Questões de Concurso Público CRMV-ES 2018 para Agente de Fiscalização
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"Em 1987, eu trabalhava no Museu do Índio (FUNAI/RJ) quando participei da organização de um encontro de professores da etnia Karajá, reunindo representantes dos subgrupos Karajá, Javaé e Xambioá. Na preparação daquele encontro, que se realizaria em julho de 1988, na aldeia Karajá de Santa Isabel do Morro, na Ilha do Bananal, visitei várias aldeias da etnia, inclusive aquelas mais ao norte, do subgrupo Xambioá. Ao chegar pela primeira vez na aldeia do PI Xambioá, já estudava a língua Karajá há algum tempo, tendo defendido no ano anterior minha dissertação de mestrado sobre aspectos da gramática dessa língua. Por isso, arrisquei-me a tentar conversar em Karajá com as crianças que vieram em um bando alegre me receber, quando o jipe da FUNAI, que me trazia, parou no posto indígena, próximo à aldeia.
- 'Aõhe!' saudei em Karajá. 'Dearã Marcus Maia wanire' , me apresentei. Imediatamente cessou a algazarra e fez-se um silêncio pesado entre os indiozinhos. Entreolhavam-se desconfiados e sérios. 'Kaiboho aõbo iny rybé tieryõtenyte?' Vocês não sabem a língua Karajá, perguntei. Ameninada, então, se afastou em retirada estratégica. Fui, em seguida, à casa de uma líder da comunidade, a Maria Floripes Txukodese Karajá, a Txukó, me apresentar. Lá, um dos meninos me respondeu: - 'A gente não fala essa gíria não, moço!' Outro, maiorzinho, concordou: - 'Na cidade, a gente diz que nem sabe de índio, que nem fala o indioma, senão o povo mexe com a gente' .O preconceito de que os indígenas brasileiros são alvo por parte de muitos brasileiros não indígenas é, sem dúvida, um dos fatores responsáveis pelo desprestígio, enfraquecimento e desaparecimento de muitas línguas indígenas no Brasil. Durante minha estada nas aldeias Xambioá, discuti com anciãos, lideranças, professores e alunos, a situação de perda da língua em relação a aldeias em que a língua e a cultura Karajá encontram-se ainda fortes. É interessante notar que, durante a minha temporada na aldeia, quando continuei sempre a exercitar o meu conhecimento da língua indígena, era frequentemente procurado por grupos de crianças e jovens, que vinham me mostrar palavras e frases que conheciam e testar o meu entendimento delas. Os mesmos meninos que haviam inicialmente demonstrado sentir vergonha de falar Karajá, dizendo-me nem conhecer 'aquela gíria' , assediavam-me agora, revelando um conhecimento latente da língua indígena muito maior do que eles próprios pareciam supor! Divertiam-se em demonstrar àquele tori (o não índio, na língua Karajá) que valorizava e tentava usar a língua Karajá que, na verdade, conheciam, sim, a língua indígena. Vários pais também vieram me relatar sua grande surpresa por verem as crianças curiosas, perguntando e se expressando na língua Karajá, não só pronunciando palavras e frases inteiras, como até ensaiando diálogos e narrativas tradicionais."
(...)
(Trecho retirado da introdução do livro - Manual de Linguística:
subsídios para a formação de professores indígenas na área
de linguagem. Maia 2006)
O trecho retirado do livro "Manual de Linguística: subsídios para a formação de professores indígenas na área de linguagem" expõe uma situação acerca das línguas indígenas existentes no Brasil.
Assinale a alternativa que melhor caracteriza essa situação.
"Em 1987, eu trabalhava no Museu do Índio (FUNAI/RJ) quando participei da organização de um encontro de professores da etnia Karajá, reunindo representantes dos subgrupos Karajá, Javaé e Xambioá. Na preparação daquele encontro, que se realizaria em julho de 1988, na aldeia Karajá de Santa Isabel do Morro, na Ilha do Bananal, visitei várias aldeias da etnia, inclusive aquelas mais ao norte, do subgrupo Xambioá. Ao chegar pela primeira vez na aldeia do PI Xambioá, já estudava a língua Karajá há algum tempo, tendo defendido no ano anterior minha dissertação de mestrado sobre aspectos da gramática dessa língua. Por isso, arrisquei-me a tentar conversar em Karajá com as crianças que vieram em um bando alegre me receber, quando o jipe da FUNAI, que me trazia, parou no posto indígena, próximo à aldeia.
