INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder à questão.
Um país (quase) sem leitores
Livros não são meros acervos de palavras: são janelas
para outros mundos, portadores de experiências e
ensinamentos acumulados ao longo dos séculos
Uma pesquisa encomendada pela Câmara Brasileira do
Livro (CBL) e divulgada no fim do ano passado apresentou
um dado estarrecedor, mas que acabou sendo pouco
discutido. Segundo a pesquisa “Panorama do Consumo de
Livros”, aplicada pela Nielsen BookData em 16 mil pessoas
com 18 anos ou mais, entre os dias 23 e 31 de outubro de
2023, aproximadamente 84% da população brasileira acima
de 18 anos não comprou nenhum livro nos últimos 12 meses.
Ou seja, em 2023, apenas 16% das pessoas se dispuseram
a ir a uma livraria ou a um site para comprar um livro sobre
qualquer assunto. Além disso, apenas 25 milhões dos
214,3 milhões de brasileiros se consideram consumidores
de livros, ou seja, menos de 10%.
É um sinal de alerta que não pode ser ignorado. Mesmo
sendo uma pesquisa sobre a compra de livros – outros modos
de acesso, como bibliotecas, não foram considerados –,
o número revela de modo claro a ausência de interesse pela
leitura da população brasileira, o que traz implicações mais
amplas para a educação e o desenvolvimento da sociedade.
Afinal, livros não são meros acervos de palavras:
são janelas para outros mundos, portadores de experiências
e ensinamentos acumulados ao longo dos séculos. Eles são
um dos principais dispositivos que a humanidade dispõe de
transmissão de conhecimento ao longo de gerações, e são
ferramentas fundamentais para o aprendizado e a educação.
Além disso, a leitura, ao estimular o pensamento crítico,
promove a capacidade de análise e síntese. São habilidades
fundamentais para um mundo cada vez mais dominado
pelas telas e pelos algoritmos das redes sociais. A educação
proporcionada pelos livros torna-se um antídoto poderoso
contra a superficialidade e a desinformação. A leitura é um
instrumento democratizador do conhecimento, permitindo
que indivíduos de todas as origens tenham acesso a ideias
e perspectivas que enriquecem sua compreensão do mundo
e leva a uma mobilidade na pirâmide social.
[...]
É preciso, portanto, que o debate sobre o estímulo à leitura
seja ampliado. O preço do livro no Brasil, por exemplo,
vem sendo exaustivamente discutido por editoras, livreiros,
entidades e políticos desde a consolidação da Amazon
– acusada de praticar uma concorrência desleal contra
livrarias e prejudicar toda a cadeia produtiva do livro –,
mas raramente inclui a opinião do consumidor final,
ou seja, o leitor. Outras ações para o incentivo à leitura, como
programas educacionais, campanhas de conscientização
e parcerias entre governos, empresas e organizações da
sociedade civil também podem desempenhar um papel vital
nesse esforço conjunto e devem ser consideradas. Afinal,
investir na educação, com foco na promoção da leitura,
é investir no futuro.
ESTADO DE Minas. Um país (quase) sem leitores. Estado de
Minas. Editorial, 8 jan. 2024. Disponível em: https://www.em.com.
br/opiniao/2024/01/6781938-um-pais-quase-sem-leitores.html.
Acesso em: 15 jan. 2024. [Fragmento]