Os sons e o cérebro
Antes mesmo de nascer, o bebê já é capaz de escutar. A partir do quinto mês de gestação, ele ouve as batidas do
coração da mãe (além de todos os outros barulhos do organismo) e reconhece a voz dela. E reage a esses estímulos,
virando a cabeça, chutando ou mexendo os braços, além de ficar com o coração batendo mais rápido. O bebê nasce,
cresce, torna-se adulto e os sons continuam a provocar essas e outras reações mais sofisticadas: eles evocam memórias
e pensamentos, comunicam, provocam sensações, emocionam e movimentam.
Desde os tempos mais remotos, o homem percebeu todo esse potencial. Usando os materiais que tinha à
disposição (pedras, ossos, madeiras, o próprio corpo e a voz), ele foi combinando sons e silêncios das mais diversas
maneiras. Assim surgiu a música. Em sua origem, ela era usada para venerar a natureza e os deuses e para conectar o
ser humano com forças maiores, envolvendo realidade, magia e crenças. Até hoje ela é responsável pela criação dos
mais diferentes sentidos e significados.
Mas por que a música mexe tanto com o ser humano? O som é uma vibração que se propaga no ar, formando
ondas sonoras que são captadas por nosso sistema auditivo. Depois de transformadas em impulsos elétricos, elas viajam
pelos neurônios até o cérebro, onde são interpretadas. Lá, elas chegam primeiro a uma região onde são processadas as
emoções e os sentimentos, antes de serem percebidas pelos centros envolvidos com a razão. E, quando isso acontece,
ocorre a liberação de neurotransmissores responsáveis por deixar os circuitos cerebrais mais rápidos.
Por isso, o pesquisador americano Howard Gardner, autor da teoria das inteligências múltiplas, afirma que a
habilidade musical é tão importante quanto a logicomatemática e a linguística por auxiliar outros tipos de raciocínio.
Pesquisas na área de neurociências comprovam que a memória, a imaginação e a comunicação verbal e corporal ficam
mais aguçadas nas pessoas que escutam, estudam e praticam música.
A música é uma das linguagens que o aluno precisa conhecer, mas não somente por essas características. A maior
razão é ele poder aprender a sentir, a expressar e a pensar as manifestações sonoras, tão presentes no cotidiano e
sempre em constante transformação. As imagens de instrumentos e os diversos ritmos e notações musicais podem ser
relacionados com outras manifestações culturais, como a dança e o teatro, e permitem uma análise global da evolução
do pensamento humano e suas manifestações.
(Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/arte/pratica-pedagogica/sons-cerebro-514711.shtml.)