Leia o texto abaixo e responda ao que se pede.
O que faz as coisas darem certo
Duas pessoas. Ambas têm a mesma escolaridade.
A mesma origem social. As mesmas oportunidades. Por
que a vida é generosa com uma e fecha a cara para a
outra? O destino e a sorte têm pouco a ver com isso. O que
tem a ver é o nosso comportamento. Coisas simples nas
quais não prestamos atenção alguma. Coluna
assumidamente autoajuda, aproveite a promoção. Vou me demorar no que me parece mais
importante: a forma com que cada um se comunica. A
maioria dá o seu recado muito mal. Não estou me
referindo apenas ao uso correto do português. A pessoa
pode ser um acadêmico e mesmo assim ser um desastre
ao transmitir o que pensa e o que deseja. Tampouco estou
falando de sedução, xaveco. Estou falando de convocação
para reuniões, convite para eventos, e-mails profissionais,
bilhete para funcionários, mensagens de WhatsApp,
postagens no perfil do Face e, claro, as conversas, todas
elas: presenciais, telefônicas, gravação de áudios. A gente
simplesmente reluta em deixar as coisas esclarecidas, não
dá a informação completa, não contextualiza. É tudo
racionado, fragmentado, e a culpa nem é dos atuais vícios
tecnológicos: ser preguiçoso na comunicação vem da pré-história. Sempre foi assim. As pessoas acreditam que as
outras são adivinhas, têm bola de cristal.
“Olá, desculpe o atraso da resposta, muita
correria, mas vamos em frente, queremos muito fechar um
bate-papo com você. Pode ser dia 21 de outubro?”
Exemplo que extraí da minha caixa de e-mails ontem,
assinado por uma desconhecida. Fui checar na minha lista
de excluídos se havia algum outro e-mail dela, para tentar
descobrir do que se tratava. Havia. De fevereiro, quando
ela fez um convite em nome de uma empresa. Ressurgiu
agora como se tivesse pedido licença para ir ao banheiro e
voltado em 10 minutos. Não, não posso dia 21, obrigada,
fica para próxima.
Fazemos isso o tempo todo: não nos
apresentamos direito, não retornamos contatos, não
damos coordenadas, não cumprimos o que prometemos,
não deixamos lembretes, não confirmamos presença, não
explicamos nossos motivos, não avisamos cancelamentos,
não falamos toda a verdade, não tiramos as dúvidas, não
perguntamos, não respondemos. Parece tudo tão
desnecessário. Aí o universo não coopera e a gente não
entende por quê.
Além de se comunicar bem, há outros três
grandes facilitadores na vida, coisas que interferem no
modo como as pessoas nos analisam e que garantem
nossa credibilidade: ser pontual, ser responsável e ser
autêntico — esta última, das coisas mais cativantes, pois
rara. Se o Papa Francisco não é presunçoso, por que raios
você seria?
É quase inacreditável: as coisas dão certo por
fatores que estão totalmente ao nosso alcance.
Martha Medeiros