INSTRUÇÃO: Leia o texto I para responder à questão.
TEXTO I
A identidade adolescente e a variação linguística
A constituição de identidade é bem complexa,
pois nesse processo interferem diversos fatores:
sociológicos, psicológicos, cognitivos e culturais.
Na formação identitária, o papel da língua é primordial,
visto que os sujeitos são constituídos na e pela
linguagem. Além disso, Scherre (2005, p. 10) lembra que
“um povo se individualiza, se afirma e é identificado em
função de sua língua”.
Interagindo com o outro, por meio da fala, o sujeito se
compõe, estabelecendo as diversas relações sociais e
retratando o conhecimento de si próprio e do mundo,
ou seja, seus valores ideológicos e visões de mundo.
Não obstante, conforme relata Castilho (2010, p. 31),
“é na língua que se manifestam os traços mais profundos
do que somos, de como pensamos o mundo, de como
nos dirigimos ao outro”.
A importância da língua é fortalecida ao se constatar
que, por meio dela, é possível reconhecer os sujeitos
dos diferentes agrupamentos, sua idade, os estratos
sociais a que pertencem, o grau de escolaridade,
entre outros aspectos, já que, no ato da fala,
são expressas aos ouvintes indicações sobre nossas
origens e o tipo de pessoas que somos. Nossa escolha
lexical mostra se somos jovens, conservadores ou
urbanos. Também por meio da escolha dos vocábulos
podemos dar mostras de nossa profissão, e é pelo
sotaque que podemos indicar o lugar de onde viemos ou
em que vivemos. Além da origem, nosso comportamento
linguístico é frequentemente submetido a diversas
influências relacionadas à nossa identidade social,
como sexo, idade, inserção no sistema de produção e
pertencimento a grupos.
Aguilera (2008, p. 105) corrobora tal afirmação ao
mencionar que “a atitude linguística assumida pelo
falante implica a noção de identidade, que se pode definir
como a característica ou o conjunto de características
que permitem diferenciar um grupo de outro, uma etnia
de outra, um povo de outro”.
Dentro desse entendimento, e cientes de que as línguas
variam no espaço, no tempo, de um grupo social para
outro, de uma situação comunicacional a outra e de
acordo com a faixa etária, neste trabalho discutimos
o uso da linguagem como marca de identidade em
um grupo especial de indivíduos – os adolescentes
– observando como a variedade linguística por eles
utilizada lhes confere singularidade.
OLIVEIRA, Eliane Vitorino de Moura; BARONAS,
Joyce Elaine de Almeida. A identidade adolescente e a
variação linguística. Polifonia, Cuiabá, MT, v. 18, n. 23,
p. 193-208, jan./jun., 2011 (adaptado).