Questões de Concurso Público Prefeitura de Betim - MG 2024 para Técnico em Enfermagem
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O pior surdo é o que não quer ouvir
O cego chega no cruzamento e chove gente querendo ajudar. O surdo manda um “quê?” no caixa e recebe um urro na orelha: “CRÉDITO OU DÉBITO?!”. Por alguma razão, acham que o surdo é um preguiçoso, um desleixado que não fez o esforço suficiente para escutar o que foi dito. É mais ou menos como os gordos eram vistos tempos atrás, antes da luta identitária incluí-los em seu cabedal.
Os surdos devem ter vacilado em algum momento. Perderam, talvez, o prazo de inscrição para a inclusão nos protocolos do politicamente correto, perdendo, assim, o bonde da história. Eis aqui uma frase que você nunca ouvirá — e não por ter qualquer problema no ouvido: “Nossa equipe é super diversa, veja só, temos aqui negros, indígenas, mulheres, trans e um deficiente auditivo”.
Antes que me acusem de não ter lugar de fala, aviso: eu padeço de problema nos ouvidos. O que não tenho é lugar de escuta, prejudicada pela otospongiose, doença que acomete cerca de 10% da população mundial. Dentro do ouvido temos três ossinhos: martelo, estribo e bigorna. Por causas desconhecidas, em algumas pessoas esses ossinhos vão ficando esponjosos, e o que deveria fazer um tic-tac ao vibrar dos tímpanos passa a soar abafado como um poc-poc. Não tem cura, mas costuma ser um processo bem lento. Segundo meu otorrino, no ritmo da minha perda, quando eu ficar totalmente surdo, já estarei morto há décadas.
A perda, contudo, incomoda, e como não pretendo passar meus dias restantes sobre a Terra sob berros de “CRÉDITO OU DÉBITO?!” ou “ABAIXA A TV!” ou “PODE VER IPAD, PAPAI?!”, comecei a usar aparelhos. É curioso quanta gente eu descobri, depois que comecei a tocar no assunto, que também precisa usar aparelhos auditivos. Mais curioso ainda é a maioria avassaladora destas pessoas não os usar. Talvez porque associemos o uso dessas traquitanas à velhice — assim como a ela associamos a palavra “traquitana”. Acontece que cabelos brancos, calvície, rugas e pelancas também são sinais da passagem dos anos e as pessoas não costumam ter muito pudor em relação à tintura, implantes, plásticas, botox ou silicone.
Sem falar nos óculos. Ninguém deixa de usar quando surge a “vista cansada”. Conheço uma única pessoa, contudo, que aderiu aos aparelhos auditivos. Lanço aqui, portanto, uma campanha:
#APARELHAMENTO #ESCUTAESSA #VALEOOUVIDO #APARELHAGEM #NÃOOLVIDEOOUVIDO
Não me engajo na causa só por me preocupar com a saúde e a segurança dos meus amigos — a perda de audição causa depressão, degeneração neurológica; deficientes auditivos que usam aparelho vivem, em média, três anos mais do que os que não o usam. Lanço a campanha, também, porque não quero ser o único na praça com um araminho — discretíssimo, diga-se de passagem — entrando pelo ouvido. Já fui “quatro olhos”, pretendo evitar o “quatro ouvidos”.
Vamos lá, amizades. O troço conecta no bluetooth, o celular já toca dentro da sua orelha e você ouve música ou podcasts no supermercado sem precisar de fones. O melhor de tudo é chegar ao caixa e, ao ouvir a voz cristalina do funcionário mal-humorado perguntar “crédito ou débito?”, franzir o cenho e responder “O quê?” — só pra vê-lo irritado.
(PRATA, Antonio. O pior surdo é o que não quer ouvir. Folha de S. Paulo, São
Paulo, 18 fev. 2024. Cotidiano, p. B4. Disponível em: https://www1.fo-
lha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2024/02/o-pior-surdo-e-o-que-nao-quer-ou-
vir.shtml. Com adaptações).
O pior surdo é o que não quer ouvir
O cego chega no cruzamento e chove gente querendo ajudar. O surdo manda um “quê?” no caixa e recebe um urro na orelha: “CRÉDITO OU DÉBITO?!”. Por alguma razão, acham que o surdo é um preguiçoso, um desleixado que não fez o esforço suficiente para escutar o que foi dito. É mais ou menos como os gordos eram vistos tempos atrás, antes da luta identitária incluí-los em seu cabedal.
Os surdos devem ter vacilado em algum momento. Perderam, talvez, o prazo de inscrição para a inclusão nos protocolos do politicamente correto, perdendo, assim, o bonde da história. Eis aqui uma frase que você nunca ouvirá — e não por ter qualquer problema no ouvido: “Nossa equipe é super diversa, veja só, temos aqui negros, indígenas, mulheres, trans e um deficiente auditivo”.
