Trabalho de detetive
Um dos maiores físicos do século XX, Albert Einstein, comparou o trabalho de um cientista ao trabalho
de um detetive.
“Em quase todo romance policial, chega um momento em que o investigador já coletou todos os fatos de
que necessita para solucionar pelo menos uma das etapas de seu problema. Esses fatos parecem
frequentemente estranhos e incoerentes, inteiramente sem relação entre si. Contudo, o grande detetive
percebe não serem necessárias mais investigações no momento e que somente o raciocínio o levará a
correlacionar os fatos coletados. Então, ele toca o seu violino ou descansa na sua poltrona, deliciando-se
com seu cachimbo, quando, de repente, lhe ocorre a solução. E não somente tem a explicação para os
indícios que dispunha, mas também sabe que outros acontecimentos devem ter ocorrido. Sabendo agora
exatamente onde buscar o que deseja, poderá, se quiser, coletar mais dados para a confirmação de sua
teoria.
O cientista, lendo o livro da natureza, se nos permitem repetir esse lugar-comum, deve obter a solução
por si, porque ele não pode, como fazem os leitores impacientes de outras histórias, ir logo ao final do
livro. Em nosso caso, o leitor é também o investigador, procurando explicar, pelo menos em parte, as
relações entre os acontecimentos em sua forma mais completa. Para obter uma solução, mesmo parcial, o
cientista tem de coletar os fatos desordenados disponíveis e, por meio do seu pensamento criador, torná-los coerentes e inteligíveis.”
Einstein, Albert & I. Infeld: The evolution of Phsysics. Nova York: Simon and Schuster, 1952. p.4.