- 'Aõhe!' saudei em Karajá. 'Dearã Marcus Maia wanire' , me apresentei. Imediatamente cessou a algazarra e fez-se um silêncio pesado entre os indiozinhos. Entreolhavam-se desconfiados e sérios. 'Kaiboho aõbo iny rybé tieryõtenyte?' Vocês não sabem a língua Karajá, perguntei. Ameninada, então, se afastou em retirada estratégica. Fui, em seguida, à casa de uma líder da comunidade, a Maria Floripes Txukodese Karajá, a Txukó, me apresentar. Lá, um dos meninos me respondeu: - 'A gente não fala essa gíria não, moço!' Outro, maiorzinho, concordou: - 'Na cidade, a gente diz que nem sabe de índio, que nem fala o indioma, senão o povo mexe com a gente' .O preconceito de que os indígenas brasileiros são alvo por parte de muitos brasileiros não indígenas é, sem dúvida, um dos fatores responsáveis pelo desprestígio, enfraquecimento e desaparecimento de muitas línguas indígenas no Brasil. Durante minha estada nas aldeias Xambioá, discuti com anciãos, lideranças, professores e alunos, a situação de perda da língua em relação a aldeias em que a língua e a cultura Karajá encontram-se ainda fortes. É interessante notar que, durante a minha temporada na aldeia, quando continuei sempre a exercitar o meu conhecimento da língua indígena, era frequentemente procurado por grupos de crianças e jovens, que vinham me mostrar palavras e frases que conheciam e testar o meu entendimento delas. Os mesmos meninos que haviam inicialmente demonstrado sentir vergonha de falar Karajá, dizendo-me nem conhecer 'aquela gíria' , assediavam-me agora, revelando um conhecimento latente da língua indígena muito maior do que eles próprios pareciam supor! Divertiam-se em demonstrar àquele tori (o não índio, na língua Karajá) que valorizava e tentava usar a língua Karajá que, na verdade, conheciam, sim, a língua indígena. Vários pais também vieram me relatar sua grande surpresa por verem as crianças curiosas, perguntando e se expressando na língua Karajá, não só pronunciando palavras e frases inteiras, como até ensaiando diálogos e narrativas tradicionais."
(...)
(Trecho retirado da introdução do livro - Manual de Linguística:
subsídios para a formação de professores indígenas na área
de linguagem. Maia 2006)
"Na cidade, a gente diz que nem sabe de índio, que nem fala o indioma, senão o povo mexe com a gente".
Pode-se dizer que o uso do termo INDIOMA foi grifado pelo autor devido:
"Em 1987, eu trabalhava no Museu do Índio (FUNAI/RJ) quando participei da organização de um encontro de professores da etnia Karajá, reunindo representantes dos subgrupos Karajá, Javaé e Xambioá. Na preparação daquele encontro, que se realizaria em julho de 1988, na aldeia Karajá de Santa Isabel do Morro, na Ilha do Bananal, visitei várias aldeias da etnia, inclusive aquelas mais ao norte, do subgrupo Xambioá. Ao chegar pela primeira vez na aldeia do PI Xambioá, já estudava a língua Karajá há algum tempo, tendo defendido no ano anterior minha dissertação de mestrado sobre aspectos da gramática dessa língua. Por isso, arrisquei-me a tentar conversar em Karajá com as crianças que vieram em um bando alegre me receber, quando o jipe da FUNAI, que me trazia, parou no posto indígena, próximo à aldeia.
- 'Aõhe!' saudei em Karajá. 'Dearã Marcus Maia wanire' , me apresentei. Imediatamente cessou a algazarra e fez-se um silêncio pesado entre os indiozinhos. Entreolhavam-se desconfiados e sérios. 'Kaiboho aõbo iny rybé tieryõtenyte?' Vocês não sabem a língua Karajá, perguntei. Ameninada, então, se afastou em retirada estratégica. Fui, em seguida, à casa de uma líder da comunidade, a Maria Floripes Txukodese Karajá, a Txukó, me apresentar. Lá, um dos meninos me respondeu: - 'A gente não fala essa gíria não, moço!' Outro, maiorzinho, concordou: - 'Na cidade, a gente diz que nem sabe de índio, que nem fala o indioma, senão o povo mexe com a gente' .O preconceito de que os indígenas brasileiros são alvo por parte de muitos brasileiros não indígenas é, sem dúvida, um dos fatores responsáveis pelo desprestígio, enfraquecimento e desaparecimento de muitas línguas indígenas no Brasil. Durante minha estada nas aldeias Xambioá, discuti com anciãos, lideranças, professores e alunos, a situação de perda da língua em relação a aldeias em que a língua e a cultura Karajá encontram-se ainda fortes. É interessante notar que, durante a minha temporada na aldeia, quando continuei sempre a exercitar o meu conhecimento da língua indígena, era frequentemente procurado por grupos de crianças e jovens, que vinham me mostrar palavras e frases que conheciam e testar o meu entendimento delas. Os mesmos meninos que haviam inicialmente demonstrado sentir vergonha de falar Karajá, dizendo-me nem conhecer 'aquela gíria' , assediavam-me agora, revelando um conhecimento latente da língua indígena muito maior do que eles próprios pareciam supor! Divertiam-se em demonstrar àquele tori (o não índio, na língua Karajá) que valorizava e tentava usar a língua Karajá que, na verdade, conheciam, sim, a língua indígena. Vários pais também vieram me relatar sua grande surpresa por verem as crianças curiosas, perguntando e se expressando na língua Karajá, não só pronunciando palavras e frases inteiras, como até ensaiando diálogos e narrativas tradicionais."
(...)
(Trecho retirado da introdução do livro - Manual de Linguística:
subsídios para a formação de professores indígenas na área
de linguagem. Maia 2006)
"Por isso, arrisquei-me a tentar conversar em Karajá com as crianças que vieram em um bando alegre me receber, ( ... )"
A regência verbal indica a relação que um verbo estabelece com seu complemento.
Assinale a alternativa em que a regência verbal está sendo estabelecida da maneira correta assim como acontece no trecho retirado do texto.
"Em 1987, eu trabalhava no Museu do Índio (FUNAI/RJ) quando participei da organização de um encontro de professores da etnia Karajá, reunindo representantes dos subgrupos Karajá, Javaé e Xambioá. Na preparação daquele encontro, que se realizaria em julho de 1988, na aldeia Karajá de Santa Isabel do Morro, na Ilha do Bananal, visitei várias aldeias da etnia, inclusive aquelas mais ao norte, do subgrupo Xambioá. Ao chegar pela primeira vez na aldeia do PI Xambioá, já estudava a língua Karajá há algum tempo, tendo defendido no ano anterior minha dissertação de mestrado sobre aspectos da gramática dessa língua. Por isso, arrisquei-me a tentar conversar em Karajá com as crianças que vieram em um bando alegre me receber, quando o jipe da FUNAI, que me trazia, parou no posto indígena, próximo à aldeia.
- 'Aõhe!' saudei em Karajá. 'Dearã Marcus Maia wanire' , me apresentei. Imediatamente cessou a algazarra e fez-se um silêncio pesado entre os indiozinhos. Entreolhavam-se desconfiados e sérios. 'Kaiboho aõbo iny rybé tieryõtenyte?' Vocês não sabem a língua Karajá, perguntei. Ameninada, então, se afastou em retirada estratégica. Fui, em seguida, à casa de uma líder da comunidade, a Maria Floripes Txukodese Karajá, a Txukó, me apresentar. Lá, um dos meninos me respondeu: - 'A gente não fala essa gíria não, moço!' Outro, maiorzinho, concordou: - 'Na cidade, a gente diz que nem sabe de índio, que nem fala o indioma, senão o povo mexe com a gente' .O preconceito de que os indígenas brasileiros são alvo por parte de muitos brasileiros não indígenas é, sem dúvida, um dos fatores responsáveis pelo desprestígio, enfraquecimento e desaparecimento de muitas línguas indígenas no Brasil. Durante minha estada nas aldeias Xambioá, discuti com anciãos, lideranças, professores e alunos, a situação de perda da língua em relação a aldeias em que a língua e a cultura Karajá encontram-se ainda fortes. É interessante notar que, durante a minha temporada na aldeia, quando continuei sempre a exercitar o meu conhecimento da língua indígena, era frequentemente procurado por grupos de crianças e jovens, que vinham me mostrar palavras e frases que conheciam e testar o meu entendimento delas. Os mesmos meninos que haviam inicialmente demonstrado sentir vergonha de falar Karajá, dizendo-me nem conhecer 'aquela gíria' , assediavam-me agora, revelando um conhecimento latente da língua indígena muito maior do que eles próprios pareciam supor! Divertiam-se em demonstrar àquele tori (o não índio, na língua Karajá) que valorizava e tentava usar a língua Karajá que, na verdade, conheciam, sim, a língua indígena. Vários pais também vieram me relatar sua grande surpresa por verem as crianças curiosas, perguntando e se expressando na língua Karajá, não só pronunciando palavras e frases inteiras, como até ensaiando diálogos e narrativas tradicionais."