Antes que me acusem de não ter lugar de fala, aviso: eu padeço de problema nos ouvidos. O que não tenho é lugar de escuta, prejudicada pela otospongiose, doença que acomete cerca de 10% da população mundial. Dentro do ouvido temos três ossinhos: martelo, estribo e bigorna. Por causas desconhecidas, em algumas pessoas esses ossinhos vão ficando esponjosos, e o que deveria fazer um tic-tac ao vibrar dos tímpanos passa a soar abafado como um poc-poc. Não tem cura, mas costuma ser um processo bem lento. Segundo meu otorrino, no ritmo da minha perda, quando eu ficar totalmente surdo, já estarei morto há décadas.
A perda, contudo, incomoda, e como não pretendo passar meus dias restantes sobre a Terra sob berros de “CRÉDITO OU DÉBITO?!” ou “ABAIXA A TV!” ou “PODE VER IPAD, PAPAI?!”, comecei a usar aparelhos. É curioso quanta gente eu descobri, depois que comecei a tocar no assunto, que também precisa usar aparelhos auditivos. Mais curioso ainda é a maioria avassaladora destas pessoas não os usar. Talvez porque associemos o uso dessas traquitanas à velhice — assim como a ela associamos a palavra “traquitana”. Acontece que cabelos brancos, calvície, rugas e pelancas também são sinais da passagem dos anos e as pessoas não costumam ter muito pudor em relação à tintura, implantes, plásticas, botox ou silicone.
Sem falar nos óculos. Ninguém deixa de usar quando surge a “vista cansada”. Conheço uma única pessoa, contudo, que aderiu aos aparelhos auditivos. Lanço aqui, portanto, uma campanha:
#APARELHAMENTO #ESCUTAESSA #VALEOOUVIDO #APARELHAGEM #NÃOOLVIDEOOUVIDO
Não me engajo na causa só por me preocupar com a saúde e a segurança dos meus amigos — a perda de audição causa depressão, degeneração neurológica; deficientes auditivos que usam aparelho vivem, em média, três anos mais do que os que não o usam. Lanço a campanha, também, porque não quero ser o único na praça com um araminho — discretíssimo, diga-se de passagem — entrando pelo ouvido. Já fui “quatro olhos”, pretendo evitar o “quatro ouvidos”.
Vamos lá, amizades. O troço conecta no bluetooth, o celular já toca dentro da sua orelha e você ouve música ou podcasts no supermercado sem precisar de fones. O melhor de tudo é chegar ao caixa e, ao ouvir a voz cristalina do funcionário mal-humorado perguntar “crédito ou débito?”, franzir o cenho e responder “O quê?” — só pra vê-lo irritado.
(PRATA, Antonio. O pior surdo é o que não quer ouvir. Folha de S. Paulo, São
Paulo, 18 fev. 2024. Cotidiano, p. B4. Disponível em: https://www1.fo-
lha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2024/02/o-pior-surdo-e-o-que-nao-quer-ou-
vir.shtml. Com adaptações).
I. o uso de aparelhos auditivos pode auxiliar os surdos em suas interações sociais.
II. a grande maioria dos surdos relaciona o uso de aparelhos auditivos a sinais da velhice.
III. o preconceito social em relação aos surdos advém do estado de solidão em que eles vivem.
IV. a publicidade em favor do uso de aparelhos auditivos garante a inclusão social dos surdos.
É CORRETO o que se afirma apenas em:
O pior surdo é o que não quer ouvir
O cego chega no cruzamento e chove gente querendo ajudar. O surdo manda um “quê?” no caixa e recebe um urro na orelha: “CRÉDITO OU DÉBITO?!”. Por alguma razão, acham que o surdo é um preguiçoso, um desleixado que não fez o esforço suficiente para escutar o que foi dito. É mais ou menos como os gordos eram vistos tempos atrás, antes da luta identitária incluí-los em seu cabedal.
Os surdos devem ter vacilado em algum momento. Perderam, talvez, o prazo de inscrição para a inclusão nos protocolos do politicamente correto, perdendo, assim, o bonde da história. Eis aqui uma frase que você nunca ouvirá — e não por ter qualquer problema no ouvido: “Nossa equipe é super diversa, veja só, temos aqui negros, indígenas, mulheres, trans e um deficiente auditivo”.
Antes que me acusem de não ter lugar de fala, aviso: eu padeço de problema nos ouvidos. O que não tenho é lugar de escuta, prejudicada pela otospongiose, doença que acomete cerca de 10% da população mundial. Dentro do ouvido temos três ossinhos: martelo, estribo e bigorna. Por causas desconhecidas, em algumas pessoas esses ossinhos vão ficando esponjosos, e o que deveria fazer um tic-tac ao vibrar dos tímpanos passa a soar abafado como um poc-poc. Não tem cura, mas costuma ser um processo bem lento. Segundo meu otorrino, no ritmo da minha perda, quando eu ficar totalmente surdo, já estarei morto há décadas.
