Leia o texto a seguir para responder à questão.
A ciência e a tecnologia
como estratégia de desenvolvimento
Um dos principais motores do avanço da ciência é a
curiosidade humana, descompromissada de resultados
concretos e livre de qualquer tipo de tutela ou orientação.
A produção científica movida simplesmente por essa
curiosidade tem sido capaz de abrir novas fronteiras do
conhecimento, de nos tornar mais sábios e de, no longo
prazo, gerar valor e mais qualidade de vida para o ser
humano.
Por meio dos seus métodos e instrumentos, a ciência nos
permite analisar o mundo ao redor e ver além do que os
olhos podem enxergar. O empreendimento científico e
tecnológico do ser humano, ao longo de sua história é, sem
dúvida alguma, o principal responsável por tudo que a
humanidade construiu até aqui. Suas realizações estão
presentes desde o domínio do fogo até as imensas
potencialidades derivadas da moderna ciência da
informação, passando pela domesticação dos animais, pelo
surgimento da agricultura e indústria modernas e, é claro,
destaco a melhora da qualidade de vida de toda a
humanidade no último século.
Além da curiosidade humana, outro motor
importantíssimo do avanço científico é a solução de
problemas que afligem toda a humanidade. Viver mais
tempo e com mais saúde, trabalhar menos e ter mais
tempo disponível para o lazer, reduzir as distâncias que
nos separam de outros seres humanos – seja por meio de
mais canais de comunicação ou de melhores meios de
transporte – são alguns dos desafios e aspirações humanas
para os quais, durante séculos, a ciência e a tecnologia têm
contribuído.
Uma pessoa nascida no final do século 18, muito
provavelmente morreria antes de completar 40 anos de
idade. Alguém nascido hoje num país desenvolvido deverá
viver mais de 80 anos e, embora a desigualdade seja muita,
mesmo nos países mais pobres da África subsaariana, a
expectativa de vida, atualmente, é de mais de 50 anos. A
ciência e a tecnologia são os fatores chave para explicar
a redução da mortalidade por várias doenças, como as
doenças infecciosas, por exemplo, e o consequente
aumento da longevidade dos seres humanos.
Apesar dos seus feitos extraordinários, a ciência e,
principalmente, os investimentos públicos em ciência e
tecnologia parecem enfrentar uma crise de legitimação
social no mundo todo. Recentemente, Tim Nichols, um
reconhecido pesquisador norte-americano, chegou a
anunciar a “morte da expertise”, título de seu livro sobre o
conhecimento na sociedade atual. Fala-se muito disso com
interesse no desenvolvimento de toda a humanidade. O
que ele descreve no livro é uma descrença do cidadão
comum no conhecimento técnico e científico e, mais do
que isso, um certo orgulho da própria ignorância sobre
vários temas complexos, especialmente sobre qualquer
coisa relativa às políticas públicas. [...]
[...] Para a revista Nature, portanto, os cientistas e as
organizações científicas deveriam sair de suas bolhas, olhar
com mais empenho para as oportunidades e os problemas
sociais e procurar meios pelos quais a ciência possa ajudar
a resolvê-los. A revista citou como exemplo o Projeto
Genoma, cujos impactos positivos já foram fartamente
documentados. Mesmo assim, a revista questiona até que
ponto as descobertas do projeto – e os medicamentos e
tratamentos médicos dali derivados – beneficiam toda a
sociedade ou apenas alguns poucos que possuem renda
suficiente para pagar por essas inovações.
[...]Nesta sociedade desigual, repleta de problemas, é
preciso desenvolver e legitimar a atividade científica e
tecnológica.
Portanto, a relação entre ciência, tecnologia e sociedade é
muito mais complexa do que a pergunta simplória sobre
qual seria a utilidade prática da produção científica. Ela
passa por uma série de questões, tais como de que forma a
ciência e as novas tecnologias afetam a qualidade de vida
das pessoas e como fazer com que seus efeitos sejam os
melhores possíveis? Quais são as condições sociais que
limitam ou impulsionam a atividade científica? Como
ampliar o acesso da população aos benefícios gerados pelo
conhecimento científico e tecnológico? Em que medida o
progresso científico e tecnológico contribui para mitigar ou
aprofundar as desigualdades socioeconômicas? Em face
das novas tecnologias, cada vez mais capazes de substituir
o ser humano nas suas atividades repetitivas, como será o
trabalho no futuro? Essas são as questões cruciais para a
ciência e a tecnologia nos dias de hoje.
Adaptado:
Publicado em 11/07/2019
- Última modificação em 23/12/2020
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