(...)
(Trecho retirado da introdução do livro - Manual de Linguística:
subsídios para a formação de professores indígenas na área
de linguagem. Maia 2006)
"( ... ) assediavam-me agora, REVELANDO um conhecimento latente da língua indígena( ... )"
O verbo pode apresentar formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. No trecho, o verbo em destaque está nessa forma e é classificado como:
"Em 1987, eu trabalhava no Museu do Índio (FUNAI/RJ) quando participei da organização de um encontro de professores da etnia Karajá, reunindo representantes dos subgrupos Karajá, Javaé e Xambioá. Na preparação daquele encontro, que se realizaria em julho de 1988, na aldeia Karajá de Santa Isabel do Morro, na Ilha do Bananal, visitei várias aldeias da etnia, inclusive aquelas mais ao norte, do subgrupo Xambioá. Ao chegar pela primeira vez na aldeia do PI Xambioá, já estudava a língua Karajá há algum tempo, tendo defendido no ano anterior minha dissertação de mestrado sobre aspectos da gramática dessa língua. Por isso, arrisquei-me a tentar conversar em Karajá com as crianças que vieram em um bando alegre me receber, quando o jipe da FUNAI, que me trazia, parou no posto indígena, próximo à aldeia.
- 'Aõhe!' saudei em Karajá. 'Dearã Marcus Maia wanire' , me apresentei. Imediatamente cessou a algazarra e fez-se um silêncio pesado entre os indiozinhos. Entreolhavam-se desconfiados e sérios. 'Kaiboho aõbo iny rybé tieryõtenyte?' Vocês não sabem a língua Karajá, perguntei. Ameninada, então, se afastou em retirada estratégica. Fui, em seguida, à casa de uma líder da comunidade, a Maria Floripes Txukodese Karajá, a Txukó, me apresentar. Lá, um dos meninos me respondeu: - 'A gente não fala essa gíria não, moço!' Outro, maiorzinho, concordou: - 'Na cidade, a gente diz que nem sabe de índio, que nem fala o indioma, senão o povo mexe com a gente' .O preconceito de que os indígenas brasileiros são alvo por parte de muitos brasileiros não indígenas é, sem dúvida, um dos fatores responsáveis pelo desprestígio, enfraquecimento e desaparecimento de muitas línguas indígenas no Brasil. Durante minha estada nas aldeias Xambioá, discuti com anciãos, lideranças, professores e alunos, a situação de perda da língua em relação a aldeias em que a língua e a cultura Karajá encontram-se ainda fortes. É interessante notar que, durante a minha temporada na aldeia, quando continuei sempre a exercitar o meu conhecimento da língua indígena, era frequentemente procurado por grupos de crianças e jovens, que vinham me mostrar palavras e frases que conheciam e testar o meu entendimento delas. Os mesmos meninos que haviam inicialmente demonstrado sentir vergonha de falar Karajá, dizendo-me nem conhecer 'aquela gíria' , assediavam-me agora, revelando um conhecimento latente da língua indígena muito maior do que eles próprios pareciam supor! Divertiam-se em demonstrar àquele tori (o não índio, na língua Karajá) que valorizava e tentava usar a língua Karajá que, na verdade, conheciam, sim, a língua indígena. Vários pais também vieram me relatar sua grande surpresa por verem as crianças curiosas, perguntando e se expressando na língua Karajá, não só pronunciando palavras e frases inteiras, como até ensaiando diálogos e narrativas tradicionais."
(...)
(Trecho retirado da introdução do livro - Manual de Linguística:
subsídios para a formação de professores indígenas na área
de linguagem. Maia 2006)
"Divertiam-se em demonstrar ÀQUELE tori (o não índio, na língua Karajá) que valorizava e tentava usar a língua Karajá que, na verdade, conheciam, sim, a língua indígena."
O sinal indicativo de crase está sendo utilizado de maneira correta no trecho em destaque. Assinale a alternativa que o uso da crase também encontra-se correto.
"Em 1987, eu trabalhava no Museu do Índio (FUNAI/RJ) quando participei da organização de um encontro de professores da etnia Karajá, reunindo representantes dos subgrupos Karajá, Javaé e Xambioá. Na preparação daquele encontro, que se realizaria em julho de 1988, na aldeia Karajá de Santa Isabel do Morro, na Ilha do Bananal, visitei várias aldeias da etnia, inclusive aquelas mais ao norte, do subgrupo Xambioá. Ao chegar pela primeira vez na aldeia do PI Xambioá, já estudava a língua Karajá há algum tempo, tendo defendido no ano anterior minha dissertação de mestrado sobre aspectos da gramática dessa língua. Por isso, arrisquei-me a tentar conversar em Karajá com as crianças que vieram em um bando alegre me receber, quando o jipe da FUNAI, que me trazia, parou no posto indígena, próximo à aldeia.