A perda, contudo, incomoda, e como não pretendo passar meus dias restantes sobre a Terra sob berros de “CRÉDITO OU DÉBITO?!” ou “ABAIXA A TV!” ou “PODE VER IPAD, PAPAI?!”, comecei a usar aparelhos. É curioso quanta gente eu descobri, depois que comecei a tocar no assunto, que também precisa usar aparelhos auditivos. Mais curioso ainda é a maioria avassaladora destas pessoas não os usar. Talvez porque associemos o uso dessas traquitanas à velhice — assim como a ela associamos a palavra “traquitana”. Acontece que cabelos brancos, calvície, rugas e pelancas também são sinais da passagem dos anos e as pessoas não costumam ter muito pudor em relação à tintura, implantes, plásticas, botox ou silicone.
Sem falar nos óculos. Ninguém deixa de usar quando surge a “vista cansada”. Conheço uma única pessoa, contudo, que aderiu aos aparelhos auditivos. Lanço aqui, portanto, uma campanha:
#APARELHAMENTO #ESCUTAESSA #VALEOOUVIDO #APARELHAGEM #NÃOOLVIDEOOUVIDO
Não me engajo na causa só por me preocupar com a saúde e a segurança dos meus amigos — a perda de audição causa depressão, degeneração neurológica; deficientes auditivos que usam aparelho vivem, em média, três anos mais do que os que não o usam. Lanço a campanha, também, porque não quero ser o único na praça com um araminho — discretíssimo, diga-se de passagem — entrando pelo ouvido. Já fui “quatro olhos”, pretendo evitar o “quatro ouvidos”.
Vamos lá, amizades. O troço conecta no bluetooth, o celular já toca dentro da sua orelha e você ouve música ou podcasts no supermercado sem precisar de fones. O melhor de tudo é chegar ao caixa e, ao ouvir a voz cristalina do funcionário mal-humorado perguntar “crédito ou débito?”, franzir o cenho e responder “O quê?” — só pra vê-lo irritado.
(PRATA, Antonio. O pior surdo é o que não quer ouvir. Folha de S. Paulo, São
Paulo, 18 fev. 2024. Cotidiano, p. B4. Disponível em: https://www1.fo-
lha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2024/02/o-pior-surdo-e-o-que-nao-quer-ou-
vir.shtml. Com adaptações).
O pior surdo é o que não quer ouvir
O cego chega no cruzamento e chove gente querendo ajudar. O surdo manda um “quê?” no caixa e recebe um urro na orelha: “CRÉDITO OU DÉBITO?!”. Por alguma razão, acham que o surdo é um preguiçoso, um desleixado que não fez o esforço suficiente para escutar o que foi dito. É mais ou menos como os gordos eram vistos tempos atrás, antes da luta identitária incluí-los em seu cabedal.
Os surdos devem ter vacilado em algum momento. Perderam, talvez, o prazo de inscrição para a inclusão nos protocolos do politicamente correto, perdendo, assim, o bonde da história. Eis aqui uma frase que você nunca ouvirá — e não por ter qualquer problema no ouvido: “Nossa equipe é super diversa, veja só, temos aqui negros, indígenas, mulheres, trans e um deficiente auditivo”.
Antes que me acusem de não ter lugar de fala, aviso: eu padeço de problema nos ouvidos. O que não tenho é lugar de escuta, prejudicada pela otospongiose, doença que acomete cerca de 10% da população mundial. Dentro do ouvido temos três ossinhos: martelo, estribo e bigorna. Por causas desconhecidas, em algumas pessoas esses ossinhos vão ficando esponjosos, e o que deveria fazer um tic-tac ao vibrar dos tímpanos passa a soar abafado como um poc-poc. Não tem cura, mas costuma ser um processo bem lento. Segundo meu otorrino, no ritmo da minha perda, quando eu ficar totalmente surdo, já estarei morto há décadas.
A perda, contudo, incomoda, e como não pretendo passar meus dias restantes sobre a Terra sob berros de “CRÉDITO OU DÉBITO?!” ou “ABAIXA A TV!” ou “PODE VER IPAD, PAPAI?!”, comecei a usar aparelhos. É curioso quanta gente eu descobri, depois que comecei a tocar no assunto, que também precisa usar aparelhos auditivos. Mais curioso ainda é a maioria avassaladora destas pessoas não os usar. Talvez porque associemos o uso dessas traquitanas à velhice — assim como a ela associamos a palavra “traquitana”. Acontece que cabelos brancos, calvície, rugas e pelancas também são sinais da passagem dos anos e as pessoas não costumam ter muito pudor em relação à tintura, implantes, plásticas, botox ou silicone.
Sem falar nos óculos. Ninguém deixa de usar quando surge a “vista cansada”. Conheço uma única pessoa, contudo, que aderiu aos aparelhos auditivos. Lanço aqui, portanto, uma campanha:
#APARELHAMENTO #ESCUTAESSA #VALEOOUVIDO #APARELHAGEM #NÃOOLVIDEOOUVIDO
Não me engajo na causa só por me preocupar com a saúde e a segurança dos meus amigos — a perda de audição causa depressão, degeneração neurológica; deficientes auditivos que usam aparelho vivem, em média, três anos mais do que os que não o usam. Lanço a campanha, também, porque não quero ser o único na praça com um araminho — discretíssimo, diga-se de passagem — entrando pelo ouvido. Já fui “quatro olhos”, pretendo evitar o “quatro ouvidos”.
