Quanto mais precária se tornava a posição militar
paraguaia, mais intenso se tornou o culto à personalidade de
Solano López e, de outro lado, aumentou a repressão para
prevenir o surgimento de um movimento de oposição. Solano
Ló
pez sempre procurou identificar sua pessoa com o Estado, e sua
figura era apresentada com aspectos sobre-humanos. Em um país
onde o que se escrevia nos jornais era apenas o que seu chefe de
Estado desejava, o Cabichuı́
, em 1867, comparou o lı́
der
paraguaio a Moisés pois, assim como este tivera por missão
libertar o povo hebreu do jugo egípcio, o marechal era “o caudilho
destinado por Deus a libertar o Povo Paraguaio da prepotência de
seus inimigos”. No ano seguinte, o mesmo jornal afirmou que
Solano Ló
pez era a maior e mais portentosa “centelha de
Divindade representada no homem” e que “sua notável
personalidade” era o maior astro já visto a emitir luz sobre a terra.
DORATIOTO, Francisco Fernando Monteoliva. Maldita guerra: nova história da
Guerra do Paraguai. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 314.