- 'Aõhe!' saudei em Karajá. 'Dearã Marcus Maia wanire' , me apresentei. Imediatamente cessou a algazarra e fez-se um silêncio pesado entre os indiozinhos. Entreolhavam-se desconfiados e sérios. 'Kaiboho aõbo iny rybé tieryõtenyte?' Vocês não sabem a língua Karajá, perguntei. Ameninada, então, se afastou em retirada estratégica. Fui, em seguida, à casa de uma líder da comunidade, a Maria Floripes Txukodese Karajá, a Txukó, me apresentar. Lá, um dos meninos me respondeu: - 'A gente não fala essa gíria não, moço!' Outro, maiorzinho, concordou: - 'Na cidade, a gente diz que nem sabe de índio, que nem fala o indioma, senão o povo mexe com a gente' .O preconceito de que os indígenas brasileiros são alvo por parte de muitos brasileiros não indígenas é, sem dúvida, um dos fatores responsáveis pelo desprestígio, enfraquecimento e desaparecimento de muitas línguas indígenas no Brasil. Durante minha estada nas aldeias Xambioá, discuti com anciãos, lideranças, professores e alunos, a situação de perda da língua em relação a aldeias em que a língua e a cultura Karajá encontram-se ainda fortes. É interessante notar que, durante a minha temporada na aldeia, quando continuei sempre a exercitar o meu conhecimento da língua indígena, era frequentemente procurado por grupos de crianças e jovens, que vinham me mostrar palavras e frases que conheciam e testar o meu entendimento delas. Os mesmos meninos que haviam inicialmente demonstrado sentir vergonha de falar Karajá, dizendo-me nem conhecer 'aquela gíria' , assediavam-me agora, revelando um conhecimento latente da língua indígena muito maior do que eles próprios pareciam supor! Divertiam-se em demonstrar àquele tori (o não índio, na língua Karajá) que valorizava e tentava usar a língua Karajá que, na verdade, conheciam, sim, a língua indígena. Vários pais também vieram me relatar sua grande surpresa por verem as crianças curiosas, perguntando e se expressando na língua Karajá, não só pronunciando palavras e frases inteiras, como até ensaiando diálogos e narrativas tradicionais."
(...)
(Trecho retirado da introdução do livro - Manual de Linguística:
subsídios para a formação de professores indígenas na área
de linguagem. Maia 2006)
"O preconceito de que os indígenas brasileiros são alvo por parte de muitos brasileiros não indígenas é, SEM DÚVIDA, um dos fatores responsáveis pelo desprestígio, enfraquecimento e desaparecimento de muitas línguas indígenas no Brasil."
O autor faz uso do termo "SEM DÚVIDA" com a finalidade de:
"Em 1987, eu trabalhava no Museu do Índio (FUNAI/RJ) quando participei da organização de um encontro de professores da etnia Karajá, reunindo representantes dos subgrupos Karajá, Javaé e Xambioá. Na preparação daquele encontro, que se realizaria em julho de 1988, na aldeia Karajá de Santa Isabel do Morro, na Ilha do Bananal, visitei várias aldeias da etnia, inclusive aquelas mais ao norte, do subgrupo Xambioá. Ao chegar pela primeira vez na aldeia do PI Xambioá, já estudava a língua Karajá há algum tempo, tendo defendido no ano anterior minha dissertação de mestrado sobre aspectos da gramática dessa língua. Por isso, arrisquei-me a tentar conversar em Karajá com as crianças que vieram em um bando alegre me receber, quando o jipe da FUNAI, que me trazia, parou no posto indígena, próximo à aldeia.