Vamos lá, amizades. O troço conecta no bluetooth, o celular já toca dentro da sua orelha e você ouve música ou podcasts no supermercado sem precisar de fones. O melhor de tudo é chegar ao caixa e, ao ouvir a voz cristalina do funcionário mal-humorado perguntar “crédito ou débito?”, franzir o cenho e responder “O quê?” — só pra vê-lo irritado.
(PRATA, Antonio. O pior surdo é o que não quer ouvir. Folha de S. Paulo, São
Paulo, 18 fev. 2024. Cotidiano, p. B4. Disponível em: https://www1.fo-
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vir.shtml. Com adaptações).
O pior surdo é o que não quer ouvir
O cego chega no cruzamento e chove gente querendo ajudar. O surdo manda um “quê?” no caixa e recebe um urro na orelha: “CRÉDITO OU DÉBITO?!”. Por alguma razão, acham que o surdo é um preguiçoso, um desleixado que não fez o esforço suficiente para escutar o que foi dito. É mais ou menos como os gordos eram vistos tempos atrás, antes da luta identitária incluí-los em seu cabedal.
Os surdos devem ter vacilado em algum momento. Perderam, talvez, o prazo de inscrição para a inclusão nos protocolos do politicamente correto, perdendo, assim, o bonde da história. Eis aqui uma frase que você nunca ouvirá — e não por ter qualquer problema no ouvido: “Nossa equipe é super diversa, veja só, temos aqui negros, indígenas, mulheres, trans e um deficiente auditivo”.
Antes que me acusem de não ter lugar de fala, aviso: eu padeço de problema nos ouvidos. O que não tenho é lugar de escuta, prejudicada pela otospongiose, doença que acomete cerca de 10% da população mundial. Dentro do ouvido temos três ossinhos: martelo, estribo e bigorna. Por causas desconhecidas, em algumas pessoas esses ossinhos vão ficando esponjosos, e o que deveria fazer um tic-tac ao vibrar dos tímpanos passa a soar abafado como um poc-poc. Não tem cura, mas costuma ser um processo bem lento. Segundo meu otorrino, no ritmo da minha perda, quando eu ficar totalmente surdo, já estarei morto há décadas.
A perda, contudo, incomoda, e como não pretendo passar meus dias restantes sobre a Terra sob berros de “CRÉDITO OU DÉBITO?!” ou “ABAIXA A TV!” ou “PODE VER IPAD, PAPAI?!”, comecei a usar aparelhos. É curioso quanta gente eu descobri, depois que comecei a tocar no assunto, que também precisa usar aparelhos auditivos. Mais curioso ainda é a maioria avassaladora destas pessoas não os usar. Talvez porque associemos o uso dessas traquitanas à velhice — assim como a ela associamos a palavra “traquitana”. Acontece que cabelos brancos, calvície, rugas e pelancas também são sinais da passagem dos anos e as pessoas não costumam ter muito pudor em relação à tintura, implantes, plásticas, botox ou silicone.
Sem falar nos óculos. Ninguém deixa de usar quando surge a “vista cansada”. Conheço uma única pessoa, contudo, que aderiu aos aparelhos auditivos. Lanço aqui, portanto, uma campanha:
#APARELHAMENTO #ESCUTAESSA #VALEOOUVIDO #APARELHAGEM #NÃOOLVIDEOOUVIDO
Não me engajo na causa só por me preocupar com a saúde e a segurança dos meus amigos — a perda de audição causa depressão, degeneração neurológica; deficientes auditivos que usam aparelho vivem, em média, três anos mais do que os que não o usam. Lanço a campanha, também, porque não quero ser o único na praça com um araminho — discretíssimo, diga-se de passagem — entrando pelo ouvido. Já fui “quatro olhos”, pretendo evitar o “quatro ouvidos”.
Vamos lá, amizades. O troço conecta no bluetooth, o celular já toca dentro da sua orelha e você ouve música ou podcasts no supermercado sem precisar de fones. O melhor de tudo é chegar ao caixa e, ao ouvir a voz cristalina do funcionário mal-humorado perguntar “crédito ou débito?”, franzir o cenho e responder “O quê?” — só pra vê-lo irritado.
(PRATA, Antonio. O pior surdo é o que não quer ouvir. Folha de S. Paulo, São
Paulo, 18 fev. 2024. Cotidiano, p. B4. Disponível em: https://www1.fo-
lha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2024/02/o-pior-surdo-e-o-que-nao-quer-ou-
vir.shtml. Com adaptações).
O pior surdo é o que não quer ouvir
O cego chega no cruzamento e chove gente querendo ajudar. O surdo manda um “quê?” no caixa e recebe um urro na orelha: “CRÉDITO OU DÉBITO?!”. Por alguma razão, acham que o surdo é um preguiçoso, um desleixado que não fez o esforço suficiente para escutar o que foi dito. É mais ou menos como os gordos eram vistos tempos atrás, antes da luta identitária incluí-los em seu cabedal.
