Leia o trecho a seguir, de Gilberto Freyre, retirado da obra
China Tropical (2011, p. 184-185):
Por que chamar-se o Brasil “China tropical” quando, a não ser
por sua extensão territorial, pelo seu poder de absorção
cultural e por alguns traços orientais que podem ser
encontrados na civilização brasileira, nosso país é tão
diferente tanto da antiga quanto da moderna China?
Provavelmente porque sempre houve no Brasil algo de oriental
contrastando com suas características ocidentais, algo
“mouro” – como já se demonstrou em capítulo especialmente
dedicado ao assunto, a propósito de sua arquitetura – em
contraste com os traços romanos ou latinos: algo, enfim,
diferente da América republicana (...) Possivelmente também
contribua para certa semelhança do Brasil com a China a atual
tendência por parte de grande número de brasileiros para
considerar suas florestas tropicais amazônicas e, tudo aquilo
que elas contêm, em especial o petróleo e os minerais, como
valores quase que sagrados, que só devem ser tocados pelos
próprios brasileiros.
(FREYRE, Gilberto. Por que China Tropical? In: China tropical / Gilberto
Freyre, 2011, Global Editora, p. 183-184).