- 'Aõhe!' saudei em Karajá. 'Dearã Marcus Maia wanire' , me apresentei. Imediatamente cessou a algazarra e fez-se um silêncio pesado entre os indiozinhos. Entreolhavam-se desconfiados e sérios. 'Kaiboho aõbo iny rybé tieryõtenyte?' Vocês não sabem a língua Karajá, perguntei. Ameninada, então, se afastou em retirada estratégica. Fui, em seguida, à casa de uma líder da comunidade, a Maria Floripes Txukodese Karajá, a Txukó, me apresentar. Lá, um dos meninos me respondeu: - 'A gente não fala essa gíria não, moço!' Outro, maiorzinho, concordou: - 'Na cidade, a gente diz que nem sabe de índio, que nem fala o indioma, senão o povo mexe com a gente' .O preconceito de que os indígenas brasileiros são alvo por parte de muitos brasileiros não indígenas é, sem dúvida, um dos fatores responsáveis pelo desprestígio, enfraquecimento e desaparecimento de muitas línguas indígenas no Brasil. Durante minha estada nas aldeias Xambioá, discuti com anciãos, lideranças, professores e alunos, a situação de perda da língua em relação a aldeias em que a língua e a cultura Karajá encontram-se ainda fortes. É interessante notar que, durante a minha temporada na aldeia, quando continuei sempre a exercitar o meu conhecimento da língua indígena, era frequentemente procurado por grupos de crianças e jovens, que vinham me mostrar palavras e frases que conheciam e testar o meu entendimento delas. Os mesmos meninos que haviam inicialmente demonstrado sentir vergonha de falar Karajá, dizendo-me nem conhecer 'aquela gíria' , assediavam-me agora, revelando um conhecimento latente da língua indígena muito maior do que eles próprios pareciam supor! Divertiam-se em demonstrar àquele tori (o não índio, na língua Karajá) que valorizava e tentava usar a língua Karajá que, na verdade, conheciam, sim, a língua indígena. Vários pais também vieram me relatar sua grande surpresa por verem as crianças curiosas, perguntando e se expressando na língua Karajá, não só pronunciando palavras e frases inteiras, como até ensaiando diálogos e narrativas tradicionais."
(...)
(Trecho retirado da introdução do livro - Manual de Linguística:
subsídios para a formação de professores indígenas na área
de linguagem. Maia 2006)
"O preconceito de que os indígenas brasileiros são alvo por parte de muitos brasileiros não indígenas é, SEM DÚVIDA, um dos fatores responsáveis pelo desprestígio, enfraquecimento e desaparecimento de muitas línguas indígenas no Brasil."
"SEM DÚVIDA" é classificado gramaticalmente como:
"Em 1987, eu trabalhava no Museu do Índio (FUNAI/RJ) quando participei da organização de um encontro de professores da etnia Karajá, reunindo representantes dos subgrupos Karajá, Javaé e Xambioá. Na preparação daquele encontro, que se realizaria em julho de 1988, na aldeia Karajá de Santa Isabel do Morro, na Ilha do Bananal, visitei várias aldeias da etnia, inclusive aquelas mais ao norte, do subgrupo Xambioá. Ao chegar pela primeira vez na aldeia do PI Xambioá, já estudava a língua Karajá há algum tempo, tendo defendido no ano anterior minha dissertação de mestrado sobre aspectos da gramática dessa língua. Por isso, arrisquei-me a tentar conversar em Karajá com as crianças que vieram em um bando alegre me receber, quando o jipe da FUNAI, que me trazia, parou no posto indígena, próximo à aldeia.
- 'Aõhe!' saudei em Karajá. 'Dearã Marcus Maia wanire' , me apresentei. Imediatamente cessou a algazarra e fez-se um silêncio pesado entre os indiozinhos. Entreolhavam-se desconfiados e sérios. 'Kaiboho aõbo iny rybé tieryõtenyte?' Vocês não sabem a língua Karajá, perguntei. Ameninada, então, se afastou em retirada estratégica. Fui, em seguida, à casa de uma líder da comunidade, a Maria Floripes Txukodese Karajá, a Txukó, me apresentar. Lá, um dos meninos me respondeu: - 'A gente não fala essa gíria não, moço!' Outro, maiorzinho, concordou: - 'Na cidade, a gente diz que nem sabe de índio, que nem fala o indioma, senão o povo mexe com a gente' .O preconceito de que os indígenas brasileiros são alvo por parte de muitos brasileiros não indígenas é, sem dúvida, um dos fatores responsáveis pelo desprestígio, enfraquecimento e desaparecimento de muitas línguas indígenas no Brasil. Durante minha estada nas aldeias Xambioá, discuti com anciãos, lideranças, professores e alunos, a situação de perda da língua em relação a aldeias em que a língua e a cultura Karajá encontram-se ainda fortes. É interessante notar que, durante a minha temporada na aldeia, quando continuei sempre a exercitar o meu conhecimento da língua indígena, era frequentemente procurado por grupos de crianças e jovens, que vinham me mostrar palavras e frases que conheciam e testar o meu entendimento delas. Os mesmos meninos que haviam inicialmente demonstrado sentir vergonha de falar Karajá, dizendo-me nem conhecer 'aquela gíria' , assediavam-me agora, revelando um conhecimento latente da língua indígena muito maior do que eles próprios pareciam supor! Divertiam-se em demonstrar àquele tori (o não índio, na língua Karajá) que valorizava e tentava usar a língua Karajá que, na verdade, conheciam, sim, a língua indígena. Vários pais também vieram me relatar sua grande surpresa por verem as crianças curiosas, perguntando e se expressando na língua Karajá, não só pronunciando palavras e frases inteiras, como até ensaiando diálogos e narrativas tradicionais."