Os surdos devem ter vacilado em algum momento. Perderam, talvez, o prazo de inscrição para a inclusão nos protocolos do politicamente correto, perdendo, assim, o bonde da história. Eis aqui uma frase que você nunca ouvirá — e não por ter qualquer problema no ouvido: “Nossa equipe é super diversa, veja só, temos aqui negros, indígenas, mulheres, trans e um deficiente auditivo”.
Antes que me acusem de não ter lugar de fala, aviso: eu padeço de problema nos ouvidos. O que não tenho é lugar de escuta, prejudicada pela otospongiose, doença que acomete cerca de 10% da população mundial. Dentro do ouvido temos três ossinhos: martelo, estribo e bigorna. Por causas desconhecidas, em algumas pessoas esses ossinhos vão ficando esponjosos, e o que deveria fazer um tic-tac ao vibrar dos tímpanos passa a soar abafado como um poc-poc. Não tem cura, mas costuma ser um processo bem lento. Segundo meu otorrino, no ritmo da minha perda, quando eu ficar totalmente surdo, já estarei morto há décadas.
A perda, contudo, incomoda, e como não pretendo passar meus dias restantes sobre a Terra sob berros de “CRÉDITO OU DÉBITO?!” ou “ABAIXA A TV!” ou “PODE VER IPAD, PAPAI?!”, comecei a usar aparelhos. É curioso quanta gente eu descobri, depois que comecei a tocar no assunto, que também precisa usar aparelhos auditivos. Mais curioso ainda é a maioria avassaladora destas pessoas não os usar. Talvez porque associemos o uso dessas traquitanas à velhice — assim como a ela associamos a palavra “traquitana”. Acontece que cabelos brancos, calvície, rugas e pelancas também são sinais da passagem dos anos e as pessoas não costumam ter muito pudor em relação à tintura, implantes, plásticas, botox ou silicone.
Sem falar nos óculos. Ninguém deixa de usar quando surge a “vista cansada”. Conheço uma única pessoa, contudo, que aderiu aos aparelhos auditivos. Lanço aqui, portanto, uma campanha:
#APARELHAMENTO #ESCUTAESSA #VALEOOUVIDO #APARELHAGEM #NÃOOLVIDEOOUVIDO
Não me engajo na causa só por me preocupar com a saúde e a segurança dos meus amigos — a perda de audição causa depressão, degeneração neurológica; deficientes auditivos que usam aparelho vivem, em média, três anos mais do que os que não o usam. Lanço a campanha, também, porque não quero ser o único na praça com um araminho — discretíssimo, diga-se de passagem — entrando pelo ouvido. Já fui “quatro olhos”, pretendo evitar o “quatro ouvidos”.
Vamos lá, amizades. O troço conecta no bluetooth, o celular já toca dentro da sua orelha e você ouve música ou podcasts no supermercado sem precisar de fones. O melhor de tudo é chegar ao caixa e, ao ouvir a voz cristalina do funcionário mal-humorado perguntar “crédito ou débito?”, franzir o cenho e responder “O quê?” — só pra vê-lo irritado.
(PRATA, Antonio. O pior surdo é o que não quer ouvir. Folha de S. Paulo, São
Paulo, 18 fev. 2024. Cotidiano, p. B4. Disponível em: https://www1.fo-
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I. ... chove gente querendo ajudar.
II. ... acham que o surdo é um preguiçoso...
III. ... perdendo, assim, o bonde da história.
IV. O melhor de tudo é chegar ao caixa...
Os itens são APENAS
O pior surdo é o que não quer ouvir
O cego chega no cruzamento e chove gente querendo ajudar. O surdo manda um “quê?” no caixa e recebe um urro na orelha: “CRÉDITO OU DÉBITO?!”. Por alguma razão, acham que o surdo é um preguiçoso, um desleixado que não fez o esforço suficiente para escutar o que foi dito. É mais ou menos como os gordos eram vistos tempos atrás, antes da luta identitária incluí-los em seu cabedal.
Os surdos devem ter vacilado em algum momento. Perderam, talvez, o prazo de inscrição para a inclusão nos protocolos do politicamente correto, perdendo, assim, o bonde da história. Eis aqui uma frase que você nunca ouvirá — e não por ter qualquer problema no ouvido: “Nossa equipe é super diversa, veja só, temos aqui negros, indígenas, mulheres, trans e um deficiente auditivo”.
Antes que me acusem de não ter lugar de fala, aviso: eu padeço de problema nos ouvidos. O que não tenho é lugar de escuta, prejudicada pela otospongiose, doença que acomete cerca de 10% da população mundial. Dentro do ouvido temos três ossinhos: martelo, estribo e bigorna. Por causas desconhecidas, em algumas pessoas esses ossinhos vão ficando esponjosos, e o que deveria fazer um tic-tac ao vibrar dos tímpanos passa a soar abafado como um poc-poc. Não tem cura, mas costuma ser um processo bem lento. Segundo meu otorrino, no ritmo da minha perda, quando eu ficar totalmente surdo, já estarei morto há décadas.
