Um desastre. Há noivos que esperam horas no altar, e noivas que aguardam anos para o pedido de casamento. Em Minas há uma cidade, no interior, chamada Espera Feliz. Mas é possível existir felicidade em uma espera? Só fico feliz quando aguardo o vaivém dos pratos de um bom jantar. A gula estimula a paciência. Já quando se está com fome e o menu demora é o fim do mundo.
     Horário também é questão de empatia. O que se tem de mais precioso é o tempo. Por que alguém se acha no direito de deixar o outro esperando?

Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/walcyr-carrasco/questao-de-horario/ (Adaptado) Acesso em: 07 jan. 2023.
As aspas em: “Você chegou quinze segundos atrasado” foram usadas para indicar
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Q2075825 Português
TEXTO 02

O que realmente importa

Walcyr Carrasco

     A internet transformou nossas vidas em um grande ato de imaginação. Eu abro o Instagram e contemplo a felicidade em mil sorrisos, de mil maneiras. A fronteira entre a vida real e a imaginária acabou, com preferência para a imaginária. Sonhar era uma palavra romântica. Hoje, quando alguém me diz que tem um sonho, já me arrepio. Logo em seguida, vou descobrir que a pessoa quer ser famosa, virar estrela de televisão. E que conta comigo para isso, ai de mim!
     Explico que não dedico minha vida particular a garimpar futuros famosos. Mas a ler, ver televisão, ir a churrascos e até a falar mal da vida alheia. Indico os passos – bem difíceis – que a pessoa deve dar. Mas ela não quer ouvir isso. Esperava que eu a olhasse e, no ato, descobrisse a imensidão do talento que se abriga por trás dos olhinhos que me encaram raivosos, odiando cada conselho. Há pessoas que sonham simplesmente em ganhar na Mega–Sena, fazem o joguinho semanal. Ou as mais modestas, para quem um emprego de salário garantido já seria suficiente. Mas todos são sonhos, não projetos que, estes sim, mereceriam esforço, estudo, enfim... tudo que é preciso para acontecer.
     Uma vez, em uma fila de autógrafos, uma senhora, perto dos 80 anos, aproximou-se e pediu uma oportunidade como atriz. Nunca tinha trabalhado com arte, mas, quando jovem, diziam que era linda e devia ser atriz. Maravilhoso ter sonhos em idade avançada. Mas são sonhos? Quando alguém se aproxima de mim pedindo uma oportunidade, não quer realmente ser atriz ou ator. Mas ser alguém famoso. Senão, montaria uma peça com um grupo de amigos, se divertiria no palco e tudo bem. No entanto, sonhos são assim, guardados num potinho, azedam. Muita gente está ancorada em uma vida imaginária. Um desejo de reencarnação nesta vida mesmo, inspirada na propaganda e na internet.
     Muita gente vai achar horrível o que estou dizendo. Então, a pessoa não tem direito de sonhar? Tem, sim. Mas, uma vida imaginária, que poderia ser, mas não é, ano após ano? Não desejo a ninguém. Simplesmente porque nos tira do momento presente. Eu lembro de um amigo que, cada vez que sentava para comer, comentava: “Está bom, mas se botassem isso ou aquilo, ficava melhor.” Eu perguntava: “Por que você não desfruta o prato, sem pensar em outro que não está aí? Para muita gente, a vida na prática corre bem, com metas alcançadas, amores, família. Mas chega-se à maturidade e à velhice com vontades de adolescente. Tudo bem, há casos em que a pessoa realmente inicia uma nova faculdade, desfaz o casamento, dá uma boa e saudável reviravolta na vida. Todavia, a maioria sente-se injustiçada, porque não aconteceu alguma coisa desejada.
     O passar dos anos desmascara os sonhos. Fica-se com a vida que nos deu alegrias, tristezas – que foi, enfim, nossa! Assim como o prato diante do meu amigo, que ele não conseguia desfrutar. Não conseguia estar de fato no momento presente, desfrutando o que havia, não o que poderia ser.
     O segredo não é imaginar outra vida. O que importa é a vida que a gente tem.

Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/walcyr-carrasco/o-que-realmenteimporta-2/ (Adaptado) Acesso em: 07 jan. 2023.
As ideias presentes no título do texto podem ser confirmadas, EXCETO em: 
Alternativas
Q2075826 Português
TEXTO 02

O que realmente importa

Walcyr Carrasco

     A internet transformou nossas vidas em um grande ato de imaginação. Eu abro o Instagram e contemplo a felicidade em mil sorrisos, de mil maneiras. A fronteira entre a vida real e a imaginária acabou, com preferência para a imaginária. Sonhar era uma palavra romântica. Hoje, quando alguém me diz que tem um sonho, já me arrepio. Logo em seguida, vou descobrir que a pessoa quer ser famosa, virar estrela de televisão. E que conta comigo para isso, ai de mim!
     Explico que não dedico minha vida particular a garimpar futuros famosos. Mas a ler, ver televisão, ir a churrascos e até a falar mal da vida alheia. Indico os passos – bem difíceis – que a pessoa deve dar. Mas ela não quer ouvir isso. Esperava que eu a olhasse e, no ato, descobrisse a imensidão do talento que se abriga por trás dos olhinhos que me encaram raivosos, odiando cada conselho. Há pessoas que sonham simplesmente em ganhar na Mega–Sena, fazem o joguinho semanal. Ou as mais modestas, para quem um emprego de salário garantido já seria suficiente. Mas todos são sonhos, não projetos que, estes sim, mereceriam esforço, estudo, enfim... tudo que é preciso para acontecer.
     Uma vez, em uma fila de autógrafos, uma senhora, perto dos 80 anos, aproximou-se e pediu uma oportunidade como atriz. Nunca tinha trabalhado com arte, mas, quando jovem, diziam que era linda e devia ser atriz. Maravilhoso ter sonhos em idade avançada. Mas são sonhos? Quando alguém se aproxima de mim pedindo uma oportunidade, não quer realmente ser atriz ou ator. Mas ser alguém famoso. Senão, montaria uma peça com um grupo de amigos, se divertiria no palco e tudo bem. No entanto, sonhos são assim, guardados num potinho, azedam. Muita gente está ancorada em uma vida imaginária. Um desejo de reencarnação nesta vida mesmo, inspirada na propaganda e na internet.
     Muita gente vai achar horrível o que estou dizendo. Então, a pessoa não tem direito de sonhar? Tem, sim. Mas, uma vida imaginária, que poderia ser, mas não é, ano após ano? Não desejo a ninguém. Simplesmente porque nos tira do momento presente. Eu lembro de um amigo que, cada vez que sentava para comer, comentava: “Está bom, mas se botassem isso ou aquilo, ficava melhor.” Eu perguntava: “Por que você não desfruta o prato, sem pensar em outro que não está aí? Para muita gente, a vida na prática corre bem, com metas alcançadas, amores, família. Mas chega-se à maturidade e à velhice com vontades de adolescente. Tudo bem, há casos em que a pessoa realmente inicia uma nova faculdade, desfaz o casamento, dá uma boa e saudável reviravolta na vida. Todavia, a maioria sente-se injustiçada, porque não aconteceu alguma coisa desejada.
     O passar dos anos desmascara os sonhos. Fica-se com a vida que nos deu alegrias, tristezas – que foi, enfim, nossa! Assim como o prato diante do meu amigo, que ele não conseguia desfrutar. Não conseguia estar de fato no momento presente, desfrutando o que havia, não o que poderia ser.
     O segredo não é imaginar outra vida. O que importa é a vida que a gente tem.

Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/walcyr-carrasco/o-que-realmenteimporta-2/ (Adaptado) Acesso em: 07 jan. 2023.
Todas as informações abaixo podem ser confirmadas pelo texto, EXCETO:
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Q2075827 Português
TEXTO 02

