Estudo traça as diversas ameaças ambientais à Floresta
Amazônica
Pesquisadores examinaram os impactos causados pelas
alterações provocadas por humanos
em duas regiões do Pará — Santarém e Paragominas.
Postado em 28/06/2022
Um grande estudo sobre as mudanças da paisagem na
Amazônia brasileira lança uma nova luz sobre as muitas
ameaças ambientais que o bioma enfrenta, mas, segundo
os autores, também oferece oportunidades para a
sustentabilidade na floresta tropical com maior
biodiversidade do mundo. A pesquisa, publicada na revista
Pnas, foi conduzida por uma equipe internacional de
cientistas do Brasil e do Reino Unido. Eles examinaram os
impactos causados pelas alterações provocadas por
humanos em duas regiões do Pará — Santarém e
Paragominas.
As descobertas são críticas porque, à medida que a
Amazônia se aproxima de um ponto de inflexão — quando
os estragos não têm mais volta —, elas fornecem uma base
de evidências para apontar as prioridades de conservação
e regeneração na floresta. Os autores mostram que os
ganhos podem ser alcançados por meio de uma série de
ações — incluindo, mas não se limitando a, deter o
desmatamento.
"Embora o foco até agora tenha sido o desmatamento,
sabemos que as paisagens das florestas tropicais são
alteradas por uma gama muito mais ampla de atividades
humanas", disse o pesquisador principal, Cássio Alencar
Nunes, da Universidade Federal de Lavras, no Brasil, e da
Universidade de Lancaster, no Reino Unido. "Essas
modificações incluem o desmatamento e a degradação da
floresta primária, por exemplo, por meio de corte seletivo
e incêndios. Mas mesmo as paisagens desmatadas estão
mudando à medida que o abandono da agricultura leva ao
crescimento da floresta secundária. Como resultado,
muitas paisagens tropicais são, agora, um mosaico de usos
não florestais da terra, florestas secundárias em
regeneração e florestas primárias degradadas", resume.
Os pesquisadores identificaram as transições que são
comuns e têm altos impactos ecológicos, bem como
aquelas que são tão prejudiciais quanto, mas ocorrem com
menos frequência. "Nossos resultados revelaram uma
compreensão mais rica de como as pessoas estão afetando
a Amazônia e seu ecossistema", disse Alencar Nunes. Com
dados de 310 parcelas de terra, os cientistas analisaram
como as mudanças afetam a biodiversidade, examinando
mais de 2 mil espécies de árvores, cipós, pássaros e
insetos. Eles também avaliaram as propriedades do
carbono e do solo. Além disso, utilizaram informações
referentes aos anos 2006 a 2019 sobre a rapidez com que
o cenário mudou em pouco mais de uma década.
As transições de florestas primárias e secundárias para
pastagens por meio do desmatamento totalizaram 24 mil
quilômetros quadrados por ano. Além disso, a riqueza de
espécies de quase todos os grupos de biodiversidade
diminuiu entre 18% e 100% nas regiões onde a floresta
primária ou secundária foi convertida em pastagem ou em
agricultura mecanizada. Esse segundo cenário provocou o
maior impacto ecológico, mas ocorreu com menos
frequência do que a conversão em pasto.
O estudo também revelou oportunidades de ação, por
exemplo, destacando a importância de proteger as
florestas secundárias e permitir que elas amadureçam. Os
cientistas descobriram que a diversidade de grandes
árvores dobrou, enquanto que a de espécies menores
aumentou 55% quando as florestas secundárias jovens
atingiram mais de 20 anos. "São descobertas importantes,
pois mostram que felizmente há uma infinidade de ações
que podem ser tomadas para proteger e melhorar a
ecologia da Amazônia", destaca o pesquisador brasileiro.
https://www.correiobraziliense.com.br