A perda, contudo, incomoda, e como não pretendo passar meus dias restantes sobre a Terra sob berros de “CRÉDITO OU DÉBITO?!” ou “ABAIXA A TV!” ou “PODE VER IPAD, PAPAI?!”, comecei a usar aparelhos. É curioso quanta gente eu descobri, depois que comecei a tocar no assunto, que também precisa usar aparelhos auditivos. Mais curioso ainda é a maioria avassaladora destas pessoas não os usar. Talvez porque associemos o uso dessas traquitanas à velhice — assim como a ela associamos a palavra “traquitana”. Acontece que cabelos brancos, calvície, rugas e pelancas também são sinais da passagem dos anos e as pessoas não costumam ter muito pudor em relação à tintura, implantes, plásticas, botox ou silicone.
Sem falar nos óculos. Ninguém deixa de usar quando surge a “vista cansada”. Conheço uma única pessoa, contudo, que aderiu aos aparelhos auditivos. Lanço aqui, portanto, uma campanha:
#APARELHAMENTO #ESCUTAESSA #VALEOOUVIDO #APARELHAGEM #NÃOOLVIDEOOUVIDO
Não me engajo na causa só por me preocupar com a saúde e a segurança dos meus amigos — a perda de audição causa depressão, degeneração neurológica; deficientes auditivos que usam aparelho vivem, em média, três anos mais do que os que não o usam. Lanço a campanha, também, porque não quero ser o único na praça com um araminho — discretíssimo, diga-se de passagem — entrando pelo ouvido. Já fui “quatro olhos”, pretendo evitar o “quatro ouvidos”.
Vamos lá, amizades. O troço conecta no bluetooth, o celular já toca dentro da sua orelha e você ouve música ou podcasts no supermercado sem precisar de fones. O melhor de tudo é chegar ao caixa e, ao ouvir a voz cristalina do funcionário mal-humorado perguntar “crédito ou débito?”, franzir o cenho e responder “O quê?” — só pra vê-lo irritado.
(PRATA, Antonio. O pior surdo é o que não quer ouvir. Folha de S. Paulo, São
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vir.shtml. Com adaptações).
Considerando o emprego formal da conjunção “não só... mas também...”, assinale alternativa cuja redação esteja clara, correta e coesa.
O pior surdo é o que não quer ouvir
O cego chega no cruzamento e chove gente querendo ajudar. O surdo manda um “quê?” no caixa e recebe um urro na orelha: “CRÉDITO OU DÉBITO?!”. Por alguma razão, acham que o surdo é um preguiçoso, um desleixado que não fez o esforço suficiente para escutar o que foi dito. É mais ou menos como os gordos eram vistos tempos atrás, antes da luta identitária incluí-los em seu cabedal.
Os surdos devem ter vacilado em algum momento. Perderam, talvez, o prazo de inscrição para a inclusão nos protocolos do politicamente correto, perdendo, assim, o bonde da história. Eis aqui uma frase que você nunca ouvirá — e não por ter qualquer problema no ouvido: “Nossa equipe é super diversa, veja só, temos aqui negros, indígenas, mulheres, trans e um deficiente auditivo”.
Antes que me acusem de não ter lugar de fala, aviso: eu padeço de problema nos ouvidos. O que não tenho é lugar de escuta, prejudicada pela otospongiose, doença que acomete cerca de 10% da população mundial. Dentro do ouvido temos três ossinhos: martelo, estribo e bigorna. Por causas desconhecidas, em algumas pessoas esses ossinhos vão ficando esponjosos, e o que deveria fazer um tic-tac ao vibrar dos tímpanos passa a soar abafado como um poc-poc. Não tem cura, mas costuma ser um processo bem lento. Segundo meu otorrino, no ritmo da minha perda, quando eu ficar totalmente surdo, já estarei morto há décadas.
A perda, contudo, incomoda, e como não pretendo passar meus dias restantes sobre a Terra sob berros de “CRÉDITO OU DÉBITO?!” ou “ABAIXA A TV!” ou “PODE VER IPAD, PAPAI?!”, comecei a usar aparelhos. É curioso quanta gente eu descobri, depois que comecei a tocar no assunto, que também precisa usar aparelhos auditivos. Mais curioso ainda é a maioria avassaladora destas pessoas não os usar. Talvez porque associemos o uso dessas traquitanas à velhice — assim como a ela associamos a palavra “traquitana”. Acontece que cabelos brancos, calvície, rugas e pelancas também são sinais da passagem dos anos e as pessoas não costumam ter muito pudor em relação à tintura, implantes, plásticas, botox ou silicone.
