Questões de Concurso Público Prefeitura de Quissamã - RJ 2020 para Medicina Patologia Cervical
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Leia com atenção o texto a seguir para responder a questão.
A igualdade é coisa que todos desejam. As crianças querem ser iguais. Daí a importância de ter o brinquedo que todas têm. A menina que não tinha a Barbie era aleijada, estava excluída das conversas, dos brinquedos, das trocas. A criança que não tivesse o "bichinho eletrônico" era uma criança "portadora de deficiência”. "Como não ter o bichinho se todas as crianças têm o bichinho?” Os pais compravam o bichinho – mesmo sabendo que ele era idiota – para que o filho não sentisse a dor da exclusão. Os adolescentes usam tênis da mesma marca, camisetas da mesma grife, fazem todos as mesmas coisas, [...] falam todos _____ mesmas palavras que só eles entendem. Ai daquele que falar as palavras da linguagem dos pais, ou que usar tênis e camiseta de marca desconhecida. Esse adolescente é "diferente", “não pertence" ao grupo, é "portador de deficiência". O grupo é o "conjunto" – no sentido matemático ao qual pertencem os iguais. Os diferentes "não pertencem", são excluídos. Os diferentes estão condenados _____ solidão.
As pessoas portadoras de deficiência estão condenadas, de início, ____ solidão. Por serem fisicamente diferentes e por não poderem fazer o que todos fazem, estão excluídas do grupo.
Ser igual é muito fácil. Basta deixar-se levar pela onda, ir fazendo o que todos fazem, não é preciso pensar muito nem tomar decisões. As decisões já estão tomadas. É só seguir ____ onda. A vida é uma grande festa. Mas o "diferente" está sozinho. Não existe nenhuma onda que o leve, nenhum bloco que o carregue. Cada movimento é uma batalha.
Os "normais" podem dizer simplesmente: "Sou igual _____ todos, portanto sou." É a igualdade que define o seu ser. Mas os "portadores de deficiência" têm que fazer uma outra afirmação: Pugno, ergo sum – luto, logo existo. Muitos, sem coragem para enfrentar a luta solitária, desistem de viver e são destruídos. Os que aceitam o desafio, entretanto, se transformam em guerreiros.
Há jardins que se fazem por atacado: basta comprar _____ plantas no Ceasa e em Holambra. As plantas são produzidas em série, em terra cientificamente preparada. São jardins bonitos, feitos com plantas produzidas em série, todas iguais. Mas há os jardins das solidões, que florescem nas pedras.
As pessoas são assim também. Há os jardins produzidos em série. Parecem diferentes, mas são todos iguais. Quem quiser um que chame um paisagista. E há aqueles que nenhum paisagista sabe fazer. Brotam da rudeza da pedra vulcânica com uma beleza que é só sua.
Pois foi organizado, em Campinas, o "Centro de Vida Independente" – uma ONG (Organização Não-Governamental) que tem por objetivo reunir as pessoas portadoras de deficiência (PPDs). Surgida nos Estados Unidos, nos anos 70, foi criada por portadores de deficiências graves, provenientes na sua maioria, de ferimentos na guerra do Vietnã. O seu objetivo é encorajar os PPDs a assumir sua vida de maneira independente, sem medos e sem vergonhas: fazer brotar jardins nas pedras brutas.
ALVES, Rubem. Sobre violinos e rabecas. in Concerto para corpo e alma.
Campinas, São Paulo: Papirus: Speculum, 1998.
Está CORRETA a afirmação da alternativa:
Leia com atenção o texto a seguir para responder a questão.
A igualdade é coisa que todos desejam. As crianças querem ser iguais. Daí a importância de ter o brinquedo que todas têm. A menina que não tinha a Barbie era aleijada, estava excluída das conversas, dos brinquedos, das trocas. A criança que não tivesse o "bichinho eletrônico" era uma criança "portadora de deficiência”. "Como não ter o bichinho se todas as crianças têm o bichinho?” Os pais compravam o bichinho – mesmo sabendo que ele era idiota – para que o filho não sentisse a dor da exclusão. Os adolescentes usam tênis da mesma marca, camisetas da mesma grife, fazem todos as mesmas coisas, [...] falam todos _____ mesmas palavras que só eles entendem. Ai daquele que falar as palavras da linguagem dos pais, ou que usar tênis e camiseta de marca desconhecida. Esse adolescente é "diferente", “não pertence" ao grupo, é "portador de deficiência". O grupo é o "conjunto" – no sentido matemático ao qual pertencem os iguais. Os diferentes "não pertencem", são excluídos. Os diferentes estão condenados _____ solidão.
As pessoas portadoras de deficiência estão condenadas, de início, ____ solidão. Por serem fisicamente diferentes e por não poderem fazer o que todos fazem, estão excluídas do grupo.
Ser igual é muito fácil. Basta deixar-se levar pela onda, ir fazendo o que todos fazem, não é preciso pensar muito nem tomar decisões. As decisões já estão tomadas. É só seguir ____ onda. A vida é uma grande festa. Mas o "diferente" está sozinho. Não existe nenhuma onda que o leve, nenhum bloco que o carregue. Cada movimento é uma batalha.
Os "normais" podem dizer simplesmente: "Sou igual _____ todos, portanto sou." É a igualdade que define o seu ser. Mas os "portadores de deficiência" têm que fazer uma outra afirmação: Pugno, ergo sum – luto, logo existo. Muitos, sem coragem para enfrentar a luta solitária, desistem de viver e são destruídos. Os que aceitam o desafio, entretanto, se transformam em guerreiros.
Há jardins que se fazem por atacado: basta comprar _____ plantas no Ceasa e em Holambra. As plantas são produzidas em série, em terra cientificamente preparada. São jardins bonitos, feitos com plantas produzidas em série, todas iguais. Mas há os jardins das solidões, que florescem nas pedras.
As pessoas são assim também. Há os jardins produzidos em série. Parecem diferentes, mas são todos iguais. Quem quiser um que chame um paisagista. E há aqueles que nenhum paisagista sabe fazer. Brotam da rudeza da pedra vulcânica com uma beleza que é só sua.
Pois foi organizado, em Campinas, o "Centro de Vida Independente" – uma ONG (Organização Não-Governamental) que tem por objetivo reunir as pessoas portadoras de deficiência (PPDs). Surgida nos Estados Unidos, nos anos 70, foi criada por portadores de deficiências graves, provenientes na sua maioria, de ferimentos na guerra do Vietnã. O seu objetivo é encorajar os PPDs a assumir sua vida de maneira independente, sem medos e sem vergonhas: fazer brotar jardins nas pedras brutas.
ALVES, Rubem. Sobre violinos e rabecas. in Concerto para corpo e alma.
Campinas, São Paulo: Papirus: Speculum, 1998.