(...)
(Trecho retirado da introdução do livro - Manual de Linguística:
subsídios para a formação de professores indígenas na área
de linguagem. Maia 2006)
Os sinais de pontuação são sinais gráficos empregados na língua escrita para tentar recuperar recursos específicos da língua falada.
No texto apresentado, o autor faz uso do travessão (- ):
"Em 1987, eu trabalhava no Museu do Índio (FUNAI/RJ) quando participei da organização de um encontro de professores da etnia Karajá, reunindo representantes dos subgrupos Karajá, Javaé e Xambioá. Na preparação daquele encontro, que se realizaria em julho de 1988, na aldeia Karajá de Santa Isabel do Morro, na Ilha do Bananal, visitei várias aldeias da etnia, inclusive aquelas mais ao norte, do subgrupo Xambioá. Ao chegar pela primeira vez na aldeia do PI Xambioá, já estudava a língua Karajá há algum tempo, tendo defendido no ano anterior minha dissertação de mestrado sobre aspectos da gramática dessa língua. Por isso, arrisquei-me a tentar conversar em Karajá com as crianças que vieram em um bando alegre me receber, quando o jipe da FUNAI, que me trazia, parou no posto indígena, próximo à aldeia.
- 'Aõhe!' saudei em Karajá. 'Dearã Marcus Maia wanire' , me apresentei. Imediatamente cessou a algazarra e fez-se um silêncio pesado entre os indiozinhos. Entreolhavam-se desconfiados e sérios. 'Kaiboho aõbo iny rybé tieryõtenyte?' Vocês não sabem a língua Karajá, perguntei. Ameninada, então, se afastou em retirada estratégica. Fui, em seguida, à casa de uma líder da comunidade, a Maria Floripes Txukodese Karajá, a Txukó, me apresentar. Lá, um dos meninos me respondeu: - 'A gente não fala essa gíria não, moço!' Outro, maiorzinho, concordou: - 'Na cidade, a gente diz que nem sabe de índio, que nem fala o indioma, senão o povo mexe com a gente' .O preconceito de que os indígenas brasileiros são alvo por parte de muitos brasileiros não indígenas é, sem dúvida, um dos fatores responsáveis pelo desprestígio, enfraquecimento e desaparecimento de muitas línguas indígenas no Brasil. Durante minha estada nas aldeias Xambioá, discuti com anciãos, lideranças, professores e alunos, a situação de perda da língua em relação a aldeias em que a língua e a cultura Karajá encontram-se ainda fortes. É interessante notar que, durante a minha temporada na aldeia, quando continuei sempre a exercitar o meu conhecimento da língua indígena, era frequentemente procurado por grupos de crianças e jovens, que vinham me mostrar palavras e frases que conheciam e testar o meu entendimento delas. Os mesmos meninos que haviam inicialmente demonstrado sentir vergonha de falar Karajá, dizendo-me nem conhecer 'aquela gíria' , assediavam-me agora, revelando um conhecimento latente da língua indígena muito maior do que eles próprios pareciam supor! Divertiam-se em demonstrar àquele tori (o não índio, na língua Karajá) que valorizava e tentava usar a língua Karajá que, na verdade, conheciam, sim, a língua indígena. Vários pais também vieram me relatar sua grande surpresa por verem as crianças curiosas, perguntando e se expressando na língua Karajá, não só pronunciando palavras e frases inteiras, como até ensaiando diálogos e narrativas tradicionais."
(...)
(Trecho retirado da introdução do livro - Manual de Linguística:
subsídios para a formação de professores indígenas na área
de linguagem. Maia 2006)
"Por isso, arrisquei-ME a tentar conversar em Karajá com as crianças que vieram em um bando alegre me receber, quando o jipe da FUNAI , que me trazia, parou no posto indígena, próximo à aldeia."