Sem falar nos óculos. Ninguém deixa de usar quando surge a “vista cansada”. Conheço uma única pessoa, contudo, que aderiu aos aparelhos auditivos. Lanço aqui, portanto, uma campanha:
#APARELHAMENTO #ESCUTAESSA #VALEOOUVIDO #APARELHAGEM #NÃOOLVIDEOOUVIDO
Não me engajo na causa só por me preocupar com a saúde e a segurança dos meus amigos — a perda de audição causa depressão, degeneração neurológica; deficientes auditivos que usam aparelho vivem, em média, três anos mais do que os que não o usam. Lanço a campanha, também, porque não quero ser o único na praça com um araminho — discretíssimo, diga-se de passagem — entrando pelo ouvido. Já fui “quatro olhos”, pretendo evitar o “quatro ouvidos”.
Vamos lá, amizades. O troço conecta no bluetooth, o celular já toca dentro da sua orelha e você ouve música ou podcasts no supermercado sem precisar de fones. O melhor de tudo é chegar ao caixa e, ao ouvir a voz cristalina do funcionário mal-humorado perguntar “crédito ou débito?”, franzir o cenho e responder “O quê?” — só pra vê-lo irritado.
(PRATA, Antonio. O pior surdo é o que não quer ouvir. Folha de S. Paulo, São
Paulo, 18 fev. 2024. Cotidiano, p. B4. Disponível em: https://www1.fo-
lha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2024/02/o-pior-surdo-e-o-que-nao-quer-ou-
vir.shtml. Com adaptações).
Os valores semânticos das conjunções destacadas são, respectivamente:
O pior surdo é o que não quer ouvir
O cego chega no cruzamento e chove gente querendo ajudar. O surdo manda um “quê?” no caixa e recebe um urro na orelha: “CRÉDITO OU DÉBITO?!”. Por alguma razão, acham que o surdo é um preguiçoso, um desleixado que não fez o esforço suficiente para escutar o que foi dito. É mais ou menos como os gordos eram vistos tempos atrás, antes da luta identitária incluí-los em seu cabedal.
Os surdos devem ter vacilado em algum momento. Perderam, talvez, o prazo de inscrição para a inclusão nos protocolos do politicamente correto, perdendo, assim, o bonde da história. Eis aqui uma frase que você nunca ouvirá — e não por ter qualquer problema no ouvido: “Nossa equipe é super diversa, veja só, temos aqui negros, indígenas, mulheres, trans e um deficiente auditivo”.
Antes que me acusem de não ter lugar de fala, aviso: eu padeço de problema nos ouvidos. O que não tenho é lugar de escuta, prejudicada pela otospongiose, doença que acomete cerca de 10% da população mundial. Dentro do ouvido temos três ossinhos: martelo, estribo e bigorna. Por causas desconhecidas, em algumas pessoas esses ossinhos vão ficando esponjosos, e o que deveria fazer um tic-tac ao vibrar dos tímpanos passa a soar abafado como um poc-poc. Não tem cura, mas costuma ser um processo bem lento. Segundo meu otorrino, no ritmo da minha perda, quando eu ficar totalmente surdo, já estarei morto há décadas.
A perda, contudo, incomoda, e como não pretendo passar meus dias restantes sobre a Terra sob berros de “CRÉDITO OU DÉBITO?!” ou “ABAIXA A TV!” ou “PODE VER IPAD, PAPAI?!”, comecei a usar aparelhos. É curioso quanta gente eu descobri, depois que comecei a tocar no assunto, que também precisa usar aparelhos auditivos. Mais curioso ainda é a maioria avassaladora destas pessoas não os usar. Talvez porque associemos o uso dessas traquitanas à velhice — assim como a ela associamos a palavra “traquitana”. Acontece que cabelos brancos, calvície, rugas e pelancas também são sinais da passagem dos anos e as pessoas não costumam ter muito pudor em relação à tintura, implantes, plásticas, botox ou silicone.
Sem falar nos óculos. Ninguém deixa de usar quando surge a “vista cansada”. Conheço uma única pessoa, contudo, que aderiu aos aparelhos auditivos. Lanço aqui, portanto, uma campanha:
#APARELHAMENTO #ESCUTAESSA #VALEOOUVIDO #APARELHAGEM #NÃOOLVIDEOOUVIDO
Não me engajo na causa só por me preocupar com a saúde e a segurança dos meus amigos — a perda de audição causa depressão, degeneração neurológica; deficientes auditivos que usam aparelho vivem, em média, três anos mais do que os que não o usam. Lanço a campanha, também, porque não quero ser o único na praça com um araminho — discretíssimo, diga-se de passagem — entrando pelo ouvido. Já fui “quatro olhos”, pretendo evitar o “quatro ouvidos”.
Vamos lá, amizades. O troço conecta no bluetooth, o celular já toca dentro da sua orelha e você ouve música ou podcasts no supermercado sem precisar de fones. O melhor de tudo é chegar ao caixa e, ao ouvir a voz cristalina do funcionário mal-humorado perguntar “crédito ou débito?”, franzir o cenho e responder “O quê?” — só pra vê-lo irritado.
(PRATA, Antonio. O pior surdo é o que não quer ouvir. Folha de S. Paulo, São
Paulo, 18 fev. 2024. Cotidiano, p. B4. Disponível em: https://www1.fo-
lha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2024/02/o-pior-surdo-e-o-que-nao-quer-ou-
vir.shtml. Com adaptações).
