O texto seguinte servirá de base para responder a questão.
A força das renováveis
Energia eólica deve continuar ampliando a participação
na matriz elétrica nos próximos anos
Um dos maiores parques eólicos da América do Sul
começou a operar em junho de 2021 em pleno sertão
piauiense. Situado 500 quilômetros (km) ao sul da capital
Teresina, o complexo Lagoa dos Ventos é formado por
230 aerogeradores, responsáveis por converter a força
dos ventos em eletricidade, instalados no alto de torres
de 118 metros (m) de altura. O empreendimento - fruto
de um investimento de R$ 3 bilhões da empresa italiana
Enel Green Power - vai gerar 3,3 terawatts-hora (TWh)
de energia por ano, volume suficiente para abastecer 1,6
milhão de residências. A energia limpa e renovável
gerada no local evitará a emissão de mais de 1,9 milhão
de toneladas de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera,
quando comparado a uma usina termelétrica, segundo a
companhia. Uma expansão em curso, ainda sem data
para entrar em operação, elevará a atual capacidade de
geração para 5 TWh por ano.
Ao ser inaugurado, o complexo eólico piauiense
somou-se a outras 750 centrais similares em operação
no país, 90% delas localizadas na região Nordeste. De
acordo com a Associação Brasileira de Energia Eólica
(AbEEólica), essa infraestrutura , composta por 8,8 mil
geradores, produziu no ano passado energia para
atender a demanda de 28,8 milhões de moradias, o
equivalente a 86,4 milhões de pessoas. Desde 2019, a
fonte eólica é a segunda da matriz elétrica nacional e a
que mais tem se expandido. Com 20 gigawatts (GW) de
potência instalada operacional, é superada pela energia
hidráulica, com cerca de 103 GW.
"O Brasil foi o terceiro país que mais instalou energia
eólica no mundo no ano passado", informa Elbia
Gannoum, presidente-executiva da AbEEólica. Em 2020,
foram inaugurados 66 novos parques e este ano, até
novembro, outros 54 entraram em operação. "Fomos
responsáveis por 43% da nova capacidade instalada
adicionada à matriz brasileira e já somos o sétimo país
no ranking mundial de geração eólica." O potencial de
geração no país é estimado em cerca de 500 GW,
quantidade suficiente para atender o triplo da demanda
atual de energia dos brasileiros. O número é três vezes
superior ao atual parque nacional de energia elétrica,
incluindo todas as fontes disponíveis (hidrelétrica, solar,
biomassa, gás natural, óleo diesel, carvão mineral e
nuclear).
Embora seja uma energia limpa e renovável, a eólica
causa impactos ambientais e sociais: altera a paisagem
onde é instalada, as turbinas geram ruído, provocando
desconforto nas comunidades vizinhas, e suas pás
colocam em risco pássaros e morcegos que vivem no
local. Os desafios tecnológicos a serem enfrentados
dizem respeito à intermitência da geração e à dificuldade
de estocar a energia gerada nos parques.
Uma novidade do setor é a previsão de instalação nos
próximos anos dos primeiros parques eólicos no mar, a
chamada geração offshore, já em operação em outros
países, como Reino Unido, Alemanha e China. O
governo do Rio Grande do Norte firmou em setembro um
memorando de entendimento com a empresa
Internacional Energias Renováveis (IER) e quer ser o
estado pioneiro a gerar energia a partir turbinas
instaladas no meio do mar. O Complexo Eólico Offshore
Ventos Potiguar deverá ser constituído por cinco usinas
com 207 aerogeradores. Localizado a 8 km da costa,
terá capacidade instalada de 2,7 GW.
Retirado e adaptado de: VASCONCONCELOS, Yuri. A força das renováveis.
Revista Pesquisa FAPESP, ed. 310, dez. 2021. Disponível em: https://revist
apesquisa.fapesp.br/a-forca-das-renovaveis/ Acesso em: 31 mar. 2022.