Apalavra em destaque trata-se de um:
"Em 1987, eu trabalhava no Museu do Índio (FUNAI/RJ) quando participei da organização de um encontro de professores da etnia Karajá, reunindo representantes dos subgrupos Karajá, Javaé e Xambioá. Na preparação daquele encontro, que se realizaria em julho de 1988, na aldeia Karajá de Santa Isabel do Morro, na Ilha do Bananal, visitei várias aldeias da etnia, inclusive aquelas mais ao norte, do subgrupo Xambioá. Ao chegar pela primeira vez na aldeia do PI Xambioá, já estudava a língua Karajá há algum tempo, tendo defendido no ano anterior minha dissertação de mestrado sobre aspectos da gramática dessa língua. Por isso, arrisquei-me a tentar conversar em Karajá com as crianças que vieram em um bando alegre me receber, quando o jipe da FUNAI, que me trazia, parou no posto indígena, próximo à aldeia.
- 'Aõhe!' saudei em Karajá. 'Dearã Marcus Maia wanire' , me apresentei. Imediatamente cessou a algazarra e fez-se um silêncio pesado entre os indiozinhos. Entreolhavam-se desconfiados e sérios. 'Kaiboho aõbo iny rybé tieryõtenyte?' Vocês não sabem a língua Karajá, perguntei. Ameninada, então, se afastou em retirada estratégica. Fui, em seguida, à casa de uma líder da comunidade, a Maria Floripes Txukodese Karajá, a Txukó, me apresentar. Lá, um dos meninos me respondeu: - 'A gente não fala essa gíria não, moço!' Outro, maiorzinho, concordou: - 'Na cidade, a gente diz que nem sabe de índio, que nem fala o indioma, senão o povo mexe com a gente' .O preconceito de que os indígenas brasileiros são alvo por parte de muitos brasileiros não indígenas é, sem dúvida, um dos fatores responsáveis pelo desprestígio, enfraquecimento e desaparecimento de muitas línguas indígenas no Brasil. Durante minha estada nas aldeias Xambioá, discuti com anciãos, lideranças, professores e alunos, a situação de perda da língua em relação a aldeias em que a língua e a cultura Karajá encontram-se ainda fortes. É interessante notar que, durante a minha temporada na aldeia, quando continuei sempre a exercitar o meu conhecimento da língua indígena, era frequentemente procurado por grupos de crianças e jovens, que vinham me mostrar palavras e frases que conheciam e testar o meu entendimento delas. Os mesmos meninos que haviam inicialmente demonstrado sentir vergonha de falar Karajá, dizendo-me nem conhecer 'aquela gíria' , assediavam-me agora, revelando um conhecimento latente da língua indígena muito maior do que eles próprios pareciam supor! Divertiam-se em demonstrar àquele tori (o não índio, na língua Karajá) que valorizava e tentava usar a língua Karajá que, na verdade, conheciam, sim, a língua indígena. Vários pais também vieram me relatar sua grande surpresa por verem as crianças curiosas, perguntando e se expressando na língua Karajá, não só pronunciando palavras e frases inteiras, como até ensaiando diálogos e narrativas tradicionais."
(...)
(Trecho retirado da introdução do livro - Manual de Linguística:
subsídios para a formação de professores indígenas na área
de linguagem. Maia 2006)
"Por isso, arrisquei-ME a tentar conversar em Karajá com as crianças que vieram em um bando alegre me receber, quando o jipe da FUNAI , que me trazia, parou no posto indígena, próximo à aldeia."
A palavra em destaque exerce a função sintática de:
Marque a alternativa que apresente o valor da expressão aritmética.
3/2 . 4√16 + [-12 + (3 - 6)2 ]
Dadas as matrizes abaixo:
Marque a alternativa que apresente o resultado da expressão.
A.A+B.C - A
Marque a alternativa que apresenta a soma dos 10 primeiros termos da sequência abaixo.
1, 1, 2, 3, 5, 8, ...
Observe a sequência abaixo.
-3, -1 , 1, 3, ...
O 30º termo é:
Em uma pesquisa feita com 240 funcionários de uma fábrica, verificou-se o seguinte:
• têm casa alugada: 76
• têm curso médio: 84
• têm plano de saúde: 140
• têm casa alugada e plano de saúde: 68
• têm casa alugada e curso médio: 34
• têm curso médio e plano de saúde: 48
• têm casa alugada, plano de saúde e curso médio: 30
Qual a quantidade de funcionários que não se enquadram em nenhuma das situações anteriores?