Leia o texto a seguir para responder a questão.
Home office e trabalho híbrido desencadearam casos de
Burnout entre jovens, aponta estudo.
Síndrome tem afetado principalmente a saúde menta dos
trabalhadores da Geração Z, que têm papéis de liderança
em suas empresas.
A pandemia da Covid-19 tem afetado não somente a
dinâmica das relações de trabalho, mas também a saúde
mental dos profissionais que estão trabalhando a distância.
Segundo pesquisa feita pela LHH do Grupo Adecco,
empresa suíça de recursos humanos que atua em 60
países, 38% das pessoas ouvidas dizem ter sofrido da
Síndrome de Burnout ao longo do ano passado.
O levantamento mostrou também que 32% dos
entrevistados informaram que a saúde mental piorou
significativamente por conta do trabalho à distância. Os
pesquisadores entrevistaram 15 mil pessoas, em meados
de 2021, em diversos países do mundo.
A Síndrome de Burnout tem afetado especialmente as
gerações mais jovens, principalmente as novas lideranças.
Para 45% desses líderes, que fazem parte da geração da
Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010), o trabalho remoto
e/ou híbrido desencadeou aumento da Síndrome de
Burnout e o deterioramento da saúde mental.
Esse índice é de 42% entre a Geração Y (ou millennials),
nascidos entre 1983 e 1999; 35% entre a Geração X (1961
e 1982) e de 27% entre os chamados Baby Boomers (1945
e 1960).
Roberto Aylmer, médico e especialista em gestão
estratégica de pessoas, explica que, com o home office, as
pessoas passaram a gerenciar questões de trabalho e
familiares no mesmo ambiente.
“Com o aumento da pressão a partir do contexto da Covid,
a capacidade de resistência que já estava bastante
prejudicada se mostra insuficiente para fazer frente às
demandas que aumentaram. Demandas de home office,
que parecem simples, mas mudam o ambiente de
trabalho, demandas de gerenciar famílias e
relacionamentos, dentre outras”, destacou.
Aylmer também chamou atenção para o cenário futuro,
com a diminuição do home office e os efeitos a longo
prazo depois do período pandêmico.
“A expectativa é de que, com o fim da pandemia, o nível
de preocupação diminua, mas os efeitos do impacto desse
período de dois anos continuem aparecendo. O estresse
pós-traumático, o transtorno obsessivo compulsivo,
depressão, ansiedade e sintomas fóbicos tendem a
aparecer. E todos eles fazem parte de um contexto que vai
desembocar em Burnout, se não for tratado ou gerenciado
adequadamente”, pontuou ele, destacando que, caso
esses quadros não sejam olhados com atenção, a
tendência é de que a saúde mental nos próximos anos
piore ainda mais.
O levantamento mostrou ainda que o trabalho a distância
tem, muitas vezes, elevado a carga de trabalho das
pessoas, o que pode e deve contribuir para um cenário
futuro preocupante. 40% dos entrevistados dizem ter
produzido mais do que no período pré-pandêmico. Já 42%
disseram que trabalharam tanto quanto, mesmo que
estejam realizando suas tarefas a distância. Além disso,
63% dos respondentes disseram que estão trabalhando 40
horas ou mais por semana, e 43% afirmaram que,
provavelmente, teriam que continuar realizando tarefas
laborais mais de 40 horas por semana para completar toda
a demanda exigida.
Maiti Junqueira, gerente de Desenvolvimento de Talentos
da LHH, disse que os líderes precisam cada vez mais olhar
com atenção para a saúde mental dos trabalhadores e
criar espaços para que o tema não seja tratado em
segundo plano.
“Estes dados nos obrigam a olhar a saúde de forma
integral (física, mental e até mesmo espiritual) e não
somente física, como já é o habitual do mundo
corporativo. A pandemia criou um espaço de fala para
saúde mental e vejo isso como uma oportunidade para
líderes e profissionais de uma maneira geral entenderem
melhor sobre o tema e o colocarem como pauta de
discussão. Cada um pode, além de criar consciência, criar
novos hábitos e se autocuidarem”, destacou.
O Burnout é um transtorno psíquico de caráter depressivo,
com sintomas parecidos com os do estresse, da ansiedade
e da síndrome do pânico, mas, segundo especialistas, é
desencadeada por esgotamento profissional. Ela causa
problemas como insônia, dificuldade de concentração,
irritabilidade e sintomas físicos como dores pelo corpo.
A síndrome, que foi incluída na Classificação Internacional
de Doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS) em
2019, em uma lista que entrará em vigor em 2022, se não
tratada, pode evoluir para doenças como hipertensão,
problemas gastrointestinais, depressão profunda,
problemas coronarianos e alcoolismo.
02/02/2022 - https://www.cnnbrasil.com.br