O pior surdo é o que não quer ouvir
O cego chega no cruzamento e chove gente querendo ajudar. O surdo manda um “quê?” no caixa e recebe um urro na orelha: “CRÉDITO OU DÉBITO?!”. Por alguma razão, acham que o surdo é um preguiçoso, um desleixado que não fez o esforço suficiente para escutar o que foi dito. É mais ou menos como os gordos eram vistos tempos atrás, antes da luta identitária incluí-los em seu cabedal.
Os surdos devem ter vacilado em algum momento. Perderam, talvez, o prazo de inscrição para a inclusão nos protocolos do politicamente correto, perdendo, assim, o bonde da história. Eis aqui uma frase que você nunca ouvirá — e não por ter qualquer problema no ouvido: “Nossa equipe é super diversa, veja só, temos aqui negros, indígenas, mulheres, trans e um deficiente auditivo”.
Antes que me acusem de não ter lugar de fala, aviso: eu padeço de problema nos ouvidos. O que não tenho é lugar de escuta, prejudicada pela otospongiose, doença que acomete cerca de 10% da população mundial. Dentro do ouvido temos três ossinhos: martelo, estribo e bigorna. Por causas desconhecidas, em algumas pessoas esses ossinhos vão ficando esponjosos, e o que deveria fazer um tic-tac ao vibrar dos tímpanos passa a soar abafado como um poc-poc. Não tem cura, mas costuma ser um processo bem lento. Segundo meu otorrino, no ritmo da minha perda, quando eu ficar totalmente surdo, já estarei morto há décadas.
A perda, contudo, incomoda, e como não pretendo passar meus dias restantes sobre a Terra sob berros de “CRÉDITO OU DÉBITO?!” ou “ABAIXA A TV!” ou “PODE VER IPAD, PAPAI?!”, comecei a usar aparelhos. É curioso quanta gente eu descobri, depois que comecei a tocar no assunto, que também precisa usar aparelhos auditivos. Mais curioso ainda é a maioria avassaladora destas pessoas não os usar. Talvez porque associemos o uso dessas traquitanas à velhice — assim como a ela associamos a palavra “traquitana”. Acontece que cabelos brancos, calvície, rugas e pelancas também são sinais da passagem dos anos e as pessoas não costumam ter muito pudor em relação à tintura, implantes, plásticas, botox ou silicone.
Sem falar nos óculos. Ninguém deixa de usar quando surge a “vista cansada”. Conheço uma única pessoa, contudo, que aderiu aos aparelhos auditivos. Lanço aqui, portanto, uma campanha:
#APARELHAMENTO #ESCUTAESSA #VALEOOUVIDO #APARELHAGEM #NÃOOLVIDEOOUVIDO
Não me engajo na causa só por me preocupar com a saúde e a segurança dos meus amigos — a perda de audição causa depressão, degeneração neurológica; deficientes auditivos que usam aparelho vivem, em média, três anos mais do que os que não o usam. Lanço a campanha, também, porque não quero ser o único na praça com um araminho — discretíssimo, diga-se de passagem — entrando pelo ouvido. Já fui “quatro olhos”, pretendo evitar o “quatro ouvidos”.
Vamos lá, amizades. O troço conecta no bluetooth, o celular já toca dentro da sua orelha e você ouve música ou podcasts no supermercado sem precisar de fones. O melhor de tudo é chegar ao caixa e, ao ouvir a voz cristalina do funcionário mal-humorado perguntar “crédito ou débito?”, franzir o cenho e responder “O quê?” — só pra vê-lo irritado.
(PRATA, Antonio. O pior surdo é o que não quer ouvir. Folha de S. Paulo, São
Paulo, 18 fev. 2024. Cotidiano, p. B4. Disponível em: https://www1.fo-
lha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2024/02/o-pior-surdo-e-o-que-nao-quer-ou-
vir.shtml. Com adaptações).
I. Promoção da Saúde é definida como a capacitação das pessoas e comunidades para modificarem os determinantes da saúde em benefício da própria qualidade de vida, segundo a Carta de Ottawa (1986), documento que se tornou referência para as demais Conferências Internacionais de Promoção da Saúde, promovidas pela OMS (Adelaide, 1988; Sundswall, 1991; Bogotá, 1992; Jacarta, 1997; México, 2000, Bangkok, 2005) assim como para as Conferências Mundiais realizadas pela UIPES (1991, 1995, 1998, 2001, 2004), sua III Conferência Regional Latino-Americana de Promoção da Saúde (São Paulo, 2002).
II. A definição de ‘Promoção da Saúde’ chama atenção para o almejado protagonismo das pessoas e a necessidade de que sejam “empoderadas”, isto é, desenvolvam a habilidade e o poder de atuar em benefício da própria qualidade de vida, enquanto sujeitos e/ou comunidades ativas.
Sobre a necessidade de notificar a ocorrência de agravos, assinale a afirmativa FALSA: