INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder à questão.
TEXTO
Condenado a ser livre
[...]
Em linhas gerais, a concepção sartreana da liberdade
se assentava no pressuposto de que o ser humano
é a única criatura para quem a existência (existir) é
anterior à essência (ser). Quer dizer: o nosso destino
não é predeterminado pela natureza – muito menos,
ele assinala, pela “inteligência divina”. “O que significa
dizer que a existência precede a essência?”, pergunta.
“Significa que o homem primeiramente existe, se
descobre, surge no mundo; e que só depois se define.
[…] O homem é não apenas como ele se concebe, mas
como ele quer que seja, como ele se concebe depois da
existência, como ele se deseja após este impulso para a
existência.” (Não, a psicanálise não orna muito bem com
esse tipo de pensamento).
O ser humano, frisa Sartre, define-se pelo que faz, pelo
que ele projetar ser, por suas escolhas. Daí em diante,
é preciso falar em consequências – tanto dessa ideia
basilar quanto da própria liberdade avassaladora que ela
anuncia. Em primeiro lugar, ela incorre no fato de que
cada um de nós é total e integralmente responsável não
apenas por nossos atos, mas também por aquilo que
somos. O que se desdobra em outras e mais profundas
consequências.
Tudo é permitido
Em um mundo sem Deus e sem natureza humana,
o homem é plenamente responsável não apenas por si,
mas também por todos os homens. “Não há dos nossos
atos”, diz Sartre, “um sequer que, ao criar o homem que
desejamos ser, não crie ao mesmo tempo uma imagem
do homem como julgamos que deve ser.”
[...]
FREITAS, Almir. Revista Bravo.
Disponível em: <http://bravo.vc/seasons/s05e01>. Acesso em: 21 ago. 2018 [Fragmento adaptado].