O que realmente importa

Walcyr Carrasco

     A internet transformou nossas vidas em um grande ato de imaginação. Eu abro o Instagram e contemplo a felicidade em mil sorrisos, de mil maneiras. A fronteira entre a vida real e a imaginária acabou, com preferência para a imaginária. Sonhar era uma palavra romântica. Hoje, quando alguém me diz que tem um sonho, já me arrepio. Logo em seguida, vou descobrir que a pessoa quer ser famosa, virar estrela de televisão. E que conta comigo para isso, ai de mim!
     Explico que não dedico minha vida particular a garimpar futuros famosos. Mas a ler, ver televisão, ir a churrascos e até a falar mal da vida alheia. Indico os passos – bem difíceis – que a pessoa deve dar. Mas ela não quer ouvir isso. Esperava que eu a olhasse e, no ato, descobrisse a imensidão do talento que se abriga por trás dos olhinhos que me encaram raivosos, odiando cada conselho. Há pessoas que sonham simplesmente em ganhar na Mega–Sena, fazem o joguinho semanal. Ou as mais modestas, para quem um emprego de salário garantido já seria suficiente. Mas todos são sonhos, não projetos que, estes sim, mereceriam esforço, estudo, enfim... tudo que é preciso para acontecer.
     Uma vez, em uma fila de autógrafos, uma senhora, perto dos 80 anos, aproximou-se e pediu uma oportunidade como atriz. Nunca tinha trabalhado com arte, mas, quando jovem, diziam que era linda e devia ser atriz. Maravilhoso ter sonhos em idade avançada. Mas são sonhos? Quando alguém se aproxima de mim pedindo uma oportunidade, não quer realmente ser atriz ou ator. Mas ser alguém famoso. Senão, montaria uma peça com um grupo de amigos, se divertiria no palco e tudo bem. No entanto, sonhos são assim, guardados num potinho, azedam. Muita gente está ancorada em uma vida imaginária. Um desejo de reencarnação nesta vida mesmo, inspirada na propaganda e na internet.
     Muita gente vai achar horrível o que estou dizendo. Então, a pessoa não tem direito de sonhar? Tem, sim. Mas, uma vida imaginária, que poderia ser, mas não é, ano após ano? Não desejo a ninguém. Simplesmente porque nos tira do momento presente. Eu lembro de um amigo que, cada vez que sentava para comer, comentava: “Está bom, mas se botassem isso ou aquilo, ficava melhor.” Eu perguntava: “Por que você não desfruta o prato, sem pensar em outro que não está aí? Para muita gente, a vida na prática corre bem, com metas alcançadas, amores, família. Mas chega-se à maturidade e à velhice com vontades de adolescente. Tudo bem, há casos em que a pessoa realmente inicia uma nova faculdade, desfaz o casamento, dá uma boa e saudável reviravolta na vida. Todavia, a maioria sente-se injustiçada, porque não aconteceu alguma coisa desejada.
     O passar dos anos desmascara os sonhos. Fica-se com a vida que nos deu alegrias, tristezas – que foi, enfim, nossa! Assim como o prato diante do meu amigo, que ele não conseguia desfrutar. Não conseguia estar de fato no momento presente, desfrutando o que havia, não o que poderia ser.
     O segredo não é imaginar outra vida. O que importa é a vida que a gente tem.

Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/walcyr-carrasco/o-que-realmenteimporta-2/ (Adaptado) Acesso em: 07 jan. 2023.
O penúltimo parágrafo permite inferir que o locutor
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Q2075828 Português
TEXTO 02

O que realmente importa

Walcyr Carrasco

     A internet transformou nossas vidas em um grande ato de imaginação. Eu abro o Instagram e contemplo a felicidade em mil sorrisos, de mil maneiras. A fronteira entre a vida real e a imaginária acabou, com preferência para a imaginária. Sonhar era uma palavra romântica. Hoje, quando alguém me diz que tem um sonho, já me arrepio. Logo em seguida, vou descobrir que a pessoa quer ser famosa, virar estrela de televisão. E que conta comigo para isso, ai de mim!
     Explico que não dedico minha vida particular a garimpar futuros famosos. Mas a ler, ver televisão, ir a churrascos e até a falar mal da vida alheia. Indico os passos – bem difíceis – que a pessoa deve dar. Mas ela não quer ouvir isso. Esperava que eu a olhasse e, no ato, descobrisse a imensidão do talento que se abriga por trás dos olhinhos que me encaram raivosos, odiando cada conselho. Há pessoas que sonham simplesmente em ganhar na Mega–Sena, fazem o joguinho semanal. Ou as mais modestas, para quem um emprego de salário garantido já seria suficiente. Mas todos são sonhos, não projetos que, estes sim, mereceriam esforço, estudo, enfim... tudo que é preciso para acontecer.
     Uma vez, em uma fila de autógrafos, uma senhora, perto dos 80 anos, aproximou-se e pediu uma oportunidade como atriz. Nunca tinha trabalhado com arte, mas, quando jovem, diziam que era linda e devia ser atriz. Maravilhoso ter sonhos em idade avançada. Mas são sonhos? Quando alguém se aproxima de mim pedindo uma oportunidade, não quer realmente ser atriz ou ator. Mas ser alguém famoso. Senão, montaria uma peça com um grupo de amigos, se divertiria no palco e tudo bem. No entanto, sonhos são assim, guardados num potinho, azedam. Muita gente está ancorada em uma vida imaginária. Um desejo de reencarnação nesta vida mesmo, inspirada na propaganda e na internet.
     Muita gente vai achar horrível o que estou dizendo. Então, a pessoa não tem direito de sonhar? Tem, sim. Mas, uma vida imaginária, que poderia ser, mas não é, ano após ano? Não desejo a ninguém. Simplesmente porque nos tira do momento presente. Eu lembro de um amigo que, cada vez que sentava para comer, comentava: “Está bom, mas se botassem isso ou aquilo, ficava melhor.” Eu perguntava: “Por que você não desfruta o prato, sem pensar em outro que não está aí? Para muita gente, a vida na prática corre bem, com metas alcançadas, amores, família. Mas chega-se à maturidade e à velhice com vontades de adolescente. Tudo bem, há casos em que a pessoa realmente inicia uma nova faculdade, desfaz o casamento, dá uma boa e saudável reviravolta na vida. Todavia, a maioria sente-se injustiçada, porque não aconteceu alguma coisa desejada.
     O passar dos anos desmascara os sonhos. Fica-se com a vida que nos deu alegrias, tristezas – que foi, enfim, nossa! Assim como o prato diante do meu amigo, que ele não conseguia desfrutar. Não conseguia estar de fato no momento presente, desfrutando o que havia, não o que poderia ser.
     O segredo não é imaginar outra vida. O que importa é a vida que a gente tem.

Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/walcyr-carrasco/o-que-realmenteimporta-2/ (Adaptado) Acesso em: 07 jan. 2023.
Ao interpretar o texto, percebe-se que alguns trechos não foram usados em seu sentido denotativo, e sim no sentido conotativo. Isso pode ser percebido em
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Q2075829 Português
TEXTO 02

O que realmente importa

Walcyr Carrasco

     A internet transformou nossas vidas em um grande ato de imaginação. Eu abro o Instagram e contemplo a felicidade em mil sorrisos, de mil maneiras. A fronteira entre a vida real e a imaginária acabou, com preferência para a imaginária. Sonhar era uma palavra romântica. Hoje, quando alguém me diz que tem um sonho, já me arrepio. Logo em seguida, vou descobrir que a pessoa quer ser famosa, virar estrela de televisão. E que conta comigo para isso, ai de mim!
     Explico que não dedico minha vida particular a garimpar futuros famosos. Mas a ler, ver televisão, ir a churrascos e até a falar mal da vida alheia. Indico os passos – bem difíceis – que a pessoa deve dar. Mas ela não quer ouvir isso. Esperava que eu a olhasse e, no ato, descobrisse a imensidão do talento que se abriga por trás dos olhinhos que me encaram raivosos, odiando cada conselho. Há pessoas que sonham simplesmente em ganhar na Mega–Sena, fazem o joguinho semanal. Ou as mais modestas, para quem um emprego de salário garantido já seria suficiente. Mas todos são sonhos, não projetos que, estes sim, mereceriam esforço, estudo, enfim... tudo que é preciso para acontecer.
     Uma vez, em uma fila de autógrafos, uma senhora, perto dos 80 anos, aproximou-se e pediu uma oportunidade como atriz. Nunca tinha trabalhado com arte, mas, quando jovem, diziam que era linda e devia ser atriz. Maravilhoso ter sonhos em idade avançada. Mas são sonhos? Quando alguém se aproxima de mim pedindo uma oportunidade, não quer realmente ser atriz ou ator. Mas ser alguém famoso. Senão, montaria uma peça com um grupo de amigos, se divertiria no palco e tudo bem. No entanto, sonhos são assim, guardados num potinho, azedam. Muita gente está ancorada em uma vida imaginária. Um desejo de reencarnação nesta vida mesmo, inspirada na propaganda e na internet.
     Muita gente vai achar horrível o que estou dizendo. Então, a pessoa não tem direito de sonhar? Tem, sim. Mas, uma vida imaginária, que poderia ser, mas não é, ano após ano? Não desejo a ninguém. Simplesmente porque nos tira do momento presente. Eu lembro de um amigo que, cada vez que sentava para comer, comentava: “Está bom, mas se botassem isso ou aquilo, ficava melhor.” Eu perguntava: “Por que você não desfruta o prato, sem pensar em outro que não está aí? Para muita gente, a vida na prática corre bem, com metas alcançadas, amores, família. Mas chega-se à maturidade e à velhice com vontades de adolescente. Tudo bem, há casos em que a pessoa realmente inicia uma nova faculdade, desfaz o casamento, dá uma boa e saudável reviravolta na vida. Todavia, a maioria sente-se injustiçada, porque não aconteceu alguma coisa desejada.
     O passar dos anos desmascara os sonhos. Fica-se com a vida que nos deu alegrias, tristezas – que foi, enfim, nossa! Assim como o prato diante do meu amigo, que ele não conseguia desfrutar. Não conseguia estar de fato no momento presente, desfrutando o que havia, não o que poderia ser.
     O segredo não é imaginar outra vida. O que importa é a vida que a gente tem.

Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/walcyr-carrasco/o-que-realmenteimporta-2/ (Adaptado) Acesso em: 07 jan. 2023.
Sobre o título “O que realmente importa”, é INCORRETO afirmar: 
Alternativas
Q2075830 Português
TEXTO 02

O que realmente importa

Walcyr Carrasco

     A internet transformou nossas vidas em um grande ato de imaginação. Eu abro o Instagram e contemplo a felicidade em mil sorrisos, de mil maneiras. A fronteira entre a vida real e a imaginária acabou, com preferência para a imaginária. Sonhar era uma palavra romântica. Hoje, quando alguém me diz que tem um sonho, já me arrepio. Logo em seguida, vou descobrir que a pessoa quer ser famosa, virar estrela de televisão. E que conta comigo para isso, ai de mim!
     Explico que não dedico minha vida particular a garimpar futuros famosos. Mas a ler, ver televisão, ir a churrascos e até a falar mal da vida alheia. Indico os passos – bem difíceis – que a pessoa deve dar. Mas ela não quer ouvir isso. Esperava que eu a olhasse e, no ato, descobrisse a imensidão do talento que se abriga por trás dos olhinhos que me encaram raivosos, odiando cada conselho. Há pessoas que sonham simplesmente em ganhar na Mega–Sena, fazem o joguinho semanal. Ou as mais modestas, para quem um emprego de salário garantido já seria suficiente. Mas todos são sonhos, não projetos que, estes sim, mereceriam esforço, estudo, enfim... tudo que é preciso para acontecer.
     Uma vez, em uma fila de autógrafos, uma senhora, perto dos 80 anos, aproximou-se e pediu uma oportunidade como atriz. Nunca tinha trabalhado com arte, mas, quando jovem, diziam que era linda e devia ser atriz. Maravilhoso ter sonhos em idade avançada. Mas são sonhos? Quando alguém se aproxima de mim pedindo uma oportunidade, não quer realmente ser atriz ou ator. Mas ser alguém famoso. Senão, montaria uma peça com um grupo de amigos, se divertiria no palco e tudo bem. No entanto, sonhos são assim, guardados num potinho, azedam. Muita gente está ancorada em uma vida imaginária. Um desejo de reencarnação nesta vida mesmo, inspirada na propaganda e na internet.
     Muita gente vai achar horrível o que estou dizendo. Então, a pessoa não tem direito de sonhar? Tem, sim. Mas, uma vida imaginária, que poderia ser, mas não é, ano após ano? Não desejo a ninguém. Simplesmente porque nos tira do momento presente. Eu lembro de um amigo que, cada vez que sentava para comer, comentava: “Está bom, mas se botassem isso ou aquilo, ficava melhor.” Eu perguntava: “Por que você não desfruta o prato, sem pensar em outro que não está aí? Para muita gente, a vida na prática corre bem, com metas alcançadas, amores, família. Mas chega-se à maturidade e à velhice com vontades de adolescente. Tudo bem, há casos em que a pessoa realmente inicia uma nova faculdade, desfaz o casamento, dá uma boa e saudável reviravolta na vida. Todavia, a maioria sente-se injustiçada, porque não aconteceu alguma coisa desejada.
     O passar dos anos desmascara os sonhos. Fica-se com a vida que nos deu alegrias, tristezas – que foi, enfim, nossa! Assim como o prato diante do meu amigo, que ele não conseguia desfrutar. Não conseguia estar de fato no momento presente, desfrutando o que havia, não o que poderia ser.
     O segredo não é imaginar outra vida. O que importa é a vida que a gente tem.

Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/walcyr-carrasco/o-que-realmenteimporta-2/ (Adaptado) Acesso em: 07 jan. 2023.
Todas as seguintes técnicas, com as finalidades indicadas, são usadas pelo autor na estruturação de seu texto, EXCETO
Alternativas
Respostas
1: A
2: D
3: B
4: D
5: D
6: B
7: A
8: D
9: A
10: C
11: A
12: C
13: C
14: C
15: B
16: D
17: B
18: B
19: B
20: A