Tenho uma imensa admiração por eles, os escultores das palavras,
quem, com a arte sagrada de materializar a alma, enriquece as
outras pessoas sem guardar nada pra si.
[...]
Com nossas palavras podemos reivindicar outras relações, outros
compromissos, outras soluções. Podemos aceitar acordos
comerciais não tão bons para nós, mas que sejam mais justos.
Podemos buscar maiores investimentos solidários e menos
rendimentos especulativos. Podemos oferecer mais diálogo e
menos imposições pela força. Podemos, sobretudo, não nos
resignar.
Porque resignar-se é morrer um pouco, é não fazer uso da
possibilidade de escolher, é aceitar o silêncio. A palavra, por sua
vez, precede a ação, prepara o caminho, abre portas. Hoje
devemos mais que nunca usar a voz para romper grilhões.
Tenho a profunda convicção de que, quando falamos, estamos
modificando o mundo. As grandes transformações de nossa
história sempre foram anunciadas antes. Assim chegou o homem
à lua, assim caiu o muro de Berlim, assim se acabou com o
apartheid. Eu espero que assim desapareça também o terrorismo."
(https://brasil.elpais.com/brasil/2014/07/04/internacional/1404491759_639843.ht
ml Acessado em 02/09/2019)