Leia o texto a seguir para responder à questão.
Às vezes, as pessoas contam histórias bonitas sem ter
a noção do que elas [as histórias] sejam. Nem mesmo
de que sejam crônicas de um dia comum, da vida mais
amena de que se tem notícia. Fomos adestrados para
acompanhar a macro-história, os grandes eventos, as
vidas das celebridades. Para que se tome consciência
de que os episódios prosaicos merecem registro,
é preciso que alguém use lentes de enxergá-los.
E as lentes, muitas vezes, ficam guardadas. À maneira da
dança ou dos esportes, ficamos inábeis se ficamos tanto
tempo sem usar esses filtros. Fazer crônica é enxergar
o avesso dos eventos. Os deseventos, desinventar o
notável, inventar o quase invisível, observar as coisas
quando elas são despistadas, discretas, aliviadas do
peso de serem epopeias. [...]
(Crônicas do Ordinário – Ana Elisa Ribeiro).
Disponível em: <https://www.digestivocultural.com/colunistas/
coluna.asp?codigo=2134&titulo=Cronicas_do_ordinario>.
Acesso em: 29 jan. 2019 (Adaptação).