Milhares de imóveis da União estão vagos para uso
21 de junho de 2018
No centro do Rio de Janeiro, a dois quarteirões da Igreja da Candelária, um edifício de 11 andares permanece
vazio há cerca de oito anos. Conhecido como Palácio dos Esportes, o prédio serviu de sede para a Fundação Centro
Brasileiro para a Infância e Adolescência (FCBIA), extinta em 1998, e, depois, para diversas associações esportivas que
o ocuparam esporadicamente. O edifício chegou a ser cotado para servir de sede do Porto Maravilha. A reforma do
Palácio dos Esportes, contudo, foi descartada, pois considerou-se inviável a obra: somente o custo inicial do projeto de
readequação das instalações era de R$ 4,2 milhões.
Abandonado, o prédio, propriedade da União, foi ocupado por um grupo não identificado em agosto de 2015 e
esvaziado, no dia seguinte, pela Polícia Militar. Hoje, segue com as portas fechadas e deve ser destinado à Marinha, que
assumirá o ônus da recuperação e manutenção das instalações.
Principais tipos de imóveis vazios
Além dos comprovadamente vagos, podem existir muitos outros, já que propriedades cedidas a outros órgãos,
como governos e prefeituras, podem estar sob a descrição de “em guarda provisória”.
Em Brasília, condomínio privado disputa terra pública
Segundo os registros da SPU, a cidade brasileira que mais possui imóveis da União vagos para uso é Brasília.
Lá, a secretaria aponta 173 terrenos ociosos, a maioria deles, 96, na região administrativa de Santa Maria, antiga área de
assentamento de famílias de baixa renda no sul do Distrito Federal.
Nessa região está o Residencial Santos Dumont, loteamento privado de casas envolvido em uma disputa com a
Agência de Fiscalização do Governo do Distrito Federal (Agefis). Construído inicialmente como moradia para militares
da aeronáutica, o condomínio passou a ser residência de civis – cerca de 14 mil pessoas vivem no local.
Em 2015, o residencial foi notificado pela Agefis por ter cercado irregularmente o seu entorno, isolando terrenos
e serviços públicos, como uma escola e um posto policial. A Agefis ordenou a derrubada de 2 quilômetros do
cercamento, mas, contestada pelos moradores, a decisão não foi levada adiante. Segundo a Agefis, o residencial “não é
um local de prioridade de fiscalização neste momento”. Já a administração do condomínio afirma que a cerca sempre
existiu e negou ocupar terreno público.
Além dos imóveis ociosos em Santa Maria, Brasília possui terrenos vagos em áreas nobres do Plano Piloto,
como nas asas Norte e Sul. A Asa Norte é a campeã, com 38 terrenos vagos para uso; já na Asa Sul são seis. Fora os
terrenos, as duas asas juntas possuem 49 apartamentos vagos. Há, ainda, dois andares em edifícios, três salas e duas
residências vagas.
O segundo município brasileiro com mais imóveis vagos para uso é outra capital: Campo Grande, no Mato
Grosso do Sul. Na cidade, a maior parte dos imóveis vagos são terrenos, sobretudo os lotes do Jardim Imá, área ao redor
do aeroporto e da base aérea da Força Aérea Brasileira (FAB).
A terceira cidade na lista também fica no Mato Grosso do Sul: Ponta Porã, na divisa do estado com o Paraguai.
O município possui 112 imóveis vagos para uso, a maioria deles terrenos vagos na Vila Militar, bairro próximo ao centro
da cidade.