Questões de Concurso Público SEAP-DF 2013 para Professor - Geografia
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I. De acordo com Barros de Oliveira (2008), [ em sua publicação, OLIVEIRA, B. Base científica para compreensão do aquecimento global. In.VEIGA, J. E. (org.) Aquecimento global: frias contendas científicas. São Paulo, SENAC, 2008] cabe observar que o fenômeno designado pelos termos “mudança climática" ou “aquecimento global" se refere, especificamente, a uma elevação anômala da temperatura média da superfície terrestre, muito recente na história do planeta, cujas causas teriam origem antropogênica, podendo ser explicadas por variações geodinâmicas naturais. Trata-se do crescimento exponencial da emissão de gases de efeito estufa (GEE) de longa vida - principalmente gás carbônico (C02), metano (CH4) e óxido nitroso (N20) - que decorre da queima de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás) e de mudanças no uso do solo (urbanização, desmatamento e atividades agropecuárias) desencadeadas historicamente pela revolução industrial. Retendo radiação infravermelha e calor, o acúmulo destes gases na atmosfera teria sido responsável por um aumento de quase 1 grau Celsius na temperatura média da superfície terrestre ao longo do século XX.
II. Para a maior parte dos climatologistas, dentro os quais se destacam Svendsen & Kunkel, 2006 [em Water and Adaptation to Climate Change: consequences for developing countries. Eschborn, 2008], o aquecimento global deve provocar intensificação e aceleração no ciclo hidrológico, de que já se acumulam evidências empíricas. O nível médio de precipitações tende a aumentar globalmente, em decorrência de taxas mais elevadas de evaporação e da maior capacidade de retenção de vapor d'água na atmosfera aquecida. Porém, tais tendências se manifestam de modo regionalmente diferenciado. Em linhas gerais, os modelos do IPCC indicam tendências de aumento anual das precipitações nas altas latitudes e nas áreas tropicais úmidas, ao lado da diminuição de chuvas nas áreas tropicais áridas e subtropicais. Também indicam aumento de áreas assoladas por secas e estiagens prolongadas, bem como ampliação da variabilidade sazonal e interanual das chuvas em todas as regiões.
III. Além das mudanças nos padrões de precipitação, o aquecimento global deve impactar fortemente o regime hidrológico, as vazões médias e a descarga anual dos rios, sobretudo os que são alimentados pelo degelo sazonal de geleiras e neves estocadas no topo das montanhas de altitude mais elevada. Tal fenômeno deve atingir as bacias hidrográficas de alguns dos mais importantes rios asiáticos, onde vive aproximadamente 1/6 da população mundial, além de rios europeus importantes, cujas vazões médias devem inicialmente aumentar, com o maior derretimento das neves e geleiras, declinando posteriormente na medida em que diminuem os estoques de água congelada [VIVEKANANDAN & NAIR. Climate Change and Water: Examining the Interlinkages. In: MICHEL; PANDYA, A. (eds.) Troubled Waters: Climate Change, Hydropolitics and Transboundary Resources. Washington, Stimson Center, 2009, 378 p.]. Este fenômeno deve se agravar nas regiões tropicais de grande altitude, havendo evidências de que um dramático derretimento de geleiras já vem ocorrendo nos Andes e no Monte Kilimanjaro (Tanzânia) nas últimas décadas.
Está correto o que se afirma em:
I. As formulações contidas no Trabalho do Geógrafo consistem em um grande esforço intelectual de elaborar categorias e conceitos que possibilitem a construção de uma teoria geográfica capaz de dar conta do espaço geográfico capturando assim as especificidades das dinâmicas dos lugares e, com isso, permitindo uma melhor compreensão do “terceiro mundo" ou “mundo subdesenvolvido", no sentido de renovar a teoria da Geografia a partir de uma compreensão singular do terceiro mundo. Assim, ao mesmo tempo em que o autor propõe a formulação de um edifício teórico novo para a Geografia, aponta para o fato de que os estudos urbanos e regionais realizados nos países subdesenvolvidos trilham por caminhos equivocados.
II. Segundo o autor, os estudos urbanos dos países subdesenvolvidos, sejam eles realizados por geógrafos ou não, eram orientados a partir de conceitos produzidos para compreensão do “mundo desenvolvido", os quais, por meio de estudos comparativos, eram em muitos casos, aplicados na íntegra e sem nenhuma ressalva à realidade terceiro mundista. Para Santos, a utilização desse recurso incidia no erro de compreender que o processo de urbanização do terceiro mundo ocorria de maneira idêntica aos países do dito mundo desenvolvido e que, portanto, o que se presenciava nesses países era, na realidade, uma etapa pela qual os países desenvolvidos já haviam passado.
III. As ideias expostas no Trabalho do Geógrafo vão de encontro ao pensamento centrado na dinâmica dos países europeus. Propõem que os países subdesenvolvidos possuem suas especificidades e que estas não vêm à tona quando se realiza estudos comparativos, ou quando se tenta transpor conceitos para compreender sua realidade, de modo que se produz apenas uma distorção dos fatos, o que na ótica de Santos precisava ser rejeitado de maneira veemente.
IV. A crítica aos postulados geográficos elaborada por Milton Santos o coloca em perfeita harmonia com os preceitos estabelecidos por Horkheimer (1980), quando este argumenta que a validade de uma teoria reside na consonância das proposições com os fatos ocorridos, de modo que se surgem contradições entre a realidade e a teoria é preciso que uma ou outra sejam revistas (HORKHEIMER, 1980). No caso da Geografia, o problema estava justamente em suas formulações teóricas, que segundo Santos (1978) já não davam mais conta de compreendera realidade, que se mostrava cada vez mais fugaz, sendo preciso uma reelaboração completa das teorias dessa ciência.
Estão corretas as afirmativas: