Questões de Concurso Público IFB 2016 para Psicólogo
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Em A História da Sexualidade, Foucault (1985) discute a proliferação de discursos que, desde o século XVII e, de forma mais acentuada, a partir do século XIX, produziram estratégias de controle e de regulação sobre os corpos, que visavam não somente ao comportamento individual, “à virtude dos cidadãos”, mas às populações. Tais discussões fundamentam a hipótese de que o discurso sobre a sexualidade humana vai emergir e sustentar-se quando se põe a funcionar um certo regime de saber-poder. Considerando a referida obra, no que concerne à produção da sexualidade e às técnicas do poder que a acompanham, marque (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas e assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
( ) O ponto importante será saber sob que formas, através de que canais, fluindo através de que discursos o poder consegue chegar às mais tênues e mais individuais das condutas, de que maneira o poder penetra e controla o prazer cotidiano.
( ) No século XVIII o sexo se torna questão de “polícia”, ou seja, objeto de repressão e de contenção da desordem, para a eliminação dos desvios à normalidade. Foucault analisa os procedimentos de gestão dos quais o poder público utiliza-se para reprimir a sexualidade, o que foi justificado por discursos analíticos que tinham por alvo o julgamento das condutas individuais.
( ) Este projeto de uma “colocação do sexo em discurso” advém da pastoral cristã, numa tradição ascética e monástica, que incitava às práticas confessionais, as quais foram estendidas a todos a partir do século XVIII, Coloca-se como imperativo confessar os atos contrários à lei, para que fossem censuradas e interditadas todas as expressões relacionadas ao sexo, neutralizando-o, dessa forma.
( ) A técnica da confissão, apesar de ter permanecido restrita à espiritualidade cristã, foi associada a uma economia dos prazeres individuais, e utilizada por um “interesse público”, sendo reproduzida por mecanismos de poder para cujo funcionamento o discurso sobre o sexo passou a ser essencial.
( ) Uma das grandes novidades nas técnicas de poder, no século XVIII, foi o surgimento da
“população”, como problema econômico e político. No cerne deste problema, está o sexo: é
necessário analisar a taxa de natalidade, a idade do casamento, os nascimentos legítimos e
ilegítimos, a precocidade e a frequência das relações sexuais, a maneira de torná-las fecundas
ou estéreis. A conduta sexual da população é tomada, ao mesmo tempo, como objeto de análise
e alvo de intervenção.
Ao considerarmos a argumentação de Foucault (1985), a respeito dos discursos sobre a sexualidade nas sociedades modernas, analise as afirmativas abaixo, sobre a hipótese repressiva:
I) A repressão do sexo é uma evidência histórica, instaurada desde o século XVII, ocorrendo uma ruptura histórica, após a era vitoriana, pela análise crítica da repressão. Dessa forma, Foucault afirma ser necessário determinar se essas produções discursivas podem levar a formular a verdade do sexo ou, ao contrário, mentiras destinadas a ocultá-lo.
II) Para os estudos de Foucault, o essencial não é tanto saber o que dizer ao sexo, sim ou não, afirmar sua importância ou negar seus efeitos, mas levar em consideração o fato de se falar de sexo, quem fala, os lugares e os pontos de vista de que se fala, as instituições que incitam a fazê-lo.
III) Segundo Foucault, a interdição do sexo não é uma ilusão; a ilusão está em fazer dessa interdição o elemento fundamental e constituinte a respeito da história da sexualidade. Todos esses elementos negativos – proibições, recusas, censuras, negações – que a hipótese repressiva agrupa num grande mecanismo central destinado a dizer não, são peças que têm uma função local e tática, numa colocação discursiva, numa técnica de poder, que só alcança as condutas individuais, não influenciando a análise e regulação das populações.
IV) A polícia do sexo é uma expressão que Foucault utiliza ao analisar a necessidade de regular o sexo por meio de discursos úteis e públicos e pelo rigor de uma proibição. Que o Estado saiba o que se passa com o sexo dos cidadãos e o uso que dele fazem e, também, que cada um seja capaz de controlar sua prática, segundo mecanismos repressivos e de interdição.
V) Não se deve fazer divisão binária entre o que se diz e o que não se diz; é preciso tentar determinar as diferentes maneiras de não dizer, como são distribuídos os que podem e os que não podem falar, que tipo de discurso é autorizado ou que forma de discrição é exigida a uns e outros. Não existe um só, mas muitos silêncios e são parte integrante das estratégias que apoiam e atravessam os discursos, não constituem, portanto, o limite absoluto do discurso.
VI) Seria inexato dizer que a instituição pedagógica impôs um silêncio geral ao sexo das crianças e dos adolescentes, ela concentrou as formas do discurso neste tema, codificou os conteúdos e qualificou os locutores. Falar do sexo das crianças, fazer com que falem dele os educadores, os médicos, os administradores e os pais; encerrá-las numa teia de discurso que ora se dirigem a elas, ora falam delas – tudo isso permite vincular a intensificação dos poderes à multiplicação do discurso.
Estão CORRETAS: